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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

O império ataca


Aprovada extradição de Julian Assange para a Suécia


Juiz aprovou o pedido de extradição sueco para que o fundador do WikiLeaks seja julgado por crimes sexuais

A justiça britânica aprovou nesta quinta-feira 24 a extradição do fundador WikiLeaks Julian Assange para a Suécia onde deve enfrentar acusações de estupro e agressão sexual nos próximos 10 dias. Sua equipe jurídica deve recorrer da decisão.

A defesa argumentou que as acusações contra Assange não eram crimes no direito inglês e, portanto, não passíveis de extradição. Mas o juiz Howard Riddle, que preside o tribunal de Belmarh, em Londres, disse que os três delitos equivalem a estupro.

Assange luta contra a extradição desde que foi preso e liberado sob fiança em dezembro. Ele nega as acusações. Agora, Assange será mantido sob custódia até um eventual julgamento ou libertação.

Os advogados de defesa temem que o governo dos Estados Unidos peçam que ele seja mandado para lá. Nos EUA, seria julgado por violação de segredos de Estado.

Em meio aos vazamentos de documentos da diplomacia e julgamentos desde o início do mês, Assange foi indicado ao Nobel da Paz. A honraria veio do parlamentar norueguês Snorre Valen, que declarou o WikiLeaks “um candidato natural ao Nobel” por “uma das contribuições mais importantes para a liberdade de expressão e transparência neste século”.

*esquerdopata

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