Pequenos gestos de nutrição.
Um sorriso, um cumprimento,
Um piscar de olhos de cumplicidade,
Um acenar em reconhecimento!
Um beijo lançado, um abraço apertado,
Uma saudação feliz, uma loa!
Como pode ser uma coisa tão boa
Um elogio, um aperto de mão...
Pois não requer tempo, nem limite de idade,
Basta apenas querer, ter a vontade.
É preciso, claro, se amar.
Ser capaz de ver dentro, se sentir, se aceitar,
Entrar em ritmo de encantamento
Com o calor do sol,
Com a brisa no tempo, com o vento,
Sob a chuva que cai preguiçosa
Lavando a alma e o coração
Deixando tudo cor de rosa
Como o bumbum de um bebê!
Em pureza, em cor, em essência,
Resgatando o limite da inocência!
Reconhecendo tudo que é você!
A representação máxima do amor.
A divindade em transformação.
A eterna vida em movimento.
Um momento mágico de iluminação.
*Isis Camara de Castro
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
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