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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 08, 2011

DIRIGENTES POLÍTICOS OCIDENTAIS E ISRAELITAS ESCONDEM UM PROFUNDO ÓDIO À DEMOCRACIA, DIZ NOAM CHOMSKY

http://glaucocortez.files.wordpress.com/2011/01/noam_chomsky.jpg Chomsky: verdade por trás de aparências entrevista concedida à estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now e publicada pelo Brasil de Fato, o linguista, filósofo e ativista libertário Noam Chomsky discute temas como wikileaks, crise econômica, democracia, entre outros. O professor do Massachusetts Institute of Technology , que já escreveu mais de cem livros, ajudou, 40 anos atrás, o denunciante de dentro do governo norte-americano Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA durante a guerra do Vietnã.

Na entrevista, ele comenta o episódio e defende caso parecido envolvendo o Wikileaks. Para Chomsky, é um absurdo chamar uma organização como essa de terrorista, já que ela revela fatos que o governo gostaria de manter escondidos da população. O fato é que, segundo Chomsky, é extremamente importante que a população tenha conhecimento desses fatos e o wikileaks cumpre com essa função.

Ele ainda fala sobre a polêmica envolvendo o Irã e a política de armas nucleares; e destrói a propaganda feita pelo governo norte-americano e israelita segundo a qual o Irã é o grande inimigo dos árabes e por isso deve ser combatido e permanecer distante de armas nucleares. Na realidade, o linguista revela que apenas 10% da população árabe vê o Irã como inimigo. “O que isso revela é o profundo ódio à democracia por parte dos nossos dirigentes políticos e dos dirigentes políticos israelitas. São coisas que nem referidas podem ser. Isso impregna todo o serviço diplomático”, declara Chomsky.

Veja trecho da entrevista, seguida de link para texto completo:

WikiLeaks, crise econômica e outros temas
A estação alternativa de rádio estadunidense Democracy Now entrevistou à distância o linguista, filósofo e activista libertário Noam Chomsky, em vésperas do seu 82º aniversário
Amy Goodman
Amy Goodman: Encontramo-nos com o distinto dissidente político e linguista de reputação mundial Noam Chomsky, professor emérito do Massachusetts Institute of Technology e autor de mais de cem livros, incluindo o seu mais recente Esperanças e realidades, para obter a sua reacção aos documentos da WikiLeaks. Há quarenta anos, Noam e Howard Zinn ajudaram o denunciante de dentro do governo Daniel Ellsberg a editar e publicar os “Documentos do Pentágono”, a história interna ultra-secreta dos EUA da guerra do Vietname. Noam Chomsky fala-nos a partir de Boston… Antes de falarmos da WikiLeaks, qual foi a sua participação nos “Documentos do Pentágono”? Não creio que a maioria das pessoas esteja informada sobre isso.
Noam Chomsky: Dan e eu éramos amigos. O Tony Russo também os preparou e ajudou a filtrá-los. Recebi cópias do Dan e do Tony e várias pessoas as distribuíram à imprensa. Eu fui uma delas. Então o Howard Zinn e eu, como você disse, editámos um volume de ensaios e indexámos os documentos.
Amy Goodman: Explique como funcionou. Penso sempre que é importante contar essa história, especialmente aos jovens. Dan Ellsberg – funcionário do Pentágono com acesso ao máximo segredo – saca da sua caixa de fundos essa história da intervenção dos EUA no Vietname, fotocopia-a, e então como veio parar às suas mãos? Entregou-lha directamente a si?
Noam Chomsky: Chegou-me por intermédio de Dan Ellsberg e de Tony Russo, que tinham feitos as fotocópias e preparado o material.
Amy Goodman: Foi muito editado?
Noam Chomsky: Bem, nós não modificámos nada. Não corrigimos os documentos. Ficaram na sua forma original. O que fizemos, o Howard Zinn e eu, foi preparar um quinto volume além dos quatro que apareceram, que continha ensaios críticos de muitos peritos sobre os documentos, o que significavam, etc. E um índice, que é quase imprescindível para poderem ser seriamente utilizados. É o quinto volume da série da Beacon Press. (Texto Completo)
*educaçãopolítica

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