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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Agora é na Arábia Saudita



Nossa geração está tendo o privilégio de testemunhar uma série de eventos capazes de trazer mudanças efetivas no cenário político mundial. Poucos períodos históricos atingiram as dimensões que as revoluções árabes estão atingindo, poucas vezes se viu o povo tomar para si as rédeas de seu futuro como agora. Se este mesmo povo  quem vem derrubando ditaduras como peças de dominó seguirá soberano não se pode prever, mas é emocionante o que essa brava gente está fazendo. O que se viu até agora equivale historicamente (trata-se de uma abstração) a uma Revolução Francesa, se o povo botar para correr a corja dos Al Saud da Arábia Saudita, teríamos algo próximo de uma Revolução Russa. Só falta um Lenin. 

Riadi antecipa medidas anti Revolução
O rei Abdallah, da Arábia Saudita, regressou a Riade, esta quarta-feira, depois de uma ausência de três meses devido a problemas de saúde.
Face à vaga de mudanças que atinge os países árabes o monarca antecipa-se e anunciou uma série de medidas sociais destinadas a funcionários públicos e estudantes.
Abdallah também indultou um grande número de prisioneiros sauditas.
A Arábia Saudita, com cerca de 29 milhões de habitantes, é o maior produtor de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mas os níveis de desemprego foram em 2009 de 10,5%.
Aproveitando o vento da revolução que sopra nos paises vizinhos os jovens sauditas convocaram através da rede Facebook uma manifestação para o próximo dia 11 de Março para reclamarem mais liberdade para as mulheres e a libertação dos prisioneiros.

*Cappacete

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