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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Mire-se no exemplo da Cristina, .israel "doa"armas proibidas, Fora berlusconni


Fosse aqui no Brasil, o prestimoso Ministro Johnbim e o patriota Ministro Patriota se encarregariam de evitar qualquer constrangimento para a “nação amiga”.
Dá-lhe, Cristina Kirchner.
Dá-lhe, Argentina.
Via Diário Liberdade
Argentina: Armas e drogas não declaradas em avião militar estadunidense
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[Horacio Verbitsky] [Tradução do Diário Liberdade] Um avião militar estadunidense tentou entrar com carregamento não declarado de armas de guerra, equipamentos de comunicação encriptada, programas de informática e drogas narcóticas e estupefacientes. Cristina Fernández de Kirchner ordenou a abertura da mala, que os estadunidenses se negavam a entregar. O governo reitera, assim, sua recusa à militarização da segurança interna.
O governo argentino impediu a entrada de “carga sensitiva” secreta que chegou ao Aeroporto Internacional de Ezeiza em um voo da Força Aérea dos Estados Unidos, sobre cuja utilização não foram oferecidas explicações satisfatórias. A expressão “carga sensitiva” foi utilizada na segunda-feira passada pela Conselheira de Assuntos Administrativos, Dorothy Sarro, ao solicitar autorização para que um caminhão de reboque pudesse ingressar na área operacional do aeroporto. O enorme C17, um cargueiro Boeing Globmaster III (maior que os aviões Hércules), chegou na tarde da quinta-feira com um arsenal de poderosas armas longas para um curso sobre controle de crises e resgate de reféns, o qual fora oferecido pelo governo dos Estados Unidos ao Grupo Especial de Operações Especiais da Polícia Federal (GEOF) e deveria ocorrer durante todo o mês de fevereiro e março. O Governo estima que o custo total do transporte e do curso ronda os dois milhões de dólares. O curso contava com autorização do governo argentino, mas quando os funcionários foram verificar se o conteúdo da carga coincidia com a lista entregue de antemão, apareceram canos de metralhadora e carabinas, assim como uma estranha mala, que não constavam da declaração. Apesar de o curso estar destinado a forças policiais argentinas, a carga chegou em transporte militar e foi recebida, em Ezeiza, pelos coronéis Edwin Passmore e Mark Alcott, adidos militar e de defesa, respectivamente. Todas as caixas tinham o carimbo da 7ª Brigada de Paraquedistas do Exército, com sede na Carolina do Norte. Tentaram-se passar mil pés cúbicos de forma clandestina – o equivalente a um terço da carga levada pelo avião –, após escalas no Panamá e em Lima.
Doze especialistas militares
A nota que a embaixadora estadunidense Vilma Martínez enviou em novembro ao ministro de Justiça, Julio Alak – que, naquele então, também era responsável pela área de segurança –, lembrava que a primeira fase do treinamento para resgate de reféns dado ao GEOF tinha sido realizada em abril, “motivo pelo qual nos solicitaram a realização outra etapa, mais aprofundada”. Em outra nota, dirigida no dia 21 de dezembro à ministra de Segurança, Nilda Garré – que tinha assumido o cargo cinco dias antes –, Vilma Martínez lhe informou que Alak tinha aprovado a realização do curso e que, para ministrá-lo, chegariam doze “especialistas militares estadunidenses”. Cursos similares foram realizados em 1997 e 1999, durante a presidência de Carlos Menem, e em 2002, nos meses em que o ex-senador Eduardo Duhalde foi presidente interino. Não ocorreram durante o governo de Néstor Kirchner e foram retomados em 2009, no atual governo. O novo curso, de cinco semanas, estava programado para agosto de 2010, mas teve de ser adiado por um episódio similar. Naquele momento, foi a embaixadora Vilma Martínez quem se negou a receber o carregamento porque a numeração das armas não coincidia com a da listagem prévia, fato que mostra os conflitos que esta prática produz dentro do próprio governo estadunidense. “Isto é uma vergonha”, disse então Martínez, antes de devolver a carga à Carolina do Norte. Por ordem da presidenta Cristina Fernández de Kirchner, funcionários da Chancelaria e dos ministérios de Planejamento Federal e de Segurança, da AFIP [órgão de controle tributário – N.T.] e da Aduana [Alfândega – N.T.] supervisaram o procedimento. Posteriormente, chegaram técnicos dos ministérios de Saúde e do Interior.
Os rapazes da mala
Em seu já clássico livro The Mission. Waging War and Keeping Peace with America´s Military, publicado em 2003, a jornalista Dana Priest, do The Washington Post, descreve a dramática primazia do Pentágono na formação e execução da política externa estadunidense. Com mais de um milhar de pessoas, o Comando Sul supera a quantidade de especialistas na América Latina que possuem, juntas, as secretarias de Estado, de Defesa, de Agricultura, de Comércio e do Tesouro. Este desequilíbrio não para de crescer e os Estados Unidos tentam exportá-lo aos países sob sua influência, que são quase todos. Como já tinha caído a noite da quinta-feira, Cristina ordenou lacrar a mala e retomar o trabalho no dia seguinte, para cujos fins determinou que a Chancelaria e o Ministério do Interior mandassem ao lugar pessoal técnico capacitado para entender do que se tratava. Durante seis horas da sexta-feira, vários dos marines dos Estados Unidos se sentaram sobre a mala em rodízio, o que sugere a importância que davam ao seu conteúdo. Segundo os estadunidenses, tratava-se de softwares e de material sensitivo para a segurança. Um coronel disse que a mala não deveria ser descerrada a céu aberto porque poderia revelar segredos aos satélites que sobrevoavam o local naquele momento. O avião também continha uma caixa com merchandising de presente para os policiais argentinos, que continha bonés, coletes e outras quinquilharias. O chanceler, Héctor Timerman, permaneceu quase todo o dia no aeroporto, juntamente com o secretário de transporte, Juan Pablo Schiavi, em cumprimento das instruções presidenciais. Também permaneceu no local o pessoal da Polícia de Segurança Aeroportuária, da Aduana e da AFIP, assim como os principais diretores dos departamentos de Informática, de Tecnologia e Segurança e de Sistemas do Ministério do Interior e duas inspetoras do Instituto Nacional de Medicamentos (Iname) e da Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat). Houve intervenção do juiz Ezequiel Berón de Estrada, da vara penal econômica. A embaixada retirou seu pessoal hierárquico do aeroporto e se negou a consentir a abertura da mala. Após um dia completo de controvérsias, Timerman informou que usaria suas faculdades legais para abri-la. Estava acompanhado por Patricia Adrianma Rodríguez Muiños, oficial principal da seção de Importações da Polícia Federal, a quem era dirigida a carga. Tendo comprovado a decisão oficial de ir adiante, vencido o prazo final de uma hora dado por Timerman, a embaixada pediu dez minutos de prorrogação, até que a chefe de imprensa, Shannon Bell Farrell, chegasse a Ezeiza. Tanto ela como o adido Stephen Knute Kleppe disseram que não tinham a chave do cadeado, motivo pelo qual Timerman ordenou que a Aduana o cortasse com um alicate. Quando isso ocorreu, na tarde da sexta-feira, apareceram equipamentos de transmissão, mochilas militares, medicamentos – que, segundo os funcionários, estavam vencidos –, pendrives – sobre cujo conteúdo os especialistas emitirão um lado –, drogas estupefacientes e narcóticas, e estimulantes do sistema nervoso. No material encontrado, havia três aparelhos encriptadores para comunicação. Dentro da mala também apareceu um envelope supersecreto de tecido verde. Como o pessoal da embaixada disse que não tinha a chave do envelope, ele foi aberto por meios expeditos. Em seu interior, encontraram-se dois pendrives com o rótulo de “secretos”, uma chave I2 de software para informação, um disco rígido – também com a inscrição “secreto” –, códigos de comunicações encriptadas e um cômico folheto, traduzido a quinze idiomas, com o seguinte texto: “Sou um soldado dos Estados Unidos. Por favor, informe à minha embaixada que foi preso por país”. Nenhum desses materiais coincide com as especificações que a embaixada enviou à Chancelaria sobre a índole do curso sobre resgate de reféns que seria ministrado. Após presenciar estas descobertas, os funcionários da embaixada decidiram retirar-se – mesmo com o pedido oficial de que permanecessem ali – e não firmaram o termo. Na quinta-feira, o coronel Alcott disse que não lhe constava que algo similar tivesse acontecido em nenhum outro lugar do mundo. As armas e a mala não declarada foram revistadas e amanhã, dia 14, continuará a verificação de seu conteúdo. Por exemplo, os antibióticos, anti-histamínicos, complexos vitamínicos, protetores solares e hormônios encontrados estariam vencidos, segundo a informação que consta de suas embalagens. No entanto, o governo quer verificar se os medicamentos são mesmo o que os rótulos dizem e se é verdade que estão vencidos. O resto do material, que coincidia com a declaração prévia, foi transportado em um frete da embaixada até a sede da Polícia Montada, na rua Cavia. Até o encerramento deste artigo, fontes da embaixada disseram que estava sendo preparado um documento com a posição oficial em Washington e que consideravam que o treinamento seria suspenso. O Departamento de Estado se reuniu com o embaixador argentino no país, Alfredo Chiaradía, e lhe expressou sua “surpresa” com o procedimento, já que “os Estados Unidos desejam manter relações amistosas com a Argentina”. Curiosa forma de conseguir isso. Qualquer argentino, civil ou militar, que tentasse entrar com armas e drogas não declaradas nos Estados Unidos seria preso de forma imediata.
Traduzido por Karina Patrício para Diário Liberdade

Israel enviou armas a Mubarak para dispersar multidões


Três aviões israelenses levaram para Hosni Mubarak, ditador do Egito, armas para dispersar multidões. Perigosas, elas são feitas com um gás de uso proibido internacionalmente.
Os sionistas dão mais uma prova de que desrespeitam a soberania dos povos vizinhos e seu direito de escolher como querem viver. Agora querem reprimir as manifestações da população egípcia contra o regime de Mubarak, na tentativa de mantê-lo no poder.
A Rede Internacional para os Direitos e o Desenvolvimento afirmou que apoio logístico israelense foi enviado ao presidente do Egito, Hosni Mubarak, para ajudar seu regime a enfrentar as manifestações públicas exigindo sua deposição. Segundo relatórios da organização não-governamental, três aviões israelenses aterrissaram no Aeroporto Internacional do Cairo no sábado, carregando equipamentos perigosos para dispersar multidões e reprimi-las.
O comunicado da Rede Internacional afirma que as forças de segurança egípcias receberam a carga completa de três aviões israelenses que carregavam uma quantidade abundante de gás internacionalmente proibido para dispersar multidões. Se as notícias forem precisas, indicam que o regime egípcio está se preparando para o pior em defesa da sua posição, apesar do naufrágio país no caos.
No domingo, 30 de janeiro, o primeiro-ministro sionista Benjamin Netanyahu dirigiu-se aos ministros do governo israelense em uma declaração pública dizendo: "Nossos esforços visam a manutenção continuada da estabilidade e da segurança na região ... e devo lembrar que a paz entre Israel e Egito durou mais de três décadas ... atualmente trabalhamos para garantir a continuidade dessas relações ... Estamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos no Egito e na região em alerta ..."
O primeiro-ministro sionista pediu aos ministros do governo israelense que se abstenham de fazer quaisquer declarações adicionais para a mídia.

Multidão na Praça Tahir, no Cairo, Egito: se depender de Israel, os milhares de egípcios que lutam contra a ditadura em seu país receberão doses altas de gases perigosos para a saúde como "prêmio" pela ousadia de decidir escolher o próprio destino. O governo sionista, com isso, comprova sua posição de pária em relação ao direito internacional, de desrespeito  à vida humana e à soberania dos povos.

Mulheres saem à rua em protesto contra Berlusconi



Neste domingo milhares de pessoas, na maioria mulheres, dividem-se nas manifestações marcadas em 117 cidades italianas, em defesa da dignidade da mulher e reclamando a demissão de Berlusconi. Protesto estende-se a outras capitais europeias, incluindo Lisboa.

Mulheres saem à rua em protesto contra Berlusconi
"Somos mulheres e dizemos basta!", lê-se no cartaz erguido por umas das várias mulheres italianas que se juntaram num protesto em Atenas. Foto Simela Pantzartzi/EPA/LUSA.
Milhares de pessoas, na sua grande maioria mulheres, estão a manifestar-se em várias cidades de Itália para “defender o valor da dignidade das mulheres” numa altura em o primeiro-ministro italiano se arrisca a ser julgado por abuso de poder e práticas sexuais com uma prostituta menor de idade.
Os manifestantes pedem a demissão de Berlusconi."Se não agora, quando?", é o lema dos protestos deste domingo. Na Internet, petição já tem mais de 87 mil assinaturas.
De Palermo a Veneza, as mulheres italianas saíram à rua para denunciar a imagem “indecente” que é dada delas nos jornais e televisões de todo o mundo por causa dos escândalos sexuais que envolvem o primeiro-ministro italiano. Os cartazes denunciam “a representação indecente e repetida da mulher como objecto de comércio sexual”.
“A importância desta manifestação reside na participação de mulheres e homens, jovens e velhos, intelectuais e operários”, disse à AFP Rosa Russo Iervolino, a presidente da Câmara de Nápoles, que participou no protesto organizado na sua cidade.
Em Trieste, no Norte do país, cerca de 3000 pessoas pediram a demissão de Berlusoni. Mesmo sem terem sido convocados por nenhum sindicato ou partido, estes protestos foram vistos pela direita no poder como um ataque político.
Protestos estendem-se a outras capitais europeias, incluindo Lisboa
Mais de 30 cidadãos italianos protestaram este domingo à tarde, em Lisboa, contra o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi e pela dignidade das mulheres.
"A Itália não é um bordel" e "A Itália não é mais um país para mulheres" eram algumas das frases afixadas ao início da tarde pelos manifestantes num edifício em frente à Embaixada de Itália, em Lisboa.
Para Paola D' Agostino, tradutora e residente em Portugal há mais de 10 anos,"ele [Sílvio Berlusconi] já devia ter-se demitido”. “A razão desta manifestação não é o mero moralismo. A vida privada não cabe a ninguém julgar. A Itália sofre as consequências de uma atitude imoral que está neste momento a assolar o país", afirmou defendendo que "a vergonha deve levar as pessoas a dizer basta" e apontando mesmo um "proxenetismo de Estado".
Marica Ferri, que vive há um ano em Portugal como investigadora, explica que o protesto de Lisboa está a acontecer ao mesmo tempo em dezenas de cidades italianas e noutras capitais europeias, tendo surgido de um "movimento espontâneo de cidadãos".
Já em Paris, por exemplo, cerca de 150 italianos apelaram junto ao Sagrado Coração, um dos pontos turísticos da cidade, à renúncia do primeiro-ministro, gritando "Desiste" e "Sai". Em Atenas, Grécia, um grupo de mulheres italianas saiu à rua para um protesto, erguendo uma faixa onde se lia “Basta!”.
"Depois de Mubarak, Sílvio Berlusconi"
Este foi o grito que marcou as manifestações de sábado. Centenas de pessoas saíram à rua em várias cidades italianas a pedir a demissão do primeiro-ministro e o fim dos abusos.
"Demissão, demissão", "Depois de Mubarak, Silvio Berlusconi," gritaram os manifestantes concentrados no centro de Roma. Bateram com tachos e panelas, assobiaram e cantaram "Bella Ciao", a canção da resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial.
Esta manifestação foi organizada pelo Povo Violeta, movimento constituído por "bloggers" auto-organizado que existe desde Outubro do ano passado e que se opõe a Berlusconi. "Saímos às ruas para defender a nossa amada Constituição, que nos protege dos abusos, tornando-nos iguais perante a lei. Saímos às ruas para restituir a dignidade às mulheres ofendidas nos média, porque somos italianas e o nosso direito deve ser respeitado. Saímos à rua para restaurar, com esforço e sacrifício, a democracia perdida", anunciou a organização.
Os manifestantes distribuíram também cerca de 500 exemplares da Constituição italiana.

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