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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 08, 2011

A AMÉRICA LATINA DIANTE DO EGITO








Laerte Braga
O primeiro-ministro da França François Fillon admitiu nesta terça-feira que usou o avião do presidente Hosni Mubarak para suas férias de Natal. François Fillon é ligado à direita em seu país e foi escolhido pelo atual presidente Nicolas Sarkozy. A denúncia foi feita pelo jornal LE CANNARD ENCHAINÉ, que para muitos analistas, foi o inspirador para os criadores de O PASQUIM, linha de frente na mídia alternativa e como um todo contra a ditadura militar no Brasil.
A cumplicidade das chamadas grandes nações com a ditadura do general egípcio é óbvia e está na natureza das políticas desses países que, pouco a pouco, vão se transformando em grandes conglomerados agrupando empresas, bancos, latifundiários e especuladores. O povo, nessa nova Idade Média vive no entorno e o conceito de soberania vai para o espaço.
Nas grandes potências européias (todas em vias de falência), essa característica de conglomerado já é realidade. Integram o EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A. Governos como o da França, Grã Bretanha, Alemanha, Suécia, Itália e outros são colônias cercadas de bases por todos os lados.
Mubarak é produto desse modelo e sua permanência no poder a despeito das grandes manifestações em todo o Egito pedindo sua saída se deve exclusivamente à ação do conglomerado norte-americano e suas filiais européias.
Governos de países da América Latina devem estar atentos ao discurso que o primeiro-ministro inglês pronunciou na Conferência Européia de Segurança, semana passada. David Cameron enterrou o multiculturalismo, ressuscitou as práticas de pureza racial e recolocou nas bancas de jornais, revistas e nas principais livrarias o MEIN KAMPF de Adolf Hitler. Edição revista e atualizada em Washington e Wall Street.
A Europa é branca e nela não há lugar para a integração com outros povos, os imigrantes, principalmente muçulmanos, negros e latinos, nessa ordem.
O anti-semitismo está presente no discurso de Cameron, é disfarçado em colônias norte-americanas no velho mundo e o apoio a Israel é na verdade apenas apoio aos negócios e à garantia do controle do petróleo existente em países do Oriente Médio.
Da mesma forma que Washington compra governos como o de Mubarak, o de David Cameron, o francês, o sueco, compra o de Israel. Os israelenses parecem estar despertando para essa realidade.
Egípcios, britânicos, franceses, suecos e israelenses, tanto quanto muçulmanos são adereços. Latinos são “porcos” na visão de boa parte dos europeus, acostumados a cultuar figuras como Elizabeth II, o rei Juan Carlos, múmias que sobrevivem no mundo contemporâneo.
A crise no Egito traz essa lição para os países da América Latina, alvo de Barack Obama (o branco disfarçado de negro) e o Brasil é o objetivo principal. Por ser um país de dimensões continentais, a maior potência econômica da região é estratégico para o conglomerado. As características neoliberais do governo Dilma Roussef e um chanceler sem nenhuma expressão, dócil aos interesses dos EUA, devem servir para acender a luz laranja entre as forças populares do País.
As políticas de estratégia e segurança nacional serão formuladas por Moreira Franco, assaltante de cofres públicos que substituiu Samuel Pinheiro Guimarães (pensador respeitado em todo o mundo), por conta das pressões de Washington.
Um dos paladinos da reforma política é José Sarney. Tem sua própria pirâmide em seu estado natal, o Maranhão, vítima de saques constantes por parte de sua família.
A máscara do terrorismo neoliberal caiu. Cameron (os EUA usam sistematicamente os britânicos como porta-vozes, caso de Blair na guerra do Iraque) deu a palavra de ordem.
A ação política do conglomerado EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A na América Latina, num curto prazo (dia 23 o arremedo de chanceler brasileiro encontra-se com Hilary Clinton), deve começar ações efetivas e concretas para desestabilizar governos independentes como os da Venezuela, da Bolívia, do Uruguai, da própria Argentina, Equador, Nicarágua e Cuba.
O dilema do Brasil é simples aos olhos de Washington. Ou aceita as regras, ou é considerado inimigo e fica fora do Conselho de Segurança da ONU (a ditadura das grandes potências na Organização).
Se não temos ditaduras como a de Mubarak, temos governos dóceis e quebrar resistências é fundamental, antes que a brancura européia seja contaminada por imigrantes latinos. Essa, pelo que disse Cameron, nem OMO e nem nenhum tira manchas limpa. Que o diga o brasileiro Jean Charles.
É questão de gosto. Uns preferem tomar banhos todos os dias, outros preferem perfumes franceses.
A descoberta de novas reservas petrolíferas que transformam a Venezuela no maior depósito de petróleo do mundo transformam o Brasil em ponte necessária para que o conglomerado possa tomar conta dessas reservas e das reservas brasileiras do pré-sal.
A base Colômbia é insuficiente e o temor que o Brasil continue avançando e sendo protagonista da história contemporânea (Lula, Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães), vai resultar na tentativa de domar o governo Dilma levando em conta seu pragmatismo econômico (políticas neoliberais) e sua busca de afirmação que a tornem algo mais que produto de Lula.
A América Latina é alvo do terrorismo internacional norte-americano (novo código florestal, semente terminator, etc, todos projetos oriundos da base do governo) e o Brasil é o diamante desse alvo.
Não é por outra razão que a principal rede de tevê do País, a GLOBO, começa a tratar Dilma Roussef como uma espécie de Dilma Serra. Com mimos e agrados.
A GLOBO é o mais importante canal de informações do conglomerado ISRAEL/TERRORISMO S/A, agora inclusive dedicada à prática de lenocínio a partir do BBB-11.
Faz parte do processo de alienação.
A continuar desse jeito, breve, uma loja Mcdonalds em cada esquina e o inglês vira a língua pátria.
A propósito, nos países latino-americanos governados por aliados de Washington as forças armadas são parte do conglomerado em sua esmagadora maioria. Em troca de bom comportamento (como em 1964), recebem brinquedinhos de guerra para usar nas banheiras. Navios de papel e aviões que não voam.
São sinais que precisam ser percebidos e teriam sido entendidos por figuras como Amorim.

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