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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 15, 2011


Palestra de Lula para investidores, em Londres


ATENÇÃO: Parte do som está em inglês na voz do tradutor, e parte está em português, com som original, sem tradução.

Palestra do presidente Lula, em Londres, na 8ª Conferência de Investidores da Telefonica.

Transcrição do texto:

Emergentes na liderança

A América do Sul atravessa sua fase histórica mais promissora em décadas. Nesta conjuntura favorável, temos amplas perspectivas para levar adiante um processo de desenvolvimento econômico com justiça social e bem-estar. A Telefónica, que apostou no sucesso econômico e na estabilidade da América Latina, comprou um bilhete premiado, pois é uma década de ouro para a nossa região.

A América Latina revela-se como importante polo irradiador de dinamismo, em meio a uma das mais graves crises econômicas da história. Ao mesmo tempo, alcançamos um nível de maturidade política que nos tem permitido avançar na consolidação da democracia e da estabilidade institucional em nossas sociedades.

Enquanto os países do mundo chamado “desenvolvido” sofrem com o baixo crescimento econômico e índices de desemprego elevados, nós chegamos ao final de 2010 com altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto: O Paraguai registrou um aumento de 14,5% em 2010; a Argentina de 9,2%, Peru de 8,8%, enquanto o Brasil conquistou uma expansão de 7,5%.

O processo é mais amplo, pois os países emergentes, incluindo os da América do Sul, registram desempenho econômico bem superior aos países desenvolvidos, conforme mostra o último relatório de perspectivas econômicas do Fundo Monetário Internacional. A economia mundial deverá crescer 4,4% em 2011; para os Estados Unidos a previsão é de 3,0%, enquanto os países da zona do euro ficarão restritos a expansão do PIB de 1,5%.

A perspectiva desenhada pelo FMI é muito mais favorável para os países emergentes, que deverão crescer, em média, 6,5%, em média, sendo que a previsão para o Brasil é de um aumento do PIB de 4,5%.

A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, a CEPAL, prevê um crescimento de 4,5% para a região em 2011. Estima-se que esse bom desempenho seja mantido nos próximos anos.

A tendência é de que esses países emergentes continuem crescendo a taxas muito maiores do que os mais desenvolvidos, alterando o equilíbrio da economia mundial. Isso exigirá mudanças no sistema de representação nos fóruns internacionais, com maior protagonismo para os emergentes, que apresentam economias mais equilibradas e com maior possibilidade de alavancar o comércio internacional.

Solidez macroeconômica

Os números do Ministério da Fazenda brasileiro são mais otimistas, prevendo um crescimento do PIB de 5,0% este ano e de 5,9% para a média de 2011 a 2014, impulsionado pelo crescimento do mercado interno e da taxa de investimento.

A inflação deverá ficar na faixa de 5,7% em 2011, puxada pelo aumento dos preços das commodities, o que nos beneficia, de outro lado, com o aumento das exportações e das receitas tributárias.

Em 2003 muitos analistas apostavam no fracasso do Brasil e previam que a inflação, que alcançou 12,5% em 2002, continuaria a crescer. Pusemos em prática um rigoroso processo de ajuste fiscal, com corte nas despesas públicas, duro sistema de controle monetário e conseguimos que a taxa de inflação caísse gradativamente, chegando a 3,1% em 2006.

Não será diferente desta vez, pois a Presidenta Dilma Rousseff já assumiu o compromisso de reduzir os gastos públicos, pois sabe que os maiores prejudicados pela inflação são os milhões de brasileiros pobres, cuja vida melhorou muito nos últimos oito anos e não podem pagar a conta da alta dos preços internacionais.

O governo brasileiro adotou as melhores práticas para conter a inflação, pois reverteu os estímulos fiscais concedidos durante a crise de 2008/2009, determinou um corte de 30 bilhões de dólares das despesas do governo federal, aumentou a taxa de juros básicas, tomou medidas para restringir a oferta de crédito e frear o consumo.

A solidez macroeconômica também fica evidente pelo aumento das reservas em moeda estrangeira, que atingiram um recorde de 300 bilhões de dólares e continuam crescendo.

A dívida líquida do setor público, que chegou a 60,6% do PIB em 2002, caiu para 40,4% em 2010 e deverá alcançar 37,8% no final de 2011. O ótimo desempenho da arrecadação de tributos no começo deste ano, graças ao consumo interno e às exportações, permite prever que o superávit primário das contas públicas passe de 2,8% em 2010 para 3,0% em 2011, segundo os dados do Ministério da Fazenda.

O governo está atento ao aumento do preço das commodities no mercado internacional, incluindo os alimentos, o petróleo e os minerais. Mas, de outro lado, o Brasil está bem protegido, pois não depende de petróleo importado, produz etanol suficiente para garantir o consumo interno crescente, além disso se beneficia da alta das commodities, pois é um grande exportador e tem um poderoso mercado interno, capaz de garantir demanda e absorver choques externos.

Mercado interno é o diferencial competitivo

O governo brasileiro sabe que a força da economia está no mercado interno, especialmente num momento de crise econômica nos países desenvolvidos, mas adota medidas para aumentar a competitividade de nossas exportações.

Nos Estados Unidos e União Europeia, as empresas cortam investimentos, a população freia o consumo e o desemprego está em alta. A realidade é completamente diferente na América Latina e, especialmente no Brasil.

A política de fortalecimento dos salários e os mecanismos de distribuição de renda garantiram a força do mercado interno brasileiro, mesmo nos piores momentos da crise internacional. Em 2009, quando o produto interno bruto brasileiro caiu 0,6%, a demanda interna aumentou 0,2%, o consumo familiar cresceu 4,2% e foram criados 1,8 milhões de empregos formais. No ano passado, a demanda interna subiu 10,3% e foi fundamental para garantir o aumento de 7,5% da economia. Desde 2006 a demanda doméstica cresce acima do PIB.

Conseguimos um ciclo virtuoso de crescimento sustentável, pois foram criados 15 milhões de empregos formais entre 2003 e 2010, fazendo a roda da economia girar mais velozmente. Nos dois primeiros meses deste ano foram criados 433 mil empregos formais, permitindo projetar mais um ano de recordes na geração de postos de trabalho.

Os programas de redistribuição de renda também foram importantes para que a economia brasileira não sofresse tanto com a crise internacional. O programa Bolsa Família é o maior e mais ambicioso mecanismo de transferência de renda da história do Brasil e foi criado em 2004 para combater a fome e a miséria e promover a emancipação das famílias mais pobres do país. No final do ano passado, o programa beneficiava 13 milhões de famílias brasileiras e 42 milhões de pessoas, ou 22% da população brasileira, de 191 milhões de pessoas.

A política de valorização do salário mínimo, praticada no Brasil desde 2003, garantiu um aumento real, acima da inflação de 57,3% entre 2002 e 2010. Foi mais um estímulo para fortalecer o mercado interno.

O Programa Luz Para todos, lançado em novembro de 2003, já beneficiou 13,4 milhões de pessoas, que passaram a ter energia elétrica em suas casas. Assim que a eletricidade chegou, trataram de se ligar ao mundo, equipar suas modestas casas. A indústria e o comércio agradeceram, pois 79,3% dos beneficiados pelo Luz para Todos compraram televisores, 73,3% adquiriram geladeiras e 45,4% compraram equipamentos de som. E certamente serão usuários da Internet, pois a Presidente Dilma lançou o Programa Nacional de Banda Larga, para garantir acesso à rede mundial de informações, com velocidade mínima de um megabyte por segundo, a um preço na faixa de 20 dólares mensais.

Outro fator de crescimento da economia e do mercado interno foi a expansão do crédito, especialmente para financiar o consumo da população mais pobre. No final de 2010 o volume de crédito, livre e direcionado, atingiu 638 bilhões de dólares, ou 46,6% do produto interno bruto e cresceu seis vezes em relação ao final de 2000. Os empréstimos destinados às pessoas totalizaram 320 bilhões de dólares em dezembro de 2010 e aumentaram nove vezes em relação ao saldo do final de 2000, segundo o Banco Central do Brasil.

As linhas de crédito especiais para aposentados e para agricultores familiares também contribuíram para o fortalecimento produção e do consumo no mercado interno.

Os bancos públicos tiveram papel essencial neste processo. No Banco do Brasil, as operações de crédito cresceram de 77 bilhões de dólares em dezembro de 2007 para 192 bilhões de dólares em dezembro de 2010, com um aumento de 150%. No caso da Caixa Econômica Federal, o volume de crédito passou de 29 bilhões de dólares em 2007 para 100 bilhões de dólares no final de 2010, com uma expansão de 249%, segundo os seus balanços.

As políticas públicas de distribuição de renda, de valorização dos salários e de financiamento contribuíram para que 28 milhões de brasileiros saíssem da pobreza nos últimos oito anos e para que 36 milhões de pessoas ascendessem para a classe média.

É importante registrar que a ambiciosa política de redução das desigualdades, de aumento da renda da população e de fortalecimento do mercado interno, foi alcançada sem comprometer o ajuste fiscal, a estabilidade macroeconômica e o controle da inflação.

Investimento e crescimento sustentado

Nos últimos anos o Brasil passou a ocupar uma posição de destaque entre os países emergentes que lideram o crescimento mundial. Entre 2010 e 2020, segundo previsão de analistas, somente China e Índia superarão o Brasil na contribuição para o crescimento global da economia. O Brasil saiu mais forte da crise internacional e passou a ser o destino de grandes volumes de investimento direto estrangeiro, que atingiram 48 bilhões de dólares em 2010, mais de três vezes do que se investia há uma década.

O papel do estado foi fundamental para a retomada econômica pós-crise e será essencial para sustentar o ritmo de expansão. No ano passado, o investimento cresceu 21,9% no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com grandes investimentos em setores de infraestrutura, construção civil, telecomunicações, saneamento e energia.

O forte ritmo dos investimentos, tanto do setor público quando do privado, é decisivo para garantir o dinamismo da economia. Com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento em 2007 o governo federal assumiu destacado papel como indutor do desenvolvimento. Estavam previstos 365 bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura, transportes, saneamento, habitação e energia entre 2007 e 2010, sendo que 94% deste orçamento foi realizado.

No final do ano passado foi lançada a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, para 2011 a 2014, que prevê investimento de 930 bilhões de dólares em saneamento, infraestrutura, habitação, energia e saúde e também inclui as obras necessárias para a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Um dos carros chefes desta segunda fase do programa de aceleração do crescimento é a construção de mais dois milhões de unidades habitacionais populares.

Um dos principais atores do Programa de Aceleração do Crescimento é a Petrobras, a maior empresa brasileira, que investiu 35 bilhões de dólares em 2010 e tem uma carteira de investimentos de 224 bilhões de dólares até 2014, incluindo plataformas, sondas, unidades de armazenamento e navios de apoio que serão necessários para explorar as jazidas de pré-sal em águas ultra profundas.

Tenho muito orgulho por ter sido realizado no meu país, que era governado por um metalúrgico, a maior capitalização da história do capitalismo, feita em setembro do ano passado, quando a Petrobras captou 70 bilhões de dólares através de oferta pública de ações.

Poucos países podem exibir uma carteira de investimento em infraestrutura tão alentada como o Brasil. Três das maiores hidrelétricas estão sendo construídas no Brasil: Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. A Petrobras está fazendo quatro refinarias de uma vez. Além disso, está construindo um gigantesco polo petroquímico que mudará a economia do Rio de Janeiro.

Três das maiores ferrovias do mundo estão sendo construídas no Brasil. A Ferrovia Norte-Sul já tem 1.513 quilômetros de extensão e ainda vai crescer para chegar ao Porto de Santos em São Paulo. Em dezembro foi lançada a obra da Ferrovia Oeste-Leste, com uma extensão de 1.527 quilômetros. Além disso, estamos fazendo a Transnordestina, com 1,7 mil quilômetros de ferrovia. Essas obras, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento, vieram para mudar o Brasil e para ampliar a confiança dos brasileiros num futuro cada vez melhor. Além disso, estamos construído no Nordeste brasileiro um sistema de irrigação, com 642 quilômetros de extensão, que levará água para 12 milhões de pessoas na região do Semiárido.

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve um papel fundamental para sustentar os investimentos públicos e privados no Brasil, pois ampliou seus desembolsos de 12,8 bilhões de dólares em 2000 para 96 bilhões de dólares em 2010.

Política externa e diversificação

A diversificação do nosso comércio exterior foi um dos objetivos da política externa brasileira nos últimos oito anos. Passou a dar destaque às relações com a África, Ásia, Oriente Médio e América Latina, sem prejuízo dos tradicionais vínculos com Europa e Estados Unidos, pautadas por um diálogo franco e maduro, com base no respeito mútuo e na defesa de valores e interesses comuns.

As exportações brasileiras para os países da África passaram de 1,3 bilhão de dólares em 2000 para 9,3 bilhões de dólares em 2010, com um aumento de 585%. As vendas do Brasil para a Ásia cresceram de 6,3 bilhões de dólares em 2000 para 56,3 bilhões de dólares em 2010, com uma expansão de 790%. No caso do Oriente Médio, as exportações brasileiras aumentaram quase oito vezes entre 2000 e 2010, quando atingiram 10,5 bilhões de dólares. As exportações para a China, índia e Rússia cresceram 22 vezes e passaram de 1,7 bilhão de dólares em 2000 para 38,4 bilhões de dólares em 2010, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Isso não implicou em redução do fluxo de negócios com os países desenvolvidos, pois as exportações para a União Europeia atingiram 43,1 bilhões de dólares em 2010, com uma alta de 181% comparado com as vendas de 15,3 bilhões de dólares em 2000. E, com os Estados Unidos, as exportações cresceram 45,5% entre 2000 e 2010, chegando a 19,5 bilhões de dólares no ano passado.

O Brasil projeta uma imagem respeitada no exterior: um país com uma democracia sólida, que vive em paz com seus vizinhos, com uma economia vigorosa e equilibrada, capaz de promover o crescimento econômico e a inclusão social.

Tudo isso contribuiu para que o Brasil conquistasse a honra de sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Tenho a plena convicção que faremos desses eventos, que exigirão investimentos da ordem de 50 bilhões de dólares, um exemplo de organização para todo o mundo.

Educação a base para continuar crescendo

O crescimento econômico gera gargalos. É o que acontece no Brasil, onde faltam trabalhadores e técnicos especializados, devido à força da economia e o aumento dos investimentos. Mas os investimentos feitos em educação pública nos últimos anos ajudarão a resolver este problema. Foram criadas 14 novas universidades federais e 126 campi e o número de vagas nos processos seletivos das universidades federais passou de 109,2 mil em 2003 para 222,4 mil em 2010, com uma expansão de 104% no período.

Além disso, 850 mil jovens de famílias pobres tiveram acesso ao ensino superior entre 2005 e 2010, pois receberam bolsas de estudo em universidades particulares, graças ao programa PROUNI do governo federal.

Também fortalecemos o ensino técnico profissionalizante, fundamental para garantir a oferta de mão de obra qualificada. Em oito anos inauguramos 214 escolas técnicas federais, que oferecerão 400 mil vagas. Um enorme avanço, pois entre 1909 e 2002 foram criadas apenas 140 escolas técnicas federais.

O aprimoramento da educação no Brasil, nos últimos anos, tem sido feito de maneira sistêmica, pois ocorreu em todos os níveis de ensino, da creche até os cursos de pós-graduação e beneficiou a toda a sociedade. Boa educação, além de gerar boas oportunidades de emprego e de contribuir para o progresso do país, gera mobilidade social, a expectativa de um futuro melhor, para as pessoas e para a Nação.

Trabalhamos para garantir o mesmo nível de qualidade da educação em todo o Brasil, com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais. Assim, instalamos computadores ligados à Internet por conexão de banda larga em 54 mil unidades escolares, sendo que 18 mil estão instalados no Nordeste brasileiro.

A educação foi colocada como prioridade estratégica para o desenvolvimento do Brasil, na busca dos padrões de excelência dos países desenvolvidos. O investimento público direto em educação passou de 3,9% do Produto Interno Bruto em 2000 para 5% em 2009. E agora a Presidente Dilma Rousseff assumiu o compromisso de ampliar o investimento em educação progressivamente até atingir 7% do Produto Interno Bruto.

Qualidade e responsabilidade ambiental

O Brasil se destaca no combate às mudanças climáticas. Assumimos voluntariamente, na reunião da ONU em Copenhague no final de 2009, compromissos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020 e aprovamos lei regulamentadora no Congresso Nacional.

O Brasil é uma referência no enfrentamento dos desafios ambientais do século XXI, pois é responsável por 74% das unidades de conservação criadas no mundo desde 2003. A área das unidades de conservação ambiental foi ampliada em 24,7 milhões de hectares e alcançamos recentemente o menor nível de desmatamento nos últimos 22 anos.

Além disso, firmamos a nossa posição como o país da energia limpa, pois essas fontes passaram de 86,9% da matriz energética em 2003 para 89,8% no final de 2009. A energia gerada por usinas hidroelétricas cresceu de 74,8% para 77,1% entre 2003 e 2009.

O Brasil se destaca no setor da agroenergia. Nosso etanol, que já era o mais competitivo, agora conta com garantias ambientais, graças ao zoneamento agroecológico, além de garantias trabalhistas e sociais, obtidas por meio de um compromisso nacional que assegura os direitos de quem trabalha no setor. Além disso, implantamos um programa nacional de produção de biodiesel.

Integração regional

Para finalizar, quero ressaltar as oportunidades crescentes para investir na América do Sul, uma região que caminha rapidamente para integrar suas infraestruturas de transporte, telecomunicação e energia. O Brasil tem procurado fortalecer esse processo, através da presença de suas empresas nesses investimentos, com financiamento garantido pelo BNDES.

O Brasil não pode fugir ao seu dever de fortalecer os laços políticos, culturais e econômicos com a América do Sul, até porque tem fronteiras com dez dos doze outros países da região.

É contínuo e consistente o processo de integração sul americano. A iniciativa mais recente é a União das Nações Sul-Americanas, a UNASUL, cujo principal objetivo é a cooperação e a coordenação política.

A América do Sul é parte essencial da solução da maior crise econômica das últimas décadas. Uma crise que não criamos e que nasceu no centro do capitalismo mundial. Sem os países em desenvolvimento não será possível abrir um novo ciclo de expansão que combine crescimento, combate à fome e à pobreza, redução das desigualdades sociais e preservação ambiental.

No momento em que se está constituindo um mundo multipolar, a América do Sul pode – e deve – afirmar sua presença no plano internacional e renovar a confiança em si mesma e na capacidade de seus povos construírem um destino comum de desenvolvimento, justiça social, democracia e paz. Esta é a hora para reconstruir as instituições globais em bases mais democráticas, representativas, legítimas e eficazes.

Finalmente, vale ressaltar que a América do Sul é uma região de paz, onde floresce a democracia. Os governantes de todos os nossos países foram eleitos em pleitos democráticos e com ampla participação popular. Nossa democracia tem participação da sociedade.
*osamigosdopresidentelula


Reportagem da TV Record mergulha na principal obra dos tucanos em São Paulo, a Cracolândia

R7
Grande Reportagem de Marcelo Rezende registra o submundo do crack



O juiz boliviano Rolando sarmiento ordenou a prisão do general Gary Prado Salmón, responsável pela captura do revolucionário argentino Ernesto Che Guevara em 1967, acusado de participar de um complô contra o presidente Evo Morales em 2009, segundo informou  Gary Prado Arauz, filho e advogado do militar. Prado é acusado de participar de um complô para matar o presidente boliviano Evo Morales.
*tijolaço

El exobispo de Brujas reconoce que abusó de otro de sus sobrinos

 



Roger Joseph Vangheluwe acude a la televisión para minimizar sus delitos: "No hubo penetración. Era solo un juego".
Roger Vangheluwe, a la derecha,
junto al papa Juan Pablo II durante
la visita que hizo este a Brujas en 1985
EFE

El exobispo de Brujas Roger Joseph Vangheluwe confesó anoche que abusó de un segundo menor, también sobrino suyo, durante una entrevista en una cadena de televisión en la que minimizó lo ocurrido, algo que ha consternado al país, según recoge este viernes la prensa belga.
El religioso, destituido por Benedicto XVI en abril de 2010 por abusar sexualmente de varios jóvenes cuando era sacerdote, aseguró que jamás pensó en el impacto de sus actos, que consideró hechos "superficiales". No obstante, sabía que "no estaba bien y me confesé en varias ocasiones", añadió.
"No tenía la impresión de que mi sobrino se opusiera, al contrario", afirmó Vangheluwe en la entrevista, en la que afirmó que nunca se ha considerado un pederasta y que aquellos abusos eran "como una pequeña relación".
Lo ocurrido "no tenía nada que ver con la sexualidad", según el exobispo, que afirmó que jamás se ha sentido atraído por los niños y que, en el caso de sus sobrinos, "lo que existía era intimiad". Vangheluwe se declaró arrepentido por los hechos, que se prolongaron durante trece años en uno de los casos y no llegaron a un año en el otro.
Según explicó, los actos comenzaron a producirse durante las visitas de su familia, cuando sus sobrinos se quedaban a dormir en su casa. "Empezó como un juego con ese niño. Nunca hubo ni violación ni violencia física. Jamás me vio desnudo ni hubo penetración", declaró. El prelado indicó además que el dinero que pagó a la familia de la víctima "no era una manera de obtener su silencio".
Tanto el mundo religioso como el político han reaccionado con indignación a las declaraciones de Vangheluwe. El obispo de Brujas, Jozef De Kesel, se ha declarado "estupefacto" por la entrevista y lamentó el daño causado con las palabras del prelado, tanto a las víctimas como a la propia Iglesia.
Por su parte, el ministro belga de Justicia, Stefaan De Clerck, hizo un llamamiento a la Iglesia a "poner fin a ese asunto" lo antes posible. El fiscal de Brujas Jean-Marie Berkvens ha señalado en una entrevista en la radio flamenca Radio 1 que los abusos sexuales cometidos con el segundo menor, al igual que en el primer caso, han prescrito.
El Vaticano informó esta semana de que las sanciones de la Iglesia contra el exobispo, de 74 años, todavía no son definitivas. "La Congregación para la Doctrina de la Fe ha establecido que deje Bélgica y se someta a un periodo de tratamiento espiritual y psicológico. En ese periodo evidentemente no le está permitido ejercer de manera pública el ministerio sacerdotal y episcopal", señaló la Santa Sede en un comunicado.

Filme erótico volta a assombrar Xuxa

Produtor de 'Amor, Estranho Amor' quer relançar o longa
A apresentadora Xuxa Meneghel está, mais uma vez, tendo problemas com o filme erótico que fez em 1982. Amor, Estranho Amor está fora do mercado há duas décadas, mas o produtor Anibal Massaini (Pelé Eterno) diz que o trato estabelecido sobre a não circulação do longa foi quebrado.
Massaini afirma que a loira não honrou o depósito de R$ 100 mil anuais (US$ 60 mil) nem formalizou nenhuma data para renovação do contrato de concessão dos direitos, fazendo com que ele esteja oficialmente extinto.
Xuxa entrou com um recurso para que a produção permaneça no limbo, enquanto a ação do produtor tramita desde o fim de 2010 no Rio de Janeiro.
Além de a película conter cenas de nudez de Xuxa, há também uma cena de sexo com um adolescente. Conforme a atriz solidificou sua carreira como apresentadora infantil, foram iniciados os esforços para abafar a existência e a comercialização do longa.
Assim, para evitar controvérsias, este ContextoLivre disponibiliza, a seguir, o filme na íntegra. - veja logo, antes que a Xuxa perceba! O objetivo da  gaúcha Meneguel parece que é evitar que descubram a má atriz que é:

Battisti já avista a luz no fim do túnel


Celso Lungaretti 
Cerca de 300 pessoas compareceram nesta 5ª feira (14) à PUC/SP, palco daquele que deverá ser o último debate sobre o Caso Battisti durante o período de prisão do escritor italiano no Brasil.
O senador Eduardo Suplicy informou que o procurador geral da República, Roberto Monteiro Gurgel, deverá entregar na próxima semana seu parecer, último detalhe pendente para que seja marcada a sessão na qual o Supremo Tribunal Federal apreciará a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de rechaçar definitivamente o pedido de extradição italiano.
Nos circulos bem informados, é dado como favas contadas que, apesar da faina obsessiva do ministro Cezar Peluso para tentar reverter uma decisão juridicamente perfeita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a maioria dos ministros não acompanhará o presidente do STF nessa aventura  institucional de consequências imprevisíveis. O equilíbrio de Poderes vai ser mantido.
Então, a única dúvida sobre o futuro de Battisti é quanto à sua permanência ou não no Brasil, depois que o STF reconhecer a legitimidade da decisão presidencial: o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, avaliou que ele se tornará imediatamente um estrangeiro em situação irregular no nosso país e “vai ter que ou buscar regularizar-se — ou seja, obter um visto de permanência no Brasil — ou ir para outro país”.
Aguardemos os próximos e emocionantes capítulos desta novela que Cezar Peluso e Gilmar Mendes vêm mantendo arbitrariamente no ar há quatro anos.
Eles o fazem cometendo gritante abuso de poder, pois, pela lei e pela jurisprudência, a pendenga deveria ter sido encerrada em janeiro/2009, com a decisão do ex-ministro Tarso Genro de conceder refúgio a Battisti; e mais ainda em dezembro/2010, quando o ex-presidente Lula deu a palavra final do Estado brasileiro.
Aquilo a que estamos assistindo em 2011 é uma das páginas mais vergonhosas do Judiciário brasileiro em todos os tempos: o sequestro de um cidadão por parte de quem mais obrigado está a cumprir e fazer cumprir as leis deste país, só lhe cabendo interpretá-las, não as transgredir.

quinta-feira, abril 14, 2011

"Você é o nosso chefe!", disse Bono Vox para Lula

Bob Fernandes

Bono Vox e Lula se encontraram no Hotel Sofitel/Ibirapuera (foto: Divulgação)
Nesta quarta, 13 de abril, o U2 encerra sua passagem pelo Brasil. O espetáculo U2 360º, um mix da história musical da banda embalado em tecnologia, muita tecnologia, e num  manifesto político. Para quem não foi e não viu, ficarão as imagens e fotos-oportunidade de Bono Vox com Dilma Rousseff e Lula. Mas, as andanças e conversas de Bono pelo Brasil foram muito além disso.
Para quem imagina ser Bono apenas um presepeiro em busca de um "selo social", vale informar quem são seus companheiros de viagem, o que buscam, e o teor da sua conversa com o ex-presidente Lula.
Quando Bono e o U2 viajam em turnê, e assim está sendo no Brasil, junto está a ONE, uma das organizações de ação social da qual Bono foi co-fundador, esta em 2004.
As outras organizações das quais Bono faz parte são a DATA (Dívida, AIDS, Comércio, África), criada em 2002, e a RED, criada e dirigida por Bobby Shriver. A RED arrecada fundos com a venda de produtos que são ícones globais e o dinheiro é destinado ao combate à tuberculose, AIDS e malária.
O CEO, o grande executivo da ONE, aquele senhor de óculos e barba rala que aparece em uma ou outra foto-oportunidade, é Joshua A. Bolten. Este cidadão, que toca a banda social de Bono na ONE, trabalhou por 6 anos na Casa Branca, diretamente com o presidente dos EUA, George Bush, o Júnior.
Joshua Bolten dirigiu a Administração e o Orçamento da Casa Branca de 2003 a 2006 e foi Chefe de Staff na sede do governo entre 2006 e 2009. Sim, Joshua trabalhou com Bush Júnior, aquele dos poderosos lobbies. E foi esse o motivo, lobby (valendo o sentido norte-americano do termo) que levou Bono a trazer Joshua para a ONE.
Joshua esteve na conversa entre Lula e Bono Vox, que se deu na segunda-feira 11, entre as 14 e as 16 horas na Suíte Presidencial, 19º andar do Hotel Sofitel/Ibirapuera.
Presentes e testemunhas do encontro o empresário Paulo Okamoto - um dos coordenadores do Instituto Lula -, Marisa Leticia e outro assessor da ONE, Oliver Buston. A tradução ficou por conta de Sérgio Ferreira, o mesmo que trabalhou com Lula na Presidência.
Num dos trechos principais da conversa, no seguinte diálogo, disse Bono, textualmente, palavra por palavra, ao ex-presidente do Brasil:
-Deixe-me dizer uma coisa que talvez seja impertinente.
-Pode dizer...
-... o seu trabalho, agora que você deixou a presidência, ele de certa forma só começou. Deixe-me sugerir que há um trabalho maior, que envolve 1 bilhão de pessoas, e sua presença física...
-Sim...
- Você é nosso chefe! Nós temos 2 chefes. Nelson Mandela...eu fui do movimento anti-apartheid quando o Nelson Mandela pediu para eu me envolver... temos o Nelson Mandela e (Desmond) Tutu, mas eles se aposentaram. Nós olhamos em volta e quem pode nos ajudar a levar as coisas adiante? Nós trabalhamos com a direita e com a esquerda, com Bush...
Nesse instante, Bono interrompe sua fala e pergunta:
-...bem, quem está à esquerda de Bush?
A resposta é de Joshua, o ex-assessor de Bush:
-À esquerda do Bush? Todo mundo está à esquerda do Bush...
Finda a gargalhada geral, Bono prossegue:
-...trabalhamos com a direita e com a esquerda, com Bush e com Gordon Brown. Mas esse modelo antigo quebrou. Agora há um novo centro.
-Sim...
-Eu sugiro que o seu destino é pegar isso que você fez no Brasil e levar adiante. Eu tremo ao dizer isso, porque o senhor já poderia se aposentar, mas o senhor é um lutador e está pronto para a batalha.
Sob atenção e testemunho de Joshua Bolten e dos demais, e em meio a elogios, disse ainda Bono Vox a Lula:
- O senhor é um homem mágico, mas nós não acreditamos em mágica, acreditamos em estratégia e sabemos que o senhor tem estratégias. Nós queremos conhecer as suas estratégias.
Lula, na síntese de sua resposta, disse:
-Eu quero que vocês saibam que eu estou nessa luta pela África de corpo e alma.
No início da argumentação, Lula discorreu sobre seu período de governo.
Falou das iniciativas em relação ao continente africano (embaixadas, fábrica de retro-virais, a universidade federal Luso-Afro-Brasileira em Redenção, entre outros exemplos) e relatou:
-A elite brasileira  me criticou muito por isso, mas para mim o Oceano Atlântico é apenas um rio (...) o Brasil tem uma imensa fronteira com a África e muitas possibilidades de parcerias.
Na sequência, o ex-presidente esmiuçou algumas políticas públicas do seu período; do Bolsa Família e ampliação do mercado interno ao Luz para Todos, contou que seu governo "foi bom também para os ricos" e, em determinado momento, deve (é de se supor) ter provocado alguma perplexidade no ex-assessor de George Bush. Isso, no instante em que disse:
- Foi preciso um metalúrgico socialista para implantar o capitalismo no Brasil e ampliar a criação de empregos...
Nesse clima de diálogos surpreendentes, o republicano Joshua Bolten também não se furtou em fazer sua frase. Confessou o  ex-assessor de Bush:
- Me juntei à ONE  porque nos meus  anos na Casa Branca nunca vi um lobbista tão eficiente quanto o Bono...
Bono relatou a Lula o que quer com  a ONE: que ela seja uma força global de lobby para os pobres, algo tão forte como a NRA é para quem defende a posse de armas nos Estados Unidos...
Disse ainda o líder do U2 que a África hoje "olha para dois  lados" e que vê estes lados, a Ásia e o Brasil, como exemplos de locais que tiraram pessoas da pobreza.
Bono fez um reparo quanto à direção dos olhares da África:
-  Enquanto a Ásia é autocrática, o Brasil é um modelo democrático, um modelo que eu prefiro...
O líder do U2 elogiou muito a Mo Ibrahim, um empresário sudanês de telecomunicações que paga um prêmio de U$5 milhões para os presidentes africanos que deixem os governos sem tentar a ampliação dos mandatos originais.
Mo Ibrahim, para Bono, é modelo de empreendedorismo, tecnologia, transparência e democracia para a África.
Um dos pontos da conversa entre Bono e Lula foi a China. O líder do U2 pediu a Lula que ajude a convencer os chineses a aprovar uma lei para garantir a transparência dos investimentos da China na África. Ou seja, a ideia é tentar cercear, ao menos diminuir, a corrupção.
Enquanto a banda ainda toca, seguem os trabalhos. Nesta quinta-feira, 14, se reúnem as equipes da ONE, sem Bono, e a que está criando o Instituto Lula.
O ex-presidente informou a Bono Vox que está "construindo" a proposta do Instituto Lula para a África e ambos combinaram de voltar a conversar.
*luisnassif