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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 16, 2011

Nem amor nem revolução

 

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Eu havia prometido não escrever nada sobre a telenovela “Amor e Revolução” enquanto o poeta e ex-preso político Alípio Freire não me antecedesse. Isso porque ele foi um dos primeiros a perceber em que o folhetim do SBT ia dar. Mas não pude mais me conter, depois de ler isto na Folha de São Paulo:
“Silvio Santos reclama de ibope baixo e novela troca drama por humor
O dono do SBT, Silvio Santos, reclamou do baixo desempenho da novela ‘Amor e Revolução’ em reunião nesta terça-feira, no Complexo Anhanguera. Silvio fez a queixa diretamente ao autor da novela, Tiago Santiago, que se prontificou a efetuar várias mudanças.
A despeito da repercussão e polêmica que a novela desencadeou na internet, ‘Amor e Revolução’não passa de cinco pontos de média na Grande São Paulo. Cada ponto equivale a 58 mil domicílios assistindo à história, que se passa na ditadura militar.
Dentro de duas semanas a novela sofrerá uma guinada de 180 graus. Diálogos sobre política, personagens discursando para criar contextualização histórica, assuntos referentes a militares serão praticamente abolidos da história. Em seu lugar haverá mais cenas de humor, amor e outros relacionamentos.
Procurado pela reportagem nesta tarde, Santiago não quis comentar sobre a ‘bronca’ de Silvio Santos, mas confirmou que a novela terá algumas mudanças de rumo. ‘Nós de fato vimos várias pesquisas, e as pessoas à noite querem rir, se emocionar. Vamos acabar com o tema político mesmo’, admitiu Santiago, que acrescentou: ‘Nunca mais vou fazer novela sobre política’ ".
Comento rápido: talvez Sílvio Santos não tenha percebido, mas há muito “Amor e Revolução” faz humor involuntário. De militares que andam de farda na intimidade de suas casas, passando por presos torturados que metem bronca nos torturadores, sempre com uma língua fluente que nem toma conhecimento dos choques elétricos que levou, a novela tem mostrado na televisão uma ignorância de tempo, lugar e vidas de tal maneira, que até parece galhofa.
Escrever em folhetim de televisão sobre a história tem sido um fiasco, desde a minissérie JK na TV Globo. Se em JK os laços que prendiam Juscelino Kubitschek à realidade eram laços de fita, de chapéus, cenários e músicas de época, em “Amor e Revolução” a realidade são guerrilheiros e militares caricatos, que falam frases de cartilha, didáticas. Como as de um personagem que explicou num capítulo, por exemplo: “Dops. Dops é o nome com que é conhecido o Departamento de Ordem Política e Social. D-O-P-S: Dópis”...
Salvava a novela até então, como uma cereja em um bolo amargo, os depoimentos. Depois das palhaçadas grosseiras do Ratinho antes, depois de penar a ver cenas, diálogos que os circos da periferia fazem com melhor arte, vinham os depoimentos reais, verdadeiros, de militantes que sobreviveram à tortura. Até então, podia-se dizer: pulem a novela, vejam o depoimento. De fato, houve alguns deles que se aproximaram do sublime. Assim era. Mas a ressalva não durou muito.
Todo o prometido pela produção da telenovela, de que “para dar credibilidade à história e acontecimentos narrados na novela, seria exibido no fim de cada capítulo um depoimento de um guerrilheiro, artista, familia de desaparecidos que participou desse momento tão importante para a democracia no Brasil”, veio por água abaixo com os depoimentos de torturadores, de militares criminosos ainda sem julgamento no Brasil, mais adiante.
Dizer o que mais agora?
“O autor decidiu ainda que as personagens de Luciana Vendramini e Gisele Tigre (Marcela e Mariana) terminarão juntas - talvez com direito a casamento - e que haverá mais cenas ‘lésbico-eróticas’ entre elas”, completa a notícia.
Aquela ilusão de que “Amor e Revolução” retomasse a história que não foi conhecida, porque ao povo seria dada a oportunidade de saber o drama e valor de uma geração violentada, cai por terra. Quem tiver dúvida, anote a última: nos bastidores do SBT, a novela ganhou o apelido de "Sessão Privê", ou de sexo na tevê. Quem leu os próximos capítulos fala que virão cenas fortes e apelativas. Ou seja, nem amor nem revolução, ao fim.
Em Pneumotórax, Manuel Bandeira escreveu que, para um tuberculoso no começo do século vinte, o melhor a fazer era tocar um tango argentino. Para nós, que acreditamos no poder da arte, em 2011 podemos concluir: o melhor a fazer é voltar à liberdade da literatura. Ela saberá dizer o que as telenovelas não podem, por limitação de gênero, veículo, ibope e grana.
Urariano Motta
*comtextolivre

quarta-feira, junho 15, 2011

Movimento pede impeachment da prefeita de Natal


Ninguém deve esperar muita coisa de um governo apoiado pelo DEMO Agripino Mala.

Sob a alegação de uma administração vazia, indícios de irregularidades em contratos públicos e problemas de infraestrutura, ganhou força nas ruas de Natal um movimento iniciado nas redes sociais, o Fora Micarla, em referência à prefeita da cidade, Micarla de Souza (PV). Após dois protestos nos últimos 15 dias, que juntos somaram cerca de duas mil pessoas, um grupo de aproximadamente 70 estudantes monta acampamento no pátio da Câmara Municipal desde terça-feira 7.


A administração de Micarla registra altos índices de desaprovação, que, em maio, chegaram a 84,5% (91,2% entre os que possuem curso superior), segundo pesquisa do Instituto Consult. Os jovens pedem a abertura de um processo de impeachment contra a prefeita, além de uma audiência pública e abertura de uma nova Comissão de Investigação Especial (CEI) para investigar as suspeitas, uma vez que, na sexta-feira 10, o presidente da Câmara Municipal, Edivan Martins (também do PV, partido aliado do DEM e do PMDB) arquivou uma ação para este fim que corria na Casa e agora afirma não poder iniciar outra ação com o mesmo tema.


“O Legislativo não vinha fiscalizando devidamente o jurídico, por isso, organizamos o movimento para fazer disso um fato político e pressionar os parlamentares. Não estamos pedindo nada demais, apenas que apurem as denúncias”, diz o estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e integrante da Comissão Jurídica dos acampados, Hélio Miguel Martins.


Edivan Martins conseguiu uma ordem judicial para a desocupação do pátio da Câmara com auxílio policial, que foi adiada para uma negociação pacífica. Na segunda-feira 13, os manifestantes e seus representantes jurídicos se reuniram com o presidente da Câmara na sede da Ordem dos Advogados do Brasil de Natal para que as partes fizessem suas demandas.


Além das requisições acima, os estudantes pedem a participação na Comissão de membros da oposição, sem vínculos com os contratos referidos. O presidente da Câmara afirmou não se opor à nova CEI, desde que recolhidas as sete assinaturas de vereadores necessárias para a abertura da investigação. Dosse, porém, que não pode assegurar a composição da mesma. Segundo o advogado do grupo, Daniel Pessoa, a oposição já atingiu essa meta.


Apesar de as negociações continuarem, o advogado afirma que o presidente está pressionando o movimento a se retirar. “Martins passou a chave nos portões e trancou todos os manifestantes dentro do pátio da Câmara, ninguém pode sair. Cortaram água, luz e internet”, conta ele, que vai recorrer ao STJ para manter o acampamento.


Enquanto isso, a prefeita Micarla de Souza, que ainda não recebeu os estudantes, escolheu o Twitter para se manifestar. “Como prefeita, estou sempre à disposição de todos os setores da sociedade natalense para discutir ações positivas para a nossa cidade. Qualquer pauta de interesse coletivo em Natal recebe a minha atenção. Só precisa ser apresentada de forma respeitosa e democrática”, disse.
Para o presidente da OAB local, o destino político de Micarla está condicionado às investigações da comissão. “Tudo vai depender da audiência pública e do resultado da CEI, que é o passo inicial, afinal não se sabe que rumo as investigações podem tomar no final”.


Averiguações que já estão sendo feitas de forma independente pela Comissão Jurídica dos acampados, que pretende entregar os resultados ao Ministério Público. “Tivemos acesso à lista de prédios alugados pela prefeitura e reparamos que há locais na periferia da cidade com valores de mercado de cerca de R$ 400, mas a administração paga dez vezes mais. Além disso, as secretarias ficam em bairros nobres, em prédios luxuosos”, aponta Hélio Miguel Martins.

Marcha das Vagabundas chega ao México


*esquerdopata

CBF FORA Ricardo Teixeira


Pela primeira vez na história, risco Brasil é menor que risco EUA 


Pela primeira vez na história, os investidores enxergam mais risco de calote dos Estados Unidos que do Brasil.

O Credit Default Swap (CDS) de um ano – instrumento de proteção contra o risco de um devedor não cumprir suas obrigações – do Brasil tem sido negociado abaixo do norte-americano.

“Ainda que circunstancial, trata-se de algo inédito na história ou mesmo um fato impensável que pudesse ocorrer em algum momento”, diz o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros.

No dia de ontem, o CDS do Brasil estava em 41,2 pontos-base, enquanto o norte-americano estava em 49,7 pontos.

“As dificuldades enfrentadas pela economia americana e as tensões no Congresso americano em relação ao teto para o endividamento que será atingido em julho geram incertezas nos mercados”, completou Octavio de Barros.

*esquerdopata

A Comissão da Verdade já começou


 

Ontem, escrevemos aqui sobre o quão tola é a tentativa de bloquear ad aeternum o acesso aos documentos – vejam o paradoxo- públicos classificados como “ultrassecretos”. Hoje, a devolução dos arquivos de cópias dos processos da Justiça Militar, que se encontravam no Conselho Mundial das Igrejas comprova que é isso mesmo: os segredos vão aparecer e é bom que apareçam institucionalmente, não truncados e com possibilidades de omissões e. até, de injustiças.
O Estadão diz que  nos arquivos há “confirmações de que os arquivos sobre os crimes incluem um relato detalhado sobre cada pessoa no Brasil sequestrada pelos militares, cada um dos torturados, interrogados e mortos pelas forças de segurança”.
A história que o ex-presidente Sarney conta, de que quer preservar “o acervo histórico do Itamaraty, da construção das fronteiras do Brasil e  (se)  fomos divulgar neste momento, nós vamos abrir feridas com nossos vizinhos”, francamente, não se sustenta.
Não é o Barão do Rio Branco quem querem preservar.
A verdade é pesadona, custa às vezes a ser mostrar, mas sempre vem à tona.
E virá, com a Comissão da Verdade. Ela, por si, não poderá fazer nada contra aqueles crimes. Mas sua missão é apenas essa: colocar-nos frente a frente ao que aconteceu. E permitir que possamos, como um povo adulto e maduro politicamente, decidir o que fazer com este passado.
*tijolaço

Em breve: Documentos da ditadura na internet

O Ministério Público Federal promoveu um ato em São Paulo nesta terça-feira, 14/07, para comemorar a repatriação dos arquivos do projeto "Brasil Nunca Mais", que estavam nos Estados Unidos desde o fim da ditadura militar. 
O acervo reúne depoimentos de ex-presos políticos e identifica agentes que praticavam tortura durante a ditadura militar. As informações serão digitalizadas e devem ser usadas pela futura Comissão da Verdade para investigar crimes cometidos durante o regime.
O projeto realizado no início dos anos 80 buscava, ainda durante o período da ditadura militar, obter informações e evidências de violações aos direitos humanos praticadas por agentes do Estado.
A Procuradoria disponibilizará a íntegra dos 707 processos que originaram "Brasil: Nunca Mais". Qualquer pessoa poderá ler, nos depoimentos contidos nos documentos, os detalhes das prisões e torturas sofridas pelos presos.
PROJETO
Pensado por dom Paulo Evaristo Arns, da Igreja Católica, e pelo reverendo Jaime Wright, da Igreja Presbiteriana Unida, o "Brasil: Nunca Mais" foi feito de maneira clandestina.
Advogados dos presos pediam vistas dos autos no STM, e, em vez de apenas consultar os papéis, faziam cópias deles, que eram mandadas como malotes para São Paulo.
Após o lançamento do livro, em 1985, as cópias foram doadas à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Como elas sofreram certa degradação, o MPF digitalizará os microfilmes dos processos, produzidos pelo Conselho Mundial de Igrejas, uma organização ecumênica internacional sediada em Genebra (Suíça), e doados ao Center for Research Libraries, uma instituição acadêmica norte-americana que preserva arquivos de diferentes partes do mundo.


*Celso Jardim

Dívida dos EUA, estopim pronto para a crise


Antes de iniciar sua viagem à colônia de  Porto Rico, o presidente Barack Obama subiu o tom das ameaças ao Congresso para que aprove um aumento do limite de endividamento do Governo americano,  que já atingiu o limite legal de  US$ 14,3 trilhões. Ele disse que sem a aprovação de um novo limite, o Governo vai ter de suspender pagamentos a partir de agosto e voltou a falar na eclosão de uma nova crise econômica no país.
Hoje,  foi a vez do presidente do Federal Reserve, o BC deles,o sr. Ben Bernanke dizer que “impedir o aumento do teto da dívida pode afetar a confiança do investidor na economia do país e na capacidade de os Estados Unidos pagarem suas dívidas.” Ele advertiu que a falta de autorização da ampliação dos limites da dívida “poderá causar “distúrbios severos nos mercados financeiros”, incluindo a piora na classificação de risco da dívida do governo e danos ao papel especial que o dólar e os títulos do Tesouro americano desempenham atualmente nos mercados globais, onde sempre foram considerados “refúgios” para a crise.
A economia americana se aproxima de um impasse.  mesmo com as fortes emissões de moeda e os juros negativos (abaixo da inflação) praticados lá, a economia não dá sinais de recuperação. Hoje saíram os índices de vendas no comércio de varejo e houve a primeira queda, depois de 11 meses de pequenas elevações. Não há saltos na inflação, mas ela prossegue, mesmo desconsiderada a influência do petróleo.
Uma pesquisa da Bank of America-Merril Lynch, com os maiores investidores do mundo mostra que o otimismo em relação ao mercado de ações caiu 34% frente ao mês anterior, enquanto o otimismo em relação às commodities caiu 50%. Por outro lado, a rejeição dos investidores a títulos de renda fixa caiu 21%.
A economia brasileira, por maiores que sejam os “colchões” de reservas do banco Central, não pode ter uma postura de risco neste quadro. o endividamento em dólar barato é um problema sério, mesmo para as instituições que não se descuidam de manter posições de “hedge” (proteção) cambial.
É bom a gente ouvir o pensamento dos economistas que não rezam pelo breviário do “mercado”, como o Professor Amir Khair, em seu excelente artigo, publicado no site Outras Palavras:
“Face a esse quadro, o melhor para o Brasil é apostar as fichas da saúde econômica e financeira naquilo em que somos bons: alto potencial de mercado interno inexplorado. Assim, é bom repensar as políticas do pé no freio, que podem fragilizar o País aos trancos que poderão vir de fora.”
É boa leitura para nossos dirigentes da economia, agora que estão ganhando aplausos do “mercado” que, há três meses, os demonizava. Um aviso para não começarem a gostar tanto, quando lhes batem palmas, que deixem de pensar no que nos tirou da “vala” no tsunami financeiro de três anos atrás.
*Tijolaço

terça-feira, junho 14, 2011

Nos 83 anos de Che, livro traz textos inéditos do guerilheiro


Nesta terça-feira (14), o guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara completaria 83 anos se estivesse vivo. Para marcar a data, será lançado um livro com alguns textos inéditos do líder revolucionário. “Diário de um combatente” reúne testemunhos de Che durante o movimento de Sierra Maestra que levou Fidel Castro ao poder em 1959.

As editoras Ocean Press e Ocean Sur anunciaram que a obra tem 303 páginas e 40 fotos e fac-símiles. O diário recorre a momentos da luta armada em Cuba desde a chegada do iate Granma, embarcação que levou os revolucionários até a ilha, em 2 de dezembro de 1956 até o triunfo em 1º de janeiro de 1959. Todos os acontecimentos são "narrados por quem foi um de seus principais protagonistas'", informa a contra capa do livro.

“O alto valor do testemunho humano presente no livro ajuda a entender as percepções de Che sobre a realidade da ilha, da sua cultura, identidade e contexto político”, explicou um dos editores, acrescentando que nem todas as revelações são extraordinárias, uma vez que, muitas destas anotações já foram expostas ao público. A novidade é a junção de todos os textos e que permitem agora uma nova leitura e visão sobre os acontecimentos.

O Centro de Estudos Che Guevara, responsável pela obra e legado de revolucionário cubano, demorou a publicar este livro por faltar um grupo importante de notas, que incluem vários meses de luta e cujo paradeiro se desconhece, e ainda por apresentar vários erros ortográficos e imprecisões, devido ao desconhecimento inicial de Che Guevara da geografia cubana e das zonas dos acontecimentos narrados, assim como também existem falhas nos nomes de alguns combatentes.

Nos últimos anos foi feito um estudo exaustivo do diário, na tentativa de retificar grande parte dos erros e falhas das notas. Trabalho que culmina assim na publicação do livro no aniversário de Che Guevara.

Che nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, na Argentina, e foi assassinado na Bolívia em 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, depois de ser capturado do Exército desse país, quando comandava um foco guerrilheiro.


*umpoucodetudodetudoumpouco

O nascedor

E atravessando a cordilheira, pergunto-me: por que será que o Che Guevara, o argentino mais famoso de todos os tempos, o mais universal dos latino-americanos, tem o costume de continuar nascendo...
Paradoxalmente, quanto mais é manipulado, quanto mais é traído, mais nasce. Ele é o mais nascedor de todos. E pergunto-me: Não será porque ele dizia o que pensava e fazia o que dizia? Não será por isso que ele continua sendo tão extraordinário, neste mundo onde as palavras e os fatos muito rara vez se encontram, e quando se encontram não se cumprimentam, porque não se reconhecem?
O nascedor, retirado do livro "Espelhos" de Eduardo Galeano
Encontrei este excerto do livro de Galeano aqui

Cracolândia em São Paulo: território sem lei


Moradores da região conhecida como cracolândia, no centro de São Paulo, reclamam da atuação da Polícia Militar que, mesmo chamada, não prende ninguém nem coíbe de modo eficiente o tráfico e o consumo de drogas no local.
"Aqui é um território livre para o uso de drogas. Cansamos de ser ignorados pela PM", afirmou uma moradora.
Nos últimos 20 dias, de acordo com os moradores, três carros foram arrombados na região. Houve ainda duas lojas invadidas e quatro pessoas assaltadas.
Entre os frequentadores da cracolândia há até mesmo homens com cerca de 60 anos vestindo terno e gravata, que compram e consomem droga no local.

Com Folha OnLine