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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 23, 2011

Entrevista da presidenta Dilma em NY

Presidenta Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa no Hotel Waldorf Astoria. 

*comtextolivre

quinta-feira, setembro 22, 2011

"É imperativo ter no horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares. A ONU deve se preocupar com isso... ... Todo o estoque de material nuclear voltado para uso militar escapa dos mecanismos multilaterais de controle, mas o desarmamento nuclear é fundamental para a segurança".

Filósofos e a Educação - Gramsci


Segundo Antonio Gramsci, a educação tem participação fundamental na elaboração, sistematização e irradiação da concepção de mundo que estabelece a ordem social tal como ela é, pois prepara os intelectuais, que são os agentes dos aparelhos de hegemonia. A educação tem, assim, papel importante na configuração, na disseminação e na reprodução da ideologia e, consequentemente, na preservação do poder das classes dominantes. Mas ela atua também como força de transformação social, mediante a elaboração, sistematização e disseminação de concepções de mundo contraideológicas. É nessa tensão constante que o educador exerce sua atividades, ora de preservação da ordem já constituída, ora de transformação da realidade.

Lula será nomeado doutor honoris causa pelo Sciences Po de Paris


Paris (França)

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva será nomeado doutor honoris causa pelo prestigiado Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po) em uma cerimônia que será realizada no dia 27 de setembro, informou a instituição em comunicado nesta terça-feira.

Essa é a primeira vez que uma personalidade latino-americana irá receber o título, que, por sinal, não costuma ser entregue com facilidade. Desde sua fundação em 1871, o Sciences Po nomeou apenas 15 doutores. O ex-presidente brasileiro será o 16º.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o título de doutor "honoris causa" na Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro Canela, em Salvador (BA). Este é o sexto título de doutor honoris causa que Lula recebe este ano Ricardo Cardoso/AE

"Durante sua presidência, Lula iniciou inúmeros programas sociais inovadores, favoreceu o desenvolvimento econômico em seu país e deu ao Brasil um papel significativo no cenário internacional", destacou o instituto ao reconhecer as ações de Lula durante seus dois mandatos sucessivos como chefe do Estado.

O encarregado de pronunciar o discurso sobre o ex-presidente será Jean-Claude Casanova, que além de ser membro da instituição ainda preside a Fundação Nacional das Ciências Políticas da França.

Discurso de la Presidenta Cristina Fernández‬

La presidenta Cristina Fernández habló ante la Asamblea General de Naciones Unidas (ONU), en un discurso en el que abogó por el diálogo sobre la soberanía de Malvinas y defendió el derecho de Palestina a ser tenido en cuenta como miembro de pleno derecho en la organización: "Me gustaría que Palestina tuviera este año el lugar 194 en la ONU", aseguró. También, afirmó que "la especulación financiera parece no tener freno", al reclamar mayor regulación al movimiento de capitales.

VEJA MENTE COMO SEMPRE








*esquerdopata

Charge do Dia

Breve história do Capitalismo


legendas clique "CC"
*HistoriaVermelha

Gaza - Desenho - Massacre de israel pelo olhos das crianças


Según notificaciones de MECA: Berkeley, CA El Museo de Arte para Niños en Oakland (MOCHA) ha decidido cancelar una exposición de arte de los niños palestinos en la Franja de Gaza.

 La Alianza de Oriente Medio para la Infancia (MECA), que fue asociado con MOCHA para presentar la exposición, fue informado de la decisión del presidente de la junta del museo en Jueves, 8 de septiembre 2011.
Durante varios meses, MECA y el museo habían estado trabajando juntos en la exposición, que se titula “Vista de un niño de Gaza”. MECA se ha enterado de que hubo un esfuerzo concertado por organizaciones pro-Israel en la bahía de San Francisco a la presión del Museo de revertir su decisión de desplegar el arte de los niños palestinos. Barbara Lubin, el Directora Ejecutiva de la MECA, expresó su consternación de que el museo decidiese censurar esta exposición en contradicción con su misión de “garantizar que las artes son una parte fundamental de la vida de los todos los niños”. “Entendemos muy bien la enorme presión de la que fue objeto el museo.
Pero, ¿Quién gana? El museo no gana. MECA no gana. La gente de la zona de la Bahía no gana. Nuestra libertad constitucional básica de la palabra pierde. Los niños de Gaza pierden “, dijo. “Los únicos ganadores aquí son los que gastan millones de dólares en censurar toda crítica a Israel y el silenciamiento de las voces de los niños que viven todos los días bajo asedio militar y la ocupación.”

O Hábito

Eu frequento a mesma padaria, diariamente, há mais de dois anos. A senhora do caixa, com lenço preto no cabelo e camiseta impecavelmente branca e bem passada, repete dia sim e outro também a mesma frase:

- Bom dia. Como vai? Algo mais?

O crachá informa que seu nome é Ana.

Charles Chaplin no filme o Grande Ditador, de 1940.
Nestes mais de 24 meses, em nenhum momento, ela me viu. Olha os pães e o queijo, a geléia e o leite, embrulha cada qual com destreza, marca o preço num caderno, registra no computador e devolve tudo atenta às mãos do próximo cliente.

Ontem, depois de informado o valor da compra, entreguei-lhe uma nota de cinquenta reais. E ela perguntou, mexendo nos pacotes:

- É débito ou crédito?

Pegou o dinheiro e repetiu a pergunta, colocando a água em outra sacola:

- É débito ou crédito?

- É à vista, respondi.

Ao perceber que tinha feito uma pergunta sem sentido, olhou nos meus olhos e riu:

- Desculpe, é o hábito.

Percebi que aquela mulher de lenço preto no cabelo e camisa branca, tinha olhos verdes claros, muito bonitos. Como se quisesse mudar de assunto, sem jeito e sem segundas intenções, me perguntou:

- É a primeira vez que o senhor vem aqui?

- Mais ou menos, respondi.

Fui embora lembrando-me da cena final do Grande Ditador, primeiro filme falado de Chaplin, lançado durante a Segunda Guerra. A história é uma sátira ao nazismo e ao fascismo. O personagem principal dirige-se à multidão e diz, entre outras coisas: “Não sois máquina, homens é que sois”.

Quantas vezes por dia nos esquecemos disso? Quantas coisas fazemos mecanicamente, sem sentir, sem ver e sem ouvir? Quantas pessoas com as quais convivemos, no trabalho ou em casa, passam por nós sem serem vistas de verdade?

O personagem de Chaplin, em frente à plateia que o ovaciona, consciente de que o discurso está sendo transmitido pelo rádio, dirige-se a Hannah, seu grande amor, de paradeiro desconhecido:

“Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!”.

O Brasil, dizem as estáticas sociais e econômicas, está saindo das trevas. Mas as pessoas – e principalmente os mais novos, com seus iPods, iPads e iPhones – vivem olhando para baixo, sem reparar ao redor, e fazem isso automaticamente, como Ana, a funcionária da padaria, a mulher de olhos verdes claros, olhos que não vêem.

Fernando Evangelista é jornalista, diretor da Doc Dois Filmes e colaborador do Portal Desacato. Mantém a coluna Revoltas Cotidianas, publicada toda terça-feira.
*notaderodapé