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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, dezembro 04, 2011
O papel Didático dos Líderes
Peço perdão por escrever na primeira pessoa, mas é necessário.
Em 2005, quando estive na Venezuela, tinha – e o confesso – uma certa reserva em relação a Hugo Chávez.
Embora o considerasse um líder popular de grande valor, não conhecia suas qualidades intelectuais e, com preconceito, achava que não eram grandes.
Mas,coincidentemente, eu estava vendo televisão no dia da Independência. Intrigou-me o insólito, para quem acompanha os nossos desfiles aqui, de ver soldados do Exército vestidos com uniformes de quase dois séculos, executando grandes coreografias das batalhas que levaram à independência do país, com cargas, recuos e uma representação dos revezes e vitórias daqueles combates.
Pouco mais tarde, assisti também Chávez falar na cerimônia do das “actas de la independencia” , onde se registraram as decisões de livrar o país do jugo espanhol.
Falou por quase duas horas. E, confesso, nunca tive a oportunidade de aprender tanto sobre a relação das guerras napoleônicas, no início do século 19, na Europa e os movimentos de libertação na América Latina – e olhem que a nossa, em 1822, tem também nelas a sua raiz.
A fala era simples, mas com momentos de arroubos e metáforas.
Naquela ocasião, um mês depois da morte de Brizola, fiquei pensando: porque certos líderes falam tanto, de maneira tão original e tão presos a contar a história de seus países e vidas?
Muitas vezes penso nisso, quando vejo a objetividade marqueteira que tomou conta de nosso discurso político, o desaprendizado de nossa história, a pobreza intelectual fantasiada em termos pedantes ou sofisticados que tomou conta da vida pública – e nisso não estão apenas os partidos e os governos, mas a imprensa, a intelectualidade, os “profissionais” e o “politicamente correto”.
Sábados chuvosos são propícios a dores nas juntas e a reflexões aparentemente descabidas como esta.
Mas, como nos sobra algum tempo, achei que devia reproduzir o vídeo acima, que reproduz o diálogo entre Hugo Chávez e Cristina Kirchner, num encontro entre ambos esta semana, durante a cúpula da América Latina e do Caribe, em Caracas, capital venezuelana.
Faria Duda Mendonça e Nizan Guanaes, os nossos papas da marquetagem política ter uma síncope ver dois presidentes conversando assim, diante das câmaras de televisão.
Mas é, para quem tem capacidade para ouvir algo diferente do som oco da política, uma aula, não só de história, mas também do papel didático que os líderes populares devem ter: o de ajudar seu povo a compreender sua história, a entender-se com parte de uma grande marcha humana e a eles, líderes, não como indivíduos apenas, mas como personagens de um processo social que cruza o tempo, ora evidente e agitado, ora subterâneo e silencioso.
Se puder, assista. O castelhano é, com um pouco de esforço, compreensível. Uma ou outra referência histórica que nos falte é insignificante. O sentido geral da liberdade e da afirmação dos povos está ali, nítido, evidente, sonoro. A simplicidade que marca os grandes, também.
A moça da foto não podia falar ali. Mas falou, quando pôde
Agora, sim, e por sugestão da nossa jovem e veterana leitora Aline, a foto não precisa de mais nenhuma palavra, a não ser daquela a quem ela retrata.
A verdade não esconde o rosto
A foto ao lado, que ilustra o livro “A vida quer coragem”, de Ricardo Amaral, a ser lançado nos próximos dias, foi publicada pela revista Época, uma biografia de Dilma Rousseff. Não conheço o livro, para que dele possa falar.
Mas a foto, como tantas vezes acontece, diz em silêncio tantas coisas que, escritas, obrigariam a longos raciocínios.
As mãos que encobrem o rosto dos oficiais que se sentavam no tribunal militar que julgaria e condenaria a “subversiva” tinham todo o poder, todo o mando, mas tampavam suas faces.
Não, não era medo de ataques da guerrilha, porque seus nomes eram sabidos e pouco ou nada lhes adiantaria esta “máscara” manual.
Era, talvez, o gesto inconsciente da vergonha que o olhar e a expressão altiva de uma moça de pouco mais de 20 anos tinha ao enfrentar aquele abuso, mesmo depois de dias e dias de tortura e maus-tratos.
A foto deveria ser o inverso, os olhares reprovadores e duros dos juízes, o rosto enterrado entre as mãos do desespero de quem agiu como sua consciência mandava e que, agora, tinha de enfrentar o cárcere na fase mais luminosa da vida.
Mas a história tem seus caprichos e ironias, mesmo demorados e dolorosos.
Aqueles rostos escondidos perderam-se no tempo. As mãos que os encobrem também os expõem, às suas consciências, hoje.
Mas não são as mãos dos rostos que a Comissão da Verdade deve tirar, porque os homens das fotos estavam, dentro do arbítrio, presos aos limites “legais” da própria ditadura.
Foram cúmplices daquele período que não pode mostrar o rosto, como eles.
O que é preciso tirar, sim, são os capuzes dos que humilharam, torturaram, abusaram e mataram centenas de jovens como a da foto e outros, nem tão jovens, como Rubens Paiva.
É para isso, para lhes tirar os capuzes e deixar que, como todos, tenham de enfrentar o julgamento público pelo que fizeram.
Os nossos juízes, civis, que recusam o óbvio e negam o compromisso do Brasil ante o mundo de considerar tortura e assassinato político imprescritíveis, muito mais razões têm que aqueles oficiais para encobrirem seus rostos.
Porque condenam não uma pessoa, mas o direito desta Nação de nunca mais haja capuzes para acobertar a violência e a brutalidade neste país.
Mas a foto, como tantas vezes acontece, diz em silêncio tantas coisas que, escritas, obrigariam a longos raciocínios.
As mãos que encobrem o rosto dos oficiais que se sentavam no tribunal militar que julgaria e condenaria a “subversiva” tinham todo o poder, todo o mando, mas tampavam suas faces.
Não, não era medo de ataques da guerrilha, porque seus nomes eram sabidos e pouco ou nada lhes adiantaria esta “máscara” manual.
Era, talvez, o gesto inconsciente da vergonha que o olhar e a expressão altiva de uma moça de pouco mais de 20 anos tinha ao enfrentar aquele abuso, mesmo depois de dias e dias de tortura e maus-tratos.
A foto deveria ser o inverso, os olhares reprovadores e duros dos juízes, o rosto enterrado entre as mãos do desespero de quem agiu como sua consciência mandava e que, agora, tinha de enfrentar o cárcere na fase mais luminosa da vida.
Mas a história tem seus caprichos e ironias, mesmo demorados e dolorosos.
Aqueles rostos escondidos perderam-se no tempo. As mãos que os encobrem também os expõem, às suas consciências, hoje.
Mas não são as mãos dos rostos que a Comissão da Verdade deve tirar, porque os homens das fotos estavam, dentro do arbítrio, presos aos limites “legais” da própria ditadura.
Foram cúmplices daquele período que não pode mostrar o rosto, como eles.
O que é preciso tirar, sim, são os capuzes dos que humilharam, torturaram, abusaram e mataram centenas de jovens como a da foto e outros, nem tão jovens, como Rubens Paiva.
É para isso, para lhes tirar os capuzes e deixar que, como todos, tenham de enfrentar o julgamento público pelo que fizeram.
Os nossos juízes, civis, que recusam o óbvio e negam o compromisso do Brasil ante o mundo de considerar tortura e assassinato político imprescritíveis, muito mais razões têm que aqueles oficiais para encobrirem seus rostos.
Porque condenam não uma pessoa, mas o direito desta Nação de nunca mais haja capuzes para acobertar a violência e a brutalidade neste país.
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O papel didático dos líderes
Em 2005, quando estive na Venezuela, tinha – e o confesso – uma certa reserva em relação a Hugo Chávez.
Embora o considerasse um líder popular de grande valor, não conhecia suas qualidades intelectuais e, com preconceito, achava que não eram grandes.
Mas,coincidentemente, eu estava vendo televisão no dia da Independência. Intrigou-me o insólito, para quem acompanha os nossos desfiles aqui, de ver soldados do Exército vestidos com uniformes de quase dois séculos, executando grandes coreografias das batalhas que levaram à independência do país, com cargas, recuos e uma representação dos revezes e vitórias daqueles combates.
Pouco mais tarde, assisti também Chávez falar na cerimônia do das “actas de la independencia” , onde se registraram as decisões de livrar o país do jugo espanhol.
Falou por quase duas horas. E, confesso, nunca tive a oportunidade de aprender tanto sobre a relação das guerras napoleônicas, no início do século 19, na Europa e os movimentos de libertação na América Latina – e olhem que a nossa, em 1822, tem também nelas a sua raiz.
A fala era simples, mas com momentos de arroubos e metáforas.
Naquela ocasião, um mês depois da morte de Brizola, fiquei pensando: porque certos líderes falam tanto, de maneira tão original e tão presos a contar a história de seus países e vidas?
Muitas vezes penso nisso, quando vejo a objetividade marqueteira que tomou conta de nosso discurso político, o desaprendizado de nossa história, a pobreza intelectual fantasiada em termos pedantes ou sofisticados que tomou conta da vida pública – e nisso não estão apenas os partidos e os governos, mas a imprensa, a intelectualidade, os “profissionais” e o “politicamente correto”.
Sábados chuvosos são propícios a dores nas juntas e a reflexões aparentemente descabidas como esta.
Mas, como nos sobra algum tempo, achei que devia reproduzir o vídeo acima, que reproduz o diálogo entre Hugo Chávez e Cristina Kirchner, num encontro entre ambos esta semana, durante a cúpula da América Latina e do Caribe, em Caracas, capital venezuelana.
Faria Duda Mendonça e Nizan Guanaes, os nossos papas da marquetagem política ter uma síncope ver dois presidentes conversando assim, diante das câmaras de televisão.
Mas é, para quem tem capacidade para ouvir algo diferente do som oco da política, uma aula, não só de história, mas também do papel didático que os líderes populares devem ter: o de ajudar seu povo a compreender sua história, a entender-se com parte de uma grande marcha humana e a eles, líderes, não como indivíduos apenas, mas como personagens de um processo social que cruza o tempo, ora evidente e agitado, ora subterâneo e silencioso.
Se puder, assista. O castelhano é, com um pouco de esforço, compreensível. Uma ou outra referência histórica que nos falte é insignificante. O sentido geral da liberdade e da afirmação dos povos está ali, nítido, evidente, sonoro. A simplicidade que marca os grandes, também.
No próximo post a gente devaneia menos e volta à objetividade…perdoem.
*Tijolaço
Bomba ! Bomba !
O que o FMI acha do FHC
O Bessinha assistiu (disfarçado) à entrevista da diretora gerente do Fundo Monetário Internacional com o Ministro Guido Mantega.
Como se sabe, ela veio dizer que o Barsil está sólido, tem condições de enfrentar o PiG (*) – aqui para ler – , e veio pedir uma grana.
Aí, o Guido Mantega perguntou o que ela achava do Fernando Henrique.
Esse Bessinha …
Paulo Henrique Amorim
Saiba mais sobre a Operação Sinal Fechado, que prendeu o braço direito de Serra
O ministro da Previdência Social, senador licenciado Garibaldi Filho (PMDB), disse à imprensa ontem que a denúncia do Ministério Público estadual contra os 34 acusados da Operação Sinal Fechado, que não cabe aos políticos tecer comentários para denegrir a imagem de ninguém, evidentemente se referindo aos ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira, seus adversários políticos.
Mas Garibaldi enxerga mais longe. Afinal seu nome apareceu nas interceptações telemáticas que subsidiaram a petição inicial do MP. O decreto que subsidiou todo o processo que levou à necessidade da inspeção veicular e a consecução do esquema fraudulento é de 2002, quando o ministro era governador. Em um e-mail, George Olímpio diz isso ao lobista Alcides Nogueira. No e-mail, George destaca que a Lei que tramitaria na Assembleia, aprovando o esquema da inspeção, era fundamental porque autorizaria o regime de concessão. O próprio MP destaca que o regime de concessão para a inspeção não é obrigatório, mas, inclusive atendendo a orientação de Harald Zwatkoff, da Controlar de São Paulo, a organização se mobiliza para efetivar a concessão - assim, o recurso entraria diretamente para os envolvidos, sem sequer passar nos cofres públicos.
Um outro momento em que Garibaldi aparece com clareza nas investigações diz respeito ao momento em que o ministro era presidente do Senado Federal. Ainda na primeira fase da fraude, aquela que envolvia o registro dos financiamentos de veículos nos cartórios, através da articulação de João Faustino e de seu genro Marcus Procópio, Garibaldi recebe um grupo, liderado por George Olímpio, que tenta intervir na Medida Provisória em discussão no Congresso. Querem, inclusive, que seja designado como relator o ex-senador tucano Tasso Jereissati (CE). Em 8 de novembro de 2008, Marcus Procópio faz um relato a João Faustino, que era suplente de Garibaldi e, àquela altura, atuava como subchefe da Casa Civil do governo tucano de José Serra em São Paulo. Em seguida, orienta em outro e-mail como George Olímpio deve se comportar na audiência.
Os meandros da Operação Sinal Fechado, inclusive suas relações com as investigações da Pecado Capital, são profundos. Difíceis de serem facilmente elucidados. Mas não são o suficiente para justificar algum silêncio cúmplice que vemos por aí.
~ o ~
Cassiano Arruda atuou como lobista?
Pelo menos três nomes relacionados à comunicação aparecem translúcidos nas investigações da Operação Sinal Fechado. O primeiro deles, denunciado ontem pelo Ministério Público, é o publicitário e lobista Ruy Nogueira. Nogueira, por indicação de Alcides Barbosa, é contratado pela organização criminosa, já em 2011, para pressionar o governo Rosalba pela liberação das inspeções veiculares. A tarefa de Ruy Nogueira seria plantar notícias contra Rosalba na imprensa nacional. Provavelmente as notícias não seriam relativas ao governo estadual, mas às três gestões que a governadora teve à frente da prefeitura de Mossoró. Ruy Nogueira foi denunciado pelo crime de extorsão.
No contexto em que aparece Ruy Nogueira surge o nome do jornalista potiguar Gaudêncio Torquato. Quando destaquei pelo twitter o nome de Gaudêncio, fui chamado por ele de fofoqueiro e bloqueado por ele. Mas o nome dele aparece, na boca de Alcides Barbosa, atribuindo-lhe sociedade com Ruy Nogueira. Posteriormente, através de nota, Ruy negou sociedade com Gaudêncio. Uma fonte, porém, me contou que seria possível haver uma sociedade oculta entre eles, mas nada que se confirme.
Mas o nome que aparece com muita força da mídia potiguar, e foi solenemente ignorado pela cobertura de imprensa, é o nome de Cassiano [Arruda] (?).
Cassiano liga em nome de João Faustino para Alcides Barbosa. Pedem que o grupo não se movimente em São Paulo. Em paralelo a isso, mostram as interceptações, havia uma negociação em curso com o atual governo. George orienta Alcides a conversar com Ruy Nogueira e dizer-lhe para esperar um sinal verde para agir. Parece se referir ao esgotamento de possibilidades com o governo atual. Se o telefone de Alcides foi interceptado, evidentemente o MP tem a conversa deste com Cassiano. Mas acredito que o telefone de Alcides não havia sido interceptado (corrigido por causa desse post)
Posteriormente, Ruy mandou um e-mail para Cassiano, tratado inicialmente na conversa como "nosso amigo do jornal" e, depois, melhor identificado.
Curioso é que no dia 04 de fevereiro de 2011, Cassiano Arruda fala sobre o problema do Consórcio INSPAR, tratando o caso como risco ao governo pela insegurança jurídica. Nos dias seguintes, diversas notas versando sobre o tema foram publicadas pelo Novo Jornal:
Destaque-se que a execução da inspeção veicular estava suspensa desde os primeiros dias de janeiro e o governo discutia o que faria do contrato com o INSPAR, ameaçando cancelar.
No domingo, 06 de fevereiro, Cassiano Arruda publicou outra nota:
No dia 09 de fevereiro, Cassiano voltou ao tema:
Curioso que no dia 8 conversam George e Alcides Barbosa sobre o tema a ser tratado na campanha de mídia para pressionar o governo. Resposta? Insegurança jurídica gerada pelo cancelamento do contrato.
O governo Rosalba anunciou a anulação do contrato do INSPAR no mesmo dia, 09 de fevereiro. No entanto, estranhamente, em 25 de maio a anulação ainda não havia sido efetivada, como se vê nesta matéria do Portal No Minuto. A anulação, anunciada com circunstância em fevereiro, somente aconteceu em maio. Mas isso é assunto para outro post.
Há, ainda, uma outra referência a Cassiano na Petição do Ministério Público, em uma conversa do dia 7 de fevereiro entre George e Alcides Barbosa:
Cassiano ligou para Alcides afirmando que João Faustino havia encontrado uma solução. João pediu, através de Marcus Procópio, para que fosse abortada qualquer missão em São Paulo ("pelo amor de Deus"). Qual solução teria encontrado João Faustino?
~ o ~
Investigação entra pelas portas do governo Rosalba
Não é apenas pela denúncia contra o atual diretor-geral do Detran/RN, Érico Ferreira, que a investigação da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público entra pelas portas do governo Rosalba Ciarlini (DEM), apesar de ser essa a manifestação mais evidente.
Enquanto os indícios do envolvimento dos ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira estão cada vez mais presentes nas páginas dos jornais e na blogosfera, a incursão da organização criminosa no governo Rosalba estava restrita às notas de rodapé até a denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o diretor-geral do Detran, Érico Ferreira.
Com a pressão da mídia e da opinião pública, o governo Rosalba suspendeu a vigência do contrato que previa a inspeção veicular obrigatória em 7 de janeiro, por 45 dias. Em 9 de fevereiro, a governadora anunciou a anulação do contrato com o INSPAR, ainda que dissesse também que seria analisada a melhor maneira de realizar a inspeção veicular no estado. Mesmo assim, apenas no fim de maio o contrato foi efetivamente cancelado. Por quê? O que acontecia nos bastidores?
Antes disso, porém, precisamos avançar até julho. Mesmo depois da suspensão e posterior cancelamento do contrato entre Detran e Inspar, a organização criminosa continuou se movimentando. E fez pressão sobre o vice-governador Robinson Faria (PSD) e sobre o primeiro-cavalheiro Carlos Augusto Rosado.
Carlos Augusto Rosado disse a Gilmar da Montana que, sobre reabrir o negócio da inspeção, "esse ano não dá mais, e que por ele não sabe quando". Gilmar disse a Mou também neste telefonema, de 12 de julho, que havia um acerto com Érico Ferreira mas que o diretor-geral do Detran "agora diz que não pode".
Em outra ligação, em agosto, Alcides diz a George Olímpio que o problema para as negociações com o governo Rosalba não avançarem é que Carlos Augusto Rosado tem "ódio" de George:
As conversas entre Alcides Barbosa e Pablo, em maio, revelam mais detalhes da negociação travada com o governo Rosalba. Alcides fala da possibilidade de chegar ao vice-governador Robinson Faria, inclusive se utilizando de sua proximidade com o prefeito Gilberto Kassab, principal articulador do partido do vice-governador Robinson, o PSD.
O mais grave entre as coisas que são ditas nesse diálogo é a constatação de que Robinson é a última resistência a um acordo pela retomada da inspeção veicular no governo Rosalba. (O nome de Robinson está grafado erroneamente na transcrição).
Os dois têm a intenção de envolver o vice-governador oferecendo construir as bases em terrenos de sua propriedade.
Se parecer que Robinson tem uma resistência ética ao envolvimento com a questão, Pablo trata de esclarecer. Diz a transcrição que Pablo "já tinha iniciado essa conversa, e que o mesmo está esperando retorno dele, mas parou um pouco por não precisar mais, mas agora é só retomar".
No dia seguinte, os dois se falam novamente sobre essa articulação com Robinson Faria.
Fica claro que Robinson tem resistência contra um dos participantes do esquema fraudulento, mas não fica claro contra quem. Pablo diz que com Alcides não tem problema. E Pablo, demonstrando que o vice-governador já conhecia as propostas que o grupo poderia apresentar, diz que pode apresentar Alcides dizendo que é "o parceiro da inspeção de São Paulo, é o cara que trouxe a Direcional pra cá também e é interessante você receber esse cara". Pablo pergunta a Alcides se é interessante apresentá-lo como ligado a Kassab, que responde não ser necessário, "mas pode dizer que é um cara que já trabalhou com o KASSAB quando o mesmo foi secretário do PITTA, e pede que não deixe isso vazar para ninguém".
A negociação do governo atual com a quadrilha fica mais clara nesta gravação de conversa entre Alcides e Marco Aurélio, de outubro.
A petição esclarece que "o cara" seria Carlos Zafred. Perceba que Marco Aurélio diz que a dificuldade de negociação com o governo é a pressão de Marcos Rola, da construtora EIT.
É nesse ponto que cabe trazer para a história o outro ponto de negociação com o governo do Estado. É o senador José Agripino (DEM), de quem João Faustino é suplente.
A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) anunciou o cancelamento do contrato entre Detran e Inspar na tarde do dia 9 de fevereiro, mas os integrantes da quadrilha já sabiam, desde o final da manhã, que "a ordem é para mandar cancelar".
Eduardo Patrício diz a George, então, que a solução possível é "seguir com José [Agripino]".
Além disso, George está embarcando para Brasília para uma reunião com o senador. Cerca de duas horas depois de George dizer a Gilmar que estava indo a Brasília, João Faustino diz a George que falou com José Agripino "e este iria ligar para Governadora e para Paulo de Tarso". A reunião entre George e José Agripino, com o advogado José Delgado seria às 18h no gabinete do senador em Brasília.
José Agripino, o senador "probo", intercedeu em favor do consórcio Inspar. Chegou a ser noticiado que o consórcio havia contribuído com R$ 700 mil na sua campanha. Falei sobre isso aqui.
Os promotores do Patrimônio Público descobriram que a organização criminosa repassou R$ 140 mil para o denunciado Eduardo Patrício, que na transcrição acima afirma que agora restava seguir com José Agripino. Aí a Delphi Engenharia repassou, em três parcelas, R$ 150 mil para a campanha de Wilma de Faria. (clique nas imagens para ver maior). O Ministério Público acredita que essa tenha sido uma triangulação para que o consórcio doasse à campanha de Wilma.
Com base nessa informação, é possível supor outros desdobramentos. Se Iberê recebeu R$ 1 milhão do esquema fraudulento, como revelam as escutas, o dinheiro deve ter seguido para a campanha. Pode ter entrado para caixa dois, mas provavelmente a entrada nas contas de campanha deve ter sido legalizada.
Nas prestações de contas do PSB e de Iberê há apenas uma doação cujo valor é R$ 1 milhão.
Será que houve triangulação semelhante nas doações?
Como mostrei no post de dois dias atrás, entre os dias 13 e 22 de setembro há uma movimentação intensa nas contas do DEM e do senador, envolvendo um valor muito próximo aos R$ 700 mil e uma construtora:
Observação: Acima, onde se lê "setembro de 2009", leia-se "setembro de 2010" |
Aí você pode voltar algumas linhas e perceber que em gravação do dia 05 de outubro de conversa entre Alcides e Marco Aurélio. Ali, Marco diz que o governo do estado quer negociar mas tem Marcos Rola, da EIT, por trás, atrapalhando. Além disso, basta lembrar, também, que José Agripino tem uma relação antiga com a empresa de quem foi engenheiro, antes de se tornar prefeito biônico de Natal no fim dos anos 1970.
Para além da denúncia do atual diretor-geral do Detran, como visto, entra o escândalo pela sala da governadora Rosalba Ciarlini (DEM).
E isso sem termos falado sobre o plano de João Faustino para salvar o negócio da organização.
~ o ~
Novo Jornal apoiava inspeção desde 2010
Pelo menos em duas matérias em outubro de 2010 o Novo Jornal se posicionou de forma extremamente favorável ao Consórcio INSPAR e à inspeção veicular.
Em 09 de outubro de 2010 |
Em 23 de outubro de 2010 |
~ o ~
Art&C apresenta a inspeção veicular do INSPAR
A Art&C, agência de Arturo e Cassiano Arruda, era a agência do Consórcio INSPAR
*comtextolivre
Magrão (1954-2011), o que viveu na alegria, sem medo
Magrão tinha o atributo que eu mais admiro num ser humano. Jamais sacrificava a dignidade ou a alegria em nome de uma vitória, fosse ela esportiva, política ou pessoal de qualquer tipo. Das muitas qualidades que possuía, essa era a mais especial, posto que joia rara: ele, que venceu tanto, sabia abraçar e amar as derrotas, sabia que nelas é que realmente conhecemos o mundo, as pessoas e as coisas, sabia que são elas que encerram o segredo. Na derrota mais famosa e doída do futebol brasileiro na segunda metade do século XX, ele foi o capitão, o poeta, o trovador e o filósofo. Não havia experiência mais incrível que se sentar com ele à mesa, com cerveja, e ouvi-lo dizer o que é ganhar, cara? Ganhar não é porra nenhuma; ganhar não é merda nenhuma!, e soltar aquela gargalhada de quem deixava no ar um pouquinho mais do que o dito.
Sócrates caminhava com a leveza e a tranquilidade dos que nunca traíram seus princípios. Num meio superlotado de cabeças-de-bagre, fraudes, impostores, mascarados e mercenários, ele foi um gênio com a bola—quem viu jogar, não se esquecerá nunca—e, depois, um verdadeiro colosso, simples e íntegro. Como apontado aqui outro dia, caminhar com ele era enlouquecedor, porque ele não só atendia com atenção qualquer pessoa que chegasse querendo um autógrafo, uma foto, um bate-papo ou um abraço. Ele nunca fazia o movimento de encerrar a conversa, por mais chato que fosse o interlocutor. Magrão era um exemplo de como se relacionar com o tempo. Raras vezes na minha vida eu me preocupei tão pouco com o tempo como quando bebi cerveja com ele. A alegria era tão contagiante que soterrava qualquer possibilidade de cálculo.
Em Londres: Magrão, eu, José Miguel Wisnik e Alex Bellos. Foto: Christina Baum
Magrão, o cérebro da Democracia Corintiana, era de esquerda, mas daquela estirpe legítima e autêntica, ou seja, internacionalista. Quando nos reunimos em Londres, num festival literário dedicado ao Brasil, a fala de Magrão—da qual eu tive a honra de ser o intérprete simultâneo, tarefa nada fácil, pois ele sabia driblar também ao falar—foi a que mais destoou do ufanismo de alguns outros convidados. Foi ele quem nos lembrou de tudo o que ainda restava por fazer no Brasil, precisamente ele, que tinha feito mais que todos nós juntos para que as coisas melhorassem tanto no país. Quando nos reunimos em Curitiba, foi ele—muito antes de mim, de Leandro Fortes, de José Miguel Wisnik, outros convidados do belo encontro organizado por Rodrigo Merheb—que nos lembrou o que aguardaria os pobres das capitais brasileiras na preparação para a Copa. Ele sempre, sempre pensava nos mais fracos, nos mais pobres, nos que não tinham condições de se defender. Era uma espécie de generosidade que tinha o dom de ser, simultaneamente, alegre e guerreira.
Os fariseus de sempre repetirão seus mantras moralistas, suas racionalizações a posteriori, seus conselhos retirados de manuais de bom comportamento. Não entenderão nunca a lição e o legado de Magrão: abraçar a vida, afirmá-la incondicionalmente, com todos os seus riscos e em toda a sua intensidade. Bastavam algumas horas com ele para que você se desse conta de que era um sujeito que havia chegado a esse estágio superior, especial: o de viver sem medo.
Até já, Doutor. Tá confirmada aquela próxima cerveja. Vai na paz.
CELAC: Declaración de Caracas
de La Polilla Cubana
“En el Bicentenario de la Lucha por la Independencia Hacia el Camino de Nuestros Libertadores”
1. Las Jefas y los Jefes de Estado y de Gobierno de los países de América Latina y el Caribe, reunidos en Caracas, República Bolivariana de Venezuela, los días2 y 3 de diciembre de 2011, en el marco de la III Cumbre de América Latina y el Caribe sobre Integración y Desarrollo (CALC) y la XXII Cumbre del Grupo de Río, y en el año de la conmemoración del Bicentenario de la Independencia de Venezuela, y en memoria y homenaje a la trascendental obra histórica de El Libertador Simón Bolívar, acuerdan:
2. Reconocer la valiosa contribución del Mecanismo Permanente de Consulta y Concertación Política -Grupo de Río- creado en diciembre de 1986 en Río de Janeiro en los temas centrales de la agenda regional y global y en favor de las más altas aspiraciones de nuestros países, así como el impulso que ha otorgado a la cooperación, como a la integración y al desarrollo de la región, la CALC, creada en diciembre de 2008, en Salvador de Bahía, Brasil.
3. Reafirmar la declaración de la Cumbre de la Unidad de América Latina y el Caribe (Riviera Maya, México, 23de febrero de 2010) y, en particular, la decisión de constituir la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC) que comprende a los 33Estados soberanos de nuestra región.
4. Saludar la creación del Foro Unificado CALC y Grupo de Río de composición abierta, Co-Presidido por Chile y Venezuela que impulsó la excelente tarea de redactar el documento de procedimientos de la CELAC, dando cumplimiento efectivo a la Declaración Ministerial de Caracas del 3 de julio de 2010.
5. Reconocer los importantes logros y consensos alcanzados en las reuniones de las Ministras y los Ministros de Relaciones Exteriores realizadas en Caracas, durante julio de 2010 y abril de 2011, así como las reuniones ministeriales especializadas de lo social, ambiental, energético, financiero y comercial, en el marco de la Presidencia venezolana de la CALC.
6. Conscientes de los desafíos que la crisis económica y financiera internacional presentan al futuro de nuestra región y a nuestras legítimas aspiraciones de inclusión social, crecimiento con equidad, con desarrollo sustentable e integración.
7. Convencidos de que la unidad e integración política, económica, social y cultural de América Latina y el Caribe constituye, además de una aspiración fundamental de los pueblos aquí representados, una necesidad para enfrentar con éxito los desafíos que se nos presentan como región.
8. Conscientes de que la conmemoración del Bicentenario de los procesos de Independencia en América Latina y el Caribe, ofrece el marco propicio para la consolidación y puesta en marcha de nuestra Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC).
9. Decididos a promover y proyectar una voz concertada de América Latina y el Caribe en la discusión de los grandes temas y en el posicionamiento de la región ante acontecimientos relevantes en reuniones y conferencias internacionales de alcance global, así como en la interlocución con otras regiones y países.
10. Reconocer que nuestros países han avanzado en procesos de Integración regional y subregional y en la conformación de diversos mecanismos a lo largo de las últimas décadas, reflejo de su vocación de unidad y su naturaleza diversa y plural, que constituyen un sólido cimiento a partir del cual edificamos la Comunidad que agrupa a todos los Estados latinoamericanos y caribeños.
11. Conscientes de la aspiración común de construir sociedades justas, democráticas y libres y, convencidos de que cada uno de nuestros pueblos escogerá las vías y medios que, basados en el pleno respeto de los valores democráticos de la región, del Estado de derecho, sus instituciones y procedimientos y de los derechos humanos, les permita perseguir dichos ideales.
12. Ratificar nuestro apego a los Propósitos y Principios enunciados en la Carta de las Naciones Unidas, y el respeto al Derecho Internacional.
13. Destacando el camino trazado por los Libertadores de América Latina y el Caribe hace más de doscientos años, un camino iniciado de manera efectiva con la independencia de Haití en 1804, dirigida por Toussaint Louverture, constituyéndose de esta manera en la primera República Independiente de la región. De la misma manera recordamos que la República de Haití liderada por su Presidente Alexandre Pétion, con la ayuda prestada a Simón Bolívar para la Independencia de los territorios que en el presente conocemos como América Latina y el Caribe inició las bases para la solidaridad e integración entre los pueblos de la región.
14. Inspirados en la obra de los Libertadores, y asumiendo plenamente su legado como acervo fundacional de nuestra Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños.
15. Conscientes de que han transcurrido 185 años desde que se ensayara el gran proyecto de los Libertadores, para que la región se encuentre hoy en condiciones de abordar, por la experiencia y la madurez adquirida, el desafío de la unidad e integración de América Latina y el Caribe.
16. Inspirados en el Congreso Anfictiónico de Panamá de1826, acto fundamental de la doctrina de la unidad latinoamericana y caribeña, en el que nuestras jóvenes naciones soberanas plantearon la discusión de los destinos de la paz, el desarrollo y la transformación social del continente.
17. Destacando la participación de los pueblos indígenas y afrodescendientes en las luchas independentistas y reconociendo sus aportes morales, políticos, económicos, espirituales y culturales en la conformación de nuestras identidades y en la construcción de nuestras naciones y procesos democráticos.
18. Reconociendo el papel histórico de los países de la Comunidad Caribeña (CARICOM) en el proceso deliberación, desarrollo e integración en Latinoamérica y el Caribe, y enfatizando el compromiso permanente de CARICOM y los Pueblos Caribeños para contribuir con el desarrollo integral y sostenible de la región.
19. Exaltando la conmemoración del Bicentenario de Independencia, los países latinoamericanos y caribeños honramos la memoria de nuestras luchas independentistas y reafirmamos el pensamiento integracionista que enarbolaron nuestros héroes y heroínas.
Declaramos:
20. En el marco del Bicentenario de la independencia, nos hemos reunido los 33 países de América Latina y el Caribe, luego de los esfuerzos concretados en la Cumbre de América Latina y El Caribe (CALC) realizada el 17 de diciembre de 2008 en Salvador de Bahía y la Cumbre de la Unidad realizada en Cancún el 23 de febrero de 2010, para poner en marcha la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC).
21. Que conforme al mandato originario de nuestros libertadores, la CELAC avance en el proceso de integración política, económica, social y cultural haciendo un sabio equilibrio entre la unidad y la diversidad de nuestros pueblos, para que el mecanismo regional de integración sea el espacio idóneo para la expresión de nuestra rica diversidad cultural y a su vez sea el espacio adecuado para reafirmar la identidad de América Latina y El Caribe, su historia común y sus continuas luchas por la justicia y la libertad.
22. Que teniendo en cuenta la diversidad en los procesos de formación de la identidad latinoamericana y caribeña, la CELAC se convierta en un espacio que reivindique el derecho a la existencia, preservación y convivencia de todas las culturas, razas y etnias que habitan en los países de la región, así como el carácter multicultural de nuestros pueblos, y plurinacional de algunos de nuestros países en especial de las comunidades originarias que promueven y recreen la memoria histórica, los saberes y los conocimientos ancestrales.
23. Que reconociendo el derecho que tiene cada nación de construir en paz y libremente su propio sistema político y económico, así como en el marco de las instituciones correspondientes de acuerdo al mandato soberano de su pueblo, los procesos de diálogo, intercambio y negociación política que se activen desde la CELAC deben realizarse tomando en cuenta los siguientes valores y principios comunes: el respeto al Derecho Internacional, la solución pacífica de controversias, la prohibición del uso y de la amenaza del uso de la fuerza, el respeto a la autodeterminación, el respeto a la soberanía, el respeto a la integridad territorial, la no injerencia en los asuntos internos de cada país, la protección y promoción de todos los derechos humanos y de la democracia.
24. Con fundamento en los valores y principios del párrafo anterior y recogiendo la práctica del Grupo de Rio, la CELAC promoverá el desarrollo de instrumentos para garantizar el cumplimiento de los mismos.
25. Que es necesario continuar unificando esfuerzos y capacidades para impulsar el desarrollo sostenible de la región, concentrando los esfuerzos en el creciente proceso de cooperación e integración política, económica, social y cultural para así contribuir con la consolidación de un mundo pluripolar y democrático, justo y equilibrado, y en paz, despojado del flagelo del colonialismo y de la ocupación militar.
26. Que es necesario profundizar la cooperación y la implementación de políticas sociales para la reducción de las desigualdades sociales internas a fin de consolidar naciones capaces de cumplir y superar los Objetivos de Desarrollo del Milenio.
27. La necesidad de avanzar sobre la base de nuestros principios en el fortalecimiento y consolidación de la cooperación latinoamericana y caribeña, en el desenvolvimiento de nuestras complementariedades económicas y la cooperación Sur-Sur, como eje integrador de nuestro espacio común y como instrumento de reducción de nuestras asimetrías.
28. Que la CELAC, único mecanismo de diálogo y concertación que agrupa a los 33 países de América Latina y El Caribe, es la más alta expresión de nuestra voluntad de unidad en la diversidad, donde en lo sucesivo se fortalecerán nuestros vínculos políticos, económicos, sociales y culturales sobre la base de una agenda común de bienestar, paz y seguridad para nuestros pueblos, a objeto de consolidarnos como una comunidad regional.
29. Que la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC), teniendo presente el acervo histórico del Grupo de Río y de la CALC, impulsará planes de acción para la implementación y el cumplimiento de los compromisos plasmados en las Declaraciones de Salvador de Bahía y de Cancún, en el Plan de Acción de Montego Bay y en el Programa de Trabajo de Caracas.
Enalteciendo el proceso histórico vivido, las Jefas y los Jefes de Estado y de Gobierno de los países de América Latina y el Caribe deciden:
30. Adoptar, con base en los principios de flexibilidad y de participación voluntaria en las iniciativas las declaraciones y documentos adoptados en las reuniones ministeriales especializadas sobre Desarrollo Social y Erradicación del Hambre y la Pobreza, celebrada en Caracas, 24 y 25 de marzo de2011; reunión de seguimiento y evaluación de los avances del Foro de Ministros de Ambiente, Caracas,28 y 29 de abril de 2011; reunión Ministerial sobre Energía, Caracas, 12 y 13 de mayo de 2011; reunión Ministerial sobre la Crisis Financiera Internacional y Comercio Exterior, Caracas 18 y 19 de mayo de 2011;reunión entre Mecanismos regionales y subregionales de integración en América Latina y el Caribe en el marco de la CALC, Caracas 25 y 26 de Octubre de2010; reunión entre mecanismos regionales y subregionales de integración en América Latina y el Caribe en el área económico-comercial, Montevideo, 6y 7 de abril 2010; Reunión entre mecanismos regionales y subregionales de integración en América Latina y el Caribe en el área productiva, Caracas 5 y 6de mayo de 2011; reunión entre mecanismos regionales y subregionales de integración en América Latina y el Caribe en el área social e institucional, Caracas, 10 y 11 de junio de 2011; reunión de conclusiones entre mecanismos regionales y subregionales de integración en América Latina y el Caribe, Caracas, 11 de junio de 2011; reunión de coordinación de las iniciativas regionales en las áreas de infraestructura para la integración física de transporte y telecomunicaciones e integración fronteriza, realizada el 24 y 25 de marzo de 2011 en México; Reunión Regional de Mecanismos Latinoamericanos y Caribeños sobre Asistencia Humanitaria, realizada el 30 y 31 de mayo de 2011 en Panamá; reunión regional sobre protección a los migrantes, Perú 26 y 27 de junio de 2011. Dando cumplimiento al Programa de Trabajo de Caracas para la implementación de los mandatos de la CALC plasmados en las Declaraciones de Salvador de Bahía y de Cancún, así como en el Plan de Acción de Montego Bay, en el período 2010-2011 acordado por los Cancilleres el 3 de julio de 2010.
31. Poner en marcha la CELAC, como mecanismo representativo de concertación política, cooperación e integración de los Estados latinoamericanos y caribeños y como un espacio común que garantice la unidad e integración de nuestra región.
32. Reafirmar que el propósito común de integración, unidad y cooperación dentro de la CELAC se sustenta en los acervos heredados por los principios compartidos y consensos adoptados en la Cumbre de América Latina y el Caribe sobre la Integración y Desarrollo (CALC) y el Mecanismo Permanente de Consulta y Concertación Política Grupo de Río, que luego de fructífera labor cesan formalmente en sus acciones y dan paso a la CELAC.
33. Incorporar el Plan de Acción de Caracas 2012 como parte integral de esta Declaración, con el objetivo de llevar a la realidad nuestro compromiso político de defensa de la unidad y la integración, la cooperación, la complementariedad y la solidaridad.
34. Aprobar el “Estatuto de Procedimientos de la CELAC”, como parte integral de la presente Declaración, poniendo así definitivamente en marcha su organización y funcionamiento.
35. Invitan a la Presidencia Pro-Témpore de la CELAC a que en el ejercicio de su Presidencia implementen el Plan de Acción de Caracas 2012 en especial lo relativo a los ejes temáticos en las áreas social, ambiental, energético, económico, cultural y otras áreas prioritarias determinadas en el Plan de Acción de Caracas. Asimismo, encomendar a los Ministros de Relaciones Exteriores a que formulen propuestas para destinar los recursos materiales y financieros necesarios, sustentados en los criterios de máxima efectividad y austeridad establecidos en el documento de procedimientos de la CELAC.
36. Comprometer la voluntad de nuestros gobiernos para instruir a los mecanismos y organismos regionales, a que promuevan entre ellos la comunicación, cooperación, articulación, coordinación, complementariedad y sinergia, cuando corresponda ya través de sus respectivos órganos directivos, para contribuir a alcanzar los objetivos de integración planteados en esta Declaración, asegurando el óptimo uso de los recursos y la complementariedad de esfuerzos.
37. Reafirmar la invitación para celebrar la Cumbre de la CELAC en la República de Chile en el 2012.
38. Celebrar en la República de Cuba la Cumbre de la CELAC en 2013.
39. Acoger la realización de la Cumbre de la CELAC en el año 2014 en la República de Costa Rica.
40. Dado en Caracas, cuna de El Libertador Simón Bolívar, República Bolivariana de Venezuela, el 3 de diciembre de 2011.
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