Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 12, 2011

O estrondoso silêncio da mídia



O livro de Amaury Ribeiro Jr, a Privataria Tucana, é destaque na Folha.
Não no jornal, onde não merece nem uma linha, é claro.
Mas na Livraria da Folha, onde – apenas três dias depois de lançado  – já é o mais vendido, superando o livro de Eike Batista, que contou com ampla cobertura, inclusive com chamadas no site do jornal.
Depois a Ombudsman da Folha fala que a blogosfera dá olé na grande mídia.
Pudera, foi ela que criou este “sucesso clandestino” .
Talvez os editores de jornais, revistas, rádios e televisões não tenham se dado conta de que “a Sibéria do esquecimento” – como uma vez Leonel Brizola definiu o banimento dos meios de comunicação das pessoas e dos temas que desagradavam Roberto Marinho – esquentou muito depois do surgimento da internet.
O silêncio da mídia, retumbante como está sendo, não a cobre de suspeitas.
Cobre de vergonha a hipocrisia do moralismo seletivo que pratica.
*Tijolaço

domingo, dezembro 11, 2011

Os tucanos metendo a mão no cofre público: Até vereador tem cargo na Assembleia de SP

Deputados estaduais de São Paulo empregam na Assembleia Legislativa parentes, aliados e até vereador, revela lista de funcionários publicada ontem no "Diário Oficial" do Estado.

A Casa travou uma batalha judicial por 11 anos para evitar a divulgação dos dados e a lista só foi publicada após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio.

Manoel David Korn é vereador pelo PSD no município de Tietê (156 km de São Paulo), mas acumula ilegalmente cargo de assessor da deputada Rita Passos, sua companheira de partido. "Não sou o único, tem vários nessa situação", disse Korn à Folha.

"Tem vereador leiteiro, vereador vidraceiro, vereador delegado de polícia. O meu trabalho é ser assistente da deputada", completou.

Korn diz que é coordenador regional da deputada Rita Passos na região de Tietê e que vai à Assembleia uma vez por semana: "Fico atendendo vereadores e prefeitos da região para a deputada".

O vereador contou que recebe dois salários: R$ 1.500 da Câmara de Tietê e R$ 3.000 da Assembleia Legislativa. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o acúmulo de vencimentos pode configurar improbidade administrativa.

EM FAMÍLIA

Já o deputado Vitor Sapienza (PPS) empregou por oito anos a mulher de seu cunhado, Marilucia Pardini Olbrich. Ela chegou à Assembleia em 1995 e trabalhou diretamente com Sapienza até 2003. No ano seguinte, foi para a liderança do PPS e depois voltou ao gabinete de Sapienza. Atualmente está na segunda vice-presidência.

"Ela trabalha comigo desde 1983. Não podia demitir só porque gostou do meu cunhado. É castigar duas vezes", disse Sapienza, aos risos.

Súmula do STF que proibiu o nepotismo veda a nomeação em cargo comissionado de parentes até o terceiro grau, caso de Marilucia.

Em 2007, a Folha mostrou que Sapienza empregou o filho e a cunhada. Ambos não estão na lista de ontem.

Entre os servidores também estão parentes de aliados dos deputados. José Fernando Tavares Papa, irmão do prefeito de Santos, João Paulo Papa, foi levado para a Assembleia pelo deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que se licenciou para assumir a Secretaria de Desenvolvimento do governador Geraldo Alckmin PSDB.Alexandre disputará a Prefeitura de Santos no ano que vem, com o apoio de Papa.
*osamigosdopresidentelula

A bomba que vai estourar no colo do presidente da CBF

No livro A Privataria Tucana, Amaury Ribeiro Jr. faz menção às investigações feitas por ele sobre a fortuna do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a partir de documentos públicos referentes ao cartola, obtidos na Junta Comercial e em cartórios do Rio de Janeiro. É curioso como quem tem experiência na investigação de lavagem de dinheiro bate o olho na papelada e logo monta o quebra-cabeças.
A empresa RLJ Participações (R de Ricardo, L de Lúcia e J de João, presumimos) foi montada em maio de 1992. É muito importante ficar de olho nas datas. Notem como é curioso: quando a empresa foi formada aparecem como testemunhas o advogado Alberto Ferreira da Costa (que não assina) e Guilherme Terra Teixeira (irmão de Ricardo Teixeira):
Em 29 de julho de 1992, em Vaduz, Liechtenstein, quem é que recebe procuração para assinar pela Sanud no Brasil? Sim, o Alberto Ferreira da Costa, que aparece como testemunha no ato de formação da RLJ. Em tese, a Sanud era uma empresa investidora no Brasil. Fica um claro ar de arranjo:
Aqui ficamos sabendo, também, que a Sanud surgiu em 7 de novembro de 1990 e que quem assina por ela em Liechtenstein é o dr. Alex Wiederkehr, advogado criador de empresas que funcionam em uma caixa postal e servem de fachada para lavar dinheiro de origem suspeita ou desconhecida das autoridades.
Em seguida, a Sanud se torna sócia da RLJ no Brasil, mais precisamente em 28 de setembro de 1992.
Fast forward para 06/10/1994, na mais recente mudança societária registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro: quem assina pela Sanud é o irmão de Teixeira, aquele que lá atrás testemunhou o nascimento da RLJ Participações.
Nada disso é novidade — ou pelo menos não deveria ser — para investigadores ou jornalistas brasileiros.
Uma das CPIs que investigaram a CBF já tinha sentido o cheiro de lavanderia: a Sanud fez empréstimos à RLJ, registrados pelo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Mas a RLJ nunca pagou de volta!
A novidade é que, quando a rede BBC denunciou Teixeira e João Havelange como destinatários da propina da International Sports Marketing (ISL), empresa que pagou para garantir contratos lucrativos com a FIFA, a emissora britânica teve acesso à lista com valores e datas dos pagamentos.
E quando foi o primeiro pagamento da ISL à Sanud, de 1 milhão de dólares?
10 de agosto de 1992.
Ou seja:
16 de maio de 1992, formada a RLJ;
29 de julho de 1992, Sanud passa procuração para Alberto Ferreira da Costa em Vaduz, já prevendo que a Sanud se tornaria sócia da RLJ Participações no Brasil;
10 de agosto de 1992, Sanud recebe a primeira propina listada pela ISL;
28 de setembro de 1992, Sanud se torna sócia da RLJ.
Também tivemos acesso à lista e fica claro que, à medida em que a Sanud recebia mais e mais dinheiro de propina lá fora, os investimentos da RLJ cresciam e cresciam no Brasil
O propinoduto da ISL foi documentado por um juiz-investigador da Suiça. A papelada foi trancafiada numa corte de Zug. Advogados de Teixeira e Havelange bloquearam a divulgação. Várias empresas jornalísticas querem acesso à papelada e estão tentando isso por via judicial.
O repórter Andrew Jennings, que fez a denúncia na BBC, acha que a FIFA está sob pressão de quem interessa… dos grandes patrocinadores, que não querem associar suas marcas a uma entidade agora conhecida por toda sorte de falcatruas. Isso sem falar na pressão política de governos como o da Inglaterra, que se julgou lesada ao perder o direito de sediar a Copa.
A rede de proteção de Havelange e Teixeira, lá fora, está se rompendo, como demonstra a decisão de Havelange de se afastar do Comitê Olímpico Internacional (COI) antes que fosse saído.
Mas, voltando aos documentos exibidos acima — que, repito, já são de conhecimento até do mundo mineral — o Amaury costuma ensinar que há quatro indícios claríssimos de lavagem de dinheiro: empréstimos ou investimentos vindos do Exterior, sem que a origem seja conhecida; o uso de parentes nos negócios relacionados aos ” investimentos” (no caso de Teixeira, o irmão, o filho e o sobrinho); empresas que recebem grandes quantias mas dão prejuízo (caso da RLJ, que gastou um montão de dinheiro sem dar retorno); sinais exteriores de riqueza.
O surpreendente, mesmo, é que Teixeira e a CBF tenham sido alvo de duas CPIs no Congresso — ambas resultaram em relatórios incriminadores — e que a gente continue falando sobre o mesmo assunto mais de uma década depois, sem maiores consequências.
Luiz Carlos Azenha
No Viomundo

Entrevista com Amaury Jr.A privataria tucana a maior roubalheira da história do Brasil

GilsonSampaio
A longa entrevista de quase três horas traz revelações ainda mais inquietantes para a tucanalhada: outros livros sobre as privatizações e roubalheiras tucanas estariam para ser publicados. Há até uma referência sobre a fortuna de FHC. A mídia golpista e venezuelizada também vai ser posta a nu.

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9TGFjBDtlKp-0e5uqauUzcE0q5ZJ3qMLnQ30GCQd3-fQZ6b20kO8PjkrAn6PcHGhso-JOzJb1kf9DqfigWUpaDzMPiDu_fmvj_zOjFy1YN4aSR4BmiVisPoMZ03kYyRH6PzTIOUnefyvC/s1600/bessinha_931.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx71ynTEkvKbnyU3y2mnKMDdOvAY1T-Bv32B0yzPpnQJz5DHzPmnW_Tdu_kBWOyU9YIPHb9PE2lrFA-jX7OYff3aYKQcJFTyxgKvNtRlL7XDynMfpk0f2BFOi1kFBl8VrLaThNLPwSKjBy/s1600/FHC_Amaury.jpg

Deleite Gil

sábado, dezembro 10, 2011

A Privataria Tucana: nitroglicerina pura

Nirlando Beirão fala sobre o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. "É nitroglicerina pura", diz. O jornalista ainda comenta os cancelamentos de shows de João Gilberto. Assista!


"Privataria Tucana" trata de política e fala sobre lavagem de dinheiro no Brasil 

Ricardo Teixeira (à direita)
Lançado nesta sexta-feira (9), o livro "Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., trata de política e fala sobre lavagem de dinheiro no Brasil. Além de mostrar casos envolvendo o PSDB, o resultado de dez anos de investigações apontou fatos importantes que explicam em parte o enriquecimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. 
Segundo o blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, que foi reproduzido pelo blog do Juca Kfouri, Ribeiro Jr. reuniu documentos públicos, conseguidos em cartórios e na Junta Comercial do Rio de Janeiro. 
Os papéis mostram que em maio de 1992 foi montada a empresa RLJ Participações. As testemunhas do contrato social são o advogado Alberto Ferreira da Costa e Guilherme Terra Teixeira, irmão de Ricardo Teixeira e que também foi ouvido pela Polícia Federal no processo que investiga se o salário do cartola na CBF é compatível com a declaração de bens apresentada em seu imposto de renda. 
Dois meses depois, a Sanud fez uma procuração em Vaduz, Liechtenstein, autorizando Alberto Ferreira da Costa a assinar pela empresa no Brasil. Segundo uma série de reportagens produzida pela TV britânica BBC, Teixeira teria recebido da Sanud quase R$ 15 milhões em propinas. Os 21 depósitos ocorreriam desde o início da década de 90 e viriam da empresa de marketing esportivo ISL. O dinheiro pode ter sido dado em troca do direito de transmissão dos jogos e dos contratos de patrocínio para as Copas do Mundo. 
O dinheiro era depositado na Sanud, empresa sediada no paraíso fiscal de Liechtenstein, na Europa. A Sanud, ligada a RJL (do presidente da CBF), é o principal elo do sistema de remessas de dinheiro para paraísos fiscais no exterior. Há cerca de dez anos, o Congresso brasileiro abriu duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) envolvendo as empresas em 13 crimes, entre eles lavagem de dinheiro. 
Segundo os documentos mostrados pelo livro de Ribeiro Jr., a Sanud aparece como uma empresa que investiria no Brasil. Em setembro de 1992, a Sanud se torna sócia da RLJ, cerca de quatro meses depois da criação da empresa de Teixeira. 
Dois anos depois, em outubro de 1994, a RLJ muda a estrutura societária registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Quem passa a assinar pela empresa é o irmão de Ricardo Teixeira, Guilherme. 
Uma das CPIs que investigaram a CBF apontou que a Sanud fez empréstimos à RLJ, mas a RLJ nunca pagou por eles. Segundo o blog de Luiz Carlos Azenha, uma série de coincidências aparecem desde 1992 que apontam um esquema elaborado de lavagem de dinheiro. 
O mais importante aponta a data do primeiro pagamento da ISL à Sanud: 10 de agosto de 1992. As investigações provaram também que quanto mais a Sanud recebia de dinheiro de propina, maiores eram os investimentos da RLJ, de Ricardo Teixeira, no Brasil.

*esquerdopata

Charge do Dia

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2TfbvDQy2HGfF5DJ4YYKFobhEYskAenMTfiOVVFMR6T0YGNmZBaGjcWKvVnvLEEi94HUTIOupzSxf1DgHSUDvAUbuLiOagByN6ahnHg-oaryQL5JYETGjmzp0kDiz0KnykzHTJNvs0Cw/s1600/FHC+%25283%2529.jpg