Ricardo Teixeira (à direita) |
Lançado nesta sexta-feira (9), o livro "Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., trata de política e fala sobre lavagem de dinheiro no Brasil. Além de mostrar casos envolvendo o PSDB, o resultado de dez anos de investigações apontou fatos importantes que explicam em parte o enriquecimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Segundo o blog Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha, que foi reproduzido pelo blog do Juca Kfouri, Ribeiro Jr. reuniu documentos públicos, conseguidos em cartórios e na Junta Comercial do Rio de Janeiro.
Os papéis mostram que em maio de 1992 foi montada a empresa RLJ Participações. As testemunhas do contrato social são o advogado Alberto Ferreira da Costa e Guilherme Terra Teixeira, irmão de Ricardo Teixeira e que também foi ouvido pela Polícia Federal no processo que investiga se o salário do cartola na CBF é compatível com a declaração de bens apresentada em seu imposto de renda.
Dois meses depois, a Sanud fez uma procuração em Vaduz, Liechtenstein, autorizando Alberto Ferreira da Costa a assinar pela empresa no Brasil. Segundo uma série de reportagens produzida pela TV britânica BBC, Teixeira teria recebido da Sanud quase R$ 15 milhões em propinas. Os 21 depósitos ocorreriam desde o início da década de 90 e viriam da empresa de marketing esportivo ISL. O dinheiro pode ter sido dado em troca do direito de transmissão dos jogos e dos contratos de patrocínio para as Copas do Mundo.
O dinheiro era depositado na Sanud, empresa sediada no paraíso fiscal de Liechtenstein, na Europa. A Sanud, ligada a RJL (do presidente da CBF), é o principal elo do sistema de remessas de dinheiro para paraísos fiscais no exterior. Há cerca de dez anos, o Congresso brasileiro abriu duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) envolvendo as empresas em 13 crimes, entre eles lavagem de dinheiro.
Segundo os documentos mostrados pelo livro de Ribeiro Jr., a Sanud aparece como uma empresa que investiria no Brasil. Em setembro de 1992, a Sanud se torna sócia da RLJ, cerca de quatro meses depois da criação da empresa de Teixeira.
Dois anos depois, em outubro de 1994, a RLJ muda a estrutura societária registrada na Junta Comercial do Rio de Janeiro. Quem passa a assinar pela empresa é o irmão de Ricardo Teixeira, Guilherme.
Uma das CPIs que investigaram a CBF apontou que a Sanud fez empréstimos à RLJ, mas a RLJ nunca pagou por eles. Segundo o blog de Luiz Carlos Azenha, uma série de coincidências aparecem desde 1992 que apontam um esquema elaborado de lavagem de dinheiro.
O mais importante aponta a data do primeiro pagamento da ISL à Sanud: 10 de agosto de 1992. As investigações provaram também que quanto mais a Sanud recebia de dinheiro de propina, maiores eram os investimentos da RLJ, de Ricardo Teixeira, no Brasil.
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