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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Brasil é a sexta Economia. E a Globo se muda para Londres

Saiu no respeitado jornal inglês The Guardian:
O Brasil ultrapassa a Inglaterra e se torna a sexta Economia do mundo.
Para quem se curva ao PiG, como o Bernardo, esse é um fato inexplicável.
O Guardian atribui a ultrapassagem (irreversível) à valorização dos produtos que o Brasil exporta.
E à (péssima) qualidade da política econômica (neo-liberal) da Inglaterra.
O Guardian está parcialmente certo.
Faltou explicar algumas coisinhas aos leitores ingleses.
Por exemplo, extraído da pág. 34 do Brasil Econômico:
Três fundos de ações – administrados pelo Bradesco e o Itaú – têm mais investidores (2 milhões e cem mil) do que os investidores da Bolsa.
Esses fundos concentram suas aplicações em Petrobrás (que o PiG e o Adriano Pires não recomendam) e Vale.
Quantos membros da Classe C estão na Bolsa, amigo navegante, através de fundos de bancos?
Na pág. 30, a Cyrela, uma das maiores empresas de construção civil do país, vai aplicar entre R$ 3,7 e R$ 4,5 bilhões em imóveis para cliente de baixa renda, o que significará 50% de sua receita.
Na pág. A12 do Valor, lê-se:
“Escola pública (que horror! Não é do DiGenio!) do país entre na onda dos tablets. MEC vai lançar editar para a compra de 300 mil aparelhos”.
Na pág. 4 do Globo, lê-se outra coisa horrorosa: “Maioria dos alunos de iniciação científica vem de classe baixa”.
“Essa é a cara do jovem pesquisador brasileiro”.
Não faz muito tempo os gatos pingados que assistem ao Bom (?) Dia Brasil tomaram conhecimento de mudança radical em sua política (?) editorial: 1/3 do programa tem como sede Londres.
Londres, que, como se sabe, é a capital do país que o Brasil acaba de ultrapassar.
1/3 do programa é para falar mal do Brasil.
1/3 para falar bem do Brasileirinho da Globo.
E 1/3 para descrever a Hecatombe Universal que tragará o Brasil.
Essa parte do Holocausto Ecônomico fica com o Renato Machado, que era âncora no Brasil.
E pediu para transferir-se para Londres.
É o homem certo no lugar certo, na hora certa: Londres.
Por que o Ali Kamel não transfere a sub-sede do Bom (?) Dia para Recife?
Para Sinop, em Mato Grosso?
Sabe o que tem lá em Sinop, Kamel?
É de matar a Urubóloga de depressão.
É assim, amigo navegante, a elite brasileira.
Quer ir morar em Londres.
Quantos londrinos desempregados não preferiam morar, hoje, no Rio Maravilha, amigo navegante?
Paulo Henrique Amorim

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