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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 11, 2011

Os tucanos metendo a mão no cofre público: Até vereador tem cargo na Assembleia de SP

Deputados estaduais de São Paulo empregam na Assembleia Legislativa parentes, aliados e até vereador, revela lista de funcionários publicada ontem no "Diário Oficial" do Estado.

A Casa travou uma batalha judicial por 11 anos para evitar a divulgação dos dados e a lista só foi publicada após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio.

Manoel David Korn é vereador pelo PSD no município de Tietê (156 km de São Paulo), mas acumula ilegalmente cargo de assessor da deputada Rita Passos, sua companheira de partido. "Não sou o único, tem vários nessa situação", disse Korn à Folha.

"Tem vereador leiteiro, vereador vidraceiro, vereador delegado de polícia. O meu trabalho é ser assistente da deputada", completou.

Korn diz que é coordenador regional da deputada Rita Passos na região de Tietê e que vai à Assembleia uma vez por semana: "Fico atendendo vereadores e prefeitos da região para a deputada".

O vereador contou que recebe dois salários: R$ 1.500 da Câmara de Tietê e R$ 3.000 da Assembleia Legislativa. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o acúmulo de vencimentos pode configurar improbidade administrativa.

EM FAMÍLIA

Já o deputado Vitor Sapienza (PPS) empregou por oito anos a mulher de seu cunhado, Marilucia Pardini Olbrich. Ela chegou à Assembleia em 1995 e trabalhou diretamente com Sapienza até 2003. No ano seguinte, foi para a liderança do PPS e depois voltou ao gabinete de Sapienza. Atualmente está na segunda vice-presidência.

"Ela trabalha comigo desde 1983. Não podia demitir só porque gostou do meu cunhado. É castigar duas vezes", disse Sapienza, aos risos.

Súmula do STF que proibiu o nepotismo veda a nomeação em cargo comissionado de parentes até o terceiro grau, caso de Marilucia.

Em 2007, a Folha mostrou que Sapienza empregou o filho e a cunhada. Ambos não estão na lista de ontem.

Entre os servidores também estão parentes de aliados dos deputados. José Fernando Tavares Papa, irmão do prefeito de Santos, João Paulo Papa, foi levado para a Assembleia pelo deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que se licenciou para assumir a Secretaria de Desenvolvimento do governador Geraldo Alckmin PSDB.Alexandre disputará a Prefeitura de Santos no ano que vem, com o apoio de Papa.
*osamigosdopresidentelula

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