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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, dezembro 19, 2011
Brasil completa um ano de desrespeito à Corte da OEA sobre Guerrilha do Araguaia
Condenado em 2010, o país tinha até esta semana para investigar os responsáveis pelos homicídios da ditadura militar na região, nos anos 70, e entregar os restos mortais dos desaparecidos aos familiares. Buscas seguem infrutíferas e Campanha “Cumpra-se” faz vigília para cobrar respostas da presidenta Dilma Rousseff. "O Exército continua nos torturando ao não nos entregar esses corpos", afirma Laura Petit, que perdeu três irmãos no Araguaia.
Bia Barbosa
No final de 1973, o ex-estudante de engenharia Jaime Petit da Silva foi metralhado pelo Exército brasileiro numa cabana no meio da mata, na região do Araguaia, na divisa entre os estados do Pará, Maranhão e, na época, Goiás (hoje Tocantins). Os disparos foram tantos e tão intensos que a choupana pegou fogo. Do lado de dentro, um homem magro, doente, sozinho, desarmado - o que desmonta a tese de confronto propagada pelos militares.
Meses depois, em abril de 1974, o irmão mais velho de Jaime, Lúcio Petit da Silva, também morreu no Araguaia. Feito prisioneiro com outros dois companheiros do PCdoB, ele foi visto por moradores do município de São Domingos sendo levado de helicóptero para a base militar de São Raimundo. Em 2001, sua irmã Laura, acompanhando uma diligência do Ministério Público Federal à região, ouviu da boca de um mateiro, que tinha trabalhado muitos anos para o Exército, que Lúcio tinha tido sua cabeça cortada para ser levada ao comandante da base. Ainda segundo o mateiro, Lúcio tinha documentos de identidade verdadeiros. O Exército brasileiro sabia, portanto, exatamente, quem ele era. Seus restos mortais, e também os do irmão Jaime, nunca foram entregues à família.
Esta semana, vestindo uma camiseta com a foto dos irmãos mortos e desaparecidos, onde se lia a frase "A única luta que se perde é a que se abandona", Laura foi mais uma vez para as ruas cobrar do Estado brasileiro o direito de enterrar seus entes queridos. Ao lado de outros familiares de vítimas da ditadura militar e ex-presos políticos, Laura Petit participou de um ato pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA condenando o Brasil a reparar as famílias dos mortos da Guerrilha do Araguaia. Nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, venceu o prazo para que o país cumprisse os doze pontos da sentença, mas praticamente nada saiu do papel até hoje.
Entre as determinações da Corte da Organização dos Estados Americanos estão a investigação e punição dos responsáveis pelas torturas, homicídios e desaparecimentos forçados durante a Guerrilha do Araguaia; a identificação e entrega dos restos mortais dos desaparecidos aos familiares; o acesso, sistematização e publicação de documentos sobre a guerrilha em poder do Estado; e a implementação de programas de educação em direitos humanos permanentes dentro das Forças Armadas. A sentença diz ainda a Lei de Anistia de 1979 está em desacordo com a jurisdição internacional de direitos humanos, pois impede que perpetradores da ditadura sejam julgados, e que o Brasil deveria alterar sua legislação para permitir sua punição.
O processo é resultado de uma ação civil movida internamente em 1982 por 22 famílias de presos políticos do Araguaia. Eles simplesmente queriam saber o paradeiro de seus filhos, receber seus restos mortais e compreender as condições em que morreram. Em 2003, mais de 20 anos depois, a Justiça brasileira condenou o Estado a abrir os arquivos das Forças Armadas para informar, em 120 dias, o local do sepultamento desses militantes.
O governo Lula, no entanto, recorreu. Em 2007, esgotaram-se os recursos legais, mas o país, condenado, ignorou a sentença da Justiça. As famílias recorreram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, cuja Corte, em 24 de novembro de 2010, condenou o Estado a cumprir a sentença brasileira de 2003 e expediu essas outras determinações ao país.
"Mas muito pouco foi feito. Reconhecemos o esforço das buscas no Araguaia, mas elas tem sido infrutíferas, e não bastam. Não é possível o governo seguir achando que esta decisão da OEA é uma ingerência sobre o país. O Brasil assinou a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, que reconhece a Corte. Agora deve cumprir suas decisões. É um atentado aos direitos humanos o que o governo Dilma está praticando", criticou Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e um dos coordenadores da Campanha Cumpra-se, que organizou o ato esta semana em São Paulo e também nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Omissão governamental
A campanha pretende estar em estado de vigília permanente pelo cumprimento da sentença da OEA, com a organização de protestos sempre aos dias 14 de cada mês. Um pedido de audiência com a Presidenta Dilma foi protocolado no escritório da Presidência da República em São Paulo. Segundo o Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que ingressaram na OEA em nome dos familiares, até agora o Executivo não chamou os peticionários para conversar sobre o cumprimento dos doze pontos apresentados pela Corte.
"O governo Lula publicou um livro - resultado do trabalho que os próprios familiares tinham feito - e achou que isso bastava. Teve a coragem de pedir o arquivamento da sentença. Reconheceu oficialmente o erro do Estado brasileiro, mas não deu um passo além para esclarecer as circunstâncias das mortes e desaparecimentos forçados no Araguaia", criticou Laura Petit. "Durante cerca de dois anos, as buscas foram feitas pelo Exército, ou seja, aqueles que ocultaram os corpos eram os responsáveis por "procurá-los". Pedimos para o Ministério Público acompanhar, para evitar que provas fossem destruídas, mas só este ano os procuradores foram autorizados. Outro problema é que as buscas são restritas ao cemitério de Xambioá, onde o número de corpos é muito pequeno", explicou.
Xambioá, no estado do Tocantins, foi o destino dos guerrilheiros mortos na primeira campanha do Exército contra a guerrilha, em 1972. Lá foi enterrada Maria Lúcia Petit da Silva, a terceira irmã que Laura perdeu para a ditadura. Maria Lúcia foi dada como desaparecida por quase duas décadas. Seus restos mortais foram localizados em 1991 no cemitério de Xambioá, envoltos num tecido de para-quedas, e identificados por exame de DNA em 1996, após cinco anos de pesquisas da Unicamp. Ela é uma das raras vítimas do Araguaia já localizadas.
Já os guerrilheiros mortos em 1973 e 1974, como Jaime e Lúcio, desapareceram. "O Exército diz que os arquivos foram queimados e por isso eles não sabem onde estão os outros. Mas sabemos que há leis inclusive para destruir arquivos mortos. E há ainda os arquivos vivos, que são os militares. Figuras como (Major) Curió e Lício (Maciel) que foram agraciados com a Medalha do Pacificador, deveriam ser os primeiros a ser ouvidos", acredita Laura. "Mas o Exército continua em guerra conosco. Seguem nos torturando porque não entregam os corpos de nossos familiares", acrescentou.
Laura militou no movimento estudantil. Estudava no Centro Maria Antônia. Como havia se casado em 1968 e tinha que ajudar a mãe, viúva, a cuidar de um irmão mais novo, não foi para o Araguaia com Lúcio, Jaime e Maria Lúcia. Se emociona ao dizer: "Fiquei. Para contar essa história". Xambioá, na língua indígena do povo de mesmo nome, significa pássaro veloz.
Meses depois, em abril de 1974, o irmão mais velho de Jaime, Lúcio Petit da Silva, também morreu no Araguaia. Feito prisioneiro com outros dois companheiros do PCdoB, ele foi visto por moradores do município de São Domingos sendo levado de helicóptero para a base militar de São Raimundo. Em 2001, sua irmã Laura, acompanhando uma diligência do Ministério Público Federal à região, ouviu da boca de um mateiro, que tinha trabalhado muitos anos para o Exército, que Lúcio tinha tido sua cabeça cortada para ser levada ao comandante da base. Ainda segundo o mateiro, Lúcio tinha documentos de identidade verdadeiros. O Exército brasileiro sabia, portanto, exatamente, quem ele era. Seus restos mortais, e também os do irmão Jaime, nunca foram entregues à família.
Esta semana, vestindo uma camiseta com a foto dos irmãos mortos e desaparecidos, onde se lia a frase "A única luta que se perde é a que se abandona", Laura foi mais uma vez para as ruas cobrar do Estado brasileiro o direito de enterrar seus entes queridos. Ao lado de outros familiares de vítimas da ditadura militar e ex-presos políticos, Laura Petit participou de um ato pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA condenando o Brasil a reparar as famílias dos mortos da Guerrilha do Araguaia. Nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, venceu o prazo para que o país cumprisse os doze pontos da sentença, mas praticamente nada saiu do papel até hoje.
Entre as determinações da Corte da Organização dos Estados Americanos estão a investigação e punição dos responsáveis pelas torturas, homicídios e desaparecimentos forçados durante a Guerrilha do Araguaia; a identificação e entrega dos restos mortais dos desaparecidos aos familiares; o acesso, sistematização e publicação de documentos sobre a guerrilha em poder do Estado; e a implementação de programas de educação em direitos humanos permanentes dentro das Forças Armadas. A sentença diz ainda a Lei de Anistia de 1979 está em desacordo com a jurisdição internacional de direitos humanos, pois impede que perpetradores da ditadura sejam julgados, e que o Brasil deveria alterar sua legislação para permitir sua punição.
O processo é resultado de uma ação civil movida internamente em 1982 por 22 famílias de presos políticos do Araguaia. Eles simplesmente queriam saber o paradeiro de seus filhos, receber seus restos mortais e compreender as condições em que morreram. Em 2003, mais de 20 anos depois, a Justiça brasileira condenou o Estado a abrir os arquivos das Forças Armadas para informar, em 120 dias, o local do sepultamento desses militantes.
O governo Lula, no entanto, recorreu. Em 2007, esgotaram-se os recursos legais, mas o país, condenado, ignorou a sentença da Justiça. As famílias recorreram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, cuja Corte, em 24 de novembro de 2010, condenou o Estado a cumprir a sentença brasileira de 2003 e expediu essas outras determinações ao país.
"Mas muito pouco foi feito. Reconhecemos o esforço das buscas no Araguaia, mas elas tem sido infrutíferas, e não bastam. Não é possível o governo seguir achando que esta decisão da OEA é uma ingerência sobre o país. O Brasil assinou a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, que reconhece a Corte. Agora deve cumprir suas decisões. É um atentado aos direitos humanos o que o governo Dilma está praticando", criticou Marcelo Zelic, vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e um dos coordenadores da Campanha Cumpra-se, que organizou o ato esta semana em São Paulo e também nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Omissão governamental
A campanha pretende estar em estado de vigília permanente pelo cumprimento da sentença da OEA, com a organização de protestos sempre aos dias 14 de cada mês. Um pedido de audiência com a Presidenta Dilma foi protocolado no escritório da Presidência da República em São Paulo. Segundo o Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que ingressaram na OEA em nome dos familiares, até agora o Executivo não chamou os peticionários para conversar sobre o cumprimento dos doze pontos apresentados pela Corte.
"O governo Lula publicou um livro - resultado do trabalho que os próprios familiares tinham feito - e achou que isso bastava. Teve a coragem de pedir o arquivamento da sentença. Reconheceu oficialmente o erro do Estado brasileiro, mas não deu um passo além para esclarecer as circunstâncias das mortes e desaparecimentos forçados no Araguaia", criticou Laura Petit. "Durante cerca de dois anos, as buscas foram feitas pelo Exército, ou seja, aqueles que ocultaram os corpos eram os responsáveis por "procurá-los". Pedimos para o Ministério Público acompanhar, para evitar que provas fossem destruídas, mas só este ano os procuradores foram autorizados. Outro problema é que as buscas são restritas ao cemitério de Xambioá, onde o número de corpos é muito pequeno", explicou.
Xambioá, no estado do Tocantins, foi o destino dos guerrilheiros mortos na primeira campanha do Exército contra a guerrilha, em 1972. Lá foi enterrada Maria Lúcia Petit da Silva, a terceira irmã que Laura perdeu para a ditadura. Maria Lúcia foi dada como desaparecida por quase duas décadas. Seus restos mortais foram localizados em 1991 no cemitério de Xambioá, envoltos num tecido de para-quedas, e identificados por exame de DNA em 1996, após cinco anos de pesquisas da Unicamp. Ela é uma das raras vítimas do Araguaia já localizadas.
Já os guerrilheiros mortos em 1973 e 1974, como Jaime e Lúcio, desapareceram. "O Exército diz que os arquivos foram queimados e por isso eles não sabem onde estão os outros. Mas sabemos que há leis inclusive para destruir arquivos mortos. E há ainda os arquivos vivos, que são os militares. Figuras como (Major) Curió e Lício (Maciel) que foram agraciados com a Medalha do Pacificador, deveriam ser os primeiros a ser ouvidos", acredita Laura. "Mas o Exército continua em guerra conosco. Seguem nos torturando porque não entregam os corpos de nossos familiares", acrescentou.
Laura militou no movimento estudantil. Estudava no Centro Maria Antônia. Como havia se casado em 1968 e tinha que ajudar a mãe, viúva, a cuidar de um irmão mais novo, não foi para o Araguaia com Lúcio, Jaime e Maria Lúcia. Se emociona ao dizer: "Fiquei. Para contar essa história". Xambioá, na língua indígena do povo de mesmo nome, significa pássaro veloz.
Por: Carta Maior
*Ocarcará
OS 35 ANOS DA CHACINA DA LAPA
Nesta sexta-feira, 16 de dezembro, completam-se 35 anos da chamada “Chacina da Lapa”, o assassinato de três dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por agentes do DOI-Codi (centro de repressão do Exército): Pedro Pomar, João Baptista Drummond e Ângelo Arroyo. Drummond foi morto primeiro, depois de ter sido preso e submetido a torturas; Pedro Pomar e Arroyo foram fuzilados sem esboçar qualquer reação quando os agentes invadiram o aparelho, uma casa no bairro da Lapa, onde os membros do Comitê Central do PCdoB estavam reunidos.
Corpos dos dirigentes do PCdoB mortos na Lapa |
Os dirigentes Aldo Arantes, Elza Monnerat, Haroldo de Lima, Joaquim de Lima e Maria Trindade, foram presos e torturados. A ação foi possível graças à traição de Jover Telles, membro do Comitê Central que tinha sido preso e cooptado pela repressão. A Chacina da Lapa foi o golpe de misericórdia na liderança da Guerrilha do Araguaia, cujos integrantes tinham sido quase todos exterminados pelo Exército.
O curioso é que este episódio – o último de matança sistemática de militantes revolucionários pelos órgãos repressivos da ditadura militar – ocorreu sob o comando do general “aberturista” Dilermando Gomes Monteiro, então comandante do II Exército, sediado em São Paulo. No início de 1976, ele havia substituído o facínora colega de farda e patente Ednardo D’Ávila Melo, defenestrado do comando daquela unidade pelo general-ditador Ernesto Geisel. O afastamento ocorrera depois das mortes seguidas, nas dependências do DOI-Codi, de Manuel Fiel Filho, em janeiro daquele ano, e de Vladimir Herzog, em outubro de 1975. Dilermando fazia parte do grupo que apoiava a abertura “lenta, gradual e segura” de Geisel contra a linha-dura, que queria manter a repressão “à outrance”.
General Dilermando |
Um basta à linha dura
Nova morte no Doi-Codi leva à queda do comandante do II Exército
No dia 17 de janeiro, três meses depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo (outubro de 1975), o metalúrgico Manoel Fiel Filho foi encontrado morto em sua cela, no mesmo local, um dia depois de ser preso sob a acusação de subversão. Como no caso de Herzog, o II Exército distribuiu nota afirmando que ele se enforcara na prisão. Dessa vez, no entanto, o presidente Ernesto Geisel dá um basta à linha dura e demite o comandante do II Exército, general Ednardo D'Ávila Melo. O episódio marcou o começo do fim do predomínio dos porões da repressão dentro do próprio regime militar.
Analistas especulam que a mão pesada da repressão naquele episódio tenha ocorrido devido à necessidade de Geisel mostrar firmeza frente à oposição armada – mesmo com esta completamente dizimada – depois do afastamento de Ednardo e da neutralização do centro de torturas do DOI-Codi em instalado na rua Tutóia, em São Paulo. A linha-dura estava ferida, mas ainda tinha músculos e força dentro do Exército..
Tanto que essa corrente só deixaria de representar ameaça ao projeto de poder dos “aberturistas” um ano depois, em outubro de 1977, quando Geisel demitiria o ministro do Exército, general Sylvio Frota, líder máximo da linha-dura e autodesignado candidato à sucessão presidencial.
Geisel enfrentou a linha-dura |
A morte de Manoel Fiel Filho (detalhe) na prisão leva Geisel a demitir o general Ednardo D' Ávila Melo |
Nova morte no Doi-Codi leva à queda do comandante do II Exército
No dia 17 de janeiro, três meses depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo (outubro de 1975), o metalúrgico Manoel Fiel Filho foi encontrado morto em sua cela, no mesmo local, um dia depois de ser preso sob a acusação de subversão. Como no caso de Herzog, o II Exército distribuiu nota afirmando que ele se enforcara na prisão. Dessa vez, no entanto, o presidente Ernesto Geisel dá um basta à linha dura e demite o comandante do II Exército, general Ednardo D'Ávila Melo. O episódio marcou o começo do fim do predomínio dos porões da repressão dentro do próprio regime militar.
Analistas especulam que a mão pesada da repressão naquele episódio tenha ocorrido devido à necessidade de Geisel mostrar firmeza frente à oposição armada – mesmo com esta completamente dizimada – depois do afastamento de Ednardo e da neutralização do centro de torturas do DOI-Codi em instalado na rua Tutóia, em São Paulo. A linha-dura estava ferida, mas ainda tinha músculos e força dentro do Exército..
Tanto que essa corrente só deixaria de representar ameaça ao projeto de poder dos “aberturistas” um ano depois, em outubro de 1977, quando Geisel demitiria o ministro do Exército, general Sylvio Frota, líder máximo da linha-dura e autodesignado candidato à sucessão presidencial.
General Sylvio Frota |
Derrotado internamente, esse setor partiria para ações terroristas, como o seqüestro de D. Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu, os atentados a bomba contra a ABI, a OAB e as bancas que vendiam jornais alternativos. O ápice dessas ações ocorreria em 1981, com a tentativa de fazer explodir o Riocentro que levaria ao afastamento do mago dos aberturistas, Golbery do Couto e Silva, então chefe da Casa Civil.
Terrorista morre ao explodir sua própria bomba acidentalmente, artefato concebido para ser detonado contra o povo em evento no Rio Centro. O ato sanguinário do terrorista era obediencial a orientação dos golpistas da linha dura. |
Hoje, os remanescentes desse bando de assassinos psicopatas estão nos Clubes Militares e nos Ternumas da vida.
Seria bom que a Comissão da Verdade esclarecesse esses fatos e tirasse o sossego dessa canalha...
Postado por Cláudio Camargo
*MilitânciaViva
Troque a Faca Pelo Garfo / Forks Over Knives (2011)
(EUA, 2011, 90 min. - Direção: Lee Fulkerson)
Contundente! Imperdível!
Você sabia que em 1958 nos EUA foram registrados 14.000 casos de câncer de próstata e que no Japão, que tinha a metade da população estadunidense, foram registrados apenas 18 casos?
Se você acha que o câncer e a diabetes só podem ser tratadas através de medicamentos, você precisa ver esse documentário. Aqui não se trata de achismos ou doutrinas, muito pelo contrário: pesquisas extensas e dados coletados pelos 4 cantos do mundo com as mais variadas etnias, por vários anos mostram que doenças coronárias, diabetes, câncer podem ser evitadas e até mesmo revertidas através de uma alimentação saudável.
Resta agora você saber o que é saudável...
*docverdade
Nota do Núcleo de Consciência Negra:
"A reunião extraordinária realizada no CRUSP dia 17/12 para discutir a expulsão dos 6 estudantes da USP, foi muito boa cerca de 100 pessoas compareceram, entre a medida de entrar com mandato de segurança o quanto antes contra as expulsoes, tiramos também medidas fundamentais para dar uma resposta imediata do movimento a esse brutal ataque. Dentre essas medidas está sendo convocado um Ato em resposta à eliminação dos seis estudantes na próxima segunda-feira (19 de Dezembro), com concentração às 13 horas em frente à reitoria e reunião ampliada às 17 horas na sala 51 na Associação de Moradores do CRUSP, que reúna além de toda galera, o Comando de Greve, o Sindicato dos Trabalhadores (SINTUSP), além da Associação dos Professores (ADUSP) e demais entidades combativas de dentro e de fora da universidade". [Rosi Sanyos]
Maiakovski, poeta russo escreveu, no início do século XX :
Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,
já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Maiakovski
Depois Bertold Brecht escreveu:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)
Em 1933 Martin Niemöller criou o seguinte poema:
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar…
Martin Niemöller, 1933 – símbolo da resistência aos nazistas.
Também Martin Luther King disse: “O que mais me preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética… o que mais me preocupa é o silêncio dos bons!”.
Fora Rodas!
Mulher pisoteada por soldados marca volta do terror ao Cairo
Momento em que um soldado pisa no peito da manifestante: imagem símbolo da volta do terror à praça Tahrir
Uma foto de uma manifestante egípcia sendo agredida pelas forças policiais se tornou um símbolo da volta do terror às ruas do Cairo. A imagem mostra a mulher sendo chutada e pisoteada após ser agredida por soldados durante os distúrbios de ontem, o segundo dia de confrontos desde o reinício das revoltas na praça Tahrir, ganhando grande repercussão na internet. Ao menos 10 pessoas morreram nos últimos três dias na capital egípcia.
As cenas são chocantes. Os homens batem covardemente. Um deles pisa com força no peito da manifestante. E, como destaca a versão online da The Atlantic Magazine, há algo especialmente bárbaro em relação a essa imagem no mundo árabe: nesses países, o tabu da violência contra mulheres desarmadas é muito forte. Apesar disso, a cena de três soldados batendo em uma mulher indefesa com golpes de cassetetes, socos e até as botas ainda não é a parte mais provocativa. O fato de esses homens terem puxado a sua vestimenta até acima de sua cabeça, expondo o abdômen e peito é, no Egito, uma profunda humilhação sexual.
E há certa horrível ironia sobre o uso da vestimenta, a "abaya", um símbolo de modéstia e piedade, para cobrir-lhe o rosto e arrastá-la pela rua. Mesmo que talvez não tenha sido intencional, isso não deixará de ser notado pelos olhos dos egípcios. O vídeo (http://bit.ly/t2Z8AE) e as fotos que mostram a agressão à manifestante foram amplamente divulgados em sites como o Facebook e o Twitter. Entretanto, não há informações confirmadas sobre o que aconteceu com a mulher - a gravação disponível na web corta após o momento em que um dos soldados que espancavam a vítima cobre o corpo dela com o véu.
*Cappacete
Dilma também desvia da casca de banana jogada para melar a CPI da Privataria
As jornalistas presentes (inclusive a "menina do Jô", Cristina Lobo) não escrevem nada sobre o livro "A Privataria Tucana" em seus veículos, mas logo puxaram o assunto perguntando se Dilma já havia lido. A Presidenta foi esperta e rápida, desviando da armadilha:
– Não li nem o livro sobre mim… (referindo-se ao livro do jornalista Ricardo Amaral sobre a Presidenta).
Menos sutil, perguntaram se apoiaria a CPI da privataria. Dilma também deixou as "piguentas" em xeque ao dizer que CPI é para casos extremos (sem especificar os casos que são extremos).
Queriam arrancar de Dilma uma declaração que deixasse José Serra e FHC na posição de vítima. Se Dilma titubeasse, a manchete no outro dia seria: "Dilma e o PT querem usar o poder do Estado Brasileiro para esmagar a oposição". Gilmar Mendes (e a OAB) iria dizer que era caso de impeachment porque a Presidenta estaria usando do cargo para "perseguir um partido da oposição".
Não se lembram no caso dos cartões corporativos, quando tentaram inventar que a Casa Civil estava fazendo um dossiê anti-FHC?
Para piorar, iriam dizer que Dilma só apoia CPI contra adversários, e ela não teria mais argumentos para se dizer contra qualquer CPI de tapioca que a oposição e a imprensa inventasse.
Então, vamos ficar espertos, gente. Dessa vez o governo Dilma está batendo um bolão.
Alguém já viu José Serra ou Alckmin, quando governadores, fazer declarações a favor de CPI estaduais que o rolo compressor dos deputados tucanos faziam na Assembléia Legislativa, direcionadas para desgastar o PT? Aliás quem sempre defendeu as CPI's contra o governo federal sempre foram os líderes tucanos e suas bancadas, nunca os governadores. Os tucanos não cometem esses erros primários. Não peçam para gente do governo Dilma cometerem e virarem aloprados.
O PIG usa essas declarações para dizer que a CPI não vai sair do papel. Balela. O PIG está apenas jogando verde para colher maduro, e fazendo o jogo de interesses tucanos, mas a CPI vai sair sim, e o fiel da balança não é o PT, é o resto da base governista. Se o PT se expor demais, como se estivesse querendo um terceiro turno de 2010, e for com muita sede ao pote, o PIG transforma José Serra em vítima e a CPI mela. Na próxima nota explico as razões.
Leia também esta nota anterior que explica minuciosamente como é a armadilha: "Vaccarezza desviou da casca de banana: PIG queria transformar Serra e FHC em vítimas".
*osamigosdopresidentelula
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