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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Dilma também desvia da casca de banana jogada para melar a CPI da Privataria

No café da manhã com jornalistas que cobrem o Planalto, na manhã de sexta-feira, a presidenta Dilma, desviou da casca de banana que as cascavéis do PIG, presentes, colocaram no caminho para a presidenta escorregar.

As jornalistas presentes (inclusive a "menina do Jô", Cristina Lobo) não escrevem nada sobre o livro "A Privataria Tucana" em seus veículos, mas logo puxaram o assunto perguntando se Dilma já havia lido. A Presidenta foi esperta e rápida, desviando da armadilha:

– Não li nem o livro sobre mim… (referindo-se ao livro do jornalista Ricardo Amaral sobre a Presidenta).
Menos sutil, perguntaram se apoiaria a CPI da privataria. Dilma também deixou as "piguentas" em xeque ao dizer que CPI é para casos extremos (sem especificar os casos que são extremos).
Queriam arrancar de Dilma uma declaração que deixasse José Serra e FHC na posição de vítima. Se Dilma titubeasse, a manchete no outro dia seria: "Dilma e o PT querem usar o poder do Estado Brasileiro para esmagar a oposição". Gilmar Mendes (e a OAB) iria dizer que era caso de impeachment porque a Presidenta estaria usando do cargo para "perseguir um partido da oposição".
Não se lembram no caso dos cartões corporativos, quando tentaram inventar que a Casa Civil estava fazendo um dossiê anti-FHC?
Para piorar, iriam dizer que Dilma só apoia CPI contra adversários, e ela não teria mais argumentos para se dizer contra qualquer CPI de tapioca que a oposição e a imprensa inventasse.
Então, vamos ficar espertos, gente. Dessa vez o governo Dilma está batendo um bolão.

Alguém já viu José Serra ou Alckmin, quando governadores, fazer declarações a favor de CPI estaduais que o rolo compressor dos deputados tucanos faziam na Assembléia Legislativa, direcionadas para desgastar o PT? Aliás quem sempre defendeu as CPI's contra o governo federal sempre foram os líderes tucanos e suas bancadas, nunca os governadores. Os tucanos não cometem esses erros primários. Não peçam para gente do governo Dilma cometerem e virarem aloprados.
O PIG usa essas declarações para dizer que a CPI não vai sair do papel. Balela. O PIG está apenas jogando verde para colher maduro, e fazendo o jogo de interesses tucanos, mas a CPI vai sair sim, e o fiel da balança não é o PT, é o resto da base governista. Se o PT se expor demais, como se estivesse querendo um terceiro turno de 2010, e for com muita sede ao pote, o PIG transforma José Serra em vítima e a CPI mela. Na próxima nota explico as razões.
Leia também esta nota anterior que explica minuciosamente como é a armadilha: "Vaccarezza desviou da casca de banana: PIG queria transformar Serra e FHC em vítimas".
*osamigosdopresidentelula

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