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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 21, 2012

Clarice Lispector, A Escritora da Alma

O escritor norte-americano Benjamin Moser escreveu a biografia de Clarice Lispector nos Estados Unidos a partir de sua paixão pela autora e também pela necessidade de torná-la ainda mais conhecida no exterior. Foram cinco anos ininterruptos de pesquisas sobre a vida e a obra dessa escritora, na tentativa de resgatar detalhes preciosos sobre a enigmática Clarice. Why this world? não se trata de mais uma biografia sobre essa escritora, mas é um estudo completo que resgata muitas particularidades das suas origens judaicas, do seu universo literário e de sua vida pessoal, que chega às mãos do leitor como uma surpresa reveladora de grandes descobertas. Em todas as páginas do livro, há os rastros de Benjamin Moser percorrendo as trilhas de Clarice Lispector. É inevitável não perceber que, com essa biografia, Moser está proporcionando aos leitores norte-americanos a oportunidade de conhecerem uma das escritoras mais importantes da literatura latino-americana. Why this world foi traduzida e publicada no Brasil, sob o título de Clarice,. Essa foi mais uma surpreendente e interessante novidade para os brasileiros sobre a escritora, cuja obra é inesgotável. O jovem escritor Benjamin Moser com ousadia e propriedade cria para o mundo um importante relato biográfico sobre a autora. Sem sensacionalismo, descreve de maneira muito descontraída, como se fosse um parente ou alguém bem próximo à Clarice, os fatos significativos da vida e da obra que compõem o instigante mundo de Clarice Lispector.

Entrevista com o autor:
É mais comum vermos biógrafos pesquisando e escrevendo sobre autores de seu próprio país. Por que você, um norte-americano, optou por escrever uma biografia de uma escritora brasileira?
Eu acho que é mais interessante escrever sobre artistas de outros países, de servir como uma ponte entre diferentes culturas, se dispomos das possibilidades (linguísticas, por exemplo) de fazê-lo. Mas finalmente o que me interessa em Clarice não era a nacionalidade dela - era a genialidade dela.
O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: "Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice." O que leva o leitor Benjamin Moser a amar Clarice Lispector?
Bom, é outra pergunta sem resposta. O que leva você a amar o seu marido, a sua filha? Pode dizer que é a beleza dos olhos ou o timbre da voz ou não sei que mais, mas o amor não se explica. O bonito é que o meu amor pela Clarice é compartilhado por cada vez mais gente, que entendem o porquê sem explicações.

Na biografia de Clarice Lispector escrita por você, há fatos da vida da escritora que foram abordados sem meio-termo. Por exemplo, no capítulo O "pogrom básico", em que você faz referência ao estupro da mãe de Clarice, cuja família judia sofreu constante pressão e ameaça na Ucrânia. Como foi a apuração desses episódios? E que marcas você acha que a família Lispector guardou da experiência de ter vivido numa época tão perigosa para os judeus na Europa?
Não há nada no livro que investiguei mais do que essa questão da mãe, devido à importância que teve na vida e na obra da Clarice. Algumas fontes são citadas no livro, outras não - várias pessoas queriam falar anonimamente para não ter problemas com a família (o que de fato aconteceu com certos parentes). É uma coisa que dói muito ainda hoje, e essa era exatamente a ideia das pessoas que cometeram esses crimes: de deixar marcas permanentes nas vítimas, não só nelas, mas nos maridos, nos pais, nos filhos. Era infelizmente longe de ser incomum naquela região naquela época.
O livro dá um enfoque especial às raízes judaicas de Clarice. Você, tendo também ascendência judia, como associa as suas origens à sua literatura? E como você acha que esse fator influenciava a literatura da Clarice?
Acho fundamental. Não só porque o fato de serem judeus é a razão porque a avó da Clarice foi assassinada, a mãe estuprada, a família inteira reduzida à miséria e exilada, mas porque essas experiências históricas formaram a visão do mundo da Clarice como o fizeram com tantos outros judeus. Quando ela pergunta "porque este mundo?" não é uma pergunta abstrata. A pergunta significa: como é possível vivermos num mundo em que coisas tão cruéis acontecem, um mundo em que somos condenados à morte.
No capítulo "Deus agita as águas", você descreve aspectos importantes da vida de Lúcio Cardoso, escritor e amigo de Clarice, que causou grande impacto na escritora. Qual sua análise da relação entre Lúcio e Clarice?
Fiquei surpreso em ver que vários críticos escreveram que o fato de ele ser homossexual foi um desastre tão dramático para ela: um chegou até a dizer que a decepção amorosa que ela sofreu foi o que a inspirou a tornar-se escritora. O fato é que muita gente sofre decepções amorosas na adolescência sem que isso acabe com suas vidas. O Lúcio era um grande escritor, um grande amigo que a inspirou com sua determinação de viver como ele próprio quis.
Muitos brasileiros dizem que Clarice Lispector é mais lida na França do que nos Estados Unidos. Na sua opinião, isso é verdade?
Essa opinião é impossível de eliminar da cabeça de muita gente. Não sei de onde veio. Conheço a França muito, passo boa parte do ano lá, e é mais ou menos a mesma coisa como em todos os países estrangeiros, além da Argentina: tem um grupo que a conhece, na maioria acadêmicos ou pessoas com algum vínculo com o Brasil ou a América Latina, e fora disso é pouquíssimo conhecida. Estou torcendo para mudar isso na França, quando meu livro sair lá em novembro, e também em Portugal, onde sairá em setembro.
Como Why this world foi recebido nos Estados Unidos?
Foi incrível, muito além de minhas expectativas. Quem quiser ver as resenhas pode dar uma olhada no meu site, www.benmoser.com. A coisa mais engraçada foi que uma loja de moda, J. Crew, batizou um sapato desta estação com o nome de Clarice!
E no Brasil? Como foi a recepção dessa biografia aqui traduzida como Clarice, ?
Bom, também poderiam dar uma olhada no meu site para ver a enorme quantidade de matérias que saíram, e que ainda continuam a sair, na imprensa brasileira. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, como será na França, o jeito era de fazer as pessoas "descobrirem" a Clarice. No Brasil foi todo o contrário, as pessoas já a conheciam, e foi para mim um grande prazer visitar o Brasil e falar com pessoas que, como eu, se sentem próximos dela. Agora não vejo a hora de voltar ao Brasil para a FLIP, em agosto, e depois para a FLIPORTO, em Pernambuco, em novembro.
Como a literatura de Clarice influenciou sua vida pessoal e profissional?
Primeiro foi pessoalmente, porque como tantos outros fiquei sob o impacto de Clarice, desde A hora da estrela, que li num curso de português aos 19 anos. Sempre queria usar os meus conhecimentos do mundo editorial e jornalistico para "lançar" Clarice além do mundo acadêmico, e o resultado foi a biografia Why this world, que trouxe muita atenção a Clarice fora do Brasil, e que depois fez parte de uma "onda" de interesse em Clarice no Brasil. É difícil para um escritor falar de uma separação entre "pessoal" e "profissional", mas acho que consegui usar minha paixão pessoal por ela para fazer uma coisa profissional que ajudasse a divulgar Clarice internacionalmente.
Depois de Clarice, o que mudou em seu olhar de leitor a respeito da literatura?
Não sei. Na verdade, leio Clarice desde a adolescência e tenho a cabeça inteiramente feita por ela. Como levo tantos anos em companhia dela, é difícil imaginar a minha vida sem ela. Mas como escritor posso dizer que o modelo de seriedade e de liberdade que ela oferece é uma coisa absolutamente espantosa. Não estamos quase nunca ao nível dela, mas mesmo assim ela me inspira muito.
Você acredita que a literatura de Clarice dialoga com a cultura americana? Como?
Não especificamente. Ela dialoga com o ser humano, quer seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha, na China ... não importa onde. Por isso que podemos falar dela em todos os paises, porque a grande arte não se limita às fronteiras políticas. Tem muitos escritores em todos os países que só interessam a estes países especificamente, mas não é o caso dela.
Textos e imagens extraídos da Revista Conhecimento Prático - Literatura, Edição-32, da Editora Escala Educacional.
 

Oxalá - Orixás do Dique do Tororó - Salvador

Oxalá
Por Célia Cerqueira, Oxalá - Orixás do Dique do Tororó - Salvador
Esculturas de Tati Moreno

Representa Senhor do Bonfim, é o Deus da Criação. Seu dia é sexta-feira. Oxalá é o fim da vida, é o momento de partir em paz, com a certeza do dever cumprido. Ele é o pai, é a morte, ou melhor dizendo, é o princípio do fim da vida. Mas Oxalá também tem outras atribuições na Natureza. É ele que vai proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas Casas de Santo oferecer comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de mediador para que haja uma solução, uma definição. Orixá da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da confusão. Esse deus é o patrono da fecundidade e da procriação.
Seus filhos são calmos, mas capazes de liderar, bondosos e tolerantes. Em nenhuma circunstância modificam seus planos e seus projetos, mesmo a despeito das opiniões contrárias, racionais, que as alertam para as possíveis consequências desagradáveis dos seus atos. Tais pessoas, no entanto, sabem aceitar, sem reclamar, os resultados amargos daí decorrentes.
Dia: sexta-feira
Data: 15 de janeiro
Metal: prata, ouro branco, chumbo e níquel
Cor: branco leitoso
*Egrégoracarrancasliterárias

Deleite Antônio Nóbrega



O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional


O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional
 
 

O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional. 16233.jpegNo primeiro dia útil de 2012 a Rede Globo e a mídia brasileira noticiaram - de forma hipócrita - que o Irã, mais uma vez, desafiava o mundo ao fazer testes com mísseis de médio e longo alcance no Estreito de Ormuz, por onde passa a maior parte do petróleo consumido no ocidente, fornecido por monarquias árabes corruptas e subservientes ao imperialismo e ao sionismo.

O "jornalismo" da Globo tenta induzir a opinião pública mundial a apoiar qualquer tipo de ação criminosa por parte dos EUA ou da Otan contra o Irã, para favorecer a política belicista e imperialista dos EUA e racista de Israel.

A imprensa brasileira, na sua maioria, contrata agências de notícias norte-americanas para divulgar informações de países estrangeiros. Ora, as agências de notícias norte-americanas são financiadas pelo governo norte-americano justamente para mentir e enganar a opinião pública mundial. Portanto, a imprensa brasileira compra mentiras e divulga mentiras sendo, portanto, cúmplice de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade.

Os proprietários dos grandes meios de comunicação do Brasil deveriam ser levados às cortes internacionais por associação a crimes de lesa humanidade, por justificar - por exemplo - a guerra ao Iraque, Afeganistão, Líbia, e agora por apoiar guerras na Síria e
Irã.
 
Notícias tendenciosas
 
Esse conglomerado de empresas que fabricam notícias tendenciosas, que se diz "imprensa livre", não publica uma palavra sobre os crimes do governo norte-americano na Guerra da Coréia (onde os norte-americanos assassinaram 1 em cada 3 coreanos em 1950, dizimando 1/3 da população daquele país, onde seguem fazendo chantagens e ameaças atômicas, dividindo o país em fazendo da Coréia do Sul um depósito de armas e bombas atômicas). 
 
Nada sobre o assassinato pelos EUA e Otan de mais de 200 mil pessoas na Líbia. Essa pretensa mídia comercial não publica uma palavra sobre as bombas atômicas norte-americanas e suas 965 bases militares construídas para dominar o mundo. Nenhuma palavra sobre as armas químicas e biológicas atualmente desenvolvidas em laboratórios norte-americanos para serem usadas como armas de destruição em massa.
 
Os ataques diários da mídia ocidental à República Islâmica do Irã tem o único objetivo de incentivar e estimular uma nova guerra para favorecer os interesses mercantilistas de investidores norte-americanos e israelenses (judeus sionistas), detentores da maioria das ações das indústrias bélicas e petrolíferas na Bolsa de Valores de Nova Iorque.
 
O roqueiro Raul Seixas tinha razão: "Mamãe não quero ler jornais: mentir sozinho eu sou capaz".
 
Fonte: Jornal Água Verde
*Brasilmobilizado

Racismo no Distrito Federal

NEGLIGÊNCIA »  
Dilma manda investigar morte de seu secretário Por determinação da presidente da República, o Ministério da Saúde constatará se houve omissão no atendimento de Duvanier Paiva, que morreu de infarto depois de percorrer três hospitais

» GUSTAVO HENRIQUE BRAGA
» GABRIEL CAPRIOLI
» CRISTIANE BONFANTI



 (Ueslei Marcelino/Reuters - 10/11/11)

A presidente Dilma Rousseff determinou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que investigue a acusação de negligência no atendimento ao secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, 56 anos. Ele morreu na madrugada de quinta-feira, depois de sofrer um infarto no miocárdio e de ter o atendimento negado por dois hospitais particulares de Brasília — o Santa Lúcia e o Santa Luzia, que não eram credenciados ao plano de saúde dele, da Fundação de Seguridade Social (Geap). Como ele e a mulher, Cássia Gomes, que o acompanha, estavam sem dinheiro e sem talão de cheque, acabaram indo a um terceiro hospital, o Planalto, no qual Duvanier morreu na recepção, enquanto a ficha de internação era preenchida.

Segundo o Ministério da Saúde, devido à gravidade do caso, o atendimento a Duvanier ou a qualquer outro cidadão não poderia ter sido negado. Mas, para checar exatamente o que aconteceu, o órgão pediu à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que faça diligências nos três hospitais pelos quais o secretário de Recursos Humanos do governo Dilma passou — processo que começou ontem. A meta é apurar as condições de atendimento impostas pelos estabelecimentos e o porquê de eles terem sido descredenciados pela Geap sem que a reguladora fosse informada. “Se isso ocorreu, fere uma determinação da agência”, informou a ANS, por meio da assessoria de imprensa. A agência destacou que as operadoras têm autonomia para credenciar ou desligar médicos e clínicas livremente, mas o desligamento de hospitais deve ser comunicado previamente.

Secretário de Recursos Humanos do Planejamento, Duvanier Paiva tinha 56 anos (Carlos Vieira/CB/D.A Press - 12/1/12)
Secretário de Recursos Humanos do Planejamento, Duvanier Paiva tinha 56 anos

Outro ponto averiguado pela ANS será a exigência de cheque-caução pelos hospitais para fazer o atendimento, o que é proibido pela reguladora. Essa suspeita também será investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal, que abriu inquérito para apurar a omissão de socorro. “Nenhum serviço ou profissional de saúde pode negar socorro, inclusive com sentenças jurídicas já estabelecidas a este respeito”, afirmou o Ministério da Saúde, em nota. Com base nas denúncias, a pasta fez contato com o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), que já abriu procedimento de apuração de responsabilidade dos hospitais e de seus funcionários.

Dever
Na avaliação de Trajano Souza de Melo, promotor de defesa do consumidor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), nos casos de emergência médica, quando a vida do paciente está em perigo iminente, é dever de qualquer hospital, seja ele conveniado ou não ao plano de saúde, prestar o atendimento necessário até que a pessoa esteja fora de risco. Isso não exime a família ou o Estado de pagar pelo serviço, mas todas as questões relativas ao acerto financeiro devem ficar em segundo plano, até que o atendimento seja prestado.

“As circunstâncias em que o paciente chega ao hospital são muito importantes nesses casos. Os estabelecimentos da rede privada têm o direito de cobrar daqueles cujo plano não seja credenciado. Mas, em situações de emergência, o atendimento tem que vir em primeiro lugar”, ponderou o promotor. Ele destacou ainda ser fundamental que os beneficiários tenham sempre em mãos dados atualizados sobre a rede credenciada das operadoras contratas, para evitar surpresas em uma situação de urgência.

Marisa Makiyama, diretora técnico-assistencial do Santa Luzia, disse que, após um levantamento interno, não constatou a entrada de Duvanier na emergência do hospital na madrugada de quinta-feira. “Para tanto, foram checadas as imagens do circuito interno de TV, bem como os registros telefônicos e feitos contatos com funcionários que estavam de plantão”, afirmou. A câmeras serão periciadas pela Polícia Civil. O superintendente jurídico do Hospital Santa Lúcia, Gustavo Marinho, negou que tenha havido recusa de atendimento e reforçou que o hospital não exige caução de pacientes em situação de emergência.

Ministra Luiza Bairros: "É válido que se levante essa possibilidade. Isso (o racismo) é uma realidade"

NEGLIGêNCIA »
Suspeita de discriminação Ministra da Igualdade Racial diz que o fato de a vítima ser negra pode ter influenciado para que não fosse socorrida. Ela quer que a Polícia Civil investigue o caso, que considerou "mais do que lamentável"


Cristiane Bonfanti



Ministra Luiza Bairros:
Ministra Luiza Bairros: "É válido que se levante essa possibilidade. Isso (o racismo) é uma realidade"

A ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), pedirá que a Polícia Civil do Distrito Federal inclua nas investigações sobre a morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, a possibilidade de discriminação racial. Em entrevista ao Correio, ela afirmou que, em um caso como o do secretário, que era negro, a suspeita de racismo, mencionada por representantes do governo, é sempre procedente.

“É válido que se levante essa possibilidade. Até porque, há muito tempo, vem se colocando e se denunciando o tipo de tratamento discriminatório que as pessoas negras recebem no Brasil. Isso é uma realidade”, disse. Duvanier morreu na madrugada de quinta-feira, aos 56 anos, após sofrer um infarto agudo do miocardio e ter atendimento médico negado em dois hospitais particulares de Brasília, pelo fato de o seu convênio (a Geap) não ser aceito e por não possuir um talão de cheques em mãos.

A ministra considerou a morte do secretário “mais do que lamentável”. “Em se comprovando uma dimensão racial nesse caso, haveria uma indicação muito forte de que, na verdade, o racismo não está associado à condição econômica”, afirmou Luiza. A seu ver, diante da negação de direitos à população negra, o próprio Estado tem se preocupado em criar mecanismos que coloquem um ponto final nas discriminações.

Uma das medidas recentes foi a assinatura de um acordo de cooperação entre a Secretaria e o Ministério da Saúde, em outubro do ano passado. A parceria, a ser desenvolvida ao longo deste ano, prevê, além da divulgação de peças publicitárias no ambiente do Sistema Único de Saúde (SUS), a definição de uma estratégia para a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. “A política leva em conta, inclusive, o fato de que essas ocorrências cardíacas também são prevalecentes entre os negros e que isso deve ser observado nos serviços de saúde”, ressaltou a ministra. Ela admitiu, no entanto, que o governo precisa avançar no combate ao racismo. “Isso, na verdade, é um processo. Estamos num caminho que, absolutamente, não tem volta.”

Luiza ressaltou que, ao presenciar uma atitude de discriminação no ambiente hospitalar, o primeiro passo que a família precisa dar é fazer uma denúncia em uma delegacia. Mas há outros meios de combater o crime, como também registrar reclamações na própria ouvidoria da Secretaria da Igualdade Racial.

TransplantesProfessor do Centro de Convivência Negra da Universidade de Brasília e coordenador do sistema de cotas da instituição, Ivair dos Santos lembrou que, além dos problemas cardíacos, o negro sofre quando precisa de outras intervenções avançadas da medicina. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, a cada 10 transplantes de órgãos no Brasil, negros, pardos e indígenas são beneficiados com apenas duas operações médicas. “No SUS, a questão da saúde da população negra é uma das mais delicadas. Há um reconhecimento claro de que os negros têm tratamento diferenciado. E quem mais sofre é a mulher negra. Temos relatos de muitas que vão fazer tratamento ginecológico e nem sequer são tocadas”, exemplificou.

Na avaliação de Santos, a despeito das iniciativas do governo, a discriminação no sistema de saúde só tende a aumentar. “A classe média negra está crescendo. Mas os profissionais não estão acostumados a ver um negro pedindo atendimento. Os serviços não estão habituados a recebê-lo”, disse. Em nota, o Ministério da Saúde reforçou que “condena qualquer prática de racismo institucional”.


Violação dos direitosNo Distrito Federal, a morte do secretário Duvanier Paiva Ferreira também mobilizou a secretária da Promoção da Igualdade Racial do governo local, Josefina Serra. Ontem, na reunião interna que ela realiza às sextas-feiras, as denúncias de possibilidade de racismo no atendimento prestado a Duvanier foram o tema principal. Em nota, ela classificou o episódio como uma violação aos direitos humanos e informou que pediu que o caso seja apurado por meio do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do DF.

Cristina Kirchner, a mídia e nós

Por Venício A. de Lima, na revista Teoria e Debate:

Uma das mais importantes conquistas do primeiro governo de Cristina Kirchner na Argentina (2007-2011) foi a aprovação da Lei nº 26.522 – Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual –, em 10 de outubro de 2009. A Ley de Medios, como ficou conhecida, substitui o Decreto-Lei nº 22.285 promulgado pela ditadura militar, em 1981.


Marta e o BBB.
O PT tem medo da Globo

A senadora Marta Suplicy do PT de São Paulo escreveu importante artigo na pág. 2 da Folha (*) sobre o Big Brothel Brasil.

Importante pelo que diz e o que não diz.

O amor é lindo


Coloque um monte de jovens -homens e mulheres- com pouca roupa, jogos e brincadeiras que propiciem tensão e esfrega-esfrega, menos camas do que participantes (esta eu achei incrível!), muita bebida, diversão suficiente para descontrair, intrigas para algum suspense e você tem o “BBB”. Acrescente uma busca e seleção de personagens em escala nacional com promoção de mídia, todos com perfil para o enredo ter o mix mais picante e consegue-se a garantia de boa audiência, um pornô palatável, pois os que gostam se deliciam e os que desprezam passam longe e não criam confusão.


Até que das redes sociais ouvimos um grito de protesto. Este, agora, seguido por várias instituições que exigem apuração e questionam os procedimentos no programa. Duas novidades importantes: as redes sociais fizeram diferença e a questão da violência contra a mulher entrou na pauta!


A falta de intimidade, as dificuldades nos relacionamentos ditadas pela competitividade, o estresse, o cotidiano das cidades, a ruptura de laços familiares, tudo colaborou para uma enorme vontade de pertencer, saber mais (de longe) sobre o outro. Acrescente a curiosidade gerada por este mundo novo, fruto das mudanças dos anos 60, e dá para entender o surgimento do “An American Family”, no ano de 1973, que precedeu as variações que hoje temos. Falou-se então de divórcio e homossexualidade.


O desejo por mais adrenalina, a exploração cada vez maior da sexualidade, o prazer sádico, as alternativas pobres de entretenimento, somadas à contínua tensão deste mundo globalizado, onde cada vez mais cada um é mais por si e sozinho, levaram ao que temos hoje.


Não teríamos coisas mais interessantes do que estarmos aqui discutindo esse programa? Creio que sim. Mas o suposto estupro -negado pelos participantes do “BBB”, assim como foi ignorada pelos editores a vulnerabilidade da moça alcoolizada-, além de desencadear uma discussão sobre a adequação e a ética dos responsáveis pelo “BBB”, trouxe visibilidade a uma forma de violência pouco denunciada e que defendo revisão.


Há meses, apresentei um projeto de lei ao Senado que recria o tipo penal do “atentado violento ao pudor”. Isso porque depois de uma mudança de lei, em 2009, passou-se a considerar também como estupro atos libidinosos.


As condenações por tais atos diminuíram em virtude de os juízes ficarem constrangidos em dar penas tão severas por ato que consideram não tão grave quanto o estupro. O novo projeto mantém a pena de reclusão de seis a dez anos, em caso de estupro, e pena de dois a seis anos de reclusão, quando ocorrer o atentado violento ao pudor.


O amor é lindo, como disse Pedro Bial olhando a movimentação debaixo do edredom. Mas passa longe do “BBB”.


MARTA SUPLICY

Navalha
A senadora não entra na área.
Para antes do edredom.
De fato, ela observa que “a safadeza subedredônica”- como diz o Edu – provocou “ uma discussão sobre a adequação e a ética dos responsáveis pelo “BBB”.
Mas, em lugar de discutir a ética dos responsáveis pelo BBB, a Senadora defende um projeto de sua autoria no Senado.
Muito louvável a iniciativa da legisladora.
Lamentável é a sua omissão.
Diante da Globo, ela também foge, como fugiu o Bernardo, pela enésima vez, ao dizer que não tem nada com isso e, portanto, com a preservação dos princípios constitucionais, aqueles a que se referiu o Fernando Brito, do Tijolaço, e, depois, o Ministério Público, como revelou o Nassif.
Quando prefeita de São Paulo, a senadora batizou uma avenida de nome lindo – Águas Espraiadas – de Avenida “Jornalista (sic) Roberto Marinho” !
Na verdade, a Avenida do “jornalista” se embrica com a ponte do “Seu Frias” – aí, já uma obra do prefeito (sic) Padim Pade Cerra.
Ou seja, a cidade de São Paulo foi irremediavelmente invadida pelo PiG (**).
São Paulo é a única metrópole brasileira que não tem uma avenida “Getúlio Vargas”.
Como provavelmente não terá uma “Lula da Silva”.
Porque, como se sabe, São Paulo venceu a Guerra da Secessão de 1932.
O PT tem medo da Globo.
PT homem e mulher.




Paulo Henrique Amorim

MST vai transformar Privataria Tucana em cartilha para crianças

“O pessoal do MST me pediu licença para editar uma versão do livro para as crianças e adolescentes, em forma de história em quadrinhos. É claro que eu dei a licença. E tem mais novidade. Vai sair o CD do Privataria com músicas que fiz a alguns anos e que precisam de uns ajustes”, revelou Amaury durante o debate realizado na noite de 19/01 em Curitiba.
Fonte: Paranablogs
Alguém lembrou que a privataria tucana não acabou mas continua avançando no Paraná e em outros estados através da “terceirização” da saúde e da cultura, decidida com apoio de deputados aliados do governador Beto Richa sem ouvir em nenhum momento a população. Propõe-se entregar um relatório completo do processo dessa votação, acompanhado dos nomes dos deputados e das empresas que apoiaram suas campanhas eleitorais (obtidas no TRE),  para o Amaury incluí-lo no “Privataria II”, em elaboração.
Amaury afirmou que só escreve com fatos e documentos que provem as denúncias, cabendo às entidades fazer os documentos chegarem até ele.
Os presentes quiseram saber se Amaury acha que a CPI da Privataria sai ou não sai.
“Depende da pressão popular. O livro sozinho já tem dados e informações documentais mais que suficientes”, responde Amaury que, humoradamente, completa: “Meu filho é ‘filho’ do Banestado. Foi feito em Nova Iorque por causa do Banestado. É a minha CPI e vou voltar a ela no Privataria II”.
Ao final do debate  formou-se uma fila para os autógrafos, incrivelmente organizada.
“Êita povo prá gostar de fila, sô”, brincou Amaury, pegando a caneta para autografar dezenas de exemplares.
Vendendo dez exemplares de uma vez para um dirigente da associação dos ex-funcionários do privatizado Banestado, William diz que “Curitiba lançou a ideia e o bloqueio da mídia e das redes de livrarias está sendo vencido pelos convites para as dezenas de atos iguais a este que acabamos de assistir.”
*Gilsonsampaio

Charge do Dia

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