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Kassab vai para qualquer lado |
O PT não é o maior
partido político brasileiro à toa. Nele, entre outras coisas, as
lideranças nem sempre falam a mesma língua, o que faz com que em muitos
momentos para se chegar a uma posição seja necessário um amplo debate.
A
última demonstração dessa vitalidade foi a vaia a Kassab na festa dos
32 anos do partido. Engana-se quem acha que a vaia foi da base. Nessa
festa estavam apenas os “graduados”. E mesmo com Lula defendendo a tese
de que o PT deve fazer um acordo com o prefeito de São Paulo, isso não
impediu uma reação que em alguns casos poderia entendida como uma “falta
de educação”. Nesse caso não. A vaia foi educativa. Mostrou que
partidos não precisam e não devem ser instituições monolíticas.
Há
muitas lideranças do PT em São Paulo (diria que hoje a maioria) que
estão incomodadas com a aproximação que está sendo tentada com o atual
prefeito. Mesmo assim Lula tem insistido na tese de que a fissura entre
Kassab e o tucanato é a maior oportunidade que o partido já teve para
conquistar não só a prefeitura da capital, mas também o governo do
estado em 2014.
Os debates
internos estão sendo intensos e os disparos de Berzoini e Marta Suplicy
via twitter foram propositais e visavam alertar a militância de que não
existe uma opinião uníssona da “cúpula” neste tema.
A
vaia a Kassab se insere nesta lógica. As lideranças petistas de todo o
Brasil que foram à festa dos 32 anos e ajudaram a apupar o prefeito
disseram que são contra a aliança. E que esse assunto não vai ser
resolvido na carteirada. Conversando com alguns deles que estavam na
festa, o que mais se repetiu é que “reconhecem a liderança e a
importância de Lula”, mas consideram que “divergir do ex-presidente
também é algo natural e ajuda a fortalecer o partido enquanto
instituição”.
Se os articuladores
do convite a Kassab para a festa do PT achavam que esse fato poderia
ajudar na quebra de gelo entre as partes, se deram mal. Ao invés de
quebrar o gelo, o convite ajudou a azedar o leite. A partir dessa vaia
os que se posicionam contra o acordo vão se sentir mais à vontade para
discordar de Lula. Porque sentiram que não são a minoria. Ao contrário.
A
festa de 32 anos certamente vai ficar marcada por este fato. Pela vaia
ao prefeito paulistano. Se a vaia vai modificar o rumo das articulações,
isso é outra história. Até porque o que este blogue tem ouvido é que um
acordo com Kassab pode vir a ser feito de forma não explícita.
A
base do prefeito em São Paulo tem vários partidos da base do governo
Dilma em Brasília. Entre eles, o PCdoB e o PSB. Seria muito difícil para
um petista ser contra um vice do PSB para Haddad. Isso poderia ser uma
saída para os dilemas do acordo.
O
prefeito parece estar disposto a não ser parceiro de Alckmin nesta
eleição. A não ser que o governador apoie Afif. O que parece hoje algo
descartado.
Kassab também não
está disposto a apoiar Chalita, porque o considera o candidato de
Alckmin, principalmente se o PSDB sair com Andrea Matarazzo.
Por
isso a aproximação com o PT passa a ser uma saída real. Até porque o PT
tem o governo federal. E esse talvez seja o alvo do atual prefeito para
o futuro. Conseguir uma participação para o seu PSD no ministério de
Dilma. Quem sabe, um cargo para ele mesmo. Que sem o mandato ficaria
completamente sem poder.
Nos
partidos que não são nem de direita, nem de centro e nem de esquerda
ficar sem poder é algo mortal. Sem a caneta este tipo de político tende a
desaparecer. Serra que o diga.
*Blog do Rovai