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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, abril 03, 2012
segunda-feira, abril 02, 2012
Quem não queria o Brasil
(de Lula) nos BRICs ?
(Neste domingo, o de múltiplos chapéus defendeu a tese de que a Comissão da Verdade não levará à revisão da lei da Anistia. É o que em Harvar (é assim mesmo, revisor. Obrigado. PHA) se chama de wishful thinking.)
O ansioso blogueiro teve a petulância de comprar também na Amazon o livro “The Growth Map – Economic Opportunity (não se trata de um banqueiro condenado a dez anos de cadeia) in the BRICs and Beyond”, de Jim O’Neill, chairman do Goldman Sachs Asset Management e criador do acrônimo BRIC.
O PiG (**) e suas penas amestradas, como diz o Ciro, odeiam os BRICs.
Como a Presidenta foi à Índia numa reunião dos BRICs, o ódio se manifestou de várias formas.
Um editorial do Estadão chamou os BRICs de “comédia”.
A Folha (**) neste domingo disse que os BRICs estão na infância, não servem para muita coisa e, se tudo der certo, chegarão à maturidade quando o Otavinho já tiver vendido a Folha ao Tanure.
Qual é o problema dos BRICs para a Urubóloga, por exemplo ?
É que “BRIC” foi a solução engenhosa que o Jim O’Neill encontrou para sintetizar o que está NA cara de qualquer um: que o Brasil, Rússia, Índia e China (a África do Sul não faz parte do time do O’Neill) serão, juntos, breve, maiores que as economias do G7.
E que eles são a expressão de uma nova ordem econômica mundial, com o relativo enfraquecimento, primeiro, da União Soviética e, depois, da União Européia e dos Estados Unidos.
É o óbvio dilacerante !
Mas, para os Urubólogos e a elite (a pior de todas é a de São Paulo, porque, ainda por cima, é separatista) isso seria o desmentido de suas teses fracassomaníacas.
Os colonizados continuariam colonizados – com ou sem a Amazon – e o Brasil lá em cima, com o Nunca Dantes e a JK de Saias a dar bye-bye a Demóstenes, Cerra, Agripino e Civita – e suas penas amestradas.
Mas, é o próprio O’Neill quem conta isso, de forma mais elegante, claro.
Na pág. 49, ele conta que, em 2003 (logo, Governo Lula; atenção, amigo navegante !) , quando veio ao Brasil falar sobre o futuro papel dos BRICs, ALGUNS BRSILEIROS IMPLORARAM PARA QUE ELE NÃO FIZESSE ISSO ! (ênfase minha – PHA).
Os brasileiros “begged”.
Pelo amor de Deus, não ponha o Brasil nesse time !
Please !
Please !
I beg you, Jim !
Alguns “brasileiros” diziam que ele só incluiu o Brasil porque tornaria o acrônimo mais sonoro.
Ou porque faria um trocadilho com “brick” – tijolo, em inglês.
Mas, ele insistiu.
Um dos mais céticos foi um diretor brasileiro (?) do Goldman, Paulo Leme, que hoje é o rei da cocada preta do Goldman aqui no Brasil.
Paulo Leme era um dos “céticos “, diz O’Neill !
Na verdade, logo antes da eleição do Lula em 2002, o Goldman, em Wall Street, montou um “Trem Fantasma” com gritos lancinantes e figuras amedrontadoras, para anunciar o fim do mundo, caso Lula fosse eleito.
Dali do Goldman saíram as especulações mais sinistras contra o Lula !
Havia projeções alucinadas da cotação Real com Lula.
O’Neill conta que não deu a menor bola para as cassandras tupiniquins.
Quando voltou para casa, comprou alguns Reais.
Vendeu depois de três meses.
E foi um grave erro, ele diz.
“Porque nos últimos seis anos, o Real se tornou um moeda espetacularmente (literal, “spetacularly”) forte”, diz ele.
Na página 52, diz O’Neill:
“… in retrospecto, Lula se tornou o maior (“greatest”) formulador de políticas do G20 da primeira década do Seculo XXI.”
É por isso que a elite e os urubólogos da vida não queriam que o Brasil entrasse nos BRICs.
Para não ter que cortar os pulsos.
Paulo Henrique Amorim
Como os BRICS podem mudar geopolítica do mundo
Um jovem pesquisador brasileiro sustenta: EUA e Europa querem
minar a aliança das periferias, porque não aceitam dividir poder global
Oliver Stuenkel (na foto abaixo) fez parte da delegação brasileira para o fórum acadêmico Track II,
em preparação para a Cúpula de Nova Délhi para líderes do Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), que aconteceu na quinta
feira.
Stuenkel é especializado nas relações do Brasil com a Índia, mas também
foca mais amplamente suas pesquisas nos BRICS. Ele é atualmente
professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas, em São
Paulo. Também coordena um blog chamado Post Western World, que olha como as potências emergentes estão mudando o mundo.
Abaixo, estão partes de minha entrevista com Stuenkel, na qual ele
lança luz sobre o Brasil e as perspectivas e desafios que os BRICS
enfrentam. Ele também contraria aqueles que dizem que os BRICS falharam.
Oliver Stuenkel |
Oliver Stuenkel: Ser parte dos BRICS é muito importante por que o
conceito tem implicações geopolíticas. O país é visto como uma ameaça
potencial aos poderes estabelecidos. E o Brasil tradicionalmente tem
estado distante das áreas e temas mais importantes do mundo. Nunca fora
visto antes como uma ameaça potencial, ou um país poderoso, com
impacto relevante na situação global. Mas ser parte dos BRICS muda esta
percepção, em algum grau. A aliança faz do Brasil um ator muito mais
importante, na perspectiva europeia e norte-americana.
Penso que há, no Brasil, uma grande consciência de que ser parte dessa
aliança, ou grupo, pode permitir participar, por exemplo, no debate
sobre a emergência da Ásia. Isso é importante porque, até a inclusão da
África do Sul, os BRICS eram basicamente três países (China, Rússia e
Índia) que fazem parte da massa territorial da Eurásia. O Brasil é
muito distante deles, geograficamente. Combinado com o fato de que
Rússia, Índia e China se conhecem há muito tempo, isso contribuiu para o
fato que, até a África do Sul se juntar, o Brasil manter-se como um
estranho. A inclusão dos sul-africanos ajudou os BRICS a assumirem
dimensão global, capaz de representar mais continentes. Também fez com
que o Brasil se sentisse menos excluído.
A China ultrapassou os Estados Unidos, como maior parceiro comercial
do Brasil. A relação do Brasil com os BRICS tornou-se mais importante
que a relação com os Estados Unidos, ou até mesmo o Mercosul?
Stuenkel: É difícil responder isso, mas o governo brasileiro
continua a focar na sua própria região. Existe um forte reconhecimento,
no Brasil, de que o país sempre será parte da América do Sul e de que
os laços econômicos e políticos com essa região sempre serão uma
prioridade. No que diz respeito aos Estados Unidos, acredito que há uma
divisão na liderança brasileira. Durante o governo Fernando Henrique
Cardoso, a maioria dos políticos diriam que os EUA eram absolutamente
uma prioridade. Mas agora, com os governos de Rousseff e Lula, existem
pessoas tentando equilibrar as duas. Acredito que o Brasil nunca
escolher entre os BRICS ou os Estados Unidos – sempre haverá um certo
equilíbrio.
Você acredita que os Estados Unidos e a Europa prefeririam que os BRICS fracassassem?
Stuenkel: No lado norte-americano, acho que existe um interesse
forte em reduzir os laços entre o Brasil e o resto dos BRICS. Acredito
existir um entendimento claro de que o fortalecimento destas relações é
problemático… Repare que há muito poucas alianças poderosas no mundo
sem nenhuma participação europeia ou norte-americana. Os BRICS são a
única. E esse não é o interesse dos Estados Unidos.
Você vê evidências de interesses poderosos tentando dividir os BRICS?
Stuenkel: Existem esforços, nos Estados Unidos, para enfraquecer
as relações entre o Brasil e os outros países do BRICS. Vemos isso na
mídia. É muito difícil encontrar hoje qualquer comentarista
norte-americano ou europeu que fale que o BRICS pode ser algo bom, a
ser apoiado. A visão dos comentaristas e acadêmicos norte-americanos e
europeus sobre o BRICS é muito mais cética que a Índia, por exemplo —
onde há um novo grupo de pensadores emergindo.
Qual o maior desafio que o BRICS enfrenta?
Stuenkel: Articular uma visão comum, para mostrar ao resto do
mundo que é uma aliança poderosa, que pode construir uma visão clara do
que quer… Também acho que os BRICS precisam ser mais inovadores,
porque agora estão sendo comparados a experiências passadas como o G7 e
mesmo a União Europeia e OTAN. Muitas pessoas dizem “os BRICS não se
parecem com a UE ou com a OTAN – por isso, vão falhar”. Acredito que o
verdadeiro desafio para é pensar fora do padrão, considerar novas
ideias, criar algo que nem existe ainda e não entrará em xeque quando
algum problema bilateral entre seus membros aparecer.
Se forem capazes de fazer isso, quais serão os resultados?
Stuenkel: Se os BRICS forem capazes de falar com uma só voz em
qualquer situação que envolva assuntos globais, vão se converter
imediatamente em construtores de agenda e numa voz muito poderosa, que
nem os Estados Unidos, nem a União Europeia poderão ignorar. Seria a
primeira vez que teríamos uma alternativa séria à narrativa das
potências estabelecidas sobre como ver o mundo. O controle do discurso
global pelos norte-americanos ainda é bastante forte, porque os países
emergentes não são capazes de articular uma visão alternativa nesse
ponto. Os BRICS podem mudar isso.
Algumas pessoas dizem que os BRICS já falharam, por não terem estabelecido narrativa e visão unificadas. Você concorda?
Stuenkel: Não. Acho que existe, nos Estados Unidos e na Europa,
interesse em assegurar que os BRICS não estabeleçam uma narrativa.
Muitas análises que procuram criar uma imagem de que o BRICS são
incapazes de encontrar essa visão comum. É bastante natural que países
que começaram a se reunir formalmente há apenas quatro anos ainda
tenham problemas a resolver. Nunca chegará o dia em que concordem em
tudo, assim como a União Europeia e a OTAN não concordam em tudo.
Por que alguém que vive fora dos países do BRICS deveria se importar
com eles, ou com o fato de se encontrarem anualmente como um grupo?
Stuenkel: Porque os BRICS têm o potencial de se tornarem uma voz
muito importante. Não é possível resolver as mudanças climáticas, nem
lidar efetivamente com a instabilidade financeira global, sem eles. Se
estes cinco países disserem: “temos uma posição comum quanto às
mudanças climáticas”, isso será de importância crucial para a próxima
cúpula sobre o tema, e para o próprio debate global.
Onde você vê os BRICS em 2030?
Stuenkel: Em 2030, das quatro maiores economias do mundo, três
serão países do BRICS. Eu acho que isso irá mudar fundamentalmente o
mundo.
Gabriel Elizondo, correspondente da Al Jazeera no Brasil Tradução: Daniela Frabasile
No Outras Palavras
*comtextolivre
Festival de culto ao pênis atrai 13 mil pessoas no Japão
Cerca de 13 mil pessoas foram à cidade de Kawasaki, na Grande Tóquio, para participar de um festival inusitado que celebra o órgão sexual masculino. O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, atrai tudo que é tipo de público - desde pessoas que acreditam no culto ao órgão, que é reverenciado como se fosse algo divino, a turistas e curiosos, que querem tirar fotos inusitadas e rir um pouco
*Terra
Retorno àqueles dias “mal-ditos”
Jean Wyllys
Jornalista , é deputado federal pelo PSOL-RJ e integrante da frente parlamentar em defesa dos direitos LGBT. CARTA CAPITAL
Eu nasci em 1974, quando o Brasil estava sob a ditadura do general
Ernesto Geisel. Nasci na periferia miserável de Alagoinhas, cidade do
interior da Bahia.
Quando me entendi por gente, lá pelos anos 1980, a ditadura ainda
vigorava, mas lá, por aquelas bandas, não se fala em ditadura. Meus
pais, meus tios e meus vizinhos – aquelas pessoas pobres em luta apenas
pelo pão de cada dia – não falavam em ditadura.
E aquele comunicado da censura oficial que antecipava cada programa
de tevê que eu via pela janela do único vizinho com aparelho em casa,
aquele comunicado nada significava além de um alerta inócuo para mim e
para os demais.
Só anos depois, já no final do ensino fundamental, pude perceber,
pelos livros da biblioteca da casa paroquial (“Brasil: nunca mais”, o
principal deles) que nós fazíamos parte da pátria mãe que dormia
distraída enquanto era subtraída em “tenebrosas transações”, para citar
Chico Buarque.
Aliás, por falar em Chico Buarque, a trilha sonora oficial daqueles
“anos de chumbo” – que inclui, além de Buarque, Geraldo Vandré, Gilberto
Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Torquato Neto, Elis Regina e etc. – não
era ouvida naquelas bandas.
O que se tocava nas poucas radiolas, autofalantes da “feira do pau” e
na Rádio Emissora de Alagoinhas, eram artistas como Nelson Ned, Odair
José, Agnaldo Timóteo, Paulo Sérgio, Cláudia Barroso, Waldick Soriano e
Fernando Mendes, além, claro, de Roberto Carlos.
As verdades da ditadura – a censura, os conflitos, as torturas, os
assassinatos, os exílios – não chegavam até nós, da mesma maneira que
nossa verdade naqueles anos era – e é – ignorada pelos envolvidos na
resistência à ditadura e responsável em parte pela construção da memória
daquele período.
A memória é uma construção social e, sendo assim, pode cristalizar
determinados aspectos de um tempo, em detrimento de outros que poderiam e
podem ser muito importantes para se pensar o quadro político-social
vigente naqueles anos (afinal, a visão de mundo das camadas populares,
colocadas à margem do centro de decisão política, deve ter algo a nos
dizer sobre a ditadura: elas não sabiam ou não queriam saber, ou tinham
medo de saber ou eram simplesmente ignoradas em sua invisibilidade e
subalternidade? Sabemos hoje que, durante a ditadura, o perigo rondava o
conhecimento, e que, por isso, muitos oscilavam entre saber e
esquecer).
Ora, o historiador francês Jacques Le Goff, afirma que é preciso
interrogar-se sobre os esquecimentos. “Devemos fazer o inventário dos
arquivos do silêncio, e fazer a história a partir dos documentos e das
ausências de documentos”.
Até onde se sabe, não existem documentos que recupere a memória do
tratamento que os líderes dos movimentos revolucionários davam aos
homossexuais (em especial às mulheres lésbicas) seja em seus
“aparelhos”, seja nas prisões. Sendo assim, devemos trabalhar a partir
dessa ausência e do silêncio sobre em torno desse assunto. Há muito para
se dizer sobre aqueles dias “mal-ditos”.
A eleição da presidenta Dilma Rousseff – ela mesma uma vítima direta
dos crimes da ditadura militar e agente da resistência ao terrorismo de
estado praticado naqueles anos – abre um capítulo para a memória, que
não consiste apenas em estabelecer uma verdade historiográfica daqueles
crimes.
Tanto a verdade historiográfica quanto a temporada de julgamos que
esperamos que se suceda à historiografia pressupõem uma construção de
significados em um prazo longo (e não podemos ser ingênuos em acreditar
que essa construção não resultará em conflito ideológico e de valor –
vejam, por exemplos, a tagarelice do deputado e ex-militar Jair
Bolsonaro, defendendo que se gozava de liberdade no período da ditadura;
a ação de militares contra uma recente novela do SBT que tratou
superficialmente daqueles dias “mal-ditos”; e o manifesto contrário à
Comissão Nacional da Verdade assinado por mais de cem militares da
reserva e seguido pela arrogante declaração do secretário-geral do
Exército questionando a veracidade das torturas de que foi vítima a
presidenta Dilma).
A verdade – ou verdades – sobre os porões de tortura, vôos da morte,
assassinatos, sequestros, a desumanidade dos métodos dos repressores
para conter a resistência é certamente terrível, sobretudo para quem
sobreviveu aos fatos. Mas é necessária. Eu tenho direito a ela! Minha
geração e as que vieram depois têm direito a ela!
A Comissão da Verdade, liberada do imediatismo dos fatos, poderá nos
oferecer uma narrativa não unificadora, porque esta não seria desejável.
Esperamos que todos os que escreveram aquelas páginas infelizes e
sobreviveram a esse ponto de resgatá-las sejam ouvidos pela Comissão da
Verdade.
Por isso, para garantir a lisura dos trabalhos da mesma e auxiliá-la
ao mesmo tempo, um grupo de deputados da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara – do qual faço parte – decidiu instituir uma
Subcomissão Parlamentar da Memória, Verdade e Justiça que conta com o
coordenação da deputada Luiza Erundina. Assim que se noticiou a
existência dessa subcomissão, chegou, ao meu gabinete, um exemplar do
calhamaço “A verdade sufocada – a história que a esquerda não quer que o
Brasil conheça”, escrito pelo coronel reformado Carlos Alberto
Brilhante Ustra.
E eu já o li (criticamente, claro). Sabemos que tanto a Comissão
Nacional da Verdade quanto a nossa subcomissão parlamentar não poderão
reconstruir tudo, mas a utopia de tudo saber a respeito daquelas páginas
infelizes de nossa história deve servir como um programa, um horizonte e
uma advertência para o futuro.
*Turquinho
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