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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 03, 2012

A grande mídia a serviço de quadrilhas organizadas

 

J. Carlos de Assis, via Carta Maior

Décadas atrás li a autobiografia do general Reinhard Gehlen, o chefe da espionagem alemã no Leste Europeu durante a 2ª Guerra Mundial, o qual, com o fim desta e a derrota de Hitler, salvou a própria cabeça e as cabeças de seus auxiliares mais próximos vendendo aos norte-americanos seus arquivos e sua rede de contatos no coração da União Soviética. Tornou-se uma legenda, pela eficiência com que organizou, nas duas situações – sob Hitler, e sob os norte-americanos –, sua excepcional rede de espionagem contra os soviéticos.

O fim da guerra deveria ter significado também o seu fim. Precavido, antes da derrocada final alemã enterrou algo como 50 barris de microfilmes em montanhas da Áustria para negociá-los com os vencedores. Deu certo. Gehlen acabou conquistando a confiança dos norte-americanos, e da própria CIA, transferindo para eles sua lealdade e, principalmente, seus arquivos materiais e mentais. Na antiga função, notabilizara-se sobretudo por ter sob seu comando centenas de brilhantes jovens espiões, recrutados entre a elite dos exércitos alemães. Na nova, manteve esses critérios.

Cerca de 4 mil agentes do antigo Reich foram “transferidos” para os serviços de espionagem da nova Alemanha dirigidos por Gehlen. Foram fundamentais para a organização de um serviço de informação ocidental direcionado contra os soviéticos. Antes, não havia nenhum sistema de espionagem estruturado nesse sentido pelos norte-americanos. Sem os serviços de Gehlen, e sem essa “transferência”, os Estados Unidos teriam uma tremenda dificuldade na condução ideológica de seu lado na Guerra Fria, que não se limitava apenas à espionagem, mas também à comunicação.

Essas reminiscências me vieram à mente com o fim da União Soviética, e com a pergunta óbvia: O que foi feito do imenso aparato de espionagem, informação e contra-informação soviético, deixado sem pai nem mãe enquanto o Estado se desestruturava no desgoverno Yeltsin? Sabemos que algo dele sobreviveu nas mãos de Putin, mas até que este antigo homem de informação assumisse o poder dezenas de milhares de espiões de dentro e de fora da União Soviética perderam privilégios e rendas, sendo forçados a buscar outros meios de vida.
Minha intuição é que essa rede universal de espionagem deserdada, não tendo em seu comando um general Gehlen que a negociasse em bloco com um novo patrão – os norte-americanos não se interessariam, a não ser pelos cabeças –, tem sido comprada no varejo por duas estruturas poderosas, que podem pagar por ela: o sistema financeiro e a grande mídia. O sistema financeiro usa a espionagem privada para manipular e chantagear políticos na busca de decisões legislativas a seu favor. É uma forma agressiva de lobby, que funciona sobretudo nos Estados Unidos.
Quanto à utilização pela mídia de espiões descolados das estruturas formais de espionagem, tivemos a primeira evidência mundial com o caso Murdoch na Inglaterra: esse mega-empresário das comunicações, dono do Wall Street Journal, dentre outros jornais de direita, foi pego com a boca na botija ao empregar espiões para grampear personalidades de várias áreas na Inglaterra para chantageá-los com seu jornal de escândalos. Isso sugere o cruzamento de interesses financeiros com interesses midiáticos espúrios, numa conspiração gigantesca, em escala global, contra a democracia.
No Brasil, estamos assistindo estupefatos ao descortinamento do conúbio inacreditável entre mídia e crime organizado: gravações feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça revelam que a maior revista do pais, Veja, teria sido regularmente pautada por bandidos que usam espiões privados, alguns egressos do antigo SNI, para muitas vezes forjar escândalos. Note-se que o SNI, Serviço Nacional de Informações, foi extinto por Collor anos atrás, e seus espiões, assim como os soviéticos, foram deixados à solta no mundo para quem pagasse melhor.
Em relação à Veja havia outros indícios de utilização de espiões, como tem sido bem documentado pelos jornalistas Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim. Com minha experiência de mais de 30 anos de jornalismo ativo, e tendo eu próprio sido um dos introdutores do jornalismo econômico investigativo na área econômica no início dos anos 80 – portanto, ainda sob a ditadura –, desconfio de reportagens com excesso de detalhes cronológicos, minuto a minuto – como recentemente fizeram com José Dirceu. Nenhum repórter consegue esses detalhes relativamente a fatos passados a não ser pela mão de um espião. Alguém os colhe, e a maioria que os colhe, colhe-os para vender.
Como outras revistas de direita, Veja paga pelo material, na medida em que rende aumento de circulação, pondo um laranja para assinar. Tudo se faz, claro, sob o manto protetor da liberdade de imprensa!
J. Carlos de Assis é economista e professor, presidente do Intersul, autor, junto com o físico-matemático Francisco Antonio Doria, do recém-lançado O universo neoliberal em desencanto, pela editora Civilização Brasileira. Esta coluna é publicada também no site Rumos do Brasil e, às terças, no jornal carioca Monitor Mercantil.
*Limpinhoecheiroso

Comandante da PM de São Paulo, que realizou ações na USP, na Cracolândia e no Pinheirinho, deixa o cargo

Jeitinho tucano de governar e fritar seus aliados.


O comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo (foto), deixou o cargo na tarde de segunda-feira, dia 2. A Polícia Militar, por meio de sua assessoria imprensa, não informou as razões da saída de Camilo. Ele ficou no cargo por três anos. Em nota, o comandante afirmou que foi um privilégio comandar a instituição.

O coronel comandou a PM em três ações polêmicas no final de 2011 e começo de 2012: o convênio com a USP, a ação na Cracolândia, no centro de São Paulo, e a reintegração de posse do terreno Pinheirinho, em São José dos Campos. Denúncias mostraram que houve abusou por parte de policiais militares.

Camilo entrou para a corporação em 1979. Atualmente é também integrante do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp) e preside o Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros (CNCG).

Demóstenes, o Probo, não vai renunciar, porque se o fizer vai dividir cela com Carlinhos Cachoeira



Aí vai rolar bitoquinha...

Não adianta a imprensa correr atrás, nem o DEM e os demos virem a público dizer que vai acontecer a, b ou c. Demóstenes simplesmente não vai renunciar, porque perde o foro especial e vai em cana.

Seu advogado, Kakay, vai empurrar com a barriga o quanto puder, enquanto não se tiver a real dimensão de até aonde foi o chuê, chuê e o chuá, chuá das águas do Cachoeira.

Vamos que tenha ministro do STF na fita...

Se não der pra melar o caso - se não for possível colocar um gordinho bem obeso sentado em cima do processo - Kakay vai alegar que todas as escutas foram ilegais, porque Demóstenes é um senador da República.

Reparem que advogado jamais diz que Demóstenes é inocente. Fala apenas que não teve acesso ao conjunto do processo. Que as fitas são ilegais.

Por isso, Demóstenes não renuncia.

O DEM vai pelo mesmo caminho. Late, late, late, mas não morde. Porque além do caso Demóstenes, surgiu também o do José Agripino, aquele covarde que disse que a presidenta mentiu sob tortura, e engoliu em seco a firme resposta de Dilma.



terça-feira, 3 de abril de 2012

Veja põe sudário na capa, mas quem sua sangue é a revista

O mundo da revista Veja caiu junto com o de Demóstenes, o Probo, Torres.

Investigação da PF na Operação Monte Carlo mostrou que foram mais de 200 ligações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e Demóstenes. Mas também "mais de 200 telefonemas trocados entre ele [o contraventor Carlinhos Cachoeira] e o diretor da sucursal de Brasília da Veja Policarpo Jr".

E a revista esperneia, tateia e falseia como seu antigo ídolo. Demóstenes, inicialmente, disse estar tranquilo. O mesmo faz a Veja.

Mas a capa da revista mostra o oposto. Em vez de dar destaque ao caso, como seria o óbvio, pelo perfil da revista, Veja partiu para uma capa com o santo sudário. Mostrava assim o que ia em sua alma.

Escolheu uma, entre as 200 ligações, para defender seu diretor. Como fez no início Demóstenes, ao se apegar aos presentes de casamento.

Veja, como Demóstenes, sabe que está perdida. É questão de tempo até que apareçam as conversas entre Policarpo e o bicheiro, cuja quadrilha era formada por deputados, senadores, governadores, arapongas, jornalistas, policiais, empreiteiras (entre elas a Delta, a preferida do governador do Rio Sergio Cabral).

O Brito, do Tijolaço, fez uma excelente análise do caso.

A revelação do submundo de intrigas, grampos, chantagens, extorsões, matérias encomendadas ficou clara no diálogo em que o chefe da quadrilha, Carlinhos Cachoeira, fala de seu subordinado, Policarpo Jr., e da Veja:

- "[Estamos] Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos (furos de reportagem) já foram, rapaz? E tudo via Policarpo."


Talvez Cachoeira esteja certo e estejamos passando o Brasil a limpo - não pelas reportagens feitas por Policarpo, ele e Veja. Mas pela que será feita sobre essa parceria.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Demóstenes, o Probo, não vai renunciar, porque se o fizer vai dividir cela com Carlinhos Cachoeira



Aí vai rolar bitoquinha...

Não adianta a imprensa correr atrás, nem o DEM e os demos virem a público dizer que vai acontecer a, b ou c. Demóstenes simplesmente não vai renunciar, porque perde o foro especial e vai em cana.

Seu advogado, Kakay, vai empurrar com a barriga o quanto puder, enquanto não se tiver a real dimensão de até aonde foi o chuê, chuê e o chuá, chuá das águas do Cachoeira.

Vamos que tenha ministro do STF na fita...

Se não der pra melar o caso - se não for possível colocar um gordinho bem obeso sentado em cima do processo - Kakay vai alegar que todas as escutas foram ilegais, porque Demóstenes é um senador da República.

Reparem que advogado jamais diz que Demóstenes é inocente. Fala apenas que não teve acesso ao conjunto do processo. Que as fitas são ilegais.

Por isso, Demóstenes não renuncia.

O DEM vai pelo mesmo caminho. Late, late, late, mas não morde. Porque além do caso Demóstenes, surgiu também o do José Agripino, aquele covarde que disse que a presidenta mentiu sob tortura, e engoliu em seco a firme resposta de Dilma.



Agripino agora também está no olho do furacão, Veja documento do Ministério Público do RN com denúncia de que José Agripino teria embolsado R$ 1 milhão.

Demóstenes vai lançar seu abraço de afogado a todos os que ele sabe que se banharam nas águas de Cachoeira, inclusive a revista Veja e seus jornalistas.

É esperar pra ver.
*Mello

CPIs podem não sair. 

Saiu na Carta Maior reportagem de Najla Passos:

Deputados terão que escolher entre CPIs da Privataria e do Cachoeira

Há duas CPIs com alto potencial de influir nas eleições municipais deste ano, a da Privataria Tucana e a do Carlinhos Cachoeira. Mas, em função das normas regimentais da casa, apenas uma poderá sair ainda este ano. E a negociação será feita entre as bancadas. “Há, sim, o risco de que fique tudo para depois das eleições”, afirma o deputado Protógenes Queirós (PCdoB-SP), autor dos pedidos de instalação das CPIs.

Najla Passos

Brasília – Duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) com alto potencial de influir nas eleições municipais deste ano, a da Privataria Tucana e a do Carlinhos Cachoeira, continuam paradas na Câmara dos Deputados, aguardando decisão de instalação exclusiva do presidente da casa, deputado Marco Maia (PT-RS). Mas, em função das normas regimentais, apenas uma poderá sair ainda este ano. E a negociação será feita entre as bancadas.

De acordo com o deputado Protógenes Queirós (PCdoB-SP), autor dos pedidos de abertura das duas CPI´s, ambos atenderam aos requisitos formais da casa, como o quórum mínimo necessário de assinaturas, que é de 171 deputados. Entretanto, como o presidente já instalou três outras CPI´s em 2012 e há uma quarta na lista, haverá espaço para apenas mais uma delas neste ano legislativo. “Pelas normas da Câmara, só podem ser instaladas cinco CPI´s por ano”, explica.

Mais
*Ajusticeiradeesquerda

Alvo de denúncias, Demóstenes anuncia saída do DEM

 

 

  • A, 3 Abr (Reuters) - O senador Demóstenes Torres (GO) anunciou sua desfiliação do DEM nesta terça-feira, após denúncias de suposto envolvimento com Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado pela Polícia Federal de ser o chefe de uma quadrilha de exploração de jogos ilegais.
Na segunda-feira, o DEM abriu um processo de expulsão de Demóstenes do partido. Oficialmente comunicado nesta terça da decisão, o senador encaminhou carta ao presidente da sigla, senador José Agripino (RN), informando sobre sua desfiliação.
"Diante do pré-julgamento público que o partido fez, comunico a minha desfiliação", diz o documento encaminhado por Demóstenes.
A legenda decidiu iniciar o processo de expulsão após reunião na segunda-feira. Demóstenes havia prometido participar do encontro para apresentar sua defesa, mas não compareceu. Pediu mais tempo para se explicar.
Denúncias veiculadas na imprensa apontam que Demóstenes e Cachoeira teriam uma relação próxima. O senador teria pedido a Cachoeira, preso desde fevereiro pela Polícia Federal, que pagasse despesa com táxi-aéreo de 3 mil reais, além de supostamente ter revelado detalhes de reuniões reservadas das quais participou com autoridades do Executivo, do Judiciário e do Legislativo.
Na quinta-feira da última semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para apurar o envolvimento do senador e determinou a quebra de seu sigilo bancário.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
*Yahoo

Malvinas: memória, verdade e justiça



Não é possível deixar de assistir o discurso da presidenta argentina Cristina Kirchner, ontem, na celebração dos 30 anos da Guerra das Malvinas.
Uma fala que toca qualquer coração sensível, qualquer cérebro lúcido.
Editei um trecho, logo após ela saudar os ex-combatentes.
Cristina percorre o sentido de três palavras.
A memória daqueles fatos dolorosos, sim.
Mas a necessidade de que todos possam conhecer toda a verdade, explicando sua ordem parta que se desclassificasse o sigilo sobre o Informe Rattenbach, elaborado ainda sob o período ditatorial e jamais conhecido em sua íntegra, apesar dos vazamentos que vinha tendo pela mídia.
E, evocada pela memória e esclarecida pela verdade, a necessidade de justiça.
Uma justiça que venha desde o direito de cada mãe poder, ao menos, ter o corpo de seu filho sob uma lápide e poder chorá-lo e que chegue à ideia obvia de não podem haver mais colônias no mundo, que um país não possa se arvorar a detentor de terras a 14 mil quilômetros de distância de si, pelo simples razão de ser forte.
Kirchner pronuncia um libelo contra a guerra, mas também um libelo contra a mentira e a injustiça.
Depois de ouvi-la, dá pena ler a forma caricata, quase folclórica, com que nossa imprensa trata esta questão.
Chega a ser ridículo mostrar aquelas típicas cabines telefônicas vermelhinhas dos ingleses como “prova” de que as Malvinas, quando todos sabem que ali se disputa o ponto de apoio para o controle do Sul do Atlântico, agora ainda com o plus de vir gratinado em petróleo.
Chega a ser vergonhoso que haja a necessidade de uma chefe de Estado, nos extremos da Patagônia, ter de lembrar ao mundo que todas as nações e povos merecem o mesmo respeito.
Todo cidadão do mundo deveria ouvir este discurso.
Nossos militares, nossos diplomatas, nossos jornalistas, para que deixassem de lado as visões mesquinhas, frias e sem paixão, com que olham esta questão.
Mas também nós, cidadãos descrentes da política, que nos acostumamos a ver pequenez e cinismo nas palavras dos governantes.
Cristina Kirchner nos faz sentir orgulho de sermos dignos, decentes, humanos e – porque tanto se nega esta palavra? – patriotas. Com isso, ao afirmarmos o direito de autodeterminação dos povos e o respeito a todos eles, abraçarmos a única ideia de cosmopolitismo possível: a que embute a paz e a igualdade.
*Tijolaço

ORA, DIREIS: ANTI-IMPERIALISMO! CERTO. PERDESTE O SENSO!

Galtieri: 'Esa noche me emborracho...'

Trinta anos atrás, um bando de generais facínoras, que em 1976 tinham tomado o poder de assalto na Argentina, massacrando cerca de 30 mil pessoas, desencadearam uma operação militar para ocupar as ilhas Malvinas, que desde 1833 era uma possessão britânica no Atlântico Sul reinvindicada pelos argentinos. Foi uma patriotada destinada a unir o país em torno da ditadura militar, desgastada por uma grave crise econômica e social.
O pior é que eles conseguiram: dias depois da invasão, multidões se concentraram em frente à Casa Rosada e até militantes montoneros, que tinham sido torturados nos cárceres do regime, foram defender a ação dos militares. Em nome do "anti-imperialismo". Até Cuba apoiou a ditadura argentina - que teve um papel fundamental em operações de contra-insurgência na America Central patrocinada pelos EUA.
Os militares argentinos cometeram erros colossais de avaliação. Primeiro, achavam que a Grã-Bretanha jamais se daria ao trabalho de despachar uma frota tão longe para reocupar ilhas quase desertas. Não perceberam que a Dama de Ferro estava em apuros e que uma guerra como essas seria uma excelente oportunidade para ela reconquistar a popularidade. Segundo, os generais acreditavam que os Estados Unidos, agradecidos pelo papel de Buenos Aires na guerra suja contra o "comunismo" na América Latina, apoiariam incondicionalmente a Argentina, em detrimento do Reino Unido, aliado preferencial dos americanos na Europa e na Otan.
Em dois meses, os britânicos acabaram com a aventura militar dos argentinos, mal-preparados e mal equipados para uma ação como aquela. O conflito matou 649 argentinos e 255 britânicos e mergulhou a ditadura numa crise terminal. Felizmente. 

Prisioneiros de guerra argentinos: humilhação
Ficou a humilhação de um povo que se deixou levar pela fanfarronice de seus ditadores. O mais grave é que grande parte da esquerda latino-americana, nesse episódio, perdeu completamente o senso, incapaz de ver o que aconteceria se os generais argentinos vencessem aquela guerra. E levantaram a bandeira da soberania, mas se esqueceram da autonomia. Afinal, quem foi se importou com a opinião dos kelpers, os habitantes das Malvinas?
     



Charge do Dia



Recordar é viver Demóstenes: 'Bandido perigoso tem que ir para a cadeia'


*comtextolivre

segunda-feira, abril 02, 2012


Quem não queria o Brasil
(de Lula) nos BRICs ?

Como se sabe, o colonista (*) dos múltiplos chapéus, aquele que tem uma seção de “Livros” na Folha (**) e no Globo (dose dupla de PiG (***) !!!) aos domingos, pensa que é o único brasileiro que compra na Amazon.

(Neste domingo, o de múltiplos chapéus defendeu a tese de que a Comissão da Verdade não levará à revisão da lei da Anistia. É o que em Harvar (é assim mesmo, revisor. Obrigado. PHA) se chama de wishful thinking.)

O ansioso blogueiro teve a petulância de comprar também na Amazon o livro “The Growth Map – Economic Opportunity (não se trata de um banqueiro condenado a dez  anos de cadeia)  in the BRICs and Beyond”, de Jim O’Neill, chairman do Goldman Sachs Asset Management e criador do acrônimo BRIC.

O PiG (**) e suas penas amestradas, como diz o Ciro, odeiam os BRICs.

Como a Presidenta foi à Índia numa reunião dos BRICs, o ódio se manifestou de várias formas.

Um editorial do Estadão chamou os BRICs de “comédia”.

A Folha (**) neste domingo disse que os BRICs estão na infância, não servem para muita coisa e, se tudo der certo, chegarão à maturidade quando o Otavinho já tiver vendido a Folha ao Tanure.

Qual é o problema dos BRICs para a Urubóloga, por exemplo ?

É que “BRIC” foi a solução engenhosa que o Jim O’Neill encontrou para sintetizar o que está NA cara de qualquer um: que o Brasil, Rússia, Índia e China (a África do Sul não faz parte do time do O’Neill) serão, juntos, breve, maiores que as economias do G7.

E que eles são a expressão de uma nova ordem econômica mundial, com o relativo enfraquecimento, primeiro, da União Soviética e, depois, da União Européia e dos Estados Unidos.

É o óbvio dilacerante !

Mas, para os Urubólogos e a elite (a pior de todas é a de São Paulo, porque, ainda por cima, é separatista) isso seria o desmentido de suas teses fracassomaníacas.

Os colonizados continuariam colonizados – com ou sem a Amazon – e o Brasil lá em cima, com o Nunca Dantes e a JK de Saias a dar bye-bye a Demóstenes, Cerra, Agripino e Civita – e suas penas amestradas.

Mas, é o próprio O’Neill quem conta isso, de forma mais elegante, claro.

Na pág. 49, ele conta que, em 2003 (logo, Governo Lula;  atenção, amigo navegante !) , quando veio ao Brasil falar sobre o futuro papel dos BRICs, ALGUNS BRSILEIROS IMPLORARAM PARA QUE ELE NÃO FIZESSE ISSO ! (ênfase minha – PHA).

Os brasileiros “begged”.

Pelo amor de Deus, não ponha o Brasil nesse time !

Please !

Please !

I beg you, Jim !

Alguns “brasileiros” diziam que ele só incluiu o Brasil porque tornaria o acrônimo mais sonoro.

Ou porque faria um trocadilho com “brick” – tijolo, em inglês.

Mas, ele insistiu.

Um dos mais céticos foi um diretor brasileiro (?) do Goldman, Paulo Leme, que hoje é o rei da cocada preta do Goldman aqui no Brasil.

Paulo Leme era um dos “céticos “, diz O’Neill !

Na verdade, logo antes da eleição do Lula em 2002, o Goldman, em Wall Street, montou um “Trem Fantasma” com gritos lancinantes e figuras amedrontadoras, para anunciar o fim do mundo, caso Lula fosse eleito.

Dali do Goldman saíram as especulações mais sinistras contra o Lula !

Havia projeções alucinadas da cotação Real com Lula.

O’Neill conta que não deu a menor bola para as cassandras tupiniquins.

Quando voltou para casa, comprou alguns Reais.

Vendeu depois de três meses.

E foi um grave erro, ele diz.

“Porque nos últimos seis anos, o Real se tornou um moeda espetacularmente (literal, “spetacularly”) forte”, diz ele.

Na página 52, diz O’Neill:

“… in retrospecto, Lula se tornou o maior (“greatest”) formulador de políticas do G20 da primeira década do Seculo XXI.”

É por isso que a elite e os urubólogos da vida não queriam que o Brasil entrasse nos BRICs.

Para não ter que cortar os pulsos.


Paulo Henrique Amorim