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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, julho 03, 2012
Bullying é a tentativa de destruir no outro aquilo que nos incomoda por dentro
Bullying é a tentativa de destruir no outro aquilo que nos incomoda por dentro
por Patricia Gebrim
As redes sociais acabam por facilitar o nosso reencontro com o passado. Ao menos é o que tenho vivido nos últimos dias, quando antigos colegas de escola criaram um grupo em uma rede social e estão marcando um reencontro após mais de duas décadas se terem passado. |
Mensagens
começaram a surgir. Fotos, lembranças... Impossível não recordar os
velhos tempos! De repente ressurgem antigos apelidos e memórias que
andavam soterradas sob as infinitas solicitações do dia a dia.
Tudo isso me fez pensar em um tema que, embora não seja atual, apenas recentemente tenha conquistado seu lugar: bullying.
Claro que na minha época também existia. Eu mesma passei pelo suplício de me deparar com a crueldade alheia, acreditem, embora naquela época não existisse um nome para isso. Como na nossa sociedade “o que não tem nome, inexistente é!”, prosseguiam livremente os atos arbitrários de pura maldade, com a anuência e, muitas vezes, colaboração dos adultos, até mesmo de professores. Em minha meninice eu não me cansava de perguntar o que fazia uma pessoa sentir prazer em ferir outro alguém. Que distorção monstruosa era aquela que se apoderava das pessoas? E que cegueira absurda era aquela que fazia com que tantos assistissem sem interferir?
É interessante pensarmos que nem sempre as vítimas de bullying são aquelas que apresentam alguma característica física diferente ou mais evidente. Na verdade são escolhidas como vítimas aqueles que possuem algum tipo de fragilidade, seja física ou emocional. Cabem aqui os mais sensíveis, os tímidos, os emocionalmente fragilizados; ou os que diferem em algum aspecto, e por seu comportamento diferenciado acabam por “incomodar” seus agressores.
Já os praticantes de bullying, tem um perfil diferente. Sentem prazer de ver e sentir o desprazer do próximo. Buscam a aprovação do grupo a qualquer custo. Fazem uso da fragilidade alheia para se sentirem com um controle e poder que, na certa, há muito escapara de suas mãos na vida. Bullying é um ato consciente, hostil, repetitivo e deliberado que tem um objetivo: ferir os outros e angariar poder através da agressão.
Adultos, envolvam-se
Pensando nisso tudo, me dei conta do quanto nós, adultos, precisamos nos comprometer e ficar presentes juntos aos nossos filhos, não importa o lado que ocupem nesse triste espetáculo que destrói tanta gente.
Se forem eles vítimas de crueldades, se estiverem sendo atacados verbal ou fisicamente, se estiverem sendo excluídos do grupo, se estiverem recebendo ameaças ou sofrendo com gozações, insultos e apelidos maldosos, se tiverem seus pertences roubados ou destruídos... Saiba que estarão se sentindo extremamente sós, confusos, provavelmente acreditando que deva de fato existir algo de errado com eles, algo que justifique tanta agressão. Precisamos nos envolver, ajudá-los a perceber que não merecem aquele tratamento e que não estão sozinhos. Devemos estimulá-los a contar quando tais atos acontecerem e confiar que receberão ajuda dos pais e da escola. Não abandone seus filhos. Não exija que eles resolvam sozinhos essa situação. Feridas assim podem deixar marcas por toda uma vida. Ajude-os. Comprometa-se!
E se forem seus filhos os agressores, não fechem os olhos, eles também precisam de ajuda para lidar com essa distorção que os torna cruéis e destrutivos.
Busque as raízes dessas atitudes, questione, faça com que assumam a responsabilidade por seus atos, não os acoberte. Procure ensiná-los a encontrar dentro deles a parte que pode ser mais amorosa e justa, a parte capaz de respeitar, a parte capaz de perceber a dor que estão causando ao outro. A parte que é capaz de sentir dor quando o outro sofre.
Precisamos ajudar, vítimas e agressores, a se curarem, a reconhecerem tanto sua força quanto a sua fragilidade, a aprenderem que todos nós carregamos em nosso íntimo aquilo que mais incomoda nos outros. Precisamos ajudá-los a reconhecerem e assumirem suas sombras, diferenças e deficiências, sem precisar projetá-las em alguém fora deles, a quem passam a perseguir e querer destruir.
Todo ato de destruição trata-se de uma triste tentativa de matar no outro o que não suportamos em nós mesmos.
Claro que o tempo passa. Aliás, nesta vida, tudo passa. Que bom!
Hoje mesmo olho para trás e mal me reconheço naquela menina tímida e dentuça. Ainda assim, me estendo através do tempo e a pego com carinho no colo enquanto sussurro em seus ouvidos:
Tudo isso me fez pensar em um tema que, embora não seja atual, apenas recentemente tenha conquistado seu lugar: bullying.
Claro que na minha época também existia. Eu mesma passei pelo suplício de me deparar com a crueldade alheia, acreditem, embora naquela época não existisse um nome para isso. Como na nossa sociedade “o que não tem nome, inexistente é!”, prosseguiam livremente os atos arbitrários de pura maldade, com a anuência e, muitas vezes, colaboração dos adultos, até mesmo de professores. Em minha meninice eu não me cansava de perguntar o que fazia uma pessoa sentir prazer em ferir outro alguém. Que distorção monstruosa era aquela que se apoderava das pessoas? E que cegueira absurda era aquela que fazia com que tantos assistissem sem interferir?
É interessante pensarmos que nem sempre as vítimas de bullying são aquelas que apresentam alguma característica física diferente ou mais evidente. Na verdade são escolhidas como vítimas aqueles que possuem algum tipo de fragilidade, seja física ou emocional. Cabem aqui os mais sensíveis, os tímidos, os emocionalmente fragilizados; ou os que diferem em algum aspecto, e por seu comportamento diferenciado acabam por “incomodar” seus agressores.
Já os praticantes de bullying, tem um perfil diferente. Sentem prazer de ver e sentir o desprazer do próximo. Buscam a aprovação do grupo a qualquer custo. Fazem uso da fragilidade alheia para se sentirem com um controle e poder que, na certa, há muito escapara de suas mãos na vida. Bullying é um ato consciente, hostil, repetitivo e deliberado que tem um objetivo: ferir os outros e angariar poder através da agressão.
Adultos, envolvam-se
Pensando nisso tudo, me dei conta do quanto nós, adultos, precisamos nos comprometer e ficar presentes juntos aos nossos filhos, não importa o lado que ocupem nesse triste espetáculo que destrói tanta gente.
Se forem eles vítimas de crueldades, se estiverem sendo atacados verbal ou fisicamente, se estiverem sendo excluídos do grupo, se estiverem recebendo ameaças ou sofrendo com gozações, insultos e apelidos maldosos, se tiverem seus pertences roubados ou destruídos... Saiba que estarão se sentindo extremamente sós, confusos, provavelmente acreditando que deva de fato existir algo de errado com eles, algo que justifique tanta agressão. Precisamos nos envolver, ajudá-los a perceber que não merecem aquele tratamento e que não estão sozinhos. Devemos estimulá-los a contar quando tais atos acontecerem e confiar que receberão ajuda dos pais e da escola. Não abandone seus filhos. Não exija que eles resolvam sozinhos essa situação. Feridas assim podem deixar marcas por toda uma vida. Ajude-os. Comprometa-se!
E se forem seus filhos os agressores, não fechem os olhos, eles também precisam de ajuda para lidar com essa distorção que os torna cruéis e destrutivos.
Busque as raízes dessas atitudes, questione, faça com que assumam a responsabilidade por seus atos, não os acoberte. Procure ensiná-los a encontrar dentro deles a parte que pode ser mais amorosa e justa, a parte capaz de respeitar, a parte capaz de perceber a dor que estão causando ao outro. A parte que é capaz de sentir dor quando o outro sofre.
Precisamos ajudar, vítimas e agressores, a se curarem, a reconhecerem tanto sua força quanto a sua fragilidade, a aprenderem que todos nós carregamos em nosso íntimo aquilo que mais incomoda nos outros. Precisamos ajudá-los a reconhecerem e assumirem suas sombras, diferenças e deficiências, sem precisar projetá-las em alguém fora deles, a quem passam a perseguir e querer destruir.
Todo ato de destruição trata-se de uma triste tentativa de matar no outro o que não suportamos em nós mesmos.
Claro que o tempo passa. Aliás, nesta vida, tudo passa. Que bom!
Hoje mesmo olho para trás e mal me reconheço naquela menina tímida e dentuça. Ainda assim, me estendo através do tempo e a pego com carinho no colo enquanto sussurro em seus ouvidos:
- Ei menina... Você não está mais sozinha!
Feliz, ela passa os bracinhos em volta do meu pescoço e seguimos juntas pela vida, com essa espadinha de justiça disfarçada de caneta (ou mouse) em mãos, convidando a todos para uma brincadeira diferente, na qual TODOS, sem exceção, divirtam-se juntos. Na qual o riso de uns não venha à custa da dor ou sofrimento de outros, na qual possamos celebrar juntos a amizade e o companheirismo, aceitando e honrando as diferenças, dando aos nossos companheiros de vida o respeito que todos merecemos ter.
- Quer brincar comigo?
Feliz, ela passa os bracinhos em volta do meu pescoço e seguimos juntas pela vida, com essa espadinha de justiça disfarçada de caneta (ou mouse) em mãos, convidando a todos para uma brincadeira diferente, na qual TODOS, sem exceção, divirtam-se juntos. Na qual o riso de uns não venha à custa da dor ou sofrimento de outros, na qual possamos celebrar juntos a amizade e o companheirismo, aceitando e honrando as diferenças, dando aos nossos companheiros de vida o respeito que todos merecemos ter.
- Quer brincar comigo?
*Mariadapenhaneles
Narcos e Globo vencem no México
A Televisa não apenas fez a campanha do Peña Nieto, como desconstruiu os adversários. Alguma novidade?
Saiu no Excelsior, do México:
Ganó Enrique Peña Nieto; no habrá vuelta al pasado, asegura
El virtual ganador de las elecciones presidenciales sostuvo que no habrá
regreso al pasado; subrayó además que, ante el crimen, “ni pacto ni
tregua”
No post “E se derem um Golpe paraguaio – a Dilma terá como se defender” -, o Conversa Afiada publicou esta denúncia do inglês The Guardian:
Escándalo en los medios de comunicación mexicanos: una unidad secreta de Televisa promocionó al candidato del PRI
Según unos documentos vistos por the Guardian, la cadena de medios
encargó videos para desacreditar a los rivales del candidato que es
ahora el favorito para ganar la carrera por la Presidencia del domingo
Según unos documentos vistos por the Guardian y gente familiarizada con
el operativo, una unidad secreta de la cadena de televisión dominante en
México, estableció y financió una campaña para que el candidato
favorito, Enrique Peña Nieto, ganase las elecciones presidenciales.
Las nuevas revelaciones de la falta de objetividad de Televisa, la
cadena de medios más grande del mundo en lengua española, cuestionan la
afirmación de ser políticamente imparciales hecha por la compañía así co
mo las insistencia de Peña Nieto de no haberse beneficiado de una
relación especial con Televisa.
La unidad, apodada “el equipo Handcock” lo que según las fuentes era un
nombre en código para el político y sus aliados, encargó videos
promocionales sobre el candidato y su partido, el PRI, que a la vez
desacreditaban a los rivales del partido en el 2009. Los documentos
sugieren que el equipo distribuyó los videos a miles de direcciones de
correo electrónico y también los promocionó en Facebook y Youtube donde
alguno de ellos todavía puede ser visto.
La naturaleza de la relación entre Peña Nieto y Televisa ha sido un
asunto clave de las elecciones que se celebrarán el próximo domingo
desde que en Mayo se originara un movimiento estudiantil centrado en la
percibida manipulación de la opinión pública a favor del candidato por
parte de los medios.
No Conversa AfiadaObserve, amigo navegante, que o papel da Televisa (Globo no Brasil, como era o Clarín, na Argentina) é não apenas fazer a campanha do Peña Nieto, como desconstruir os adversários.Alguma novidade?Ou a Globo, ao transformar em Chanel # 5 o sólido detrito que a Veja expele, não faz a Globo exatamente isso: desconstruir o adversário?Não foi ali, nessa união estável, celebrada no lixão do José de Abreu, entre a Veja e a Globo que se montou a farsa do mensalão – que a TV Record teve que melar?O grampo sem áudio para tirar o Daniel Dantas (e o clã do Cera) da forca?Sobre a ligação entre o PRI e os narco-traficantes, a palavra de Mario Vargas Llosa vale mais do que a de qualquer outro:Viva o PRI!Viva Joaquín El Chapo Guzmán e o cartel de Sinaloa!Viva a TeleGlobo!Viva o Paraguai!Viva o ABC Color!Viva o Bernardo!Paulo Henrique Amorim
E se os lucros das montadoras ficassem no Brasil?
do Sakamoto
Montadoras
estão planejando demitir, apesar do aumento de vendas trazido pela
redução de IPI. General Motors e a Volkswagen abriram programas de
demissão voluntária, sendo que a GM estuda fechar a linha de montagem de
veículos de São José dos Campos e extinguir 1.500 vagas, segundo o
sindicato de metalúrgicos local. A informação é de matéria publicada nesta terça (3) pela Folha de S.Paulo, apontando que as empresas estão preocupadas que isso seja euforia passageira.
Outra matéria, do jornal Estado de S. Paulo,
aponta que, desde o início da crise econômica internacional, o governo
abriu mão de R$ 26 bilhões em impostos para indústria automobilística.
E, nos últimos três anos, as montadoras enviaram US$ 14,6 bilhões ao
exterior, o que dá cerca de R$ 28 bi em valores de hoje.
Brasileiros
e brasileiras, um valor semelhante à nossa renúncia fiscal foi
exportada para ajudar a manter as matrizes dessas empresas que não
haviam se preparado para lidar com a crise.
O
governo não consegue garantir, de fato, que as montadoras aqui
instaladas não demitam trabalhadores por conta desses benefícios. Muito
menos consegue a autorização delas para que sejam colocadas na mesa
outros temas importantes, como um controle mais rígido sobre a cadeia
produtiva dessas empresas. Hoje, ao comprar um carro, você não tem como
saber se o aço ou o couro que entrou na fabricação do veículo foram
obtidos através de mão-de-obra escrava e trabalho infantil ou se
beneficiando de desmatamento ilegal. Por que? Porque essas empresas não
rastreiam como deveriam os fornecedores de seus fornecedores, apesar das
comprovações de ilegalidades apontadas pelo Ministério Publico Federal e
pela sociedade civil.
Quando anunciadas, essas
políticas são consideradas a salvação da pátria. Mas a história mostra
que as coisas não são tão simples assim. Até porque é exatamente nesses
momentos que a indústria aproveita para fazer aquele ajuste tecnológico
básico, tornando mais gente desnecessária.
Durante
o pico da crise de 2008, a General Motors demitiu 744 trabalhadores de
sua fábrica em São José dos Campos (SP) sob a justificativa de
“diminuição da atividade industrial”. Mesmo após ter recebido apoio dos
governos da União e do Estado de São Paulo no sentido de facilitar a
compra de seus produtos por consumidores. O setor também é beneficiário
de recursos oriundos de fundos públicos, como o Fundo de Amparo ao
Trabalhador e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ou seja,
pertencente aos trabalhadores.
Carpideiras do
mercado disseram e escreveram, na época, que o Ministério do Trabalho e
Emprego e sindicatos faziam uma chiadeira irracional, pedindo
contrapartidas à cessão de linhas de crédito ou corte de impostos.
Atestaram que empresas não podem operar esquecendo que estão inseridas
em uma economia de mercado, buscando a taxa de lucro média para
continuar sendo viável. Em outras palavras, defendiam que não dá para
esperar que o capital seja dilapidado da mesma forma que o trabalho em
uma crise.
Essa “regra do jogo” me faz lembrar
um restaurante self-service. Você passa com a bandeja e escolhe o que
quer e o que não quer para o almoço. O que é bom para você, coloca no
prato. O que é ruim, fica para a massa se servir depois. Traduzindo: o
Estado tem que garantir e ajudar o funcionamento das empresas, mas as
empresas não podem sofrer nenhuma forma de intervenção em seu negócio.
Um liberalismo de brincadeirinha, de capitalismo de periferia, com um
Estado atuante, mas subserviente do poder econômico, em que o (nosso)
dinheiro público deve entrar calado para financiar os erros alheios.
Privatizam-se lucros (que depois são exportados), estatizam-se
prejuízos.
O governo tem a obrigação sim de
exigir contrapartidas de quem vai receber recursos ou benefícios devido à
crise econômica – aliás, este é o momento ideal para isso. Quando as
empresas estiverem surfando novamente, após este ciclo recessivo mundial
passar, vai ser mais difícil colocar cartas na mesa como agora.
Em
momentos de crise como esse é que direitos trabalhistas e sociais têm
que ser reafirmados, garantidos, universalizados e não o contrário. Pois
é nesta hora que a população que sobrevive apenas de seu salário está
mais fragilizada. E é em momentos como esse que sabemos quem é
socialmente responsável e não aquelas que fazem propagandas na TV com
carros cruzando lindas estradas cheias de
macacos-prego-do-piercing-amarelo para mostrar é verde.
Em
2008, li depoimentos de montadoras dizendo que os trabalhadores tinham
que entender que esta é uma crise global e muitas de suas sedes estão
passando sérias dificuldades, correndo o risco, inclusive de fechar. O
que é mais um caso self-service. Lembro um exemplo que pode ser
ilustrativo: um dia, questionei a Ford, nos Estados Unidos, sobre o
porquê de não atuar de forma mais incisiva para evitar que suas
subsidiárias em países como o Brasil estivessem inseridas em cadeias
produtivas em que há crimes ambientais ou trabalho escravo. Como
resposta, disseram que há independência entre as ações da matriz e das
subsidiárias e que as matrizes não podem interferir, apenas pedir que
atuem de acordo com a legislação.
Ótimo! Tá
resolvido o problema. Pois, elas não vão se incomodar se o Brasil
regular o envio de remessas de lucros para o exterior, utilizando os
recursos para ajudar a passar a tempestade de forma mais suave por aqui.
E não estou falando em reestatizar a nossa renúncia fiscal porque o
leite já foi derramado, mas de que as empresas invistam mais por aqui.
De uma forma diferente, reorganizando o setor em padrões mais
sustentáveis, por exemplo. Seria um bom momento para mudar a matriz de
produção em direção a algo com menos impacto social e ambiental (o
Estado poderia fazer isso diretamente, mas prefere injetar recursos em
atores que professam modelos de desenvolvimento antigos e depois pede
calma em encontros como a Rio+20 – vai entender).
Afinal
de contas, já que muitas empresas não se incomodam tanto com a
qualidade de vida dos trabalhadores em toda a sua cadeia de valor (da
produção do carvão ao chão de fábrica), por que se incomodariam com o
resultado dos lucros desse trabalho, não é mesmo?
*GilsonSampaio
NOTA DO CHEbola: E se tivéssemos fábricas de marca genuinamente brasileira, reverteria isso.
segunda-feira, julho 02, 2012
Covardia nazi-sionista de ferver o sangue: besta chuta criança de 9 anos já dominada por outra besta
Via CartaCapital
Israel vai investigar vídeo em que soldado chuta criança de 9 anos
Soldado segura garoto de 9 anos antes de ele ser chutado por outro policial. Foto: Reprodução
A
Polícia da Fronteira de Israel iniciou uma investigação contra um
policial filmado na última sexta-feira 29 dando um chute em uma criança
de apenas nove anos, em Hebron, na Cisjordânia, enquanto um outro
policial a segurava. O vídeo, divulgado pela ONG israelense B’Tselem, se
tornou público nesta segunda-feira 2 e mostra, além de um gravíssimo
episódio de violação de direitos, o efeito deletério que a ocupação
israelense sobre terras palestinas produz.
De
acordo com a B’Tselem, um voluntário da ONG fez a filmagem quando
observou um policial uniformizado e armado com um fuzil montando uma
“tocaia” para segurar o garoto. Identificado como Abd al-Rahman Burkan,
de 9 anos, o garoto estaria jogando pedras contra os policiais. O vídeo,
de cerca de dois minutos, mostra Abd andando em um beco quando é
agarrado pelo policial que estava de tocaia. Abd começa a chorar e o
policial, que o segurava pelo braço, questiona: “Por que você está
criando problemas?”. Em seguida, um segundo policial surge e dá um forte
chute na criança. O primeiro policial solta o garoto, que foge, e cada
um dos policiais vai para uma direção diferente.
A B’Tselem prometeu entrar com uma ação contra os dois homens. Em resposta enviada ao jornal Haaretz,
o comando da Polícia da Fronteira de Israel lamentou o comportamento
dos policiais e afirmou que as ações “contrastam com os valores da
força”. O incidente, “raro” segundo a polícia, “não representa as ações
da Polícia de Fronteira” e será investigado imediatamente.
A
investigação interna servirá para punir os dois policiais, o que é
importante, mas ao mesmo tempo ínfimo diante do pano de fundo trágico
que está por trás do episódio. O chute contra o garoto ocorreu em
Hebron, cidade majoritariamente palestina e que está dentro da
Cisjordânia. A administração da cidade é dividida entre Israel e a
Autoridade Palestina. A AP controla a área maior, de maioria palestina, e
Israel administra um quadrante onde há grande comunidade judaica.
Forças
do Estado israelense estão em Hebron para proteger cerca de 90 famílias
judias que se consideram as protetoras da chamada Tumba do Patriarcas,
onde estaria enterrado Abraão. É o segundo lugar mais sagrado para os
judeus (depois de Jerusalém), mas também reverenciado pelos muçulmanos. A
maior parte dos policiais e soldados israelenses, como este que chutou a
criança, vive sob a enorme pressão de conviver com uma população
extremamente hostil e proteger uma maioria de fanáticos religioso,
enquanto as crianças palestinas, como Abd, de 9 anos, criadas num
ambiente quase sempre de pobreza, violência e culto ao ódio contra
Israel, têm como única imagem dos vizinhos os soldados, que muitas vezes
agem de forma truculenta.
Assim, não só em
Hebron, mas em todos os lugares onde há assentamentos judeus sobre
terras palestinas, israelenses e palestinos têm convivido todos os dias
nas últimas décadas. Não é preciso muito para entender que este é um
enorme impedimento para a conquista da paz.
*GilsonSampaio
"Crimes de maio" se repetem em SP
Movimento Mães de Maio |
por José Francisco Neto
Do Brasil De Fato
Nas últimas duas semanas ocorreram quase 140 homicídios na capital e na grande São Paulo, segundo dados apurados pelo jornal Folha de S.Paulo. Na Zona Leste, foram 25 mortes em menos de cinco dias e na Zona Sul, só no bairro do Capão Redondo, 11 assassinatos em apenas uma semana.
Essa onda de violência começou há 17 dias quando policiais da Ronda Ostensiva Tobias Aguiar (ROTA) executaram um rapaz numa ação que terminou com seis mortos após troca de tiros na Zona Leste. Há indícios de os suspeitos serem da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo testemunhas, policiais pegaram um deles vivo e o levaram para a região do Parque ecológico do Tietê, onde o teriam torturado e matado a tiros. Os policiais foram presos em flagrante pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.
Após o ocorrido, uma onda de violência começou no Estado e na Capital de São Paulo. Ônibus foram incendiados, bases da Polícia Militar foram baleadas, toques de recolher nos bairros foram anunciados pela própria polícia e grupos de extermínio agiram nas periferias matando jovens durante a noite e madrugada.
Esses fatos que estão acontecendo, segundo Débora Maria do movimento Mães de Maio, têm relações com os crimes de maio de 2006, em que após os supostos “ataques” do PCC, grupos de extermínio ligados à Polícia Militar assassinaram mais de 500 pessoas, sendo que dessas, a maioria negros e pobres. “Esse foi o maior massacre da história brasileira recente”, diz o manifesto do movimento.
Para Débora, do mesmo modo que está acontecendo agora, com ônibus sendo queimados, jovens sendo mortos e toques de recolher nas periferias, aconteceu em 2006 antes de ter o massacre. “Da mesma forma que aconteceu em 2006 está acontecendo agora. A história de maio tem que ser contada, porque não é diferente do que aconteceu durante esses seis anos. Não teve nenhuma punição naquela época, pois o Estado se omitiu”, conta.
Omissão do Estado
A declaração que o governador Geraldo Alckmim deu à imprensa na última quarta-feira (27) dizendo que “o governo não retrocederá um milímetro” e que “os criminosos que enfrentarem a polícia vão levar a pior” é a mesma que concedeu em 2006, segundo Débora.
Para ela, a história se repete e quem fica no meio do fogo cruzado é a população. “O governo está sendo omisso mais uma vez. Nós, mães, somos a verdadeira vítima do Estado, porque eles não matam só os nossos filhos, mas sim uma família inteira. Eles deveriam arrumar outro método pra fazer o trabalho em cima dessa violência, e não tratar a violência com violência, que é sempre produzida por eles mesmos”, critica.
Chacina
Na noite de segunda-feira (25) nove jovens foram assassinados em apenas quatro horas nos bairros paulistanos Jardim Robru, Capão Redondo, Jardim Ângela e Jardim São Luis, além do município de Poá, na região metropolitana da capital paulista.
Das nove mortes, quatro foram no Jardim Picosse, em Poá. Os jovens Dênis Silva Aparecido e Estevam Marine de Campos, ambos de 19 anos, estavam na rua Pará, na altura do número 178, com Raimonde Anunciação Batista, de 20 anos, e Hederton José Cunha, de apenas 16.
Os moradores que ouviram os tiros acionaram a Polícia Militar (PM), que foi até o local e encontrou as quatro vítimas caídas em via pública. Os jovens foram levados ao pronto-socorro central da cidade, mas não resistiram e morreram.
A chacina foi registrada no Distrito Policial do município e será investigada pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Essa é a quinta chacina do ano registrada na Região Metropolitana, subindo para 16 o número de mortos neste tipo de crime.
Postado por
Sérgio Pecci
*Tecedora
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