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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, março 08, 2013
Imagens do povo
da Venezuela ao
se despedir de Chávez
O PiG não consegue mais esconder nem
nunca vai entender. Se FHC morrer, quantos pobres chorarão por ele ?, se
perguntou Juan Domingo.
O Conversa Afiada reproduz artigo sempre agudo de Saul Leblon, da Carta Maior, que se acompanha de fotos impressionantes que, no Brasil, só tem um paralelo: na morte de Vargas.
Chávez e a fita métrica do conservadorismo
Quando mede o tempo histórico na América Latina, a régua conservadora irradia uma ambiguidade sugestiva.
Nas medições à esquerda, identifica extensões anacrônicas de um tempo morto. Fantasmas de um mundo que na sua métrica não existe mais.
Exceto como detrito histórico.
Entre os fenômenos jurássicos estariam lideranças ‘populistas’, a exemplo da exercida pelo falecido presidente Chávez – pranteado agora em massa por um povo a quem favoreceu um primeiro degrau de cidadania e dignidade.
Enquadram-se nas mesmas polegadas da régua arestosa Lula, Evo Morales, Correa, Cristina, Mujica e, mais recentemente, Dilma.
A mídia dominante ecoa a régua discricionária, estendendo seu preconceito às políticas de emancipação social implementadas por esses governantes.
Sintomaticamente, não adota o mesmo peso e medida quando se trata de dimensionar a natureza dos graves constrangimentos estruturais, acumulados em séculos de hegemonia conservadora na região.
Mencione-se os mais óbvios.
Uma distribuição de renda iníqua; serviços públicos indignos; concentração patrimonial monárquica; estruturas produtivas imiscíveis com demanda popular; dependência colonial asfixiante.Uma elite empresarial cuja única pátria é o lucro e a capital, Miami.
A dualidade conduz a desdobramentos singulares.
Como explicar a aderência popular de líderes e projetos que, a julgar pela narrativa dominante, levitam em sociedades intrinsecamente modernas, distorcidas apenas pela anacrônica presença de demagogos ?
Oxímoros como ‘autoritarismo democrático’ tem sido cunhados pelo jornalismo conservador.
É notável o esforço para harmonizar o inenarrável.
As veias abertas de uma América Latina que, quanto mais moderna aos olhos da elite, mais sangra pelo cotidiano de seu povo.
Um caso exclamativo é o da reforma agrária.
‘Verbete incluído no arquivo morto da história em todo o mundo’, sentencia o padrão métrico dominante.
Como tal, uma discussão sequer admitida fora do carimbo ideológico que a sepultou.
Todavia, mais de 50% dos 870 milhões de famintos existentes no mundo vivem onde menos se espera que a fome possa dar as cartas: junto à terra.
Não apenas isso.
Quatrocentos milhões de pequenos proprietários rurais do planeta tem área insuficiente para a própria sobrevivência.
Menos de dois hectares, em mpedia, calcinados pela aridez tecnológica.
Contam apenas com a força de seus braços para enfrentar , e perder, cotidianamente, a luta contra a miséria.
Os maiores bolsões de fome e de pobreza do globo estão no campo, que ainda abriga 49% da humanidade.
A metade da pobreza latino-americana vive aí.
A metade da pobreza brasileira está no Nordeste e a metade dos nordestinos mais pobres habita a área rural.
Há dezenas de milhares de famílias paupérrimas listadas no MST, dispostas a tentar um recomeço junto à terra.
O Brasil tem menos de 20% de sua demografia misturada ao espaço da agropecuária.
Mas somados os habitantes de 1.800 pequenos municípios cuja orbita gravita no entorno da terra, nunca tantos brasileiros viveram no mundo rural.
Formam hoje um contingente quase equivalente a uma Argentina.
Lateja a percepção de que algo precisa mudar na estrutura agrária do país e do mundo para que a luta contra a fome e a pobreza possa acelerar o passo.
É mais que velocidade.
Está em jogo percorrer uma travessia estrutural que o presente deve às mazelas do passado trazidas ao século 21.
Diante do complexo emaranhado de tempos históricos e desafios sociais, fica difícil dissociar o tom do editorial do Globo desta 3ª feira, sobre o ‘anacronismo da reforma agrária’, de um mero rompante de classe.
A que fez 1964.
Com o título ‘A comprovada falência da reforma agrária’, o diário da família Marinho capturou a seu favor a autocrítica do governo.
A gestão Dilma, que beneficiou o menor número de assentados desde 2003, reconheceu –finalmente– a indigência a que estão relegados boa parte dos assentamentos no país. A presidenta se comprometeu com a Contag, esta semana, a retificar esse percurso e a sua velocidade.
Foi a deixa. O Globo disparou a conclusão prevalecente em sua régua histórica.
A reforma agrária sempre figurou no Brasil como uma das pendências históricas mais indigestas ao estômago conservador.
Há 49 anos, no dia 31 de março, foi uma das agulhas mais operosas em cerzir o golpe militar.
Por mais de duas décadas, ele calaria a necessária discussão democrática das reformas de base, focadas no legado asfixiante do conservadorismo ao desenvolvimento brasileiro.
Entre elas, a estrutura de propriedade da terra.
Na ótica dos interesses que, já àquela altura, atribuíam o epíteto de ‘demagogo e populista’ aos que empunhavam essa bandeira, o debate reprimido caducou.
Com a palavra, ‘O Globo’ desta terça-feira, 5/02/2013:
“36% das 945.405 famílias assentadas (ou 339.945) sobrevivem do Bolsa Família, por terem renda abaixo do limite divisor da miséria”.
“Não se realizou o sonho da redenção social por meio da divisão de terras. Foram distribuídos 87 milhões de hectares, 10,8% do território nacional, e, mesmo assim, metade dos assentados não sobrevive sem a ajuda assistencialista do Estado”.
“Diante deste quadro, o governo age de maneira sensata ao dar prioridade à tentativa de corrigir os assentamentos existentes em vez de instalar outros”.
“Espera-se que, num segundo momento, o governo se convença de que a modernização da agricultura e a própria urbanização do país jogaram na lata de lixo da História a reforma agrária, tema de meados do século passado, de um Brasil muito diferente do de hoje”.
A síntese feita pelo editorial conservador é ardilosa.
Estampa a fotografia realista de um resgate de náufragos.
Acompanhada da legenda capciosa.
Nela, os responsáveis pelo transatlântico afundado atribuem o desastre ao predomínio de feridos, fracos e desfalecidos entre os passageiros.
Tem sido um pouco essa a tônica do jornalismo dominante ao tratar da ressurgência de agendas, lideranças e processos políicos incompatíveis com a métrica da modernidade capitalista na América Latina.
A ênfase nas dificuldades – reais – da reforma agrária tardia, perseguida em nosso tempo, segue o padrão de menosprezo e veto.
E evoca a pergunta do poema de Drummond diante da pele estendida no chão:
‘O que sei do tapir senão a sua derrota?’
A ditadura brasileira sustentada por veículos que hoje destinam a reforma agrária ao lixo da história promoveu uma das diásporas rurais mais fulminantes do século 20.
Aquilo que se convencionou chamar de ‘modernização conservadora do campo’ cometeu no Brasil, no espaço pouco superior a duas décadas, uma transição rural/urbana que países como os EUA demandaram um século para completar.
Mais de 30 milhões de pobres do campo foram empurrados para periferias conflagradas das grandes metrópoles, entre os anos 60 e 80. Um exército de reserva pronto para o uso e o abuso do projeto de modernidade da elite.
Cinturões urbanos sem cidadania explodiram por todo país.
A grande produção capitalizada, mecanizada e subsidiada –em níveis de deixar corado o orçamento atual da reforma agrária e da agricutura familiar– deu conta de suprir a demanda interna por alimentos. Fez do Brasil um dos maiores exportadores agrícolas do mundo.
A um custo nem sempre relacionado.
O mais paradoxal deles, a fome.
A fome urbana e rural espraiou-se durante décadas abafada e esquecida pelo noticiário econômico e político; e só mitigada com a extensão do Bolsa Família a mais de 50 milhões de brasileiros na atualidade.
Não por acaso o PT chegou ao governo, em 2003, com a bandeira do Fome Zero.
Execrada, recorde-se, pelo jornalismo dominante.
Ainda hoje, ventríloquos resistem em admitir a existência da fome no país.
Talvez por ser um dos produtos mais representativos do capitalismo agalopado que ajudaram a implantar a partir de 64.
Por certo, a reforma agrária adequada ao século 21 ainda não foi decifrada pelas forças e lideranças progressistas que se debruçam sobre o tema.
Reside aqui, talvez,uma das suas grandes fragilidades.
Hesita-se em admitir a necessidade de um aggiornamento na forma e no conteúdo dessa agenda em nosso tempo.
Uma das chaves da atualização certamente passa pelo tema ambiental.
O governo ensaiou a resposta nessa direção com os projetos de assentamentos agroflorestais.
Mas sem atribuir-lhes a centralidade de uma diretriz estratégica.
A questão agrária e a urgência climática têm sido uniformemente negligenciadas, ademais, no debate estratégico da frente progressista que apoia o governo, dentro e fora do PT.
Talvez não seja um mero acaso.
Talvez sejam agendas gêmeas, indecifráveis em separado no mundo atual.
Uma, remanescente do legados das elites do século 19; a outra, contemporânea da exacerbação capitalista em nossos dias.
Juntas, entre outras, justificam a presença vigorosa de lideranças progressistas, e de processos revolucionários que, a exemplo de Chávez e do chavismo, não cabem na fita métrica conservadora.
A comoção popular que tomou conta da Venezuela nos últimos dias questiona a mídia e dá ao líder bolivariano a dimensão política transformadora que o conservadorismo sempre lhe negou.
As imagens de um povo que irrompe para a história em luto vermelho hipnotizam o mundo e falam mais que mil palavras.
Sobretudo, dão voz a um sentimento e a um processo tortuoso, difícil, de luta por direitos e emancipação que o jornalismo dominante sempre ocultou e negou.
Agora não consegue mais esconder.
Nem explicar.
8 de Março: PT reafirma compromisso com construção de uma sociedade igualitária
Moção aprovada pelo Diretório Nacional homenageia e conclama as mulheres a se engajar na luta pela reforma do sistema político nacional
Leia a íntegra do documento aprovado pelo DN:
Moção do DN sobre o Dia Internacional da Mulher
O Diretório Nacional do PT, reunido em Fortaleza no dia 01 de março de
2013, parabeniza as mulheres brasileiras e os movimentos de luta em
defesa dos direitos das mulheres pelas importantes e crescentes
conquistas que têm alcançado,tendo em vista a celebração do Dia
Internacional da Mulher.
E se junta aos movimentos em defesa dos direitos das mulheres.
Ao ratificar seu compromisso com a construção de uma sociedade mais
justa e igualitária, o Diretório Nacional conclama todas as mulheres a
se engajar efetivamente na luta por uma ampla e profunda reforma do
sistema político nacional, pois só assim poderemos assegurar as bases
necessárias para de fato transformarmos a realidade e construirmos uma
sociedade paritária.
Diretório Nacional do PT
Em guerra com os fatos imprensa latina se desmoraliza dia após dia
Os noticiários políticos e econômicos dos grandes meios de comunicação brasileiros e os do resto da América Latina deram mais um passo no processo de desmoralização em que mergulharam há cerca de uma década e no qual vão mergulhando cada vez mais fundo.
Logo após o anúncio da morte do ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, a grande imprensa brasileira foi tomada por um acesso inexplicável de fúria e rancor.
A virulência do noticiário brasileiro se mostrou inexplicavelmente redobrada em relação a alguém que acabara de falecer, o que deveria gerar, se não respeito, ao menos prudente comedimento. Não foi o que ocorreu.
As “análises” dos telejornais – sobretudo os da Globo – sobre a Venezuela pós Chávez retrataram um país mergulhado no caos, na pobreza e na violência.
Imprudente, a dita “imprensa” corporativa pareceu nem suspeitar de que milhões de venezuelanos colocariam suas versões em xeque indo às ruas em comoção pela partida de um líder amado pela esmagadora maioria daquele povo.
Suponho que muitos devem ter presenciado cenas que presenciei nos últimos dias envolvendo pessoas de classe média pouco politizadas e que, como exceção, ainda dão crédito ao que os grandes veículos dizem sobre política, seja sobre a nacional ou a internacional
Muitos estão surpresos com a comoção e o carinho que os venezuelanos estão dedicando a um líder político eternamente acusado pelas mídias brasileira, latina, americana e europeia de tudo de ruim que se possa imaginar.
A pergunta mais recorrente que tem sido vista, é: se Chávez era tão ruim, por que seu povo demonstra tanta dor com a sua partida?
Esse fenômeno não ocorre só no Brasil. Como já foi dito, a grande mídia internacional também sempre vendeu essa história de que Chávez “destruiu” a Venezuela “em 14 anos de governo”, premissa que se choca com o que está sendo visto no país vizinho.
Timidamente, alguns poucos “colunistas” daqui e de toda parte tentam explicar o fenômeno alegando que os povos latinos são ignorantes e, assim, não conseguem avaliar o quanto Chávez era ruim.
Esse, porém, é um discurso perigoso pelo qual só os extremistas midiáticos de direita ousam enveredar.
Os mais moderados preferem insinuar.
Apesar de a Venezuela ter produzido os maiores avanços sociais da última década na América Latina, para os “colunistas”, “editorialistas” e até “repórteres” dos grandes veículos de toda parte, isso pouco importa.
Apegam-se aos problemas econômicos que aquele país enfrentou devido à crise econômica internacional, já que depende muito do comércio exterior, ou da exportação de petróleo.
E sempre ignorando que os problemas não chegaram ao povo que apoiou Chávez e que hoje chora por ele por ter melhorado drasticamente de vida sob seu governo.
A incompatibilidade sobre o que dizem as grandes mídias e a realidade, porém, não se resume a esse episódio.
Aqui no Brasil, a mídia acaba de sofrer nova grave desmoralização por questões econômicas.
Na última quinta-feira, caiu o último de três cavalos-de-batalha midiáticos sobre a economia brasileira lançados entre o fim do ano passado e o começo deste: a produção industrial.
No último trimestre, a indústria brasileira, contrariando todas as previsões midiáticas, cresceu 2,5%.
Pouco antes, os alarmismos sobre racionamento de energia e sobre um surto de inflação iminente já tinham caído.
O risco de racionamento que foi vendido como altamente provável, sumiu do noticiário.
E a inflação sofreu um tombo sobretudo devido ao barateamento da energia elétrica. Porém, para usar uma surrada frase de efeito, o fracasso parece que subiu à cabeça da direita midiática.
Quanto mais suas previsões furadas se desmoralizam, mais ela reincide nelas.
A crença da direita latina na estupidez popular chega a ser messiânica.
Não é por outra razão que os partidos de direita e os de extrema esquerda que lhes servem de linha auxiliar vão minguando tanto no Brasil quanto no resto de uma América Latina que hoje é a região que mais avança econômica e socialmente em um mundo à beira do abismo.
A direita midiática parece não entender nada.
Ao menos é o que dão a entender as suas “análises” desconectadas da realidade. Incapaz de perceber que, para os povos da região, é assustador que avanços sociais sejam tratados como fatos secundários, subjacentes a critérios sobre as economias que não influem diretamente em suas vidas, a direita chafurda em um discurso catastrofista.
Aqui mesmo no Brasil, o tal de “pibinho” foi alvo de grandes apostas da direita midiática, como se alguns pontos percentuais a menos no Produto Interno Bruto pudessem anular o pleno emprego e o crescimento da renda que se vê nos países governados pela centro-esquerda.
No Brasil, porém, o governo Dilma nada de braçada.
Poucos apostam nas chances da oposição no ano que vem, ainda que alguns colunistas se entreguem a devaneios. Já na Venezuela, a oposição direitista trabalha para perder de pouco a eleição do sucessor de Chávez.
Ainda no Brasil, o PSDB e o DEM, os principais partidos de oposição, encolheram assustadoramente no Legislativo, ainda que mantenham alguns governos estaduais importantes.
Todavia, no quartel-general tucano, São Paulo, as expectativas não parecem promissoras.
Note-se que o parágrafo acima encontra concordância inclusive entre os analistas da grande mídia mais partidários do PSDB e do DEM.
Entre outros jornalistas umbilicalmente ligados ao PSDB, a colunista da Folha de SP Eliane Cantanhêde concorda comigo. É fácil entender a razão desse processo de desidratação da direita midiática latino-americana.
Está sem outro discurso que não seja sobre “corrupção” ou o de negar todos os avanços que a região experimentou na última década.
No Brasil, particularmente, o discurso oposicionista-midiático sobre os avanços do país é ainda mais delirante, pois se alterna entre negar os fatos e, logo em seguida, aceitar os avanços mas atribuí-los ao governo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse aspecto, vira e mexe eclode uma campanha midiática tentando “ressuscitar” FHC.
Na eleição para prefeito de São Paulo em 2010, a campanha de José Serra ensaiou pôr o ex-presidente na telinha para “avalizar” o candidato tucano, mas logo que viu o resultado ruim dessa estratégia, abandonou-a.
Até hoje, mais de dez anos após a primeira eleição de Lula, a direita midiática ainda não percebeu que ele só chegou ao poder por conta da revolta dos brasileiros com o estelionato eleitoral praticado por FHC em 1998, estelionato que, inclusive, foi endossado pela mídia.
Apesar de os jovens com vinte anos ou menos não terem memória sobre o governo FHC, pais, avós, amigos, professores etc. lembram muito bem de como era ruim este país até 2002 e sabem muito bem quanto o Brasil avançou na década passada.
E transmitem o conhecimento aos jovens. Não existe hoje na América Latina, portanto, um projeto político viável à direita.
E mesmo as aventuras golpistas acalentadas por tantos na região, como as experiências em Honduras e Paraguai, não se mostram promissoras e desestimulam novas aventuras iguais.
Vejamos o caso da Venezuela: a saída de Chávez da cena política não aumentou as chances da oposição.
Assim, não adianta extirpar um Chávez ou um Lula, porque a consciência política na América Latina já ganhou dinâmica própria.
Até as apostas em criminalização de líderes de centro-esquerda parecem fadadas ao fracasso.
No Brasil, quem aposta em que a criminalização de Lula irá render dividendos políticos, engana-se. Vista como única chance pela direita midiática para vencer em 2014, será entendida como golpe dos ricos contra os pobres, o que elegerá Dilma ainda mais facilmente.
Em resumo, o que está construindo a hegemonia da centro-esquerda na América Latina é a distância abissal que separa a direita midiática do povo.
Essa direita trata a volta por cima no emprego e na renda como fatos secundários.
O maior eleitor da centro-esquerda latino-americana é a direita midiática.
Se fosse mais comedida, se respeitasse mais o povão, seria muito mais difícil derrotá-la. A arrogância da elite branca e midiática latino-americana é a sua maior inimiga.
do BLOG DO SARAIVA
Provocar câncer em alguém é fácil como tirar doce de criança
Eduardo Guimarães
Pouco depois do anúncio oficial da morte de Hugo Chávez pelo presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, este acusou publicamente os Estados Unidos de estarem por trás do câncer que acometeu o ex-presidente e, en passant,
aproveitou para atribuir à potência os cânceres que, quase
simultaneamente, atingiram vários outros presidentes sul-americanos.
Esse boato encampado pelo provável novo presidente que os venezuelanos elegerão em semanas, porém, não é novo. Há
cerca de dois anos, especulou-se largamente sobre a estranha
“coincidência” de cinco líderes sul-americanos que não se alinham a
Washington terem contraído câncer quase simultaneamente.
Detalhando:
Dilma Rousseff, Lula, o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, a
presidente argentina, Cristina Kirchner, e o próprio Chávez contraíram
câncer quase todos ao mesmo tempo.
Não foi
a primeira vez que os Estados Unidos foram acusados de cometer
assassinatos políticos sem uso de violência, apelando para a tecnologia. O
ex-presidente brasileiro Jango Goulart ou o líder palestino Yasser
Arafat foram alguns entre tantos outros que se acredita que tenham sido
assassinados pelos norte-americanos dessa forma.
Nesse aspecto, o leitor Carlos Alberto Rocha deixou comentário que, no mínimo, leva à reflexão:
“(…) O
assassinato de Arafat foi abafado e contou com a ajuda da tradição
muçulmana, que não procede a autópsia dos seus mortos. Mas a disposição
de sua viúva Suha e uma criteriosa investigação da TV Al-Jazeera levaram
à descoberta do assassinato e a um pedido formal da Autoridade Nacional
Palestina para que um comitê patrocinado pela ONU proceda o
desdobramento da investigação feita por médicos suíços, que já levou à
exumação do corpo do líder palestino.
Após
nove meses, um trabalho meticuloso dos especialistas suíços e exame de
roupas e objetos que Arafat usou nos dias que antecederam sua morte –
roupa, escova de dente e até seu icônico kefiyeh que não tirava da
cabeça – revelaram uma
quantidade anormal de polonium, um elemento radioativo raro ao qual
poucos países têm acesso, ou seja, apenas os do restrito clube atômico (…)”
Os títeres dos EUA na imprensa e os
admiradores da potência hegemônica na sociedade civil tratam de
ridicularizar a suspeita. Sobre o câncer que acometeu um homem forte e
sadio como Chávez, que jamais adoecera gravemente em mais de cinquenta
anos de vida, apegam-se a excessos retóricos e generalizações para
desmoralizar a teoria.
Nesse aspecto, os casos de Lula e Dilma são emblemáticos.
Ela contraiu câncer antes de se tornar presidente e Lula teve a doença
justamente na parte do corpo que ele mais forçou ao longo da vida de
líder sindical e político, a garganta, sendo sua voz rouca indicativa de
que pode até ter nascido com algum problema nela que se agravou pelo
esforço repetitivo. Além disso, Lula e Dilma são moderados e mantiveram e mantêm relações civilizadas com os EUA.
Todavia, se
isolarmos os casos em que os EUA teriam interesse real em exterminar os
que supostamente quem exterminou foi o câncer, não há como descartar uma
hipótese como essa.
Em primeiro lugar, alguém seria
tão cínico a ponto de afirmar que os americanos não exterminariam um
líder político que os confrontasse? Só pode ser uma piada.
Alguém se lembra do soldado
americano Bradley Manning, que entregou documentos secretos ao
WikiLeaks, sobretudo o vídeo que ficou conhecido como “Collateral
Murder” [Assassinato Colateral], em que se veem militares americanos num
helicóptero assassinando civis desarmados, dos quais dois eram
jornalistas da Agência Reuters, e ferindo duas crianças?
Chávez, não vamos
nos esquecer, é o líder político que foi à tribuna da Assembleia Geral
da ONU e, ali mesmo, declarou que o então presidente dos Estados Unidos,
que acabara de precedê-lo, havia deixado, no local, cheiro de enxofre
por ser a encarnação do diabo. E que vinha contrariando todos os
interesses geopolíticos ianques, sobretudo no Oriente Médio.
Razões para matar Chávez não faltavam aos EUA. Se
tivesse a tecnologia para instilar câncer em adversários, matando-os
sem poder ser acusado de tê-lo feito, a potência certamente não
hesitaria em usá-la.
Bem, se assim é então vou contar um segredinho a você, leitor: a
tecnologia para causar câncer já existe, até porque não é tecnologia,
mas um efeito físico advindo do contato humano com substâncias chamadas
de cancerígenas.
Trocando em miúdos: basta
bombardear o alvo por curto período com doses de intensidade controlada
de radiação para ter quase certeza de que essa pessoa contrairá câncer.
E o que é mais espantoso é que, aqui, não se faz revelação alguma, pois
esse fato é conhecido por qualquer um.
Na mesma viagem aos Estados
Unidos em que Chávez insultou o ex-presidente George Bush filho, por
exemplo, equipamento colocado num quarto de hotel poderia bombardear o
alvo por algumas horas com doses controladas de radiação e o efeito
fatalmente poderia ser o câncer.
Dizer que uma
potência que leva o homem ao espaço e que desenvolveu os drones, que lhe
permitem matar populações inteiras à distância, não teria a tecnologia
para induzir câncer em alguém, é piada. Tecnologia há. Motivação, no
caso de Chávez, havia – e muita. Se isso de fato ocorreu, porém, é outra
história.
Posted 6 hours ago by René Amaral
*cutucandodeleve
Dutra renuncia à presidência da Comissão de Direitos Humanos em protesto.
*Educaçãopolitica
Jean Wyllys responde ao deputado Takayama
*Mariadapenhaneles
Uma em cada três oficiais dos EUA já foi estuprada em guerra
Metade das oficiais dos EUA sofreu assédio sexual enquanto servia em guerras. Estudo sobre militares no Iraque e Afeganistão sugere maior ocorrência de abusos em zonas de combate
Cerca de metade das oficiais norte-americanas enviadas para a guerra do Iraque ou do Afeganistão relataram terem sido assediadas sexualmente durante as operações. Uma em cada três afirma que foi vítima de violência sexual.
Esses dados alarmantes foram resultado de uma pesquisa do Departamento de Veteranos dos Estados Unidos, citada por jornais do país, aonde mais de mil militares que serviram nas zonas de guerra nos últimos anos foram entrevistadas.
Em condição de anonimato, essas oficiais revelaram que a grande maioria dos agressores também faz parte da corporação militar. Em pouco mais da metade dos casos, esses oficiais eram de patente mais alta e por vezes, da alta hierarquia das Forças Armadas dos EUA.
Os resultados finais indicam que 48,6% das entrevistadas sofreram assédio sexual e 22,8%, violência sexual enquanto serviam em operações no Iraque e Afeganistão. No entanto, das 20 mil oficiais nos países, apenas 115 reportaram casos de abusos para os órgãos competentes no último ano.
Além de indicar o silêncio das militares violentadas, o estudo inédito aponta para a maior ocorrência de abuso sexual contra oficiais norte-americanas em zonas de guerra do que em bases militares no país.
Abusos: “traumas de guerra”
A conclusão dá nova vida para os resultados de uma pesquisa desenvolvida com mulheres que serviram em combate entre 2001 e 2004. Segundo os dados, a probabilidade de oficiais em zonas de guerra serem violentadas é 2,5 vezes maior do que a de outras militares.
*Pragmatismopolitico
quinta-feira, março 07, 2013
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