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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, abril 30, 2013
Desemprego na zona euro bate novo recorde
É esse modelo econômico que o PIG defende para o Brasil...
O
Eurostat divulgou as estatísticas do desemprego de março, que apontam
para 19,2 milhões de desempregados nos 17 países da zona euro. A taxa de
12,1% é a maior desde a introdução da moeda única e tem vindo sempre a
subir nos últimos dois anos.
A
recessão e a austeridade continuam a aumentar o número de trabalhadores
sem emprego na Europa. No conjunto dos 27 países da União Europeia, o
Eurostat aponta para 26,5 milhões de desempregados, com uma taxa de
10,9%. A Grécia (com 27% de desempregados) e a Espanha (com 26,9%)
lideram a lista deste organismo europeu de estatísticas, seguindo-se
Portugal, com uma taxa de 17,3%, inalterada desde fevereiro mas 2,2%
superior à registada no mesmo mês do ano passado.
Os
números para Portugal revelam ainda o aumento do desemprego jovem em
março, com a taxa a subir duas décimas num mês, para os 38,5%. Apenas a
Grécia Grécia (59,1% em Janeiro), Espanha (55,9%) e Itália (38,4%) têm
mais desemprego jovem que o nosso país. No conjunto da zona euro esta
taxa é de 24%, um pouco acima da média dos 27 países da UE, que é de
23,4%. O Eurostat usa um método comum aos 27 países para que os valores
possam ser comparados, pelo que os valores apresentados podem não
coincidir com os que são divulgados pelo Instituto Nacional de
Estatística.
A
evolução do desemprego no último ano tem sido de agravamento na zona
euro, passando de 11% em março de 2012 para 12,1% no mês passado. No
mesmo período, segundo os cálculos do Eurostat, o desemprego em Portugal
subiu de 15,1% para 17,5%, a maior subida a seguir à Grécia, Chipre e
Espanha.
Quem
não acompanha esta subida generalizada do desemprego é a Alemanha, que
manteve a sua taxa nos 6,9%, próxima do valor mínimo atingido desde a
reunificação do país em 1990.
HORA DE REAGIR
(JB)-Em sua cruzada contra o totalitarismo, Arthur Koestler disse
que é possível explicar o racismo e identificar a origem da brutalidade dos
torturadores e dos genocidas. Mas é necessário combatê-los, isola-los, impedir
que nos agridam e matem. Em alguns
casos, podemos até mesmo curá-los. Mas isso não significa que devamos
perdoá-los.
A aceitação das idéias alheias, que é o
sumo das sociedades democráticas, tem limites e eles se encontram na
intolerância dos fanáticos e extremistas.
Na
verdade, dois são os vetores da brutalidade: o medo e a loucura. Os grandes assassinos
são movidos pela paranóia, e a paranóia oscila entre o ilusório sentimento de
absoluta potência e a frustração da impotência. É dessa forma que Adorno, em Mínima
Moralia , diz que o fascista é um masoquista, que só a
mentira transforma em sádico, em agente da repressão.
Quem são esses jovens embrutecidos que
agrediram um nordestino junto à Estação das Barcas, em Niterói – e foram
contidos pelas pessoas que ali se encontravam? São trastes humanos, ainda que
sejam trabalhadores e estudantes, tenham família e amigos. O que os faz
reunir-se, armar-se, sair às ruas, a fim de agredir e - quando podem – matar
outras pessoas?
Individualmente, apesar de suas artes
marciais, seus socos ingleses, seus punhais e correntes de aço, são apenas
seres acoelhados, agachados atrás de si mesmos, que só crescem quando se agrupam
e se multiplicam, em suas patas, seus punhos, suas armas.
Eles não nasceram com garras, nem tendo a
cruz suástica e outros símbolos riscados na pele. Foram crianças iguais às outras, que
encontraram pela frente uma sociedade brutalizada pelo egoísmo.
Não
é difícil que tenham sentido no lar o eco de uma civilização corrompida pela
competição e destruída, em sua alma, sob o capitalismo sem freios. Às vezes nos
esquecemos que só um por cento dos homens controla toda a riqueza do mundo.
Tampouco nasceram assim os que matam os
moradores de rua, movidos pelo mesmo medo e pela mesma idéia de que é preciso
manter as cidades “limpas”. Nestes últimos meses, tem aumentado o número de
moradores de rua assassinados em todo o país – mas mais intensamente em São Paulo , no Rio, em Belo Horizonte , em Goiânia.
De
acordo com as estatísticas, 195 deles foram mortos em 2012 e nos primeiros meses
deste ano. A imprensa internacional está debitando o massacre à conveniência de
“sanear” as maiores cidades, antes do afluxo de visitantes que se esperam para
a Jornada Internacional da Juventude e a Copa das Confederações, neste ano, e
para a Copa do Mundo, no ano que vem.
É bom lembrar que a matança de crianças na Candelária, foi atribuída a uma
“caixinha” de comerciantes da região, interessados em varrer as ruas desses
bichos “incômodos e sujos”, que são os meninos pobres.
Há historiadores e antropólogos que amenizam
o mal-estar contemporâneo diante dessa realidade, com a afirmação de que, desde
as cavernas, o homem é naturalmente predador. Ocorre que, contra essa
perturbadora condição de bichos que somos, prevaleceu o sentimento de
solidariedade que nos tornou humanos, e foi possível sobreviver às catástrofes
naturais, como os terremotos e as pestes, e às guerras continuadas. Mas, dentro
da idéia dialética de que a quantidade altera a qualidade, chegamos a ponto
insuportável.
Há dois caminhos na luta contra essa nova
barbárie. Um é o da fé religiosa, outro o da razão materialista. A fé – um
acordo entre o homem primitivo e o mistério da vida, a que ele deu o nome de
Deus – tem sido o principal suporte da espécie, sempre e quando ela não se
perde no fanatismo.
A
razão se encontra com a fé no exercício do humanismo. Mas há sempre razão na
fé, como há fé na lógica do ateu. As
duas posturas são de autodefesa da sociedade humana e se realizam na coerente
ação política. Como disse Tomás de Aquino, a filosofia das coisas humanas só se
concretiza com a prática da política.
Há novos pensadores, sobretudo na velha
França, que buscam recuperar o humanismo de Marx, o do jovem filósofo dos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, de
1844, e as suas reflexões sobre a alienação. O trabalho de Marx correspondeu à
necessidade de defesa dos trabalhadores contra o liberalismo do século 19, e a
desapiedada exploração dos pobres pelas oligarquias burguesas, substitutas do
velho feudalismo.
Retornar a Marx é buscar novas e mais eficazes
respostas contra o neoliberalismo de nossos dias. É ainda possível a aliança entre
o humanismo cristão e os pensadores agnósticos, fundada em uma constatação
fácil, a de que é preciso salvar o homem de si mesmo. É urgente salva-lo do
barbarismo reencontrado na estupidez do egoísmo neoliberal. Isso faria do
planeta o seguro espaço da vida. O retorno esperado à Teologia da Libertação é
uma das vias de acesso à Terra Prometida.
O filósofo francês Dany-Robert Dufour,
em um de seus ensaios, pergunta que homem emergirá do ultraliberalismo de hoje.
Não é necessária a pergunta: ele já está aí, no corpo volumoso adquirido nas
academias e nutrido de anabolizantes; na cabeça reduzida pelas mensagens de uma
cultura castradora, fundada no efêmero e no inútil; na pele usada como o anúncio
de cada um, mediante as tatuagens; na ilusão da fama e da eternidade, nas
postagens arrogantes no Facebook; no ódio ao outro, celebrado no culto à morte.
Essa visão
nublada do mundo está contaminando grande parte de nossa juventude, nas escolas
e universidades. É preciso que as escolas deixem o tecnicismo que as reduz, e
voltem ao módulo ético, para fazer dos homens, homens, e deles afastar os
instintos dos predadores.
É preciso reagir. Os alemães dos anos 20
e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e comunistas.
Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do
Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique. Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento
e a vida, essa acovardada tolerância.
OS APLAUSOS AOS CHILENOS
(HD)-Na última quarta-feira, a seleção brasileira foi vaiada, e a chilena
foi aplaudida, em jogo amistoso em Belo Horizonte, no recém-inaugurado novo
estádio do Mineirão. Chamou a atenção, de todos os torcedores, a postura de
absoluto respeito dos jogadores da equipe chilena por sua nação, perfilando-se,
com a mão sobre o peito, para cantar, com orgulho e firmeza, o hino nacional de
seu país, contrastando com a atitude acintosa de nossa seleção.
Não há como apagar da mente a imagem do
preparador Carlos Alberto Parreira,
ex-técnico da seleção brasileira, mastigando, displicentemente, chicletes, ou a de jogadores brasileiros se coçando,
ou gaguejando o Hino Nacional.
Certos símbolos não se devem ao acaso. Eles
têm o papel de carregar a idéia de Nação, ao longo do tempo; de representar um
povo e a sua história, seus heróis e o seu território: os valores e os ideais
de um país.
Eles deveriam, portanto, ser conhecidos por todos
os cidadãos que tiveram o privilégio de
ter nascido em nosso chão. A eles devemos recorrer, sempre, para celebrar o
Brasil: os estandartes têm que ser erguidos e os hinos cantados, com júbilo,
nos bons momentos, e indignação, sempre que a liberdade e a dignidade de nosso
povo se encontrarem ameaçadas. Assim ocorreu, nos últimos cem anos, nas manifestações
populares, contra o afundamento de nossos navios e exigindo a entrada do Brasil
na Segunda Guerra Mundial; nos protestos contra o regime militar; na campanha das
Diretas Já; ou nos memoráveis comícios, que, com a eleição de Tancredo Neves
nos levaram à redemocratização.
O Hino Nacional deveria ser cantado, em
primeiro lugar, pelos nossos jogadores, com o mesmo fervor de outras orações
que, de vez em quando, proferem de mãos
dadas, em altos brados, antes de jogos importantes. Todo homem é livre para adotar o Deus ou a
religião que preferir, ou, até mesmo, não adotar nenhuma, nem aceitar a idéia
de Deus.
A
Pátria, assim como a família, não se escolhe, a não ser que alguém resolva
trocar de nacionalidade. A Pátria se herda, como se herda o sangue e o nome do
pai, o afago da mãe, o retrato do avô. Na Pátria - e milhares já morreram para defender a
nossa - estão todos aqueles que nos antecederam, e que, nos seus genes e vicissitudes,
nos legaram o misterioso privilégio de viver.
Nas
concentrações, mais do que preparo físico e treinamento, falta que todas as
manhãs se hasteie a nossa bandeira e que se cante (e não se tartamudeie) o Hino
Nacional. Trata-se de um ritual cívico, que também deve voltar às escolas. É
preciso “sentir” a pátria, com a voz forte, a mão sobre o peito, ao cantar o hino nacional, como fizeram os chilenos
quarta-feira. E, aos jogadores, corpo técnico e dirigentes, incluído o presidente
da CBF, faltam vergonha, reverência e, amor pelo Brasil.
Postado por
Mauro Santayana
BOMBA! Dalmo Dallari põe em xeque a "carreira ilibada" de Gilmar Mendes
A controversa carreira de Gilmar
E eis que o ministro Gilmar Mendes está metido em mais uma controvérsia. Para ajudar os leitores do Diário a se situarem, montamos um grupo de perguntas e respostas sobre Gilmar.
Para ajudar os leitores, preparamos perguntas e respostas sobre o complicado ministro do Supremo.
Um problema nacional |
E eis que o ministro Gilmar Mendes está metido em mais uma controvérsia. Para ajudar os leitores do Diário a se situarem, montamos um grupo de perguntas e respostas sobre Gilmar.
Quem indicou Gilmar Mendes para o STF?
Fernando Henrique Cardoso.
Como a indicação de Gilmar Mendes para o STF foi recebida por juristas ilibados?
No dia 8 de maio de 2002, a Folha de S. Paulo publicou um artigo do
professor Dalmo Dallari, a propósito da indicação de Gilmar Mendes para o
Supremo Tribunal Federal, sob o título de Degradação do Judiciário.
Qual era o ponto de Dallari?
“Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado”, afirmou Dallari,
“não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção
dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade
constitucional.”
Por quê?
Gilmar, segundo Dallari, especializou-se em “inventar” soluções
jurídicas no interesse do governo. “Ele foi assessor muito próximo do
ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao
direito”, escreveu Dallari. ”No governo Fernando Henrique, o mesmo
Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece
assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a
demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas
vezes negada pelo STF, “inventaram” uma tese jurídica, que serviu de
base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto
em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral
da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos
da administração que não cumprissem decisões judiciais.”.
Como Gilmar, no cargo de advogado-geral da União, definiu o judiciário brasileiro depois de suas derrotas judiciais?
Ele fez uma afirmação textual segundo a qual o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio judiciário”.
Como os juízes responderam a isso?
Em artigo publicado no “Informe”, veículo de divulgação do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, um juiz observou que “não são decisões
injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do
advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder
Executivo”.
Havia alguma questão ética contra Gilmar quando FHC o indicou?
Sim. Em abril de 2002, a revista “Época” informou que a chefia da
Advocacia Geral da União, isto é, Gilmar, pagara R$ 32.400 ao Instituto
Brasiliense de Direito Público – do qual o mesmo Gilmar é um dos
proprietários – para que seus subordinados lá fizessem cursos.
O que Dallari disse desse caso?
“Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito
longe de se enquadrar na “reputação ilibada”, exigida pelo artigo 101
da Constituição, para que alguém integre o Supremo”, afirmou Dallari.
Em outros países a indicação de juízes para o STF é mais rigorosa?
Sim. Nos Estados Unidos, por exemplo, um grande jurista
conservador, Robert Bork, indicado por Reagan, em 1987, foi rejeitado
(58 votos a 42), depois de ampla discussão pública.
Como o Senado americano tratou Bork?
Defensor declarado dos trustes, Bork foi arrasado pelo senador Edward
Kennedy. A América de Bork – disse Kennedy – será aquela em que a
polícia arrombará as portas dos cidadãos à meia-noite, os escritores e
artistas serão censurados, os negros atendidos em balcões separados e a
teoria da evolução proscrita das escolas.
O caso foi tão emblemático que to bork passou a ser verbo.
Mais tarde, em outubro de 1991, o juiz Clarence Thomas por pouco não foi
rejeitado, por sua conduta pessoal. Aos 43 anos, ele foi acusado de
assédio sexual – mas os senadores, embora com pequena margem a favor (52
votos a 48), o aprovaram, sob o argumento de que seu comportamento não o
impedia de julgar com equidade.
Na forte campanha contra sua indicação, as associações femininas se
destacaram. E o verbo “borquear” foi usado por Florynce Kennedy, com a
sua palavra de ordem “we’re going to bork him”.
Já no Supremo, Gilmar continuou a agir contra os interesses dos índios, como fizera antes?
Sim. Em 2009, o governo cedeu aos guaranis-caiovás a terra que eles
ocupavam então. Em 2010, o STF, então presidido por Gilmar Mendes,
suspendeu o ato do governo, em favor de quatro fazendas que reivindicam a
terra.
A mídia tem cumprido seu papel de investigar Gilmar?
Não, com exceção da CartaCapital. Na edição de 8 de outubro de 2008,
a revista revelou a ligação societária entre o então presidente do
Supremo Tribunal Federal e o Instituto Brasiliense de Direito Público
(IDP).
O que é o IDP?
É uma escola de cursinhos de direito cujo prédio foi construído com
dinheiro do Banco do Brasil sobre um terreno, localizado em área nobre
de Brasília, praticamente doado (80% de desconto) a Mendes pelo
ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz.
O que a CartaCapital revelou sobre o IDP?
O autor da reportagem, Leandro Fortes, revelou que o IDP, à época da
matéria, fechara 2,4 milhões em contratos sem licitação com órgãos
federais, tribunais e entidades da magistratura, “volume de dinheiro
que havia sido sensivelmente turbinado depois da ida de Mendes para o
STF, por indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.
Quem dava aulas no IDP, segundo a CartaCapital?
O corpo docente do IDP era formado, basicamente, por ministros de
Estado e de tribunais superiores, desembargadores e advogados com
interesses diretos em processos no Supremo. “Isso, por si só, já era
passível de uma investigação jornalística decente”, escreveu em seu blog
o autor da reportagem. “O que, aliás, foi feito pela CartaCapital
quando toda a imprensa restante, ou se calava, ou fazia as vontades do
ministro em questão.”
O jornalista deu algum exemplo?
Sim. Na época da Operação Satiagraha, dois habeas corpus foram
concedidos por Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, em menos de 48 horas.
Em seguida, conforme Leandro Fortes, “a mídia encampou a farsa do grampo
sem áudio, publicado pela revista Veja, que serviu para afastar da
Agência Brasileira de Inteligência o delegado Paulo Lacerda, com o
auxílio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, autor de uma falsa denúncia
sobre existência de equipamentos secretos de escuta telefônica que
teriam sido adquiridos pela Abin”.
Como Gilmar reagiu às denúncias?
A CartaCapital e o repórter, por revelarem as atividades comerciais
paralelas de Gilmar Mendes, acabaram processados pelo ministro.
Mendes acusou a reportagem de lhe “denegrir a imagem” e “macular sua
credibilidade”. Alegou, ainda, que a leitura da reportagem atacava não
somente a ele, mas serviria, ainda, para “desestimular alunos e
entidades que buscam seu ensino”.
Como a justiça se manifestou sobre o processo?
Em 26 de novembro de 2010, a juíza Adriana Sachsida Garcia, do
Tribunal de Justiça de São Paulo, julgou improcedente a ação de Gilmar
Mendes e extinguiu o processo.
O que ela disse?
“As informações divulgadas são verídicas, de notório interesse
público e escritas com estrito animus narrandi [Nota do editor-geral do Terra Brasilis: expressão latina que significa intenção de narrar o que viu ou ouviu]. A matéria publicada
apenas suscita o debate sob o enfoque da ética, em relação à situação
narrada pelo jornalista. (…) A população tem o direito de ser informada
de forma completa e correta. (…) A documentação trazida com a defesa
revela que a situação exposta é verídica; o que, aliás, não foi negado
pelo autor.”
É verdade que Ayres Brito, que prefaciou o livro de Merval Pereira sobre o Mensalão, proferiu aula magna no IDP?
Sim.
Procede a informação de que, em pleno Mensalão, Gilmar foi ao
lançamento de um livro de Reinaldo Azevedo em que os réus eram tratados
como “petralhas”?
Sim.
E agora, como entender a crise entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso?
Nas palavras do colunista Janio de Freitas, esta crise “não está
longe de um espetáculo de circo, daqueles movidos pelos tombos patéticos
e tapas barulhentos encenados por Piolim e Carequinha. É nesse reino
que está a “crise”, na qual quase nada é verdadeiro, embora tudo produza
um efeito enorme na grande arquibancada chamada país”.
É verdade que o Congresso aprovou um projeto que submete decisões do Supremo ao Legislativo?
Não. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, como explicou
Janio de Freitas, nem sequer discutiu o teor do projeto que propõe a
apreciação de determinadas decisões do STF pelo Congresso. “A CCJ apenas
examinou, como é de sua função, a chamada admissibilidade do projeto,
ou seja, se é admissível que seja discutido em comissões e eventualmente
levado a plenário”, explicou Jânio. “A CCJ considerou que sim. E nenhum
outro passo o projeto deu.”
E qual foi a atitude de Gilmar neste caso?
*Saraiva
Ele afirmou que os parlamentares “rasgaram a Constituição”. Isso só é
equiparável, segundo Jânio, à afirmação de Gilmar de que “o Brasil
estava sob “estado policial”, quando, no governo Lula, o mesmo ministro
denunciou a existência de gravação do seu telefone, jamais exibida ou
comprovada pelo próprio ou pela investigação policial”.
De Recife - PE.
Diógenes Afonso
Deputado chama Gilmar Mendes de "capitão do mato"
As declarações de Ferro foi a primeira de uma sequencia de discursos feitos por petistas no plenário a favor do projeto de Nazareno Fonteles (PT-PI), que tira poderes do Supremo.
Os petistas também criticaram a liminar de Mendes que suspendeu a votação no Senado do projeto que cria barreiras para o surgimento de novas legendas.
"Impedir o debate é censura, é uma postura de capitão do mato do ministro Gilmar Mendes que está desacostumado com democracia", disse Fernando Ferro da tribuna.
Minutos antes, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disseram que não há "crise" entre os Poderes.
A avaliação dos dois ocorreu após encontro na casa de Gilmar Mendes, em Brasília.
Contrariando o discurso dos dois peemedebistas e seguindo a mesma linha de discurso de Fernando Ferro, o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (SP) criticou os integrantes do STF.
"Quem provoca a crise entre Poderes são ministros precipitados e afobados, que, em vez de tratarem a questão com a necessária cautela, saem assinando liminares e criando confusão", afirmou Berzoini no plenário.
O deputado também criticou a iniciativa de Henrique Eduardo Alves que pretende apresentar projeto para mudar as regras de votações de emendas constitucionais na Casa.
A proposta do presidente da Câmara é que a votação seja sempre nominal, o que obriga o deputado a registrar o seu voto no momento da análise da proposta.
"Lamentavelmente, dado o jogo político e a disputa, muitas vezes nós vemos parlamentares, inclusive dirigentes nesta Casa, que, na primeira ameaça do Poder Judiciário, se colocam de cabeça baixa e dizem até que vão mudar elementos de tramitação das PECs nesta Casa", afirmou o petista.
(Erich Decat/via Blog Sujo)
do Blog Na Ilharga
Só Falta Respingar na GROBO
Afastamento aconteceu após uma investigação sobre um caso de suborno envolvendo a ISL, antiga parceira de marketing da federação internacional de futebol, informou um relatório da entidade nesta terça-feira; caso também incluiu o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ex-genro de Havelange e também acusado de ter recebido propinas da ISL
BERNA, 30 Abr (Reuters) - João Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa após uma investigação sobre um caso de suborno envolvendo a ISL, antiga parceira de marketing da federação internacional de futebol, informou um relatório da Fifa nesta terça-feira.
O relatório feito por Hans-Joachim Eckert, chefe da câmara judicial do comitê de ética da Fifa, disse que Havelange renunciou ao cargo em 18 de abril.
A investigação também incluiu o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, ex-genro de Havelange e também acusado de ter recebido propinas da ISL.
Teixeira renunciou ao comando da CBF e ao cargo de membro do comitê-executivo da Fifa no ano passado.
(Reportagem de Brian Homewood)
*cutucandodeleve
A direita latino-americana
Por Emir Sader
A direita latino-americana atual é o agregado de vários segmentos.
Um primeiro, é a direita tradicional, que contém os jornais e revistas ligados à oligarquia, que estiveram ligados ao velho modelo primário exportador, apoiaram as ditaduras militares. Se valeram da reinterpretação do liberalismo por aqui, favoráveis ao livre comércio e contra qualquer protecionismo. São saudosistas, escrevem editorias rançosos, expressam ódio de classe aberto aos sindicatos, aos partidos de esquerda, a Cuba, Venezuela, Bolívia.
Exaltam a mídia conservadora como bastiões da liberdade, ameaçados pelos “populismos” reinantes.
Hoje manifestam melancolia e pessimismo sobre o estado atual do mundo e, em particular, da América Latina e de seus países em particular.
Adoram os EUA de quem exigem sempre a dureza da época da “guerra fria”.
Sua cantilena preferida é a do risco que a liberdade e a democracia correm.
O bloco neoliberal nos vários países no continente foi conduzido por outras forças, que incorporaram esse ramos oligárquico da direita.
Foram forças originárias da social democracia e do nacionalismo – Ação Democrática na Venezuela, PRI no México, o peronismo dos anos 1990 na Argentina, o PSDB no Brasil, entre outros – os agentes do modelo neoliberal no continente.
Seguindo pelo caminho dos socialistas franceses e espanhóis, e dos trabalhistas ingleses, essas forças organizaram um novo bloco de direita ou simplesmente avançaram sós na condução de governos neoliberais.
Essas duas vertentes contaram com o monopólio oligárquico dos meios de comunicação, numa fase em que estes ocuparam o lugar central na construção dos consensos políticos e ideológicos.
Diante dos governos pós-neoliberais, a direita se viu fora do governo, com muitas dificuldades para retornar.
Esses governos ocuparam um amplo espaço do campo politico, não deixando espaço para outro projeto com potencial hegemônico.
O que fazer diante do inegável sucesso das politicas sociais desses governos?
Manter a concepção da direita de que os recursos utilizados nessas politicas são gastos, via de regra considerados “excessivos”, responsáveis pelos desequilíbrios das contas publicas, além de mal administrados – para o que se centra na denuncia de supostas irregularidades e/ou ineficiência na sua aplicação.
Diante das alianças que priorizam os processos de integração regional, a direita centra suas criticas na situação política e econômica dos países latino-americanos, tentando provar que a aliança com eles está permanentemente ameaçada.
Não podem manter – pelo menos desde o começo da crise econômica no centro do sistema – sua preferência pela aliança subordinada com os EUA, a Europa e o Japão.
Tentam então desqualificar projetos como o Mercosul, Unasul, o Banco do Sul, a Celac, o Conselho Sul-americano de Defesa, sem grande efetividade.
Da mesma forma a direita ficou neutralizada na sua ojeriza ao Estado, especialmente desde o começo da atual crise econômica internacional, quando todos pediram ações estatais para minorar seus efeitos.
Desviam então suas críticas ao Estado, concentrando em supostos casos de corrupção, que teriam o Estado como cenário, assim como supostas ineficiências dos programas governamentais, que seriam melhor administrados se estivessem centrados em empresas privadas e no mercado.
Com essas debilidades, a direita não consegue se recompor das derrotas que tiveram em países como a Venezuela, o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Bolívia e o Equador.
Estes governos se elegeram e se reelegeram, encontrando-se em condições favoráveis para cumprir sua primeira década e avançar para a segunda.
Incapacitada de obter maiorias eleitorais, a direita centra sua ação nos grandes meios de comunicação, frente à debilidade confessa dos seus partidos, e busca articular novas modalidades golpistas, contando com a velha mídia e com o Judiciário – quando ainda o controla.
Os governos progressistas latino-americanos têm tudo para fortalecer-se diante de uma direita como essa.
Basta que zelem, antes de tudo, pela eficácia na aplicação das suas políticas sociais, pelo seu fortalecimento, expansão e criatividade.
Essa é sua base fundamental de apoio e legitimidade, que lhes dá as maiorias e a legitimidade que lhes permitem seguir triunfando.
E, ao mesmo tempo, avançar nas políticas de integração regional – em particular o novo Mercosul e o Banco do Sul –, que é o que permite a esses países resistir em melhores condições aos influxos recessivos do centro do capitalismo e superar obstáculos internos para construir um modelo alternativo de política econômica.
Em terceiro lugar, fazer as reformas do Estado e do sistema político, para democratizar as instâncias de poder, incluindo o sistema eleitoral, o Judiciário e os meios de comunicação.
do Blog Aldeia Gaulesa
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