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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 11, 2013


Dr Ray acaba de entrar para o partido de Feliciano, o PSC, ala reaça da base governista. (Sim, temos um pezinho no governo!)
Tamo ou não tamo arrasando, reaçaria
#SouReaçaMasTôNaModa
Essa é a Cibele. Gauchita de Porto Alegre, cabelo vermelho, piercing
no lábio inferior - quem seria essa rebelde? Uma estudante de
ciências humanas da PUC? Não! Trata-se de uma reaça de quatro
costados, responsável pela refundação da Arena. Tamo ou não tamo
na moda?
#SouReaçaMasTôNaModa

Olha a nossa jovem lutadora aí de novo! Quando Cibele fez 18,
seu sonho era dirigir esse possante.
#SouReaçaMasTôNaModa

Paralama, entusiasta da Segunda Guerra Mundial e tarado por
tanques e uniformes militares, Barone dita o ritmo da Banda Reaça
na batera. Autor da frase que recentemente virou slogan dos
militares contrários à CV:



Esqueça as Senhoras de Santana. A reaçaria hoje tem um look
jovem e moderno. Piovani é uma guerreira-twitteira do movimento.
Luta pela vida, pela paz, contra a corrupção, contra a maldade,
contra a violência, contra o lulodilmopetismo, contra gente feia e
contra a hipocrisia que assola o Brasil das Bolsas-Vagabundo.
Enfim, uma lutadora de mão cheia.
#SouReaçaMasTôNaModa


Infantilóides de esquerda não resistem ao charme liberal de Pondé.
#SouReaçaMasTôNaModa


Esse é Leandro NarLOCKE. Barba mal feita, cabelo mal penteado e
uma cara estranha? Incorporamos elementos esquerdistas num
processo antropofágico. Os descolados agora somos nós!
#SouReaçaMasTôNaModa


Dupla rockeira reaça está mais na moda que as sertanejas.
♫ Dil-má! Dil-ma Dil-ma Dil-ma Dil-má bandida! ♫
#SouReaçaMasTôNaModa


“Hoje é dia de roquenrrou reaça, bebê!”
#SouReaçaMasTôNaModa


Jovem, popular, bem casado e com filhos. Um reaça da moda que
ainda vai dar o que falar.
#SouReaçaMasTôNaModa


“A gente tinha que repensar a ditadura militar (…) As pessoas queriam
botar uma Cuba no Brasil, ia ser uma grande merda pra gente.
#SouReaçaMasTôNaModa


Linha de frente da nova reaçaria, Rafinha Bastos combate a cultura
esquerdista do politicamente correto, tendo sido demitido da Band por sua
atuação subversiva. Mulheres estupradas, pobres, fetos e rondonienses
são seus alvos preferidos.
#SouReaçaMasTôNaModa


Músico reaça moreno. Não está nem aí pro que os outros vão pensar.
Nordestino é feio, mulher feia tem que ser competente, sente pena de
brasileiros de “cultura inferior”, mas aprecia essa gente bonita do eixo
Curitiba - Porto Alegre. Coleciona vinis, bebe bons vinhos e curte uma boa
piscina. Um cara sem medo de ser feliz. Deep!
#SouReaçaMasTôNaModa


Esse é o braço zuêra da reaçaria fazendo o chifre da vitória reaça!
#SouReaçaMasTôNaModa


Tio Rei é o guru dos novos tempos reaças.
Mãozinha no queixo é sinal característico da nova reaçaria.
Serve para suavizar nossa imagem, que foi maquiavelicamente demonizada por
esquerdossauros gramscianos.
#SouReaçaMasTôNaModa

(Proibido no Brasil) A história secreta da Rede Globo


Partido da Imprensa Golpista: o esquema mafioso da oligarquia midiática para tentar destruir Lula


Datafolha teria feito “pesquisa secreta” sobre apoio a Lula

do Blog da Cidadania

Em setembro do ano passado, durante o processo eleitoral de escolha de prefeitos e quando o julgamento do mensalão dava seus primeiros passos, a revista Veja publicou matéria de capa em que reportou denúncia daquele que é considerado o “operador do mensalão”, o empresário Marcos Valério de Souza, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A partir daquele momento, um previsível script foi sendo encenado. A Procuradoria Geral da República, cuja atuação política no âmbito do inquérito do mensalão vem sendo apontada por muitos, enviou as denúncias de Valério contra Lula para investigação em primeira instância do MPF, o que acabou gerando abertura de inquérito na Polícia Federal.

Na semana passada, o advogado do “delator do mensalão”, Roberto Jefferson, ao propor embargo declaratório ao STF em benefício de seu cliente, pediu que Lula seja arrolado em um inquérito específico sobre sua participação no esquema de “compra de votos” que a maioria dos ministros daquela Corte diz ter ocorrido no início do primeiro governo do PT.

Há cerca de oito meses, portanto, que o ex-presidente Lula vem sendo associado, na mídia, ao escândalo do mensalão. Não passa uma semana sem que jornais, revistas, portais de internet, telejornais e programas de rádio citem o suposto envolvimento do ex-presidente com o esquema.

Apesar de nem a Procuradoria Geral da República, nem o STF terem visto razões para indiciar Lula na Ação Penal 470, que terminou com a condenação de nomes importantes do PT, amplos setores do partido vêm denunciando recente processo que busca envolver o ex-presidente naquele escândalo como estratégia de seus adversários para diminuir sua força eleitoral no ano que vem.

Em todos esses meses de bombardeio sobre Lula, porém, até hoje não surgiu uma só pesquisa de opinião que aponte o sucesso do que seria uma estratégia para desmoralizá-lo.

A última pesquisa sobre a popularidade do ex-presidente de que se tem notícia foi feita pelo Datafolha em dezembro do ano passado e apontou que se houvesse eleição naquele momento ele seria eleito com 56% dos votos e Dilma se reelegeria com 57%. Ou seja: não havia, naquele momento, qualquer perda de popularidade de Lula.

De lá para cá, intensificou-se sobremaneira o noticiário sobre investigações envolvendo-o. Quase toda semana o Jornal Nacional dá alguma notícia sobre as investigações, mesmo quando não é notícia, como na oitiva do ex-assessor de Lula Freud Godoy pela PF na última quarta-feira (8).

Os mais atentos por certo devem ter percebido que, se nesses cinco meses de 2013 tivesse ocorrido alguma alteração para baixo na popularidade de Lula, o noticiário formatado para difamá-lo por certo teria feito alarde sobre o fato. Todavia, desde o ano passado não se tem mais informações sobre a popularidade dele.

Ontem, porém, este blog recebeu mensagem de um leitor que diz ser professor de escola estadual de São Paulo e que afirma que na semana passada foi entrevistado pelo instituto Datafolha. A pesquisa, segundo relatou, versava sobre a imagem do ex-presidente.

Segundo essa pessoa, o questionário do Datafolha perguntou se o entrevistado está a par das investigações sobre Lula, se acredita que possa haver algum envolvimento dele no mensalão, se um eventual indiciamento do ex-presidente irá interferir na opinião do entrevistado e, por fim, faz uma simulação de intenção de voto em que Lula aparece disputando a Presidência com Aécio Neves, Marina Silva, Joaquim Barbosa e Eduardo Campos.

Pedi ao leitor que se identificasse e desse uma entrevista, mas ele não quer. Disse que nunca comentou no blog porque seu nome, devido à sua atividade profissional, não pode aparecer em questões políticas.

Seja como for, a lógica nos obriga a ver verossimilhança no relato em questão. Afinal, alguém acredita que paralelamente a essa intensa campanha de desmoralização da mídia contra Lula ela não estaria mensurando os efeitos do que está fazendo e que se ele tivesse sofrido alguma queda de popularidade isso não estaria sendo alardeado incessantemente?


VAN GOGH NA BELEZA DO PRETO E BRANCO, POR ALAIN RESNAIS

Vincent van Gogh, Prisoners Exercising, 1890
Vincent van Gogh, Prisoners Exercising, 1890
Por Maura Voltarelli

Vincent van Gogh é hoje um dos maiores pintores modernos. Difícil quem não o conheça, quem não tenha ouvido falar sobre ele alguma vez. Mais difícil ainda não se impactar com suas pinturas, com suas formas delirantes, com suas cores colossais que, de certa forma, refletem a trajetória complexa e densa de um dos maiores nomes do impressionismo mundial.

Para contar um pouco da história de Van Gogh o diretor francês Alain Resnais foi convidado, em 1948, para fazer um filme curto sobre ele, que coincidia justamente com uma exposição do artista que então estava sendo montada em Paris. O filme, intitulado Van Gogh, recebeu diversos prêmios e foi o primeiro de muitos outros filmes feitos pelo diretor sobre o universo da arte moderna, como Gauguin (1950) e Guernica (1950).

Reproduzimos aqui uma versão com legendas em espanhol, mas, para além dos diferentes códigos linguísticos, o arte/documentário de Resnais fala em uma linguagem universalmente conhecida pelo público: a linguagem da arte. E mais ainda, essa linguagem é transmitida pela pureza essencial do preto e branco, o que deixa os quadros de Van Gogh ainda mais sublimes.

A tentativa foi de reconstituir a vida do pintor por meio de seus quadros, tornando-o mais conhecido do grande público. Tarefa nem sempre fácil, pois Van Gogh foi um daqueles artistas que teve sua existência atravessada pela miséria, pela loucura, e por todas as regiões de sombra que possam se abrir diante da existência humana. Nele, no entanto, as experiências do limite só fizeram aumentar a genialidade do seu trabalho.

Assim como Hölderlin e Nietzsche, Van Gogh vivenciou em vida a experiência da morte, rompeu a barreira entre os domínios e, por isso, conseguiu na sua obra a maturidade do estilo e o frescor de uma atualidade sempre potente, sempre renovada.

França, 1948. Direção e edição: Alain Resnais. Narrador: Claude Dauphin. Diretor: Gaston Diehl e Robert Hessens. Producão: Pierre Braunberger, Gaston Diehl e Robert Hessens. Música original: Jacques Besse. Fotografia: Henry Ferrand. Versão original em francês com legendas em espanhol. Duração: 18 min.

Vale a pena também ver este vídeo, uma bela experiência estética que traz o quadro De sterrennacht EM MOVIMENTO.

Van Gogh não morreu devido a uma condição delirante, e sim por haver chegado a ser corporalmente o campo de ação de um problema em cujo redor se debate, desde suas origens, o espírito iníquo desta humanidade, o predomínio da carne sobre o espírito, o do corpo sobre a carne, do espírito sobre um ou sobre outra. Onde está, neste delírio, o lugar do eu humano?
Antonin Artaud
*educaçãopolitica




Marcha da Maconha ajuda no debate da legalização

De 2002 para cá, houve avanços políticos, jurídicos e sociais

Jornal do BrasilCaio Lima*
Neste sábado (11) será realizada a 10 ª Marcha da Maconha no Rio de Janeiro e, desde a primeira edição, em 2002, o debate em torno do assunto amadureceu, seja no âmbito político, jurídico e social. Para o vereador Renato Cinco (Psol), um dos organizadores do ato na cidade, a bandeira e o discurso da marcha se aprofundaram, deixando de lado o debate “marginal”.
Em 2013, a Marcha da Maconha do Rio, a pioneira no Brasil, será realizada na frente do Posto 9, na Praia de Ipanema, às 14h. Até o mês de julho, também será realizada em outras 42 cidades pelo país.
“Acho que mudou muita coisa de 2002 para cá. Antes o ato era muito pouco conhecido e a nossa bandeira era vinculada ao discurso do Gabeira, em prol da liberdade individual do cidadão. Nesse tempo, aprendemos a fazer a relação entre proibição e violência, deixamos o aspecto individual e chegamos à questão dos direitos humanos, já que são milhares de pessoas que morrem e jovens encarcerados em massa”, afirma o vereador.
Para Renato Cinco, um dos grandes avanços em relação à legalização da maconha no Brasil foi entrar em vigor a Lei 11.343/2006, que flexibilizou a conduta das autoridades em relação aos usuários que portam pequenas quantidades da droga.
“O fim da pena ao usuário foi uma grande conquista, não só da marcha, como de toda sociedade. Neste ano vi pela primeira vez partidos de direita colocando em evidência o debate da legalização, ou seja, até quem é contra é obrigado a falar sobre o assunto, estimular o debate”, ressalta o organizador da marcha no Rio.
Na contramão da flexibilização em relação à política antidrogas, está pronto para entrar na pauta de votação na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei (PL) 7.663/2010, de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB/RS). Se o PL for adiante e aprovado, ficaria permitida a internação compulsória do usuário e seriam oficializadas as comunidades terapêuticas mantidas por grupos religiosos.
Na opinião de Renato Cinco, o PL é problemático: “a internação compulsória do usuário deve ser uma medida extrema de tratamento. A internação como punição é uma tortura. Já as comunidades terapêuticas, são entidades que não fazem tratamento médico, e sim espiritual. Se o estado é laico não pode colocar verba pública nessas instituições”.
Maconha: Prós e contra
Até hoje, um dos grandes argumentos de quem é contra o uso da maconha é em relação ao risco de se obter algum quadro de psicose. O psiquiatra José Manoel Bertolote, professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo em Botucatu, pondera sobre o assunto e ressalta que há diversas variantes para uma pessoa sofrer de psicose.
“Os problemas psiquiátricos em relação à maconha passam por algumas variantes, como a genética pessoal. Além disso, depende do organismo físico do indivíduo, a idade que começou a usar a droga e a quantidade ingerida. Resumindo, não se pode dizer que a maconha seja inócua do ponto de vista psíquico, mas também não podemos dizer que quem fuma maconha vai ser psicótico, há variabilidade”, explica o psiquiatra.
Em relação à outras drogas, Bertolote afirma que a maconha é muito menos nociva e devastadora do que drogas lícitas: “Reconheço que o uso da maconha tem riscos, entretanto, outras substâncias lícitas, como o álcool e o tabaco, possuem muito mais indicadores em direção à morte. Para cada morte por maconha, diria que há 1.000 por álcool e a sociedade não se incomoda, tanto culturalmente como economicamente”.
Para o psiquiatra a mistura da maconha com outras drogas é “relativamente sem problemas, pois não há interação farmacológica”.
“Por exemplo, se um indivíduo fuma maconha terá efeito dois, se ele bebe terá efeito dois e somando dá quatro. Nas mesmas proporções, em relação à mistura do álcool com a cocaína, o resultado seria de oito a 10 de efeitos nocivos ao organismo”, ressalta o psiquiatra.
Ao comentar a legislação antidrogas do Brasil, Bertolote critica a desproporcionalidade das penas: “a desproporção das penas no Brasil desmoraliza o sistema judiciário, a pena para o traficante de drogas é de cinco a 15 anos, já a pena para um homicídio não qualificado é de seis anos, ou seja, para a legislação é menos grava matar alguém e isso é um contrassenso”. 
*Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil

sexta-feira, maio 10, 2013

Ustra cita Dilma e diz que lutou contra o terrorismo e cumpria ordens

Ex-dirigente do DOI-Codi leu declaração perante Comissão da Verdade, mas se nega a responder perguntas
‘Com uma espécie de vara de marmelo na mão, ele me batia. Outros vinham e me davam telefone’, diz vereador sobre tortura por Ustra
Brilhante torturador
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que dirigiu o DOI-Codi em São Paulo, disse nesta sexta-feira à Comissão da Verdade que lutou contra o terrorismo e que, se não fosse sua luta, a ditadura do comunismo estaria imposta até hoje e ele teria ido para o paredão. Ustra fez uma declaração inicial e disse que não responderia perguntas, mas decidiu replicar algumas delas. Na sua fala inicial, Ustra diz que combateu mais de 40 organizações de esquerda, "entre elas quatro em que atuou a atual presidente da República".
— Lutamos contra o terrorismo. Eles atacavam quartéis, roubavam armas, incendiavam rádio patrulhas e explodiram dezenas de bombas — disse Ustra. — Enfrentei várias organizações de esquerda, entre elas quatro nas quais a atual presidente da República atuou — disse.
Ustra disse também que foi um militar exemplar, que nunca assassinou ninguém ou torturou e que cumpriu ordens.
— Quem deveria estar sentado aqui é o Exército Brasileiro. Não eu. Nunca fui um assassino.
O militar lembrou que recebeu a mais alta condecoração do Exército, a Medalha do Pacificador. Também em depoimento nesta sexta-feira, o ex-servidor do DOI-Codi de São Paulo e ex-sargento Marival Chaves assegurou que Ustra, então capitão, comandava as torturas na repressão. Marival afirmou que Ustra era "senhor da vida e da morte", escolhia quem iria viver ou morrer.
Vereador relata ter sido torturado por Ustra com choques
Mais cedo, o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PSDB) contou na Comissão da Verdade que foi torturado pessoalmente por Ustra, em 1972, nas dependências do DOI-Codi, na capital paulista. Então estudante de Medicina, Natalini ficou dois meses preso. Ele contou que fazia poesias que tinham também como conteúdo temas ligados à democracia e à repressão. Ustra decidiu, então, torturá-lo da seguinte maneira, segundo ele:
— O Ustra mandou me despir, me colocou em pé numa poça d´água numa cela e com aqueles fios de choque pelo meu corpo. Chamou para testemunhar vários agentes e soldados e exigiu que eu declamasse minhas poesias. Durante horas, ele, com uma espécie de vara de marmelo na mão, me batia. Outros vinham e me davam telefone (tapa com as mãos nos ouvidos) e muito eletrochoque — disse Natalini, que se emocionou em alguns momentos em seu depoimento.
Depoimento de Ustra termina em bate-boca
A audiência de Ustra terminou em confusão e bate-boca na plateia. A discussão ocorreu no final da sessão, quando o presidente da comissão, Cláudio Fonteles, perguntou a Ustra se era verdade que torturou o vereador Gilberto Natalini no Doi-Codi e o obrigou, durante a tortura, a declamar poesias de sua autoria. Fonteles, então, aproveitando a presença de Natalini na plateia, perguntou a Ustra se aceitava uma acareção, o que ele negou.
— Não faço acareação com terrorista — respondeu Ustra, exaltado.
Neste momento, Natalini levantou na plateia e gritou que não era terrorista e disse que “o senhor que é bandido”, se dirigindo a Ustra. Em outra cadeira no público, um senhor saiu em defesa de Ustra e chamou Natalini de terrorista. Esse senhor que defendeu Ustra não quis se identificar. Ele estava acompanhado do general da reserva Rocha Paiva, um crítico da Comissão da Verdade. O senhor não respondeu se era militar, mas usava um broche com desenho de um canhão, e também um símbolo igual segurando a gravata.
Antes do depoimento de Ustra, Cláudio Fonteles disse que o depoimento do coronel seria uma oportunidade para que ele se defenda:
— Estamos dando a ele uma oportunidade de se defender, de contar o que sabe. Se ele se cala, está ensejada a presunção de culpa — disse Fonteles.
O conselheiro afirmou que a comissão deverá subsidiar o Ministério Público com informações em eventual recurso par derrubar decisão da Justiça que assegurou a Ustra seu silêncio.
— Qual a situação de Ustra hoje? É um anistiado. Ou seja, não corre risco de ser réu nem de ser condenado. E, por isso, não tem como se autoincriminar. Então não cabe seu silêncio em sua defesa. É o que vamos levar ao Ministério Púbico — disse Fonteles.
*comtextolivre

Charge foto e frase do dia







































Nota: O presente artigo promove uma ênfase maior nos fatos historiográficos ligados ao movimento libertário e anarquista, considerando que a historiografia marxista já deva ser de conhecimento geral. Caso persistirem dúvidas ou para informações mais aprofundadas o autor está disponível nas mensagens da página do facebook do Centro do Socialismo.
Por Guilherme Wagner¹


A Revolução dos Sovietes em fevereiro de 1917, e a perpetuação dos dirigentes bolcheviques a frente do Estado Soviético em outubro do mesmo ano, promoveu um abalo enorme nas doutrinas socialistas ao redor do mundo. Muitos por serem idealistas, incrédulos e frágeis em suas convicções revolucionárias aderiram ao movimento bolchevique, exportando tal e qual os métodos revolucionários para suas regiões, à citar Atrojildo Pereira fundador do PCB. Nesse processo passaram a disseminar pensamentos ortodoxos que viriam a conceber ideias falaciosas sobre diversos segmentos da esquerda. [1]
O primeiro termo a ser utilizado foi de que o Estado Soviético criado em outubro seria uma forma de transição do capitalismo para o comunismo, e a isso se chamaria de socialismo[2]. Isto não é socialismo, o pensamento socialista foi formulado no fim do século XVIII (Revolução Burguesa Francesa) e início do subsequente, aonde o socialismo seria a destruição da propriedade privada e administração das coisas por todos, seus teóricos foram chamados de socialistas utópicos por Marx e Engels, podendo ser divididos em:
1. Conspiratórios*, aqueles que acreditavam que o socialismo deveria ser implementado como uma legítima ditadura de Estado que beneficiasse a maioria (trabalhadores), e tal ação revolucionária deveria ser feita por meio de golpes de estado, de cima, por isso que são chamados de conspiradores. O principal defensor dessa ideia é Louis Blanquí (ou Blanc) importante líder socialista da revolução de de 1848 onde se derrubou a monarquia e se implantou a Segunda República, defendia a criação de associações de trabalhadores divididos em classes profissionais regulados pelo Estado.
2. Evolucionistas*, aqueles que pensavam que o socialismo viria de forma gradual e lenta, seu principal defensor foi o inglês Robert Owen e o Conde de Saint-Simon. Defendiam que o Estado deveria receber todos os lucros e que deveria dividir igualmente entre todos, pois para eles, a igualdade de oportunidades promoveria a harmonia social. Enquanto Owen era mais utópico, Saint-Simon defendia diferentes classes dentro do Estado, pois acreditava que o futuro da sociedade se basearia em cientistas e industrialistas, assim os diretores e gestores deveriam estar acima dos trabalhadores, no entanto todos deveriam ter o mesmos ganhos.
3. Libertários*, os precursores do socialismo libertário, tiveram com principal teórico Charles Fourier considerado o pai do cooperativismo, formulou as teorias de falanges ou falanstérios de produtores e consumidores, que seriam organizados de forma cooperativista e autônoma, isto é, o primeiro princípio da autogestão. Primeiro defensor da poligamia, contra o matrimômio, pela emancipação das mulheres, crítico da moral cristão. Fourier, foi um libertário.
Quando da formulação do socialismo científico por Marx e Engels, pode-se verificar ideais semelhantes aos mesmos dos itens 1 e 2, o blanquismo foi transformado em leninismo[3] assegurado no pensamento bolchevique, e o evolucionismo nas ideias marxistas reformistas, defendida principalmente por neo-kantianos como Bernstein, partidário social-democrata alemão. Os libertários foram muito influentes no pensamento socialista de Proudhon, outro francês, um dos criadores do termo capitalismo, junto de Blanc. Proudhon foi um crítico econômico e formulou teorias de organização social e economica chamadas de federalismo, travou excelentes debates com Marx, debates esses ricos em detalhes em análises. Proudhon é dono da frase “a propriedade é um roubo”, em que faz toda uma analise da república francesa e chega a tal conclusão, é o socialista que primeiro se autodenomina “anarquista”. Marx se denomina na mesma época “comunista”. Verifica-se assim o surgimento do anarquismo como vertente de combate socialista com Proudhon, e pouquíssimos anos depois o comunismo com Marx e Engels.[4]

O Materialismo como análise da realidade

Marx e Engels deixaram claros que eram socialistas científicos pois haviam criado um método de análise da realidade, baseado no materialismo, chamado materialismo histórico. No qual são categóricos ao afirmar que a sua principal diferença para os utópicos era a aceitação, compreensão e práxis da sociedade como um resultado das lutas de classes. Assim,o comunismo surge definitivamente da luta de classes. O anarquismo é um socialismo científico aos olhos das definições de Marx e Engels? O materialismo é defendido enquanto análise da realidade também por anarquistas, no entanto, Proudhon não criou um método de análise da realidade que pudesse explicar a sua teoria organizativa (federalismo). Tal método foi concebido por Mikhail Bakunine e chamado de materialismo sociológico, no qual consegue explicar as relações entre federalismo e socialismo, indo mais longe, formulando a crítica mais completa ao teologismo existente até os dias atuais. Todos os teóricos anarquistas do século XVIII e início do XIX defendem e analisam a realidade a partir da luta de classes, e afirmam mais claramente, que o anarquismo enquanto teoria socialista é produto direto de uma sociedade dividida em classes que estão em constantes lutas. Logo, anarquismo é um socialismo científico.

Anarco-capitalismo” não é anarquismo

O anarquismo defende de forma dialética diferentes teorias de revolução e organização social, tais teorias vão do pacifismo ao radicalismo extremado, do sindicalismo ao individualismo (com consciência coletiva), no entanto, todos sem exceção bebem da fonte de sua criação histórica: anticapitalistas, socialistas, produto direto da luta de classes e análise materialista da realidade. Não há, em hipótese alguma, nem histórica, nem ideológica, nem analítica muito menos filosófica (de método) de se conceber o anarco-capitalismo como um anarquismo. O único argumento que os defende é a significação radical grega da palavra anarquia, que significa sem governo. Liberalismo econômico não é anarquismo.

¹ Estuda Licenciatura em Matemática pela UFSC, colaborador do Memorial dos Direitos Humanos/UFSC (GE Mário Pedrosa e Ditadura Civil-Militar), pesquisa na área de Educação, História e Política
* Tais separações são opções do autor, não são consenso de historiadores.
[1] Tais ataques a esquerdas podem ser vistas em livros “Esquerdismo, doença infantil do comunismo” de Lênin, e também “Revolucionários Ineficazes” de Hobsbawn.
[2] Para uma maior análise do tema e formulação de sua opinião recomendo O Estado e a Revolução de Lênin, assim como para criar um contraponto, Lenin Frente a Marx: Associação Obrerar ou Socialismo de Estado de Claude Berger.
[3] Tal opinião é própria e pode não ser concordância entre socialistas, obra que fala disso O Novo Blanquismo de Anton Pannekoek.
[4] Vide Manifesto Comunista.
*centrodosocialismo