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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 21, 2013

MERVAL PEREIRA APOIA E INCITA À VIOLÊNCIA CONTRA MILITANTES DO PARTIDO DOS TRABALHADORES + VÍDEO

PARTIDARISMO DECLARADO

Por mais que tente, a MÍDIA partidarizada não consegue esconder sua satisfação com tudo que está acontecendo, pelo desgaste que isso pode acarretar ao governo federal. O veneno que corre no canto da boca de alguns "articulistas/jornalistas" DE PLUMAGEM TUCANA, mostra todo o ÓDIO que sentem pelo PT, chegando ao ponto de abertamente defender os atos de violência e flagrante afronta ao legítimo direito de militantes do Partido dos Trabalhadores irem às ruas, como estão indo militantes de outros partidos ou os que não tem partido e os consideram algo execrável.

Em sua coluna de hoje no Jornal O Globo, Merval solta a seguinte "pérola".

_" O fato de militantes petistas com suas bandeiras terem sido RECHAÇADOS nas manifestações em diversos estados do país ontem é um BOM INDÍCIO de que o movimento que chegou aos corações e mentes da CLASSE MÉDIA não se deixou contaminar por partidarismos."

Merval defendeu assim, cabalmente, a atitude de parte dos que estavam nas ruas, de atacar petista, agredi-los, tomar e queimar suas bandeiras.

A isso se pode chamar de TERRORISMO PARTIDÁRIO DA DESINFORMAÇÃO, e sem eufemismo, é CRIME de incitação à violência.  
*Saraiva

Ressaca cívica: As manifestações País afora caminham para o precipício

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Um dos “pacíficos” vestido a caráter agride militantes do PT.
Leandro Forte no Facebook

A dignidade e o objetivo inicial do movimento, cujo foco era baixar o preço do transporte público em São Paulo, catalisou um certo desespero social que, em boa medida, só se transformou nessa catarse social depois que a PM de São Paulo barbarizou com manifestantes e jornalistas. Mas, agora, isso já era.

Um outro contingente, violento e ameaçador, descobriu nas manifestações dos últimos dias uma maneira de expurgar seus próprios demônios na base do grito, da pedrada e da destruição.

Assim, passamos a nos acostumar a ver pela televisão um evento em dois atos: a passeata pacífica, multicultural e de reivindicações difusas (na quinta-feira, dia 20, em São Paulo, um grupo protestava contra a alta de preços das rações para cães); e a barbárie de manifestantes que, no fundo, não querem se manifestar sobre nada. 

Querem se vingar da sociedade, da polícia, do chefe, do vizinho, da vidinha de merda que levam, na base da porrada.

Essa circunstância diz respeito a todos nós, cidadãos e governos.

Parecia ser muito bonito ir para a rua e incentivar manifestações de massa sem nenhum objetivo real, um fenômeno novo e ainda difícil de ser dimensionado. 

Mas, sabemos, agora, não é. 

Longe de ser uma manifestação popular, no sentido da presença do povo propriamente dito, essa corrida para as ruas tornou-se um movimento contra a política, sob a fachada de ser contrário ao partidarismo. 

Assim, criou-se a ideia de que se manifestar é fazer um piquenique cívico, quase uma opção de lazer para as famílias de classe média e pais separados levarem as crianças para brincar de democracia.

Certa de que poderia se apropriar da alma das manifestações, a direita brasileira fez uma rápida correção de rumo, logo no início do processo, de modo a transformar em vigilantes da liberdade aqueles que, quando sob fogo cerrado da PM de São Paulo, eram tratados como vagabundos, desordeiros, vândalos, desocupados e terroristas a soldo do comunismo internacional. 

Pedir por 20 centavos não era só inaceitável, era o prenúncio do reino da baderna. 

Choveram, então, editoriais nos jornalões a pedir mais e maior repressão policial.

Calcada, como de costume, na doença infantil do antipetismo, coube à mídia fazer essa migração na maior cara de pau, mas de modo organizado e disciplinado, instrumentalizado por uma cobertura ostensiva de flashes e plantões ao vivo. 

Do alto de prédios, com repórteres postados como atiradores de elite, e de helicópteros prateados, a TV Globo assumiu a tarefa de comandante em chefe dessa missão. 

Era uma oportunidade de ouro de inserir na pauta dos manifestantes a agenda da oposição, fomentar um “fora Dilma” e, é claro, usar o coringa do “mensalão”. 

Em pouco tempo, as emissoras coirmãs se adaptaram direitinho ao discurso global: as manifestações são shows de democracia prejudicados por minorias radicais.

Ocorre que, além dos arruaceiros e marginais que destroem prédios e botam fogo em lixeiras, também os partidos políticos – e a política em si – passaram a ser tratados como minorias radicais. 

Dessa forma, passou-se a achar normal, quando não recomendável, expulsar militantes partidários da democrática reunião cívica das ruas na base da pancada e da paulada na cabeça, se preciso for.

Agora, chegou-se ao ponto de que ninguém mais sabe o que fazer. 

As pessoas de boa-fé e os patriotas de coração estão se vendo na contingência de servir de escada para sociopatas com pedras nas mãos.

A mídia, acostumada a se aliar ao tom suave das passeatas pela paz na Zona Sul do Rio, começa a perceber que talvez tenha virado a casaca cedo demais.
Cobertura da Globo, na tevê aberta, é um incitamento à derrubada da Dilma, à força 
Manchete da Globo: cayó Dilma ! 
A Rede Globo, em tevê aberta, nesta quinta-feira, um dia depois de os prefeitos do Rio e de São Paulo reduzirem as tarifas, derrubou a grade de programação e se dedicou, sem comerciais !, a abrasileirar o Golpe pela tevê que a Direita conseguiu, por 48 horas, contra o Chavéz, na Venezuela. 
Clique aqui  para ler “tem um monte de Cabo Anselmo nas ruas”. 
A Globo, tão boazinha, fala em democracia, não violência, paz, luta contra a corrupção e entra no Brasil inteiro com imagens ao vivo do quebra-quebra, do desmando, da falta de Governo !. 
É a pseudo – informação. 
Porque a Globo não desce lá embaixo. 
É do alto, do helicóptero. 
O repórter fala do que vê na tevê. 
Não vê o que se diz lá embaixo. 
A “cobertura” não tem contexto. 
Não tem outro lado. 
Outra versão. 
Não tem uma autoridade. 
Por duas horas seguidas, a Globo não põe no ar uma única palavra de alguém, com o manto da autoridade, para jogar agua na fervura. 
É pau, ao vivo. Pau ! 
O desmando, a desorganização. 
A saturação do caos. 
Os repórteres, coitados, vítimas do gás lacrimogênio. 
É o “jornalismo catástrofe”! 
Invadam o Itamaraty ! Subam no Congresso. 
Fechem a ponte Rio-Niteroi. 
Esculhambem o Governo ! Porque o William Bonner esta aqui, desde cedo, para dar visibilidade ! 
Ponham fogo que fica mais “televisivo”. 
Lamentável, diz a repórter ! E tome fogo! Lamentável. E tome pau ! 
O Palácio do Planalto cercado !!! É um Golpe. Manjado. 
Na Venezuela, deu certo, por 48 horas. 
Lá não tinha Copa do Mundo que a Globo não pode permitir que dê certoclique aqui  para ler “Globo boicota e fatura com a Copa”. 
Aqui tem. De repente, o brasileiro passou a odiar futebol. 
A próxima cobertura da Globo, depois de derrubar a grade de programação, é o impeachment da Dilma. 
Palavra de ordem que já se viu na Avenida Paulista, ao lado de “ditadura, já !” 
Viva a Democracia ! 
Como disse o Conversa Afiada, a Globo embolsou o Movimento do Passe Livre. 
Não existe passeata de 50 mil pessoas apartidária. 
Ou não dá em nada, ou derruba o Governo. 
A Globo vai derrubar ! 
Paulo Henrique Amorim
do Blog do Contraponto

Bizarrice alienada e fascista: os protestos não são mais do MPL e da esquerda leite com pera, mas da direita golpista


por Paulo Jonas de Lima Piva

Fui para a avenida Paulista hoje com meus camaradas defender a ordem democrática, a legitimidade e a estabilidade do governo Dilma. Fiquei chocado com o que encontrei, com o que vi, ouvi e reouvi: muita bizarrice, muita ignorância, muito elitismo, o fascismo em toda sua alma e sobretudo corpo. Por todos os lados gente coberta pela bandeira nacional, com a cara pintada, gritando qualquer coisa, destilando ódio contra tudo o que fosse progressista. Nada de inteligência, nada de racionalidade, uma multidão de jovens debilóides e despolitizados achando-se politizados e messias. Muita truculência. Cartazes defendendo a candidatura de Joaquim Barbosa à presidência da república misturados com faixas de ódio ao Bolsa Família e tudo o que lembrasse o PT e a democracia. Assustador. 

E onde estavam o MPL e suas lideranças, ou melhor, seus representantes fofinhos e idealistas gutchi-gutchi? Onde estavam o PSOL, o PSTU, os anarquistas e toda essa esquerda leite com pera, delirante e tacanha, que desencadeou todo esse fascismo e esse descontrole que gerou esses ares de golpismo? Escondidos, acuados, devorados pela merda que produziram. Com essa brincadeira de "Se a tarifa não baixar, São Paulo vai parar", esses sectários nanicos agiram como bucha de canhão da pior direita, fizeram o jogo da direita golpista, foram usados por um setor reacionário da sociedade brasileira que há dez anos tenta destruir o projeto democrático e popular do PT, setor este que agora joga mais e mais gasolina numa fogueira imensa para depois ser convocado pela "opinião pública" da máfia midiática para apagar.  E o pior é que esses neopentecostais acham que a facistização do Brasil que eles provocaram é situação revolucionária! Como escreveu o blogueiro Eduardo Guimarães a respeito, "as crianças que tocaram fogo na casa agora vão correndo chorar na barra da saia da mamãe gritando 'não fui eu, não fui eu'".

HÁ UM RECADO CLARO DAS RUAS: É PRECISO APROFUNDAR A DEMOCRACIA DIRETA E ENTREGAR ALGUNS ANÉIS

9077182828_243aa3a29aApesar de vivermos o período mais longo de democracia no Brasil, o sistema representativo atual, que surgiu sem fissura alguma de um sistema de privilégios da ditadura (e isso pode ser visto na Justiça, na distribuição de renda, na empáfia de alguns políticos, etc), precisa de avanços.

É premente estabelecer uma maior participação política da sociedade. É preciso dar mais transparência ao sistema de governo de prefeituras e isso precisa ser estabelecido no âmbito da câmara federal. Como pode, por exemplo, termos planilhas de custos das empresas de ônibus sob sigilo?

É preciso avançar em consultas populares e referendos, aumentando a participação e legitimando mais os caminhos da democracia. É preciso dar mais transparência às atividades públicas. Isso talvez possa ajudar a entender os recados das ruas.

O ar fascista que tomou as últimas manifestações nas ruas brasileiras, promovido por skinheads e pela extrema direita (evidenciada pela intolerância com manifestantes com bandeiras de partidos políticos), demonstra que parte da população foi capturada por essa oposição à política. Virou uma guerra contra as instituições políticas.

Os jovens, com consciência política e que há vários anos lutam no Brasil, devem desembarcar nos próximos dias desse tipo de atuação. As passeatas de rua devem se transformar em novas formas de atuação.

Mas não se pode olhar o que acontece apenas pelo ar fascista que tomou conta do movimento.  Há um recado claro das ruas: é preciso aprofundar caminhos democráticos e participação popular.

Mais que isso. O que se viu não foi só um ar fascista, mas a chegada nos centro e áreas nobres da mesma violência que o Estado cotidianamente provoca na periferia. É preciso investir na população e não deixar o dinheiro público apenas nas mãos dos sócios do poder público.

*Educaçãopolitica

vacância dos cargos de presidente e vice-presidente da República.

Comissão especial formada por deputados e senadores aprovou nesta quinta-feira (6) texto que regulamenta como devem ser feitas eleições nos casos em que houver vacância dos cargos de presidente e vice-presidente da República.

A Constituição determina que, nesses casos, uma nova eleição deve ser feita após 90 dias; mas, caso a a vacância se dê nos dois últimos anos de mandato, a escolha é indireta, feita pelo Congresso Nacional em 30 dias.
Até hoje, no entanto, essa norma da Constituição para a eleição indireta não está regulamentada, carecendo de detalhes para ser executada, em caso de abandono do cargo ou morte do chefe do Executivo e seu vice após a metade do mandato.
O projeto aprovado na comissão especial torna obrigatória a convocação do novo pleito em até 48 horas após a abertura das vagas. O texto também estabelece regras para que partidos apresentem os candidatos, prazos para recursos, proclamação do resultado, posse dos eleitos e as exceções possíveis para a situação.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da comissão, incluiu um parágrafo no texto estabelecendo que, caso a vacância ocorra a menos de 30 dias do término do mandato, será cumprido o artigo 80 da Constituição. O dispositivo prevê que, nesses casos, a ocupação dos cargos caberá, sucessivamente, ao presidente da Câmara dos Deputados, ao do Senado Federal e ao do Supremo Tribunal Federal.
O projeto, proposto pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), foi aprovado após breve apresentação do texto pelo relator da matéria, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
De acordo com Pedro Taques, o texto foi apresentado à comissão na semana passada. “Não é que estejamos esperando a morte da presidente ou do vice. Apenas votamos um ponto da Constituição que precisa ser regulamentado. Essa comissão especial foi instalada para isso”, disse Taques.
O projeto agora segue para a Câmara e depois vai para o Senado. Se houver alteração dos senadores, o texto volta para análise final dos deputados. Só depois segue para sanção presidencial.
*GeraldoCelioDantasP.

Alunos do Mackenzie são presos por vandalismo



Quatro universitários estão entre os 61 detidos pela polícia acusados de atos de depredação durante os protestos
Quatro integrantes do Dacam (Diretório Acadêmico de Comunicação e Artes do Mackenzie) foram presos em flagrante por depredações e saques no centro da cidade e na avenida Paulista durante a manifestação de terça-feira. 
Além do grupo, o skatista profissional Luis Fernando Martins Calado, o Apelão, de 25 anos, também foi acusado de incêndio, incitação ao crime, desacato, dano ao patrimônio, desobediência, lesão corporal, resistência
Por conta das suspostas convocações para que adolescentes participassem das depredações, eles também sofrem acusação de corrupção de menores.
Segundo a polícia, eles danificaram e incendiaram um quiosque da Coca-Cola na praça do Ciclista, na avenida Paulista. Depois, teriam jogado pedras e garrafas de vidro em uma viatura da PM e em soldados. Os estudantes dizem que são inocentes. O skatista foi acusado de jogar líquido inflamável sobre o quiosque.
Nas seis manifestações anteriores que ocorreram em São Paulo desde o último dia 6, ficou clara a presença de dois grupos bem distintos. Um, pacífico, formado pela maioria. Outro, pequeno, era composto por pessoas encapuzadas que depredavam o patrimônio público, realizavam saques e confrontavam policiais
A Secretaria da Segurança Pública informou que as investigações para identificar se houve orquestração nos ataques são conduzidas pelas delegacias para onde os detidos foram levados. 
Dos 61 detidos (oito deles menores) na terça, 14 tinham passagem pela polícia por furto e roubo. A diferença foi notada no primeiro ato na avenida Paulista, no dia 6. Enquanto um grupo maior seguia pela via, outro depredava agências bancárias, quebrava entradas do metrô e colocava fogo em sacos de lixo na rua. 
No Palácio dos Bandeirantes, na segunda-feira, a tentativa de invasão foi organizada por um pequeno grupo encapuzado. O mesmo ocorreu na tentativa de invasão da sede da prefeitura e dos saques no centro da cidade.
*Nassif

Luiz Erundina pec 90 dia 25


  • Proposta em 2011 pela dep. Luiza Erundina, a PEC 90, que coloca o transporte público no rol dos direitos sociais como moradia e saúde, finalmente será votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara nesta próxima terça-feira dia 25. Leia matéria completa com comentários da deputada http://bit.ly/12RdmCm. Conheça o conteúdo da PEC 90 http://bit.ly/11ttvrd. Saiba quem são os deputados membros http://bit.ly/Wgxdq7
    Equipe LE

Os pela “democracia sem partidos” atacam militantes de esquerda



por Luiz Carlos Azenha
Os militantes de partidos de esquerda que foram à avenida Paulista nesta quarta-feira — e se identificaram com suas bandeiras — foram seguidos continuamente por um grupo considerável de manifestantes aos gritos de “sem partido”. Houve empurra-empurra, troca de insultos, agressões físicas e a tomada de bandeiras vermelhas, que eram em seguida queimadas. Isso aconteceu até mesmo com bandeiras do PSTU, cujos militantes gritavam palavras de ordem contra o governo Dilma durante a passeata.
Desta feita o formato da celebração organizada pelo Movimento Passe Livre foi distinto. Os integrantes do MPL vieram na frente, seguidos dentro do mesmo cordão de isolamento por gente do PSTU, PCO, PCdoB e PSOL (não necessariamente nesta ordem). O último grupo misturava militantes dos movimentos sociais — como UNE e MST — a petistas com meia dúzia de bandeiras do partido. Um cordão de isolamento fechava a passeata e ficou todo o trajeto exposto a xingamentos e tentativas de agressão.

Quem atacava era um grupo razoavelmente organizado. Tentativas de identificá-los foram inúteis. Todos se diziam apenas “apartidários”. Além de “fora PT, leva a Dilma com você”, gritavam também “o povo, unido, não precisa de partido”. Houve vários bate-bocas ao longo do trajeto. Em resposta aos gritos de “sem partido”, militantes de esquerda gritavam “sem censura, acabou a ditadura”. A tensão na manifestação durou enquanto os vermelhos desfilavam com suas faixas, bandeiras e cartazes (os do PSOL, amarelos).
O risco de violência física fez com que boa parte deles se dispersasse bem antes de atingir o prédio da TV Gazeta — partiram da esquina da Paulista com a Consolação.
Outra vez a manifestação teve de tudo: protestos contra a Copa, a PEC 37 e o deputado Feliciano. Jovens de classe média eram majoritários. Havia skatistas, punks e estudantes de ensino médio, misturados a anarquistas e gente que aparentava ser neonazista. Notei várias pessoas que pareciam policiais à paisana. A Polícia Militar acompanhou desarmada, à distância.

Os únicos militantes que levaram faixas contra o governador tucano Geraldo Alckmin, que desatou a repressão sem precedentes contra o Movimento Passe Livre, estavam dentro da passeata de esquerda.
A certa altura, duas passeatas corriam paralelas: numa pista, os militantes de esquerda; na outra, os de direita, que se agacharam e começaram a gritar “fica em pé turma da corrupção”, ou algo assim.
Veja:

Testemunhei várias situações em que militantes de esquerda argumentavam e discutiam com os de direita, sem agressões. Os primeiros eram acusados de “oportunismo”. Respondiam gritando “fascismo”, relembrando que Mussolini também governou sem partidos.
Todos os militantes de esquerda com os quais conversei se mostravam preocupados. Um deles, chorava.
Aparentemente, no vácuo da desorganização da militância que se deu paulatinamente depois da chegada do PT ao poder, a direita brasileira construiu um quadro razoável de ativistas organizados. Hoje eles carregavam cartazes: “Dilma vaca”, dizia um; “Goleiro Bruno, fica com a Dilma e deixa o resto com o Macarrão”, dizia outro.
Igor Fellipe, integrante do MST, acompanhou tudo de perto: “O grupo que agrediu o bloco de movimentos sociais, organizações políticas, movimento estudantil, sindicalistas e os partidos era de encapuzados, muitos bombados, parte deles deve ter sido paga e outra parte caiu nessa onda conservadora de agredir”.
“O mais assustador é que a violência começou com foco no PT, mas quando a militância petista se dispersou entre os outros partidos, as agressões se voltaram contra toda a esquerda, do PSTU ao PSOL, do PCdoB ao PCO”, continua.

“Ou seja, é um sentimento antidemocrático contra qualquer organização política”, diz Igor. “O que foi impressionante é que todos fomos agredidos juntos. A esquerda se uniu sob o cacete da direita”, continuou.
O nível de agressividade contra o PT em particular e as bandeiras vermelhas em geral era organizado. “Foi orquestrado para fazer com que essa nova classe média se revolte contra os partidos”, concluiu Igor.
Tirando esta polarização mais aguda e localizada, a manifestação foi bastante tranquila e com muitos pedidos de “sem violência”, assim que se armava alguma confusão.
Porém, a repulsa aos partidos teve cenas preocupantes. Várias bandeiras e faixas vermelhas foram “capturadas” por incursões no meio da passeata de militantes de esquerda. Numa delas deu para ver claramente a estrela do PT. Em seguida, eram queimadas diante de fotógrafos e cinegrafistas. Assisti a algumas incursões, de longe. Depois de uma delas, no meio da confusão, notei que meia dúzia de militantes levantou seguidamente o braço direito e gritou três vezes “sieg heil”.
*Viomundo