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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 29, 2013

QUEM DISSE QUE A PM É POLÍCIA?











Laerte Braga
O cidadão comum pode ser abordado na rua – o que é ilegal – e revistado de forma brutal e violenta por um PM, ou uma guarnição de PMs, quando a Constituição determina que esse tipo de procedimento só para justificar prisão em flagrante e cumprir mandado de prisão.
Nos termos da lei o cidadão pode ser encaminhado a uma delegacia de Policia Civil, apresentado a um delegado e se for o caso lavrado o flagrante ou cumprido o mandado.
Não é que acontece
Nos debates da atual Constituição o lobby da PM queria incluir um dispositivo que permitisse a legalização do crime, cabendo a ela a condução do flagrante, do preso por mandado ou a realização de inquérito policial. Tiveram bom senso os deputados e senadores e essa pretensão não foi aprovada.
Na prática era o fim da Polícia Civil, hoje sucateada e deixada de lado pelos governos estaduais, pois a repressão a trabalhadores se faz com PMs e não com policiais civis, em menor número.
Em tese a PM faz o policiamento preventivo e a Polícia Civil cuida dos procedimentos como o inquérito se for o caso.
Há tempos um juiz reclamou com um delegado que a PM entregava os presos moídos de pancada e isso só os favorecia no julgamento, já que o depoimento prestado à autoridade policial pode ser desconsiderado sob alegação de tortura diante da autoridades juidiciária.
PM é um câncer que se agravou e se espalhou por todo o organismo policial e repressor do País desde a ditadura militar. Vivem o tempo da ditadura quando os militares entenderam que era preciso a presença de profissionais nos interrogatórios com tortura, estupro, achaque, assassinato, etc,, pois não tinha a prática necessária, que só veio mais tarde na Operação Condor com Dan Mitrione, agente norte-americano e professor de boçalidade.
A Operação Condor agregou as PMs, que eram comandadas por militares do Exército (exceto a de MG), os “peritos” e barbárie da Polícia Civil, como Sérgio Fleury, o delegado Romeu Tuma (o que via mas não punha a mão), além de militares das três forças treinados para esse fim, caso do coronel Brilhante Ulstra, atual colunista do jornal FOLHA DE SÃO PAULO.
O nível intelectual de um PM é semelhante ao de uma ameba, não importa a patente. É o “teje preso”, “encosta aí e não dá um pio” e vai por aí afora.
É o que tem sido visto nas manifestações que acontecem no Brasil inteiro nessas últimas semanas. Provocadas pelo fracasso do governo Dilma, são incentivadas pelos seus adversários. Um PM consegue a proeza de carregar 20 coquetéis Molotov em sua mochila, infiltrado entre os que protestam. Foi identificado e a GLOBO não fala nada e nem vai falar.
Mulheres são molestadas nas revistas, ou estupradas, como aconteceu em Pinheirinhos, em São Paulo, a estupidez é parte da vida, parte intrínseca e extrínseca da vida de um PM. O tal “meganha”.
Aí soma-se a mídia podre do País, exemplo maior o grupo GLOBO e o jornal o GLOBO, em suas costumeiras mentiras e seu acadêmico de fancaria, o tal Merval, publica na edição de quinta, 25, que uma professora fora presa por atirar pedras contra policiais. A moça fugia da confusão, é uma graduada professora de uma Universidade e na confusão mental que povoa os PMs foi presa por um delito, registrado no boletim apenas desacato.
Desacato a quem? A um tenente PM? Tenente PM não sabe a tabuada.
O repórter Antônio Werneck assinou matéria mentirosa em que dizia que “agente da ABIN foi preso em protesto”. Tratava-se do geógrafo e agente da ABIN (AGÊNCIA BRASILEIRA DE INFORMAÇÕES) Pouchaim Matela e sua mulher a professora Carla Hirt. O marido não estava com a professora, foi à delegacia e foi informado que a prisão da mulher se dera por desacato e “agressão” a uma ameba, quer dizer um tenente PM.
Dificil não é? Havia levado bala de borracha e estava ferida. Uma tentativa do governo Sérgio Cabral de incriminar o governo federal na repressão de seus pistoleiros, os que cercam sua casa e provavelmente cercam a casa ilegal de Luciano Huck, legalizada por sua mulher (advogada).
Formação e quadrilhas e atirar pedras numa agência bancária. O tal tenente, ou ameba, a mesma coisa, tem visão de raio X, devem ter importado o Superman diretamente das telas ou dos quadrinhos. Foi presa numa rua e a PM notificou outra. Deve ter tido dificuldade em escrever um dos nomes aí optou pelo mais fácil.
A vitima, Carla Hirt, deu entrada no Ministério Público contra a agressão. A notícia só foi divulgada uma semana depois, quando aumentou a pressão sobre Cabral e no prédio mora a fonte da informação, o ex-deputado Marcelo Itagiba, do PSDB. É ligado às milícias no Rio e foi citado na CPI sobre essas quadrilhas. Por que o repórter foi direto ao ex-deputado?sobre a ocorrência na delegacia do Leblon? E por que Antônio Werneck não revelou a fonte da sua mentirosa matéria e fez questão de contatar o ex-deputado? Ele é fonte de O Globo?
Veja o que escreveu o notável jornalista Mário Augusto Jakobskind sobre o assunto, foi dele a matéria denúncia, a propósito do O GLOBO
“Como Igor Matela havia mandado uma carta ao jornal O Globo negando o desacato e informando que ele e Carla Hirt eram alunos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o repórter Antônio Werneck procurou o professor Carlos Wainer, titular do referido instituto, perguntando se “o senhor gostaria de comentar o caso?” e se ”conhecia o casal?”.
Vainer respondeu, mas o que disse não foi divulgado pelo jornal:
Carla é geógrafa, professora, brilhante estudante de doutorado em Planejamento Urbano e Regional. Digna e íntegra, como os milhões de jovens que têm ido às ruas manifestar sua inconformidade com a situação do país. Orgulho-me de ser seu professor. No Rio de Janeiro, o direito de manifestação vem sendo violado por uma polícia inepta, brutal e, como agora se sabe, capaz de forjar autuações fraudulentas para criminalizar manifestantes. Sob pretexto de manter a ordem, a polícia instaura o terror a cada nova manifestação pública. É necessário investigar e punir policiais e autoridades que promovem ou acobertam essas violências. Ouvir a mensagem das ruas, recomendou a Presidente Dilma. Querem, no entanto, calá-la.
Igor Matela garante também que em momento algum deu uma carteirada como agente da ABIN, como insinua O Globo. Ao ser enquadrado, a delegada naquele momento, Flávia Monteiro, pediu seus documentos e que revelasse a profissão. Mostrou então a carteira de motorista e disse ser funcionário público. A delegada insistiu perguntando em que repartição,  mencionando então a ABIN. Igor ingressou na ABIN por concurso.
Em suma, como tem acontecido nos últimos tempos, O Globo deu mais uma prova de baixo jornalismo, que precisa ser denunciado em todos os fóruns, sobretudo nas escolas de comunicação onde são formados os futuros repórteres que ocuparão as redações”.
PM não é Polícia é a quadrilha dos opressores.
*GilsonSampaio

“Papa dos pobres”?


Rejane Hoeveler, no Brasil de Fato


Num contexto de graves crises ligadas a escândalos sexuais e financeiros no Vaticano – que levaram à renúncia do ultraconservador Joseph Ratzinger (Bento XVI) – a escolha de Jorge Mario Bergoglio, cardeal de Buenos Aires, para ser o novo papa tem a intenção clara de dar uma “cara nova” à última monarquia absolutista da Europa.

Dessa vez, a Igreja se volta claramente para a América Latina, continente com maior número de fiéis católicos do mundo, mas que, além disso, tem vivido um contexto de forte ativação política e social. Em meio a governos que se apresentam como progressistas ou mesmo socialistas, como os da Bolívia e Venezuela, é evidente que a atuação do papa latino-americano tem um papel político.

Independentemente do caráter real desses governos, é fato que surgem em meio a movimentos políticos de massas, em geral com um sentido anticapitalista, apresentando-se como alternativa ao projeto neoliberal.
Neste cenário, o Brasil, além de ser o país com o maior número de católicos, era, até então – ao menos antes das chamadas “jornadas de junho” – o país mais “calmo” da região, apresentado como exemplo de “estabilidade” face ao que tem sido chamado de bolivarianismo.

“Papa dos pobres”?

Assim que Bergoglio foi escolhido papa, toda a grande mídia internacional passou a construir uma imagem de um papa “simples” e “humilde”, que “dispensa luxos” – parece esquecer que, ainda assim, é o administrador de uma das maiores fortunas do mundo, beneficiária de diversos privilégios que ferem frontalmente o princípio da laicidade do Estado (com ativos que ultrapassam 5 bilhões de dólares, sem contar obras de arte e construções de valores os quais é impossível estimar).

Alguns importantes expoentes do pensamento cristão crítico, e inclusive ligados historicamente aos movimentos sociais, como Leonardo Boff e Frei Betto, depositaram esperanças na escolha do argentino. E a própria escolha do primeiro latino-americano foi saudada por parte desses setores como sinal de uma mudança dentro da Igreja.
Recentemente, Boff inclusive chegou a ligar algumas posturas do novo papa à Teologia da Libertação, embora tenha admitido que ele nunca foi ligado a esta corrente de esquerda, que teve influência muito importante numa América Latina sacudida por golpes militares.

Mas, será mesmo Francisco “o papa dos pobres”? Será que atitudes como dispensar uma suíte, almoçar no refeitório dos funcionários, e trocar a cruz de ouro pela de prata são demonstrações suficientes de uma “opção pelos pobres”, tal como vem sendo propagandeado?

Antes de ser Francisco

É preciso ir além das aparências. Pois seria mero detalhe o fato de que seus patrocinadores sejam conglomerados capitalistas como Bradesco, Santander, Estácio, Nestlé, TAM, Itaú e McDonald’s? – este último, aliás, lanchonete oficial do evento apesar de desrespeitar sistematicamente os direitos trabalhistas de seus funcionários?

Para tanto, há de se levar em conta como o atual “bispo de Roma” atuava politicamente enquanto cardeal de Buenos Aires. Em 2010, foi líder de uma frente conservadora contra a aprovação da união civil entre homossexuais – classificada por ele como um “projeto do diabo”.

Opositor ferrenho da descriminalização do aborto, Bergoglio é defensor assíduo do velho conservadorismo que relega à mulher um papel de submissão e que condena a homossexualidade. Do ponto de vista moral, portanto, representará uma continuidade das posições conservadoras da Igreja Católica. Além disso, Bergoglio sempre teve ligações com a oposição de direita aos governos Kirchner, tendo inclusive se comprometido explicitamente com o recente paro agrário – um lockout patronal, realizado por grandes proprietários de terra para pagar menos impostos, “denunciando” supostas articulações dos governos de Néstor e Cristina Kirchner com o “chavismo”, encarado por este setor como adversário político.

Em sua defesa, Boff argumenta que o cardeal de Buenos Aires teria se indisposto com Cristina porque teria lhe cobrado “mais empenho político para a superação dos problemas sociais”.

Cumplicidade com a ditadura

O passado político de Bergoglio tem ainda outras obscenidades. Segundo os historiadores Gilberto Calil e Marcos Vinícius Ribeiro, “a cumplicidade com a ditadura foi compartilhada por toda a alta hierarquia católica argentina (o que naturalmente não exime a responsabilidade individual de cada bispo)”.

Uma das denúncias partiu de Estela de la Cuadra, irmã de Helena, uma militante grávida de cinco meses que, sequestrada pela ditadura, teve sua filha roubada de dentro de uma delegacia.

Estela é uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio, organização fundada para encontrar descendentes de militantes e dissidentes da ditadura militar argentina, que tiveram seus filhos raptados pelo Estado e dados a outras famílias, naquele que é um dos maiores dramas da história recente na Argentina.

A um tribunal encarregado de julgar esse caso, Bergoglio disse que só teria tido notícia dos sequestros muitos anos depois. Todavia, segundo Estela, Bergoglio foi procurado logo após o sequestro, e na ocasião, ele teria dito que a criança “estava com uma boa família, que cuidaria muito dela”.

O “Movimento de Famílias Cristãs”, diretamente subordinado à Igreja, esteve fortemente envolvido com a distribuição de bebês de militantes e dissidentes presos ou mortos na Argentina, e são inúmeras as comprovações de que toda a cúpula da Igreja argentina colaborou com o golpe militar de 1976, que levou ao poder o general Videla.

O sequestro de dois jesuítas

Porém, a denúncia talvez mais notável, proveniente de vários religiosos argentinos, se refere à cumplicidade de Bergoglio no caso de Francisco Jalic e Orlando Yorio – dois padres pertencentes à ordem dos jesuítas, que realizavam trabalhos de alfabetização e assistência na periferia de Buenos Aires, estes sim fortemente influenciados pela Teologia da Libertação.

Em março de 1976, foram expulsos por Bergoglio da ordem dos jesuítas e da Igreja sob a justificativa de conflito de obediência – o que, além de deixá-los totalmente desprotegidos, ainda justificava possíveis perseguições posteriores.

Dois meses depois disso, os padres foram sequestrados e torturados por meses na Escola Superior da Marinha (ESMA), um dos maiores centros de tortura da ditadura argentina. Bergoglio teve que responder na justiça pelas acusações formais sustentadas por Graciela Yorio, irmã de Orlando, segundo a qual, depois do sequestro, os dois padres teriam pedido ajuda a Bergoglio, o qual, porém, se recusou a sequer falar sobre o assunto.
Para ela, não há dúvidas que Bergoglio esteve envolvido no sequestro. Horácio Verbitsky, reconhecido jornalista e um dos mais conhecidos estudiosos da ditadura argentina, revelou uma série de documentos que incriminam Bergoglio em mais de uma ocasião (acessível em http://iglesiaydictadura.wordpress.com/tag/bergoglio/).

Convite indecente

Quando as denúncias em relação ao passado do novo papa saíram na imprensa internacional, nem Bergoglio nem o Vaticano deram explicações. Segundo Calil e Ribeiro, “ao mesmo tempo em que repudiava as denúncias contra Bergoglio como obra da ‘esquerda anticlerical’, o Vaticano enviava um convite para a cerimônia de coroação do papa Francisco a Carlos Pedro Blaquier, dono do engenho Ledesma, processado pelo sequestro e desaparecimento de 29 dirigentes sindicais e trabalhadores de sua empresa durante a ditadura”.

O convite enviado a ele ainda dizia: “Representas um dos setores mais pujantes do país, que fez esta revolução agrícola e industrial, modelo internacional e celeiro para o mundo”. É muito simbólico que um dos convidados de honra do novo papa seja, além de latifundiário, um dos empresários mais fortemente ligados à ditadura argentina.
Na Igreja, Francisco é apontado como capaz de promover uma conciliação entre “progressistas” e conservadores; aqui, trata-se de promover a conciliação social e política. Como diz a música, o papa pode até “ser pop”, mas ainda restam muitas dúvidas se realmente, ao deixar Bergoglio para trás, o papa está ao lado do povo explorado e oprimido ou daqueles que governam este mundo desigual e opressor. E enquanto isso, segue solta a Santa Inquisição das manifestações.

*AmoralNato 

Che Guevara in New York, USA 1964 - interview

Entrevistas | Ernesto "Che" Guevara - Nova Iorque (1964)



*Ocomunista

A Corrupção do PSDB e do DEM, é tão estarrecedora quanto o silêncio da imprensa brasileira.






Dinheiro de licitações pode ser devolvido, diz Siemens

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA 

Em reunião com promotores de Justiça na semana passada, a multinacional Siemens admitiu devolver aos cofres públicos parte do valor que teria sido superfaturado no fornecimento de equipamentos de trens e metrô ao governo de São Paulo. 
Há duas semanas a Folha revelou que a Siemens delatara às autoridades antitruste a existência de um cartel -do qual fazia parte- em licitações para compra de equipamento ferroviário, construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal.

O esquema envolve subsidiárias das empresas Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui, e as empresas TTrans, Tejofran, MGE, TCBR, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan.
As combinações podem ter aumentado em 20% os preços. Mas o cálculo dependerá ainda de um levantamento de contratos assinados pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e pelo Metrô de São Paulo. 
Na semana passada, a Promotoria pediu à CPTM e ao Metrô a lista de contratos com as empresas apontadas como integrantes do cartel. 
A Siemens fez um acordo que pode garantir à empresa e a seus executivos imunidade administrativa e criminal e diz que "coopera integralmente com as autoridades". A empresa afirma que enfatiza a importância de uma concorrência leal e "obriga todos os funcionários a cumprir regulamentos antitruste". 
As demais empresas também dizem estar colaborando com as investigações. 
Se for confirmado e condenado o cartel, as empresas ficam sujeitas à multa que pode chegar a 20% do faturamento bruto no ano anterior à abertura de processo -o que poderia chegar a R$ 1 bilhão no caso da Siemens, segundo cálculos oficiais. 


Editoria de arte/Folhapress

AS 10 MULTINACIONAIS MAIS PERIGOSAS DO MUNDO


AS 10 MULTINACIONAIS MAIS PERIGOSAS DO MUNDO
Não importa onde você mora, é impossível escapar da globalização. A única saída é aprender a escolher com consciência antes de comprar.

Comece a cultivar e produzir seu alimento, reduza o consumo de petróleo e seus derivados, reflorestamento, compre suprimentos, ouça a sua voz interior, em vez de escutar a voz da publicidade… são pequenos grande gestos para escapar de monstros.

E lembre-se sempre que o poder de escolha esta em suas mãos, não dê o prazer de cair nas garras dos monstros estupradores e destruidores dos recursos naturais do planeta.

1 – CHEVRON

Várias das grandes companhias de petróleo seria nesta lista, mas Chevron merece um lugar especial. Entre 1972 e 1993, a Chevron (Texaco então) despejou 18 bilhões de litros de água tóxica em florestas tropicais do Equador, sem qualquer reparo, destruindo os meios de subsistência dos agricultores locais e populações indígenas repugnantes. Chevron tem também poluído os EUA, em 1998, Richmond (Califórnia), Chevron foi processada por dumping, ignorando tratamentos ilegais de águas residuais, contaminando fontes de água locais, idem em New Hampshire em 2003.

Chevron foi responsável pela morte de vários nigerianos que protestavam contra a empresa pela sua presença e operação do Delta do Níger. Chevron pagou a milícia local, conhecida por suas violações dos direitos humanos, para esmagar os protestos, e até mesmo helicópteros e barcos foram fornecidos. Os militares abriram fogo contra os manifestantes, em seguida, queimou suas aldeias para o chão.

2 – DE BEERS

Esta empresa não poupa despesas e fundos, apóia e cria guerrilha autêntica e ditaduras terroristas para continuar recebendo através da exploração de crianças e adultos, a pedra preciosa. Em Botsuana, um DeBeers foi responsabilizado pela “limpeza” do terreno onde os diamantes são extraídas, incluindo a remoção forçada dos povos indígenas que viveram há milhares de anos. O governo teria cortado o abastecimento de água, ameaçado, torturado e enforcado publicamente resistentes.

Não deixe de ir a sua responsabilidade ambiental a zero, os seus direitos trabalhistas zero, vidas humanas, e as campanhas obsoletos e sexista.

3 – PHILLIP MORRIS

Phillip Morris é a maior fabricante de cigarros nos Estados Unidos e no mundo.

São conhecidos por causar câncer em fumantes, bem como defeitos congênitos no feto, se a mãe fuma durante a gravidez. A fumaça do cigarro contém 43 agentes cancerígenos conhecidos e mais de 4.000 substâncias químicas, incluindo o monóxido de carbono, formaldeído, cianeto de hidrogênio, amônia, nicotina e arsênico. A nicotina, o principal produto químico psicoativa em rapé, tem provado ser uma dependência psicológica. O fumo aumenta a pressão sanguínea, afeta o sistema nervoso central e a constrição dos vasos sanguíneos. Pontas de cigarro são um dos principais poluentes que os fumantes normalmente derramado, tardio para se degradar. Muitos desses filtros fazem o seu caminho no solo ou na água, onde se comportam sua composição química como verdadeiros sanguessugas.

O rapé, não só polui a terra para seus vastos hectares de monocultura, que são diariamente aspersão de agrotóxicos, polui a produção industrial (usar quantidades enormes de papel, algodão, papelão, metal, combustível …), o consumo de polui o atmosfera, os danos para o comprador e aqueles ao seu redor. Sua bunda leva anos para se degradar o solo e proporcionando uma enorme quantidade de tóxico água.

4 – COCA-COLA

Bebida favorita do mundo ou “leite do Capitalismo”, reclamações e penalidades acumuladas em vários países decorrentes de atos graves de poluição, práticas trabalhistas pobres e uso de água não autorizada.

Na fase de produção, a empresa utiliza cerca de três litros de água por litro de produto acabado. Os contaminantes são descartados de água, a multinacional depositados em locais protegidos, como na Colômbia, uma situação que foi multada em agosto do ano passado, pelo Distrito do Departamento de Meio Ambiente, o prefeito de Bogotá, a demonstração de que tinha descarregado seus detritos no pantanal Capelania, área Fontibon. Este fato é considerado que ameaça uma área de especial importância e proteção ecológica. O processo de Capelania poluição Wetland decorre expiração autorização despejo concedida à multinacional há cinco anos e não autorizada pelo Ministério do Meio Ambiente para renovar essa autorização. Posteriormente, visitas técnicas foi verificado estado de esgoto Coca Cola e realização de descargas industriais, obviamente, não-autorizado.

Uma situação muito semelhante aconteceu na Índia em 2005, onde cerca de mil manifestantes marcharam para exigir a fechar a fábrica perto de Varanasi, eles estavam certos de que todas as comunidades perto de Coca-Cola fábricas de engarrafamento sofrem de falta e poluição solos e águas subterrâneas. Análise toxicológica registrou a presença de altas porcentagens de agrotóxicos proibidos, como DDT e “bons vizinhos” distribuíram seus resíduos industriais agricultores Mehdigani argumentando que serviu para “compost” O resultado é que, hoje, são solos estéreis.

E como se isso não bastasse, a bebida em questão, juntamente com o consumo de água extra não fornece qualquer nutriente, pelo contrário, para conter altas concentrações de açúcar, é um dos principais contribuintes da obesidade que afeta cada vez mais a nossas populações do terceiro mundo, por outro lado, gerando problemas dentários. E o efeito de “matar a sede” consegue por meio de ácido fosfórico.

Você sabia que …

A Espanha é o país europeu que consome mais Coca-Cola?
Outros produtos são o seu Fanta, Sprite, Aquarius, Nestea, Minute Maid, Tab, Sonfil, Finley, névoa Nordic ou Fruitopia (há 324 diferentes)?

Uma lata de 33 cl. contém cerca de 35 gr. açúcar?
Em 1931, a Coca-Cola mudou o terno de Papai Noel verde vermelha para uma campanha publicitária, combinando com a cor corporativa?

Outras universidades em Atlanta, Toronto, Califórnia, Irlanda e Berlim e expulsaram seu Campus Coca-Cola?

Garrafas plásticas de Coca-Cola em Espanha não são reciclados, mas de plástico virgem.

Coincidência que o ex-presidente mexicano Fox é o ex-representante da Coca-Cola? O Adolfo Calero, ex-gerente da Coca-Cola, a CIA eo rosto público da Contras da Nicarágua? Que tal o embaixador dos EUA para a Índia? O golpe magnata Cisneros na Venezuela? O Jorge Presno Ministro do Uruguai?
Possui escritórios em mais de 200 países, incluindo os paraísos fiscais, como Bahrain ou as Ilhas Cayman, para evitar impostos sobre os seus benefícios …

Em 2003 obteve um lucro de 21,044 milhões de dólares (metade das despesas previstas pela ONU para garantir a educação básica a todas as crianças do mundo).

Aumente lobbies poderosos: se opôs ao tratado de Kyoto através de seus lobbies Conselho dos EUA para Negócios Internacionais e da Mesa Redonda de Negócios, os regulamentos mudaram na UE através da Câmara Americana de Comércio, foi um dos fundadores do International Life Science Institute, muito influente na FAO e da OMS, etc.

Contém produtos geneticamente modificados.

A próxima vez que você vai para uma bebida, lembre-se a poluição das zonas húmidas, o uso não autorizado das águas subterrâneas, a violência, um litro é igual a três, na verdade … talvez seja melhor limonada.

5 – PFIZER

Como se o uso maciço de experimentação animal Pfizer não era doloroso o suficiente, a Pfizer decidiu usar crianças nigerianas como cobaias. Em 1996, a Pfizer viajou para Kano, Nigéria para tentar um antibiótico experimental no terceiro mundo para combater doenças como sarampo, cólera e meningite bacteriana. Deram trovafloxacina para cerca de 200 crianças. Dezenas deles morreu no experimento, enquanto muitos outros desenvolveram deformidades físicas e mentais. Pfizer também pode orgulhar-se de estar entre as dez maiores empresas da América, causando poluição do ar.

E não vamos esquecer os milionários “incentivos” que dão a médicos e governos para prescrever seus “remédios”.

6 – MCDONALD´S

A cada ano, milhares de crianças consomem fast food uma empresa que atua no desmatamento das florestas, a exploração do trabalho e morte de milhões de animais: McDonald. Estratégias de marketing inteligentemente concebido expandiram a empresa McDonald para mais de 40 países, onde a imagem empática de Ronald McDonald e seu “Happy Meal”, vendido nas crianças o gosto pela fast food, associando-a com grande alegria. Esta publicidade tem tido grande sucesso em diferentes partes do mundo, contribuindo para altos índices de obesidade infantil. ( ver artigo completo )
Feeding entregar esta empresa é totalmente desprovido de nutrientes. Além disso, este alimento é conhecido mundialmente como ‘junk food’, e não é à toa que recebe o seu nome.

Hambúrgueres e “pepitas” que oferece McDonald, de animais que ao longo de sua vida foram mantidos em condições artificiais: Private luz solar exterior, continuam superlotadas, a ponto de não ser capaz de esticar seus membros ou asas (no caso das galinhas), recheado com hormônios para acelerar o crescimento e antibióticos para combater as infecções a que são expostos pelo condições de insalubridade e superlotação. Os frangos são engordados na medida em que suas pernas não podem suportar o seu peso.

Para definir a sua franquia, McDonald compra terra barata no que antes eram florestas desmatadas para a pecuária. Dê aos seus colaboradores salários mínimos, aproveitando as minorias étnicas e contratar menores.

Produtos McDonald, com a sua rica dieta em gordura, açúcar e sal em crianças estimula o desenvolvimento de excesso de peso, resistência à insulina e diabetes tipo 2 consistente.

Ah, eu mencionei que era um dos financiadores da campanha de George W Bush?

7 – NESTLÉ

Nestlé e sua enorme manto de crimes contra o homem e a natureza, como o desmatamento maciço em Bornéu – o habitat do orangotango criticamente em perigo – para produzir óleo de palma, e comprar o leite das fazendas confiscadas ilegalmente por um déspota no Zimbabwe. Nestlé começou a provocar os ambientalistas para as suas afirmações ridículas que a água engarrafada é “verde”, a partir de então foram descobrindo seu controle rede sinistra e destruição.

Nestlé esforços globais para exortar as mães a países do terceiro mundo a usar seu bebê substituto do leite em vez de amamentação, sem avisá-los dos possíveis efeitos negativos. Supostamente, a Nestlé contratou mulheres vestidas como enfermeiras para fornecer a fórmula infantil gratuito, que era freqüentemente misturado com água contaminada, a mídia não mencionar as crianças morreram de fome quando a fórmula saiu correndo e suas mães não podiam pagar mais.

8 – BRITISH PETROLEUM (BP)

Quem pode esquecer a explosão de uma plataforma de petróleo de 2010, na Costa do Golfo, que matou 11 trabalhadores e milhares de aves, tartarugas marinhas, golfinhos e outros animais, destruindo a pesca e a indústria do turismo na região? Este não foi o primeiro crime da BP contra a natureza. De fato, entre janeiro de 1997 e março de 1998, a BP foi responsável por uma gritante 104 derramamentos de petróleo.

Treze trabalhadores da plataforma morreram em uma explosão em 1965, 15 em uma explosão de 2005. Também em 2005, uma balsa que transportava trabalhadores de petróleo da BP caiu, matando 16. Em 1991, a EPA cita a BP como a empresa mais poluidora em os EUA. Em 1999, a BP foi acusada de tóxico ilegal no Alasca, em seguida, em 2010, por vazar venenos perigosos no ar, no Texas. Em julho de 2006, os agricultores colombianos ganhou um acordo com a BP depois que a empresa foi acusada de se beneficiar de um regime de terror realizado por paramilitares do governo colombiano para proteger o OCENSA pipeline. Claramente, não há nenhuma maneira que a BP faça a coisa certa.

9 – MONSANTO

Monsanto, criadores e promotores de bovinos geneticamente modificados hormônios de crescimento e de intoxicação por agrotóxicos. A lista de Monsanto inclui a criação do “terminator” semente que cria plantas que nunca dão sementes para os agricultores devem comprar a cada ano, o lobby para rotular leite “hormone-free” e substitutos de leite para lactentes ( está presente, se ingeridos hormônios de crescimento bovino, uma substância cancerígena comprovada), bem como uma vasta gama de saúde ambiental e humana associada com o uso de venenos da Monsanto – “. Agente Laranja “, especialmente. Entre 1965 e 1972, a Monsanto despejar ilegalmente milhares de toneladas de resíduos altamente tóxicos no Reino Unido aterro. De acordo com a Agência de Meio Ambiente os produtos químicos foram poluindo as águas subterrâneas e do ar 30 anos depois que eles foram despejados!.

Monsanto é conhecida por atacar a si mesmos, que tem como objetivo “ajudar” os agricultores, quando um agricultor processado e preso a ele para salvar a semente da cultura de uma época para a outra planta.

10 – VALE

A Vale, transnacional brasileira em 38 países, é a maior exploração mineral diversificada na América Latina eo segundo no mundo. Entre as conquistas é a participação da empresa no desenvolvimento da hidrelétrica de Belo Monte, localizado em Altamira, no Brasil, uma vez que o projeto afeta o Rio Xingu, a principal fonte de vida para a região. Como resultado da intervenção da empresa, agora a paisagem amazônica está sendo alterado severamente, bem como as vidas de milhares de pessoas nas margens de um dos principais rios do Brasil.

Por sua vez, em Carajás, no Pará – Brasil-, muitas famílias foram expulsas, perderam suas casas e tenho parentes que morreram como resultado da construção da linha férrea construída pela empresa, também denunciado pelos terríveis salários e condições de trabalho sofrer seus empregados.

Os impactos sobre as atividades de mineração não estão confinadas às alegações dentro do Brasil. Na região de Tete, em Moçambique, uma aldeia foi expulsa de suas terras para que a empresa possa realizar a sua mineração de carvão. Em troca, a empresa construiu um acordo Cateme re no bairro onde as casas e os serviços públicos não atendem as condições básicas para o desenvolvimento da população.

Há, infelizmente, muitas outras empresas que devem estar presentes nesta lista, alguns, como a Samsung, Tepco, Barklays, Microsoft, Intel, Sony etc …

Como o artigo seria extremamente longo e triste, eu prometo para entregar em breve existirão as 10 melhores multinacionais? Responsável e comprometida, vai ser verdade?, Logo saberemos.

Fontes :
traduçao por www.anarquista.net

*revolucionarioseternamente

Em defesa da Copa

















Publicado no Outras Palavras

A adesão das comunidades locais às campanhas para sediar os jogos da Copa do Mundo explica a falta de resistência articulada, nos âmbitos e prazos adequados, que impedisse a construção de arenas. O apelo tardio às tais prioridades do país visa o núcleo social do apoio que o evento desfruta nas regiões contempladas, como prova o recurso populista de culpá-lo pela preservação de carências infra-estruturais que afetam os mais pobres.

É impossível afirmar que a inexistência do torneio traria verbas a setores historicamente desprezados, ou que o simples aporte financeiro resolveria o acentuado caráter gerencial da penúria. Por outro lado, as contrapartidas positivas geradas pela Copa vão muito além dos R$140 bilhões que ela injetará na economia do país. Basta imaginar o que seria hoje das nações européias em crise, por exemplo, sem as heranças educativas e sociais legadas pela indústria do turismo.

A demonização do investimento estatal na Copa ignora certas características essenciais da economia brasileira. O esforço para federalizar a imagem do dinheiro público envolvido inclui até empréstimos do BNDES, incentivos fiscais e subsídios da União, mecanismos que viabilizam os mais variados setores produtivos. Mesmo assim, a esmagadora maioria dos recursos vem de governos estaduais e municipais, sendo que em nove dos doze estádios a privatização do ônus é praticamente certa.

Mas há outras estupendas apropriações do erário, cotidianas e afrontosas, que escapam aos defensores de escolas e hospitais. Ocorrência menor, da seara esportiva: os R$ 5 bilhões devidos em tributos pelos “grandes” clubes de futebol. O quíntuplo do que é tido como escandaloso nas isenções do governo federal à Copa. Por que ninguém faz barricadas para impedir os jogos do Campeonato Brasileiro, manipulado pela TV Globo a favor desses mega-devedores e de seus elencos milionários?

Os torcedores indignados, principalmente os da crônica esportiva, vivem aplaudindo os membros dos cartéis organizados pela CBF, e agora repudiam os parcos benefícios que o banditismo futebolístico pode retribuir à coletividade. Esbravejam contra a FIFA, mas prestigiam a seleção midiático-empresarial que ela explora e financia. Vaiam os organizadores da festa e continuam fiéis a sua mitologia patriótica.

As manifestações críticas à Copa estão se afastando de pautas exeqüíveis, coerentes e representativas. A desmoralização do evento possui óbvias conotações institucionais, que apenas favorecem a arrogância exploratória de Joseph Blatter. A radicalização inconseqüente e os argumentos simplistas atraem contaminações ideológicas que não têm nada a ver com as necessárias denúncias de governos, empresas e cartolas. O máximo que piquetes em rodovias e estádios conseguem é prejudicar cidadãos e alimentar oportunistas que usam a mentira, o caos e o medo como estratégias eleitorais.

A polarização entre os apologistas do torneio criminoso e os visionários republicanos que o rejeitam é falsa e manipuladora. Não há contradição em defender uma Copa organizada, limpa e transparente, a valorização do turismo, o respeito à educação, à saúde e aos direitos humanos. Um pouco de inteligência nos debates ajudaria a agregar todas essas demandas legítimas. Mesmo que nenhuma delas prospere, já seria uma prova de maturidade política.
*Guilhermescalzilli

Ui, quebraram a santa



por  Mary W., da revista Wireshoes

"Geralmente, em virtude do papel que assume a religião na vida das mulheres, a menina, mais dominada pela mãe do que o irmão, sofre mais, igualmente, as influências religiosas. Ora, nas religiões ocidentais, Deus Pai é um homem, um ancião dotado de um atributo especificamente viril: uma opulenta barba brancal. Para os cristãos, Cristo é mais concretamente ainda um homem de carne e osso e de longa barba loura. Os anjos, segundo os teólogos, não têm sexo, mas têm nomes masculinos e manifestam-se sob a forma de belos jovens. Os emissários de Deus na terra: o papa, os bispos de quem se beija o anel, o padre que diz a missa, o que prega, aquele perante o qual se ajoelham no segredo do confessionário, são homens. Para uma menina piedosa, as relações com o pai eterno são análogas às que ela mantém com o pai terrestre; como se desenvolvem no plano do imaginário, ela conhece até uma demissão mais total. A religião católica, entre outras, exerce sobre ela a mais perturbadora das influências.

A Virgem acolhe de joelhos as palavras do anjo: “Sou a serva do Senhor”, responde. Maria Madalena prostra-se aos pés de Cristo e os enxuga com seus longos cabelos de mulher. As santas declaram de joelhos seu amor ao Cristo radioso. De joelhos no odor do incenso, a criança abandona-se ao olhar de Deus e dos anjos: um olhar de homem". (Beauvoir, Introdução ao volume II da Bíblia*, a outra)


Eu tinha um colega, na outra faculdade em que eu dava aula, que era doutor em biologia genética. Uma vez ele chegou puto porque na UNESP/Rio Preto, onde ele fazia o doutorado tinha tido um seminário sobre Evolução e um padre foi convidado para compor a mesa. O coordenador alegou relativismo e respeito à diversidade. E o meu amigo contou como o padre levou slides de fósseis que se pareciam com a Virgem Maria. Os estudantes de pós-graduação em Biologia também ficaram a par da teoria de que fósseis são uma maneira de Deus testar a fé. Aqueles que acreditam (nos fósseis), não passam no teste.

Outro dia fiquei sabendo, também, que a Mix Brasil convidou o pastor Felicianopara debater no 21o Festival sobre Diversidade. Não faço ideia de que fim teve isso. Mas o convite causou alguma polêmica, o que eu acho bom. Cada vez acho melhor.

Acho mesmo que o conceito antropológico de relatividade foi sendo desfigurado ao longo das últimas décadas. Cada vez mais ele parece ser usado para que os grupos conservadores recusem as mudanças com a anuência dos libertários. Feliciano tem o direito de falar num evento sobre diversidade. Um padre leva seu power point num congresso científico. Você pode me falar que não há contrapartida. O padre não abre a missa para darwinistas nem Feliciano deixa a diversidade invadir seus cultos. Mas nem de longe é isso que me preocupa. Porque eu não quero levar meu power point para a igreja. Pelo contrário, pretendo não pisar nelas todas. Sei o suficiente sobre história do cristianismo para considerar que ele não me representa e que nele não brotam as minhas pautas. De acordo com trocentos historiadores, o fundamentalismo é cristão. É nessa doutrina que ele aparece e se cria. Umberto Eco fala sobre isso, Giddens fala sobre isso. Não é difícil ter essa informação.

Eu não vou ficar repassando aqui a história da Igreja Católica especificamente. Várias pessoas fizeram isso ao longo do dia. O meu ponto aqui é bem outro. É como chegamos a isso. A Srta. Bia postou, no FB, um clipe da música Igreja, dos Titãs. Cito um trecho da ~subversiva~ canção:

Eu não gosto do terço
Eu não gosto do berço
De Jesus de Belém.
Eu não gosto do papa
Eu não creio na graça
Do milagre de Deus

Eu fiquei pensando nisso. Que eu fui adolescente na década de oitenta e essas coisas eram simplesmente lançadas. A Vida de Brian não causava debate nem tsc tsc doWilliam Bonner. E aí eu fico realmente pensando se esse relativismo aplicado ao indivíduo e seus problemas não acabou nos trazendo a um ponto em que nada de ~sagrado~ pode ser realmente criticado. Parece haver um pânico em ser chamado de intolerante e uma necessidade de mostrar respeito àquilo que nos agride. A máxima “toda religião é boa, o importante é ter uma” ganha caráter de verdade universal. No mundo do fragmento, as pessoas se utilizam das engrenagens duramente forjadas pelos oprimidos (a fim de sobreviverem) para manter o status quo inalterado. Sim, eu posso dizer e cantar que eu não gosto do berço de Jesus. Sim, é possível isso. Mais. Faz parte de uma rebelião secular. Enfrentar os símbolos da santa Igreja é uma forma de dizer não, ela não detém a verdade. Não, eu não acredito nela. Sim, eu posso dar de ombros pros ensinamentos que ela propõe.

Mas eu fico triste demais quando alguém zomba da minha fé. Mas eu choro quando alguém questiona os meus dogmas. É a senha do relativismo individual para que todos nós recuemos. Eu não recuo. E não quero deixar VOCÊ triste. Não sei como pode ser tão difícil perceber que a crítica está direcionada para a instituição Igreja. Claro que eu já sei também que vivemos o tempo da emoção e do afeto. E que a racionalidade, talvez por suas próprias limitações, tenha sido abandonada na elaboração de argumentos. A nebulosa afetual que nos fala Maffesoli. Acho que todos já percebemos que estamos diante desse novo tempo. E que toda e qualquer crítica é lida como uma desrespeito à pessoa. No episódio da santa, foi dito que os 3 milhões de fiéis ali foram agredidos. Por dois militantes nonsense de uma Marcha horizontal e livre.

O que eu vejo é que nenhuma ação anticlerical é possível. Tudo que eu fizer é uma agressão individual. Caso de polícia. Quebrei uma santa. Nossa. Violei a liberdade religiosa e impedi o culto. O que me resta é ver o Papa passar. Minha proposta (sim, eu tenho uma proposta, a loka etc) é que enfrentemos. Vamos voltar a dizer que as religiões cristãs se erguem sobre uma cultura do ódio. Que historicamente eles tem impedido as pessoas de existirem. Impediram negros, índios, mulheres, gays, muçulmanos. Que eles nunca abandonaram a guerra santa. Que ~respeitar~ o discurso deles é legitimar o ódio. Que a Virgem Maria não é uma imagem feminina. É uma das imagens mais machistas já criadas pela cultura humana. Que não existem mulheres na Igreja deles. Elas lavam os pés e puxam o saco de homens. Que Simone de Beauvoir já dissecou A Religiosa (ou A Mística) no segundo volume de O Segundo Sexo. A liberdade mistificada da mulher, promovida pelas religiões, bem como a aniquilação da carne da mulher religiosa. Estranhamente, as feministas que apoiaram os manifestantes também fazem ressalvas individualista. “Eu não faria isso“, “eu respeito quem não respeita mas não faria“. Um espiral de justificativa que para mim é o cerne da questão: ´para combater criacionismo, cartilha bioética papal e que tais PRECISAMOS enfrentar as religiões. Ué. Não teve outro jeito. Até chegarmos nessa sinuca teórica. Se-eu-critico-não-respeito. É uma falsa sinuca. O relativismo é um método de compreensão. Não é a aceitação de todas as práticas e discursos. Podemos sair do armário. Podemos dizer que falta senso crítico àqueles que sacralizam um homem segundos depois da fumaça vaticana. O preço que estamos pagando por não enfrentar é alto demais. Cada vez mais vemos pastores e padres invadindo o Estado. Cada vez mais abaixamos a cabeça e dizemos “ó, mas eles tem o direito de estar“. Como se não soubessemos o que eles fazem quando tem o Estado nas mãos. Ao invés de ficarmos dizendo sem parar que não quebraríamos santa, está na hora de dizer que cagamos e andamos se uma santa foi quebrada.

Para terminar, conto uma história mil vezes por mim repetida. No meu primeiro ano de docência, durante uma aula sobre dimensão simbólica, falei de religião. E acabei falando de santos. E disse assim “até bem pouco tempo atrás as pessoas acreditavam em santos“. A sala ficou em silêncio. Um aluno levantou a mão. Disse que ainda acreditava. Outras pessoas levantaram a mão para dizer o mesmo. Oh, captain, my captain ao avesso. Essa é minha história docente. Mas eu soube, então. Que não estava mais no Kansas e ouvi os portões da faculdade de sociologia se fechando atrás de mim. Saí da ilha sem bóia. Eu já entendi isso. Mas, nossa. Tô preparada pra visita de Papa não. E muito menos para uma geração que se exime de enfrentar uma visita dessa.

*Pode queimar um exemplar, se você quiser :)

PS:  no twitter, várias pessoas reclamaram. de como esse assunto é chato etc. não me enganam. carolas disfarçadas.

*Opensadordaaldeia