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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, agosto 14, 2013
Brasileiro inventor de 'luz engarrafada' tem ideia espalhada pelo mundo
Brasileiro inventor de 'luz engarrafada' tem ideia espalhada pelo mundo
Alfredo Moser poderia ser considerado um Thomas Edison dos dias de hoje, já que sua invenção também está iluminando o mundo.
Em 2002, o mecânico da cidade mineira de Uberaba, que fica a 475 km da capital Belo Horizonte, teve seu próprio momento de "eureka" quando encontrou a solução para iluminar a própria casa em um dia de corte de energia.
Para isso, ele utilizou nada mais do que garrafas plásticas pet com água e uma pequena quantidade de cloro.
Nos últimos dois anos, sua ideia já alcançou diversas partes do mundo e deve atingir a marca de 1 milhão de casas usando a "luz engarrafada".
Mas, afinal, como a invenção funciona? A reposta é simples: pela refração da luz do sol em uma garrafa de dois litros cheia d'água.
"Adicione duas tampas de cloro à água da garrafa para evitar que ela se torne verde (por causa da proliferação de algas). Quanto mais limpa a garrafa, melhor", explica Moser.
Ele protege o nariz e a boca com um pedaço de pano antes de fazer o buraco na telha com uma furadeira. De cima para baixo, ele então encaixa a garrafa cheia d'água.
"Você deve prender as garrafas com cola de resina para evitar vazamentos. Mesmo se chover, o telhado nunca vaza, nem uma gota", diz o inventor.
Outro detalhe é que a lâmpada funciona melhor se a tampa for encapada com fita preta.
"Um engenheiro veio e mediu a luz. Isso depende de quão forte é o sol, mas é entre 40 e 60 watts", afirma Moser.
A inspiração para a "lâmpada de Moser" veio durante um período de frequentes apagões de energia que o país enfrentou em 2002. "O único lugar que tinha energia eram as fábricas, não as casas das pessoas", relembra.
Moser e seus amigos começaram a imaginar como fariam um sinal de alarme, no caso de uma emergência, caso não tivessem fósforos.
O chefe do inventor sugeriu na época utilizar uma garrafa de plástico cheia de água como lente, para refletir a luz do sol em um monte de mato seco e, assim, provocar fogo.
A ideia ficou na mente de Moser que, então, começou a experimentar encher garrafas para fazer pequenos círculos de luz refletida. Não demorou muito para que ele tivesse a ideia da lâmpada.
"Eu nunca fiz desenho algum da ideia. Essa é uma luz divina. Deus deu o sol para todos e luz para todos. Qualquer pessoa que usar essa luz economiza dinheiro. Você não leva choque e essa luz não lhe custa nem um centavo", ressalta.
Pelo mundo
O inventor já instalou as garrafas de luz na casa de vizinhos e até no supermercado do bairro. Ainda que ele ganhe apenas alguns reais instalando as lâmpadas, é possível ver pela casa simples e pelo carro modelo 1974 que a invenção não o deixou rico. Apesar disso, Moser aparenta ter orgulho da própria ideia.
"Uma pessoa que eu conheço instalou as lâmpadas em casa e dentro de um mês economizou dinheiro suficiente para comprar itens essenciais para o filho que tinha acabado de nascer. Você pode imaginar?", comemora Moser.
Carmelinda, mulher de Moser há 35 anos, diz que o marido sempre foi muito bom para fazer coisas em casa, até mesmo para construir camas e mesas com madeira de qualidade.
Mas parece que ela não é a única que admira o inventor. Illac Angelo Diaz, diretor executivo da fundação de caridade MyShelter, nas Filipinas, parece ser outro fã.
A instituição MyShelter se especializou em construção alternativa, criando casas sustentáveis feitas de material reciclado, como bambu, pneus e papel.
Para levar à frente um dos projetos do MyShelter, com casas feitas totalmente com material reciclado, Diaz disse ter recebido "quantidades enormes de garrafas".
"Enchemos as garrafas com barro para criar as paredes. Depois enchemos garrafas com água para fazer as janelas", conta.
"Quando estávamos pensando em mais coisas para o projeto, alguém disse: 'Olha, alguém fez isso no Brasil. Alfredo Moser está colocando garrafas nos telhados''', relembra Diaz.
Seguindo o método de Moser, a entidade MyShelter começou a fazer lâmpadas em junho de 2011. A entidade agora treina pessoas para fazer e instalar as garrafas e assim ganhar uma pequena renda.
Nas Filipinas, onde um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza (de acordo com a ONU, com menos de US$ 1 por dia) e a eletricidade é muito cara, a ideia deu tão certo, que as lâmpadas de Moser foram instaladas em 140 mil casas.
As luzes "engarrafadas" também chegaram a outros 15 países, entre eles Índia, Bangladesh, Tanzânia, Argentina e Fiji.
Diaz disse que atualmente podem-se encontrar as lâmadas de Moser em comunidades que vivem em ilhas remotas. "Eles afirmam que viram isso (a lâmpada) na casa do vizinho e gostaram da ideia".
Pessoas em áreas pobres também são capazes de produzir alimentos em pequenas hortas hidropônicas, usando a luz das garrafas para favorecer o crescimento das plantas. Diaz estima que pelo menos 1 milhão de pessoas vão se beneficiar da ideia até o começo de 2014.
"Alfredo Moser mudou a vida de um enorme número de pessoas, acredito que para sempre", enfatiza o representante do MyShelter.
"Ganhando ou não o Prêmio Nobel, queremos que ele saiba que um grande número de pessoas admira o que ele está fazendo."
Mas será que Moser imagina que sua invenção ganharia tamanho impacto? "Nunca imaginei isso, não", diz, emocionado. "Me dá um calafrio no estômago só de pensar nisso."
#FS Felipe Sandrin
(Seguidores e sugestões são em vindos)
Adm Fatos Desconhecidos
*TelmaM
Cade recebe nova denúncia de propina em SP
A Federação Nacional dos Metroviários levou ao Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade) e ao Ministério Público de São Paulo indícios
de formação de cartel e irregularidades em outros contratos do metrô.
Um deles se refere à reforma de 98 trens, contratada em 2009, cujo preço
chegou a 86% do valor que seria gasto com a compra de trens novos.
Segundo a entidade, a reforma custou cerca de R$ 1,75 bilhão, e o
trabalho foi repartido por consórcios da Siemens-Iesa , Bombardier,
Consórcio MTTrens (MPE, Tejofran e Temoinsa) e Alstom-Siemens.
- Essa denúncia foi feita pelo deputado Simão Pedro (PT-SP) na época da licitação, mas não estava associada a indício de cartel - disse Narciso Soares, presidente da federação.
Ele afirmou que a repartição do serviço entre empresas é um indício de que pode ter havido acordo.
Segundo levantamento da liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, esse é um dos 49 contratos assinados por empresas do governo de São Paulo com a Alstom entre 2007 e 2010, durante a gestão de José Serra (PSDB).
A federação questiona a qualidade do serviço e diz que um dos trens reformados descarrilou no último dia 5, na Estação Barra Funda. De acordo com a entidade, a composição faz parte da frota K, que está sendo reformada pelo consórcio MTTrens e foi retirada de circulação para vistoria.
A federação relatou a troca do sistema de sinalização e controle do metrô, do sistema ATC (Automatic Train Control) para um novo, o CBTC (Communication Based Train Control), cuja licitação foi feita em 2008.
O término do serviço estava previsto para 2011 nas três linhas. A troca
ficou a cargo das empresas Bombardier (linha 5) , Siemens (linha 4) e
Alstom (linhas 1, 2 e 3). Os contratos somam R$ 700 milhões.
- Estamos em 2013. O sistema já deveria estar em operação, mas os testes iniciais, feitos na linha 2 fracassaram. Foram detectadas falhas de segurança que impediram os novos sistemas de funcionar - disse Soares
*osamigosdopresidentelula
Mujica recomenda aos jovens "amarem-se mais e consumirem menos"
O presidente José Mujica recomendou hoje aos jovens da América Latina sobrepor o amor ao consumo para serem felizes, ao encerrar um fórum regional celebrado com o apoio da ONU e outros organismos, como preparação para a I Conferência de População e Desenvolvimento de América Latina e Caribe.
“Não permitam que lhes roubem a juventude, deve haver mais tempo para o
amor e menos preocupação com o consumo”, disse o chefe de Estado, diante
de um auditório de dezenas de jovens da latinoamérica que participaram
do “Forum Regional: Agenda de Desenvolvimento e Investimento Social na
Juventude”.
O encontro foi preliminar à I Conferência de População e Desenvolvimento
de América Latina e Caribe, viabilizada pelo Fundo de População da ONU
(FPNU), iniciada nesta segunda e que culminará na próxima sexta, em
Montevidéu.
“Todos buscamos o desenvolvimento, todos buscamos melhorar, mas não se
deve melhorar às custas da liberdade. Sejam livres, sejam felizes,
mantenham o espírito rebelde da juventude”, afirmou Mujica, gerando uma
ovação dos presentes. “Pertenço a uma geração que sonhou com mudar o
mundo”, acrescentou o mandatário uruguaio, recordando seu passado de
líder revolucionário do movimento guerrilheiro Tupamaro.
O presidente também exortou os jovens a ser “tolerantes na diversidade”.
As jovens gerações devem ser “mais tolerantes com o diferente, com as
discrepâncias, e mudar os padrões culturais conservadores”, assinalou
Mujica.
O ministro uruguaio de Desenvolvimento Social, Daniel Olesker, garantiu,
por sua parte, que é “fundamental escutar” os jovens, em especial os
que vivem em contextos sociais “difíceis”, para então “elaborar
políticas públicas úteis”.
Mujica, em uma reunião com um alto funcionário da ONU, também chamou a “escutar mais os jovens e lhes permitir experimentar”.
Estudo
No fórum foi divulgado um estudo segundo o qual a delinqüência e a
violência representam a maior preocupação dos jovens ibero-americanos,
seguida pelas drogas e o alcoolismo.
A I Pesquisa Iberoamericana de Juventudes “O futuro já chegou” foi
realizada pela Organização Iberoamericana da Juventude (OIJ), com o
apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de
Desenvolvimento da América Latina (CAF). A sondagem abrangeu quase 20
mil jovens entre 15 e 29 anos de 21 países ibero-americanos e 33% dos
entrevistados disse que a delinqüência e a violência é sua maior
preocupação, seguida do uso de drogas e do alcoolismo (20%) e a falta de
empregos (16%).
*Notícias da América Latina
Fukushima: o pior está por vir
Via Carta Maior
O pesadelo de Fukushima ainda mais assustador
O
despejamento de isótopos no Pacífico é a pior notícia vinda do Japão
desde Hiroshima e Nagasaki - a chuva radioativa de Fukushima foi de 20 a
30 vezes maior do que nos bombardeios de 1945. Apesar disso, a nova
administração japonesa tem falado de voltar a operar os 48 reatores que
continuam fechados desde o acidente em Fukushima.
Harvey Wasserman, do site The Progressive
Assim que tudo parecia estar sob controle em Fukushima, descobrimos que a situação estava pior do que nunca. Imensamente pior.
Quantidades
massivas de líquidos radioativos estão agora vazando, através do reator
destruído, para o Oceano Pacífico. E o que tem vazado é muito mais
letal do que o "mero trítio" que dominou as manchetes até agora.
Tepco,
a proprietária e operadora de Fukushima - e uma das maiores e mais
tecnológicas empresas de tecnologia elétrica avançada - admitiu que não
pode controlar a situação. Sua performance vergonhosa fez com que o
antigo comissário de regulação nuclear dos EUA os acusasse de "não
saberem o que estavam fazendo".
O governo
japonês está se envolvendo, mas não há nenhuma garantia - nem mesmo a
probabilidade - de que farão melhor. Na verdade, não há certeza sobre o
que está causando este vazamento de morte e destruição sem controle.
Cerca
de 28 meses depois que três dos seis reatores explodiram na região de
Fukushima Daichi, ninguém pode oferecer uma explicação definitiva do que
está acontecendo ali ou de que maneira lidar com isso.
Além
de estar situada numa região propensa a terremotos e sujeita a
tsunamis, Fukushima Daichi estava situada sobre um grande aquífero. Este
fato gravíssimo estava ausente de quase todas as discussões sobre o
acidente desde que ele ocorreu.
Não há a menor dúvida de que a água do lago subterrâneo foi totalmente contaminada.
Na
sequência do desastre do dia 11 de março de 2011, a Tepco levou o
público a acreditar que ela havia contido o vazamento de água
contaminada para o Pacífico. Mas agora ela admite que essa não foi a
única mentira, mas que as quantidades de água envolvidas - aparentemente
cerca de 1.500.000 litros por dia - são muito grandes.
Parte dessa água pode estar vazando do aquífero. Uma parte escorre das encostas íngremes japonesas pela região e para o mar.
Até
agora, a empresa e as autoridades regulatórias asseguraram que o único
contaminante da água é o trítio primário. O trítio é um isótopo
relativamente simples, sua meia-vida
é de 8 dias. Seus efeitos na saúde podem ser substanciais, mas sua
meia-vida curta tem sido usada para proliferar a ilusão de que não há
muito para nos preocuparmos.
Relatos agora
indicam que o vazamento em Fukushima também inclui quantidades
substanciais de iodo radioativo, césio e estrôncio. Isso indica que há
ainda mais do que ouvimos até agora. E essa é uma péssima notícia.
O
iodo-131, por exemplo, pode ser absorvido pela tireoide, onde emite
partículas beta (elétrons) que danificam o tecido. Uma epidemia de
tireoides danificadas atingindo cerca de 40% das crianças da área de
Fukushima já foi relatada. Esse percentual pode subir. Em crianças em
desenvolvimento, isso pode prejudicar o crescimento físico e mental.
Entre os adultos, pode causar um leque diversificado de doenças,
inclusive câncer.
O césio-137 vindo de Fukushima
foi encontrado em peixes pescados em locais tão distantes quanto a
Califórnia. Esse elemento se espalha pelo corpo, tende a se acumular nos
músculos.
O estrôncio-90 possui meia-vida de cerca de 29 anos. Similar ao cálcio, se acumula nos ossos.
A
notícia de que esses isótopos estão sendo despejados no Pacífico é a
pior notícia que vem do Japão desde os bombardeios de Hiroshima e
Nagasaki, que ocorreram há 68 anos atrás, e cuja chuva radioativa foi
amplamente excedida em Fukushima.
Na verdade,
especialistas japoneses já estimaram que a chuva radioativa em Fukushima
foi de 20 a 30 vezes maior do que nos bombardeios de 1945. A realidade é
esta: não há absolutamente nenhuma indicação de como ou quando este
vazamento letal irá parar.
Até aqui, a Tepco
construiu proteções para conter o quanto pudesse da água contaminada.
Mas a companhia não é capaz de contê-la inteiramente, e está ficando
cada vez mais sem espaço. Alguns tanques, é claro, já apresentaram
vazamentos.
Não está claro se o vazamento está
ou não se acelerando. A Tepco injetou produtos químicos no solo para
endurecê-lo, formando uma barreira entre os reatores e o mar. Há também a
possibilidade surreal de se fazer um super-resfriamento de parte do
terreno para formar uma barreira de gelo. Mas a água de alguma maneira
escorre entre dispositivos tão frágeis.
Continua
incerto o que ocorreu com os núcleos derretidos dos três reatores que
explodiram. A aparição recente de fumaça no local fez ressurgir a
preocupação de que a fissão ainda esteja ocorrendo nos arredores da
usina.
Também é incerto o destino de centenas
de toneladas de combustível nuclear acumulado precariamente num tanque
suspenso no ar, 100 pés acima da Unidade Quatro.
Sustentar
o sistema de resfriamento até que as barras de combustível possam ser
retiradas - e ainda é absolutamente incerto quando isso ocorrerá - é um
dos maiores desafios.
Se um terremoto acontecer
antes que sejam retiradas as barras - ou se elas caírem do tanque e
quebrarem, o que incendiaria seus revestimentos de zircônio – a situação
só poderá ser descrita como apocalíptica.
Apesar
disso tudo, a nova administração japonesa pró-energia nuclear tem
falado de voltar a operar os 48 reatores que continuam fechados desde o
acidente em Fukushima.
A Tepco é uma das empresas que pressionam o recomeço das operações em outras usinas.
Nos EUA, se diz que os reatores nucleares vão de alguma forma solucionar o problema do aquecimento global.
O
que sabemos muito bem é que Fukushima foi a pior catástrofe atômica do
mundo e está muito longe de terminar. A única coisa que podemos prever é
que notícias piores estão por vir.
E, quando elas vierem, nosso planeta cada vez mais frágil estará ainda mais irradiado, custo imensurável para todos nós.
Tradução de Roberto Brilhante
*GilsonSampaio
convenhamos que não deixa de ser comovente a lealdade da Veja ao PSDB, não?
Mídia desembarca do “Tucanic”
Eduardo Guimarães
Alguns dirão que é jogo de cena, que toda vez que a grande mídia noticia
alguma coisa desfavorável ao PSDB é porque, em seguida, virá bomba
contra o PT. Essa, porém, seria uma explicação fácil para um grande
noticiário que é preciso ter uma dose extra de má vontade para afirmar
que tem poupado o tucanato paulista no âmbito do rumoroso “trensalão”.
Vá lá que não estejam existindo aquelas críticas furiosas e profusas que
tonitruam sobre as nossas cabeças quando a acusação envolve petistas ou
aliados tidos como mais fieis – ou algo próximo disso.
Porém, o que até a Globo vem divulgando sobre os escândalos
Siemens-Alstom deixa o PSDB paulista em uma situação em que não há
memória de ter sido igual ao menos no século XXI. Só para se ter uma
ideia, denúncia do sindicato dos metroviários feita ao Cade na última
terça-feira fora conhecida dias antes pelos telejornais.
O
SBT, por exemplo, exibiu várias matérias mostrando que o Estado de São
Paulo, ainda no governo Mario Covas, gastou R$ 1,7 bilhão com a
modernização de 98 trens de metrô e que com um pouco mais seria possível
comprar trens novos.
Segundo matéria publicada há vários dias pela tevê do Sílvio Santos, “O
custo de reforma dos trens velhos foi de 85,7% do preço de um saído da
fábrica e a base de comparação é outro contrato assinado no ano passado,
em que um trem novo saiu por R$ 23,6 milhões. Já o reformado de 2009
custou, em média, R$ 17,1 milhões”.
Já a Globo, semana passada, gastou 8 minutos com denúncias menos
detalhadas – e, portanto, menos comprometedoras –, mas que permitiram ao
telespectador entender que há uma acusação grave contra os governos do
Estado de São Paulo sob o comando do PSDB.
E não ficou só nisso. O caso foi parar até no tucanérrimo Jornal da
Globo, exibido tarde da noite e, por isso, objeto das maiores, digamos
assim, “licenças partidárias” da emissora.
Isso sem falar na Folha de São Paulo, que, como o resto da grande mídia,
entrou timidamente no caso mas depois se soltou e já o está cobrindo
com certo “gosto”, com manchetes em primeira página como não se via
desde o escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC, no século
passado.
Não se descarta, porém, que, como no passado, tudo isso esteja ocorrendo
como um álibi para um ataque muito mais forte ao PT, mas essa tese
carece de lógica.
Após colocar os tucanos “no mesmo saco”, não haverá lucro político em
mostrar que o PT lhes faz companhia. Até porque, a mídia já carimbou nos
petistas tudo o que pôde em termos de corrupção, tanto justa quanto
injustamente.
Claro que ficou bem difícil esconder o “trensalão” com a internet
fervendo com o assunto, mas a mídia esconder escândalos graves do PSDB
não chega a ser novidade. Aliás, ela parece disposta a não tomar mais
furos – ou tomar menos – em um caso que só tem feito crescer.
Não se espera que, de uma hora para outra, corporações de mídia que se
notabilizaram pelo partidarismo se tornem exemplos de profissionalismo
jornalístico, que requer distanciamento ou, se possível, algo que se
pareça razoavelmente com isenção. Mas o que parece é que, finalmente,
essas corporações começam a entender que há muito menos idiotas por ai
do que imaginava.
Excesso de otimismo? Ingenuidade? Talvez não, apesar de parecer. Essas
corporações talvez não sejam tão idiotas a ponto de ainda não terem
percebido que a continuidade do tratamento do público como débil mental
se tornou inviável, sobretudo quando se vai descobrindo que ir à rua não
é um jogo que só pode ser jogado por um lado.
Em um momento em que todo mundo começou a se manifestar por um
sem-número de causas, ocultar um escândalo da magnitude desse que
envolve o PSDB pode gerar resultados imprevisíveis.
Como as vítimas do mau serviço do metrô de São Paulo contam-se aos
milhões, proteger quem essas massas vão descobrindo ser responsável por
seu sofrimento no transporte público pode atrair ira popular de um
tamanho como o que se viu em junho.
Imaginemos dezenas de milhares de pessoas diante de uma Globo dizendo
umas verdades daquele tipo que os barões da mídia não podem se dar ao
luxo de que sejam conhecidas… O prejuízo – inclusive financeiro – que
envolveria uma situação dessas seria incalculável e, talvez,
irremediável.
Se as coisas continuarem nesse rumo, portanto, logo, logo só vai restar a
Veja bradando no deserto contra um lado só da política enquanto o outro
se esbalda em corrupção e ela finge não ver. Eis porque um desembarque
midiático em peso do “Tucanic” talvez não envolva esse tentáculo da
mídia, que pode se dispor a afundar junto.
Aliás, convenhamos que não deixa de ser comovente a lealdade da Veja ao PSDB, não?
*AmoralNato
EUA iniciam recuo na guerra contra as drogas. E nós?
Blog do Marcelo Semer
A guerra contra as drogas fracassou. A tolerância zero também.
Duas medidas recentes dão conta de uma mudança de trajetória na política-criminal norte-americana. É tardia e ainda pequena, mas já perceptível.
O secretário da Justiça dos EUA anunciou orientação para que suas procuradorias atuem no sentido de reduzir sanções para diminuir o encarceramento de portadores de droga.
A Justiça Federal em Nova York decidiu que as revistas indiscriminadas, conhecidas como stop-and-frisk, são inconstitucionais por falta de justificativa, dirigindo-se, prioritariamente, a negros e latinos.
Há cerca de dois milhões de presos no país, o que faz dos Estados Unidos a maior penitenciária mundial.
Lá estão reclusos um de cada quatro presos do planeta. Mais de um terço deles por delitos relacionados à posse de entorpecentes.
O efeito da guerra às drogas pode ter vitaminado muitos negócios, levando-se em consideração a exploração privada dos presídios, mas no tocante à saúde pública tem sido inócua.
O potencial criminógeno do excesso de prisão, ao revés, é devastador.
“Não podemos mais tratar pequenos criminosos como reis do tráfico. É contraproducente. Usuários com pequenas violações da lei acabam pagando um preço alto demais ao serem colocados no sistema prisional” –afirma o secretário de justiça Eric Holder (Folha de S. Paulo, 13/08/13).
Pesquisa recente no Brasil já havia concluído que a prisão por tráfico de entorpecentes crescera três vezes mais do que a população carcerária no geral desde a edição da última lei de drogas.
O volume de microtraficantes está superlotando as prisões brasileiras que já ultrapassam meio milhão de habitantes –além de representar quase a metade das internações de adolescentes.
A seletividade, ademais, tem sido um dos marcos distintivos do direito penal, tanto lá quanto aqui. É a tal de serpente que só pica pés descalços.
Além das escolhas legislativas, que privilegiam certos crimes e são tênues sobre outros, e das deficiências inerentes à defesa dos carentes, a prioridade na vigilância acaba sendo determinante para a formação da clientela penitenciária.
Com a irrisória investigação, o grosso dos processos criminais se origina de prisões em flagrantes, realizadas a partir de fiscalizações de rua.
Prisões por posse de drogas, como de armas, por exemplo, dependem basicamente de quem é o destinatário da abordagem. Estas se dão preferencialmente nas periferias ou sobre pessoas que, segundo uma avaliação subjetiva das polícias, despertem maior suspeita.
O volume de jovens negros ou pardos submetidos a batidas policiais é muito mais elevado do que a média dos demais cidadãos.
A presença na rua da população carente, seja pelo uso frequente do transporte coletivo, seja pela utilização dos espaços públicos como área de lazer, é muito superior a quem trafega apenas de carro entre endereços e locais conhecidos e bem protegidos.
Isso é mais ainda perceptível nas prisões de possuidores de pequenas quantidades de droga.
Embora seja fato constantemente noticiado a presença de entorpecentes em festas particulares, clubes privados ou endereços tradicionais da noite em grandes metrópoles, a expressiva maioria das prisões se dá mesmo nas ruas, becos, vielas ou em bailes da periferia. Como se o vício ou o uso recreativo da droga fosse algo totalmente desconhecido na alta classe média.
Buscas e apreensões em favelas e cortiços não são revestidas tradicionalmente das mesmas cautelas dos que as que, raramente, aliás, se realizam em edifícios residenciais.
Não é à toa, assim, que o panorama de presos e processados seja uma amostra extremamente desigual da sociedade.
Como tanto a guerra contra as drogas, como a tolerância zero foram vedetes de políticos e comunicadores, replicando o provincianismo de achar que o era bom para os Estados Unidos devia ser bom para o Brasil, é de se ver, enfim, se esses mais contundentes líderes da política da lei e da ordem também vão se dar conta destas confissões de ineficácia e acompanhar a guinada da política norte-americana.
Ou continuarão tentando, em vão, apagar fogo com querosene?
*coletivoDAR
A guerra contra as drogas fracassou. A tolerância zero também.
Duas medidas recentes dão conta de uma mudança de trajetória na política-criminal norte-americana. É tardia e ainda pequena, mas já perceptível.
O secretário da Justiça dos EUA anunciou orientação para que suas procuradorias atuem no sentido de reduzir sanções para diminuir o encarceramento de portadores de droga.
A Justiça Federal em Nova York decidiu que as revistas indiscriminadas, conhecidas como stop-and-frisk, são inconstitucionais por falta de justificativa, dirigindo-se, prioritariamente, a negros e latinos.
Há cerca de dois milhões de presos no país, o que faz dos Estados Unidos a maior penitenciária mundial.
Lá estão reclusos um de cada quatro presos do planeta. Mais de um terço deles por delitos relacionados à posse de entorpecentes.
O efeito da guerra às drogas pode ter vitaminado muitos negócios, levando-se em consideração a exploração privada dos presídios, mas no tocante à saúde pública tem sido inócua.
O potencial criminógeno do excesso de prisão, ao revés, é devastador.
“Não podemos mais tratar pequenos criminosos como reis do tráfico. É contraproducente. Usuários com pequenas violações da lei acabam pagando um preço alto demais ao serem colocados no sistema prisional” –afirma o secretário de justiça Eric Holder (Folha de S. Paulo, 13/08/13).
Pesquisa recente no Brasil já havia concluído que a prisão por tráfico de entorpecentes crescera três vezes mais do que a população carcerária no geral desde a edição da última lei de drogas.
O volume de microtraficantes está superlotando as prisões brasileiras que já ultrapassam meio milhão de habitantes –além de representar quase a metade das internações de adolescentes.
A seletividade, ademais, tem sido um dos marcos distintivos do direito penal, tanto lá quanto aqui. É a tal de serpente que só pica pés descalços.
Além das escolhas legislativas, que privilegiam certos crimes e são tênues sobre outros, e das deficiências inerentes à defesa dos carentes, a prioridade na vigilância acaba sendo determinante para a formação da clientela penitenciária.
Com a irrisória investigação, o grosso dos processos criminais se origina de prisões em flagrantes, realizadas a partir de fiscalizações de rua.
Prisões por posse de drogas, como de armas, por exemplo, dependem basicamente de quem é o destinatário da abordagem. Estas se dão preferencialmente nas periferias ou sobre pessoas que, segundo uma avaliação subjetiva das polícias, despertem maior suspeita.
O volume de jovens negros ou pardos submetidos a batidas policiais é muito mais elevado do que a média dos demais cidadãos.
A presença na rua da população carente, seja pelo uso frequente do transporte coletivo, seja pela utilização dos espaços públicos como área de lazer, é muito superior a quem trafega apenas de carro entre endereços e locais conhecidos e bem protegidos.
Isso é mais ainda perceptível nas prisões de possuidores de pequenas quantidades de droga.
Embora seja fato constantemente noticiado a presença de entorpecentes em festas particulares, clubes privados ou endereços tradicionais da noite em grandes metrópoles, a expressiva maioria das prisões se dá mesmo nas ruas, becos, vielas ou em bailes da periferia. Como se o vício ou o uso recreativo da droga fosse algo totalmente desconhecido na alta classe média.
Buscas e apreensões em favelas e cortiços não são revestidas tradicionalmente das mesmas cautelas dos que as que, raramente, aliás, se realizam em edifícios residenciais.
Não é à toa, assim, que o panorama de presos e processados seja uma amostra extremamente desigual da sociedade.
Como tanto a guerra contra as drogas, como a tolerância zero foram vedetes de políticos e comunicadores, replicando o provincianismo de achar que o era bom para os Estados Unidos devia ser bom para o Brasil, é de se ver, enfim, se esses mais contundentes líderes da política da lei e da ordem também vão se dar conta destas confissões de ineficácia e acompanhar a guinada da política norte-americana.
Ou continuarão tentando, em vão, apagar fogo com querosene?
*coletivoDAR
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