Na principal província argentina,
vitória ficou com Frente Renovadora; Frente de Esquerda conquista
resultado histórico em Mendoza
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Apoiadores da oposição comemoram resultado das urnas: Kirchner perdeu em distritos-chave, mas mantém maioria do Congresso
Agência Efe |
Há exatos três anos da morte do ex-presidente Néstor Kirchner
(2003-2007), os argentinos foram às urnas neste domingo (27/10) para
renovar 127 cadeiras – a metade - da Câmara de Deputados e 24 - um terço
- do Senado.
Com quase 100% das seções eleitorais apuradas em todo o país, os números
mostram que o kirchnerismo foi derrotado nos principais distritos
eleitorais. No entanto, a base governista FpV (Frente para a Vitória) e
seus aliados se mantiveram como maior bloco em ambas casas do
Congresso.
Na Câmara de Deputados, a legenda da presidente Cristina Kirchner
manteve o mesmo número de bancas e, com 132 assentos, é a única força
que supera os 129 deputados necessários para conformar quórum nas
votações da casa. No Senado, a situação da FpV é parecida. Mesmo depois
de perder duas bancas, seus 39 representantes superam em dois o mínimo
de 37 presentes para conformar quórum.
A aliança governista tem 33,15% do total de votos para deputados
nacionais e 32,13% para senadores. Na Argentina, para a Câmara, o número
de representantes eleitos por distrito é proporcional ao número de
votantes. Já no Senado, cada província (estado) tem três bancas. Algumas
províncias e municípios também renovaram parte de seus legislativos
locais.
Província de Buenos Aires
A maior derrota kirchnerista foi na província de Buenos Aires, onde se
concentra o maior número de eleitores do país, com 37,4% de votantes
registrados. O ex-chefe de gabinete de Cristina Kirchner e atual
prefeito do município de Tigre, Sergio Massa, liderou a vitória da FR
(Frente Renovadora), principal oposição ao governo no distrito. A
coalizão encabeçada pelo antigo correligionário da presidente obteve 16
bancas na Câmara de Deputados, com 43.92% dos votos e uma vantagem de
cerca de dez pontos percentuais sobre a FpV, que elegeu 12 deputados.
Buenos Aires não elegeu senadores nacionais. No legislativo local, a
Frente Renovadora conquistou 13 das 23 bancas para senador provincial,
enquanto a FpV ganhou sete assentos. Com 95,66% das seções eleitorais
apuradas, a FpV liderou a disputa por deputados provinciais com vantagem
de menos de 1% e ganhou 18 bancas locais, enquanto a Frente Renovadora
levou 16 dos 35 assentos em jogo na casa.
Capital Federal
Na capital argentina, o PRO (Proposta Republicana), do chefe de governo
Mauricio Macri, se impôs como a legenda com o maior número de votos
para ambas casas do Congresso Nacional e para a Lagislatura local. Pela
primeira vez o PRO terá representação no Senado, dois deles pela Cidade
Autônoma de Buenos Aires.
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Mauricio Macri será candidato pela oposição às eleições presidenciais de 2015
Agência Efe |
Macri aproveitou a comemoração da vitória nas urnas para anunciar sua
candidatura à presidência em 2015. O atual mandatário da capital
argentina também rompeu sua aliança com Sergio Massa na província de
Buenos Aires ao, de maneira informal, anunciar entre balões de ar e
música de festa que em sua lista de 2015 “não vai haver nenhum
ex-integrante de gabinete presidencial”, em alusão ao prefeito do
município de Tigre.
O terceiro senador eleito pela cidade de Buenos Aires é o cineasta
Fernando “Pino” Solanas. Sua coalizão, Unen, assim como o PRO, terá
cinco deputados na Câmara, enquanto a FpV conquistou três bancas pela
capital.
Unen, uma aliança entre distintos setores políticos - da
centro-esquerda à centro-direita - e única legenda a disputar internas
de candidatos durantes as primárias de agosto, se consolidou como
segunda força nos três pleitos da Capital Federal. Daniel Filmus, que
foi ministro de Educação de Néstor Kirchner, não conseguiu manter o
cargo e a FpV ficou sem representação pela capital no Senado.
Cordoba, Santa Fe e Mendoza
Em Cordoba, estado que congrega 8,7% dos votantes e só elegeu deputados
nacionais, a FpV ficou em terceiro lugar, com 15,25% dos votos e duas
bancas. União por Cordoba, uma aliança integrada pelo peronista PJ
(Partido Justicialista) conseguiu uma vitória com vantagem de 2% sobre a
UCR. Ambas forças elegeram três deputados.
Em Santa Fe, província onde o governador pelo Partido Socialista
Antonio Bonfatti sofreu atentado a tiros duas semanas antes das
eleições, a vitória ficou com a FPCyS (Frente Progressista Cívica e
Social), integrada pela legenda do executivo provincial. Assim como
Cordoba, Santa Fe – onde se encontram 8,3% do eleitorado nacional - só
votou por deputados nacionais. A FPCyS conquistou quatro bancas e
segundo lugar ficou com a aliança integrada pelo PRO, que leva três
assentos, enquanto a FpV, em terceiro, os dois restantes.
Em Mendoza, onde estão 4,3% dos eleitores argentinos e não houve
eleição para o Senado, o primeiro lugar ficou com a UCR do
ex-vice-presidente Julio Cobos, que rompeu com o governo que integrava
em 2008 durante a crise entre Cristina Kirchner e produtores rurais. Das
cinco bancas para deputados em disputa, três ficaram com os radicais,
enquanto uma ficou com a FpV, segunda colocada na província.
Frente de Esquerda: resultado histórico
Com o terceiro lugar em Mendoza, a FIT (Frente de Esquerda e dos
Trabalhadores) conquistou também um lugar na Câmara de Deputados pela
província. O resultado histórico da aliança trotskista conformada pelo
PO (Partido Operário), PTS (Partido dos Trabalhadores Socialistas) e IS
(Esquerda Socialista) se repetiu na província de Buenos Aires e em
Salta.
A FIT e seus aliados chegam dessa maneira ao parlamento argentino e
terão três assentos na Câmara de Deputados. Jorge Altamira, referente do
PO e candidato pela Capital Federal, ficou de fora, mas festejou a
entrada de seu bloco ao legislativo nacional. Em 2011, durante as
eleições presidenciais, uma campanha iniciada como piada entre
jornalistas pedia “um milagre para Altamira”, para que o então candidato
a presidente pudesse superar o piso de 1,5% de votos nas primárias e
concorrer ao Executivo nacional. O dirigente do PO chegou ao pleito, mas
terminou em penúltimo lugar, com 2,3% dos votos.
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