Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, novembro 03, 2013
O calvário das viúvas da ocupação
A Gente Nunca Sabe Quando Vira Opressor
O calvário das viúvas da ocupação
(28 fotos)
Metamorfose Digital |
Após a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países
europeus, milhares de mulheres que tinham relacionamentos com soldados
alemães foram expostas a execuções humilhantes e brutais nas mãos de
seus próprios concidadãos. Era a "Épuration Légale" ("purga legal"), a onda de julgamentos oficiais que se seguiu à liberação da França e da queda do Regime de Vichy. Estes julgamentos foram realizados em grande parte entre 1944 e 1949, com ações legais que perduraram por décadas depois.
|
01
Ao contrário dos Julgamentos de Nuremberg, a "Épuration Légale"
foi conduzida como um assunto interno francês. Aproximadamente 300.000
casos foram investigados, alcançando os mais altos níveis do governo
colaboracionista de Vichy. Mais da metade foram encerrados sem acusação.
De 1944 a 1951, os tribunais oficiais na França condenaram 6.763
pessoas à morte por traição e outros crimes. Apenas 791 execuções foram
efetivamente realizadas. No entanto, 49.723 pessoas foram condenadas a
"degradação nacional", que consistia na perda total de direitos civis.
A campanha para identificar e massacrar os colaboracionistas do regime alemão puniu cerca de 30.000 mulheres com humilhação pública, por suspeita de que tiveram ligações ou porque eram prostitutas e se relacionaram com os alemães. Algumas vezes, a coisa toda não passava de briga de vizinhas -uma denunciando a outra como acerto de contas pessoais- ou então uma denúncia vazia de participantes realmente ativos, que dessa forma tentavam salvar sua pele desviando a atenção de sua cooperação com as autoridades da ocupação.
O caso é que muitas coitadas que tiveram algum tipo de relacionamento com os soldados e oficiais alemães não tinham culpa, o que elas iriam fazer? Elas eram reféns de um estado ocupado. Mas a ira e a necessidade de encontrar bruxas para caçar não permitia o razoamento, se houvesse um indício qualquer, a coitada tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa.
Estas mulheres foram reconhecidas como "nacionalmente indignas" e sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.
Nisso tudo há ainda um aspecto que permaneceu vergonhosamente nas sombras por décadas: as crianças nascidas de soldados alemães. De acordo com várias estimativas, nasceram ao menos 200 mil dos chamados "filhos da ocupação", mas estes sofreram menos que as mães, quando o governo limitou-se a proibir nomes alemães e o estudo da língua alemã. Entretanto não foram poucos os casos de "filhos da ocupação" que sofreram algum tipo de ataque e segregação.
A perseguição não se limitou a França, quase todos os países do bloco europeu de aliados fizeram o mesmo. Na Noruega, cinco mil moças que deram à luz filhos de alemães, foram condenadas a um ano e meio de trabalho forçado. Quase todas as crianças foram declararas pelo governo como deficientes mentais e enviadas para uma casa para retardados, onde foram mantidas até os anos 60.
Infelizmente não é tudo, a União Norueguesa para as Crianças da Guerra depois declarou que a "desova nazista", como chamavam estas crianças, foi usada indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de euros. Este valor pode aumentar se a vítima fornecer provas documentais de que tenha sofrido algum tipo de discriminação racial diante do ódio, medo e desconfiança por causa de sua origem.
A campanha para identificar e massacrar os colaboracionistas do regime alemão puniu cerca de 30.000 mulheres com humilhação pública, por suspeita de que tiveram ligações ou porque eram prostitutas e se relacionaram com os alemães. Algumas vezes, a coisa toda não passava de briga de vizinhas -uma denunciando a outra como acerto de contas pessoais- ou então uma denúncia vazia de participantes realmente ativos, que dessa forma tentavam salvar sua pele desviando a atenção de sua cooperação com as autoridades da ocupação.
O caso é que muitas coitadas que tiveram algum tipo de relacionamento com os soldados e oficiais alemães não tinham culpa, o que elas iriam fazer? Elas eram reféns de um estado ocupado. Mas a ira e a necessidade de encontrar bruxas para caçar não permitia o razoamento, se houvesse um indício qualquer, a coitada tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação. Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas, desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa na testa.
Estas mulheres foram reconhecidas como "nacionalmente indignas" e sofreram, além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.
Nisso tudo há ainda um aspecto que permaneceu vergonhosamente nas sombras por décadas: as crianças nascidas de soldados alemães. De acordo com várias estimativas, nasceram ao menos 200 mil dos chamados "filhos da ocupação", mas estes sofreram menos que as mães, quando o governo limitou-se a proibir nomes alemães e o estudo da língua alemã. Entretanto não foram poucos os casos de "filhos da ocupação" que sofreram algum tipo de ataque e segregação.
A perseguição não se limitou a França, quase todos os países do bloco europeu de aliados fizeram o mesmo. Na Noruega, cinco mil moças que deram à luz filhos de alemães, foram condenadas a um ano e meio de trabalho forçado. Quase todas as crianças foram declararas pelo governo como deficientes mentais e enviadas para uma casa para retardados, onde foram mantidas até os anos 60.
Infelizmente não é tudo, a União Norueguesa para as Crianças da Guerra depois declarou que a "desova nazista", como chamavam estas crianças, foi usada indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de euros. Este valor pode aumentar se a vítima fornecer provas documentais de que tenha sofrido algum tipo de discriminação racial diante do ódio, medo e desconfiança por causa de sua origem.
Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas
"Pergunto-me
se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses
que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados
nos pogrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa
imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos atos infames
que os seus descendentes vêm cometendo. Pergunto-me se o fato de terem
sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os
outros.
As pedras de Davi mudaram de mãos, agora são os palestinos
que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca
se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo
americano. Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos
chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida,
condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender
se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a
transformar-se numa bomba." (José Saramago)
*LatuffBrasil
Comissão de “autoridades brasileiras” vai ao Uruguai expor oposição à legalização da maconha
Comissão de “autoridades brasileiras” vai ao Uruguai expor oposição à legalização da maconha
Obs: Estão dizendo que, embora amplamente veiculada pela grande mídia, a notícia é falsa. Porém, o próprio Osmar Terra confirma a viagem em seu perfil no Twitter, onde diz que irá como deputado brasileiro e não enquanto representante do governo.
Do Terra
Uma delegação de autoridades brasileiras se reunirá na próxima semana com parlamentares uruguaios para advertir dos riscos, para o país e para a região, da legalização de compra e venda e do cultivo de maconha prestes a ser aprovada no Uruguai. A delegação será liderada pelo deputado federal Osmar Terra, médico de profissão, ex-secretário de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul e colaborador próximo da presidente Dilma Rousseff.
Também integram o grupo Marcelo Dornelles, subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Rio Grande do Sul e Vitore Maximiano, diretor da Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça.
“Terra se comunicou comigo porque no Brasil há uma opinião muito negativa sobre o projeto de legalização da maconha“, atualmente em análise no parlamento uruguaio, disse à agência Efe o senador Alfredo Solari, presidente da Comissão de Saúde do Senado.
+ Leia na íntegra o projeto de lei que legaliza a maconha no Uruguai
A comissão, integrada por representantes da governante coalizão de esquerda Frente Ampla, o Partido Nacional ou “Blanco” e o Partido Colorado, os dois principais da oposição, receberá na próxima terça-feira a delegação brasileira. “Pediram uma reunião para colocar suas divergências com o projeto e a concedemos com gosto”, acrescentou o legislador colorado.
Solari, contrário à legalização da maconha, acrescentou que, se o governo uruguaio alcançar seu objetivo de diminuir o consumo a partir da “flexibilização” da oferta, “seria o primeiro caso em nível mundial”.
O projeto de lei que legaliza a compra e venda e o cultivo de maconha no Uruguai será votado em meados de novembro no Senado, onde conta com os votos necessários para sua aprovação devido a maioria que o governo possui na casa, e poderia entrar em vigor antes de dezembro.
Atualmente é debatido na Comissão de Saúde, mas “já está tomada a decisão de submetê-lo a votação em torno de 15 de novembro, sem modificações, como veio da Câmara dos Deputados. Por isso deve ir para a sanção presidencial assim que o Senado aprovar”, explicou recentemente à Efe o senador governista Luis Gallo, que também integra a comissão.
O projeto, promovido pelo presidente José Mujica, legaliza a compra, a venda e o cultivo de maconha, e estabelece a criação de uma estatal reguladora que se encarregará de emitir licenças e controlar a produção e a distribuição da droga.
Os consumidores previamente registrados poderão comprar maconha em farmácias especialmente licenciadas, até um máximo de 40 gramas por mês, ou cultivar em casa até seis plantas que produzam não mais de 480 gramas por colheita.
Recentemente, o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Julio Calçada, assinalou à imprensa que se entrar em vigor como está previsto, para o segundo semestre de 2014 o novo sistema poderá estar em andamento. Calçada revelou que o preço da grama de maconha será o equivalente a US$ 1 para que “se possa competir” com os narcotraficantes e tirar deles o mercado, o objetivo principal do presidente Mujica.
*coletivoDAR
BLACK BLOC PÕE EM CHEQUE O ESTADO DE DIREITO POLICIAL, NÃO O ESTADO
Os Black Bloc e os protestos em geral estão colocando em cheque o Estado de Direito Policial, não o Estado de Direito. O Estado Policial é o estado em que a polícia é a própria lei.
As ações dos Black Blocs e as manifestações estão expondo de forma vergonhosa as obscenidades do Estado de Direito Policial que se firmou no Brasil com a Ditadura de 64 e vive impunemente no interior da democracia.
A democracia foi reestabelecida, mas a herança do horror da ditadura permanece no cotidiano das ruas, das favelas, da periferia.
O aparelho do Estado Policial que torturava e matava militantes políticos não foi destruído com a volta das eleições democráticas.
O aparelho do Estado Policial foi transferido para o combate nas periferias, matando e torturando pobres e negros, principalmente, e chantageando jovens brancos da classe média. Esse Estado se mantém em permanente guerra civil contra as drogas. O mesmo soldado que é jogado nessa guerra do tráfico é o que atende a população. É um Estado que coloca o soldado em estado de guerra permanente.
O Estado de Direito Policial está presente no cotidiano, na existência aberrante de uma Justiça Militar, na dificuldade de se apurar os crimes da ditadura, nas torturas de inocentes em delegacias, no discurso vazio e sem contexto do “vandalismo”, no discurso da “ordem”, na criminalização de movimentos sociais.
Quem já não sentiu na pele um policial dizendo que a polícia também é a lei para jogar a lei na lata do lixo e estabelecer a barbárie. Ou seja, o Estado Policial persiste desde a Ditadura, mas estava restrito à periferia.
Quantos jovens, negros, trabalhadores, inocentes não foram mortos nesses últimos 30 anos por policiais nas periferias? Quem se lembra da Favela Naval e tantos outros casos de assassinatos?
Talvez o filme mais idiota da cinematografia brasileira, O Tropa de Elite, expõe de forma evidente esse Estado Policial e sua filosofia.
Os Black Blocs trouxeram esse Estado Policial para o centro da cidade, o colocaram em contato com a classe média, expuseram suas entranhas e sua violência por meio de celulares.
O PT, partido que surgiu e lutou contra esse Estado Policial, está hoje em um impasse. Uns, mais governistas e preocupados exclusivamente com as eleições do ano que vem, estão se filiando ao discurso bélico da extrema direita; outros, tentam encontrar uma saída. Nos protestos de Junho, o governo Dilma Rousseff conseguiu avançar, mas conseguirá agora ou vai retroceder e reforçar o Estado Policial?
É hora de rever o Estado Policial e a desigualdade social que se mantém sob a mira da bala e do cassetete. A polícia não pode ser a lei, ela deve cumprir a lei. É bom lembrar que tudo começou com uma ação criminosa da Polícia Militar de São Paulo em Junho deste ano.
*Educaçãopolitica
E Porque Hoje é Domingo Orquestra Bundarmônica Numa Buzanfonia
Dançarina burlesca interpreta Beethoven com a bunda
Por: Raphael Fernandes no Contraversão
Comprovando que a música não precisa ser um lixo para ter um belo bumbum balançando para ela, a dançarina burlesca Michelle L’Amour fez uma apresentação em Chicago misturando música clássica e erotismo.
Ela interpretou a “Quinta Sinfonia” de Beethoven com sua bunda!
O mais sensacional do vídeo é ver que a sensualidade, o bom humor e a
inteligência podem muito bem andar juntos. Fica a dica! Confira essa
busanfônia:
*amoralnato
sábado, novembro 02, 2013
Escarcéu do IPTU de São Paulo prova que elites não querem ceder nada de seus privilégios
A cidade de São Paulo possui mais de 11 milhões de habitantes, distribuídos em 96 distritos.
Nos últimos dias muito se tem debatido sobre o aumento do IPTU na
cidade de São Paulo. A discussão tem sido feita como se os dados sobre o
aumento por distrito fossem todos iguais.
Segundo uma tabela publicada aqui mesmo no Viomundo, 50% dos 96 distritos do município não foram afetados pelo aumento do IPTU.
Isto é: 25 distritos sofreram redução de IPTU (variando de –0,6% a
–12,1% de desconto); 23 foram reajustados na faixa da inflação anual,
sendo que destes somente 4 foram reajustados na casa dos 5%; 19 tiveram
reajuste abaixo da inflação; 14 tiveram aumento que varia de 6,6% a
9,8%. Apenas 34 distritos sofreram reajuste superior a 10,5%, sendo
19,8% o teto.
Só que os dados assim apresentados não mostram com clareza a justeza da proposta aprovada na Câmara Municipal.
Por isso, resolvi cruzar a faixa de aumento com o número de habitantes
por distrito e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada
localidade.
Cheguei à conclusão que, muito diferente do que vem sendo veiculado na
imprensa, o aumento do IPTU da forma proposta pelo governo Haddad,
traz elementos importantes para o desenvolvimento de uma política
distributiva.
Peguemos o caso dos 34 distritos que tiveram aumento superior a 10,5%.
Pois em 25 deles, o IDH é muito elevado. Correspondem a 67,65% dos
distritos desta categoria de aumento, sendo que os 9 que não estão
nesta lista possuem IDH elevado conforme a tabela abaixo.
Conforme o quadro abaixo, a população da cidade de São Paulo
beneficiada com a fórmula adotada pela prefeitura Haddad (tiveram
redução do valor ou somente a correção da inflação) é de 64,24%, ou
seja, pouco mais de 7,2 milhões de habitantes da capital. Somados
àqueles que tiveram aumento inferior a 10% chegamos a 77,2% da população
que não tem porque reclamar do aumento do IPTU levado a efeito pela
prefeitura.
Moro, por exemplo, no mesmo bairro que o prefeito Haddad, somos vizinhos e vamos arcar com um aumento de 19,8% no valor do IPTU.
Porém, em nosso distrito o lixo é recolhido todos os dias, o caminhão
que recolhe lixo reciclável passa duas vezes por semana, o policiamento
é ostensivo e nada violento com a população do bairro, as ruas são
recapeadas sistematicamente (e isso desde que moro aqui), a luz falta
muito pouco e quando falta é de forma programada e normalmente volta
dentro do estabelecido no comunicado.
Além disso, a água diminui a pressão à noite, mas é raro faltar, o
bairro é todo iluminado, possuímos parques próximos, várias opções de
supermercados de médio e grande porte, alguns 24 horas, feiras em quase
todos os dias da semana, farmácias 24 horas aos montes, metrô à mão e
toda infraestrutura de lazer, com cinemas, bares, restaurantes e
lanchonetes e etc…
É preciso frisar que mesmo nos distritos de maior IDH, como o que eu
vivo com minha família e vizinhos, as residências de valor inferior a
160 mil reais estarão isentas. De modo que os 19.8% não são aplicados,
por exemplo, às poucas favelas e pequenos comércios que existem por
aqui.
Isto mostra o acerto distributivo da gestão Haddad na formulação da
recomposição do imposto IPTU em nossa cidade. O escarcéu que está sendo
feito por setores privilegiados de nossa cidade só mostra porque
vivemos em um país profundamente violento e desigual. As elites não
querem ceder nem uma fração de seus privilégios.
Imagine se houvesse uma atualização real do valor venal das casas e
apartamentos em nossa cidade para servir de base para este cálculo?
Foi um passo importante para a nossa cidade.
Agora é preciso recompor a tarifa da condução, ampliar a frota dos
ônibus, municipalizar o transporte público, afastar aqueles que se
locupletam do dinheiro público e fazer com que os benefícios a todas as
regiões da cidade atinjam os patamares dos distritos com maior IDH,
cujos moradores chiam hoje com o aumento do IPTU.
Marcelo Zelic
é vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão
Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Coordenador do Projeto
Armazém Memória
* Viomundo
Assinar:
Postagens (Atom)