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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 28, 2014

Globo é denunciada no Ministério Público por crime de exploração sexual



  on 27/06/2014 – 2:2cafezinho e Megacidadania registraram denúncia no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, contra a Globo, por crime de exploração sexual.
Clique aqui para você também fazer uma denúncia.
O crime é particularmente grave porque a Globo quis tirar proveito financeiro, de forma espúria, de um evento internacional, em que o Estado brasileiro mobilizou uma imensa estrutura pública para atrair estrangeiros de todo planeta.
Está claro que a Globo cometeu um crime grave.
O governo faz campanhas caríssimas para combater o tráfico internacional de mulheres, uma das maiores barbaridades do nosso século, e a Globo inicia uma campanha obscura, sinistra, para que jovens do Rio mandem um email com fotos de seus corpos para conhecer “gringos”?
Uma coisa assim teria que ser muito transparente. E jamais poderia ser feita por uma empresa que aufere a maior parte de seus lucros de uma concessão pública.
E que tem o direito exclusivo de transmissão dos jogos da Copa do Mundo!
A campanha teria que ser feita para homem, mulher e homossexuais. Se se trata de “amor”, por que só mulheres com “gringos”? Por que não homens com “gringas”?
É muito estranho!
Texto da nossa denúncia:
Descrição:
Devassidão de Huck [TvGlobo] vulgariza o Brasil. Diante de campanha divulgada por Luciano Huck da Rede Globo em redes sociais (facebook e twitter), e no site da própria empresa e que tinha nítido caráter de incentivar, estimular, tirar proveito, induzir, atrair, facilitar, a lascívia da mulher, é momento de mostrar ao mundo que o Brasil recrimina o turismo sexual. Demais argumentos bem como comprovação da divulgação (cópia da mensagem nas redes sociais e site) é só acessar http://www.megacidadania.com.br/devassidao-de-huck-tvglobo-vulgariza-o-brasil-e-o-mp/
Solicitação:
QUE A LEI SEJA APLICADA O Ministério Público tem a obrigação constitucional de abrir imediatamente procedimento contra a Rede Globo. TIPIFICAÇÃO: Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa para Fim de Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual
Abaixo, a foto do cadastro de nossa denúncia no Ministério Público.
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A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, manifestou sua indignação no Twitter.
Ministra-condena-exploração-sexual-Huck
Abaixo, as provas do que talvez seja um crime.
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Steve Biko PDF

Livro Escrevo o que eu quero em PDF para baixar. Livro Completo.
VEJAM COMO A PM CHEFIADA PELO PROCURADOR DE "JUSTIÇA" FERNANDO GRELLA- SECRETÁRIO DA INSEGURANÇA DE SP- TRATA OS ADVOGADOS QUE DEFENDEM OS EXCLUÍDOS. VÍDEO ABAIXO:
ADVOGADO DO CENTRO GASPAR GARCIA É AGREDIDO E PRESO DURANTE REINTEGRAÇÃO DE POSSE NA RUA AURORA
Assista ao vídeo da agressão: https://www.youtube.com/watch?v=X5qV8DNFbb0
Durante a operação da polícia para retirada dos moradores, o advogado Benedito Barbosa, ligado aos movimentos de luta por moradia e ao Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, foi agredido, brutalmente imobilizado e detido por policiais presentes na desocupação.

Dom Orvandil – No Brasil os negros são inteiramente inferiores, pensam os racistas

 
 
 
 
 
 
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No Brasil os negros são inteiramente inferiores, pensam os racistas

Há fingimentos de faz de conta de integração dos negros na sociedade brasileira, mas, na realidade, a classe dominante não é intregrativa e apenas suporta os negros.

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Caro Prof. Julio Marcos
Quando chegaste na Ibrapaz disseste que eras contra as cotas para os negros, tanto nas universidades como nos serviços públicos. Como negro que és alegavas que os negros não precisam de esmolas porque são iguais aos brancos. Respondi-te que a Ibrapaz defende as cotas e de que não pensamos que os negros são tratados como iguais nessa sociedade.
Pois bem, meu amigo, acaba de sair uma pesquisa feita tese de doutorado na universidade gringa estadunidense Harvard Law School, defendida pelo professor brasileiro Adilson José Moreira da Fundação Getúlio Vargas, que comprova nosso acerto em assim nos posicionarmos.
A pesquisa prova que a situação da descriminação e do racismo no Brasil é grave e desumanizante. Há fingimentos de faz de conta de integração dos negros na sociedade brasileira, mas, na realidade, a classe dominante não é intregrativa e apenas suporta os negros. Considera que estes são intelectualmente inferiores, como pensava Hitler.
Melhor mesmo é leres a entrevista de nosso pesquisador que postei abaixo.
A luta por justiça social tem que incluir necessariamente ações profundas contra o racismo que segrega milhões de negros brasileiro por causa da cor de sua pele, rebaixando-os a condição de sub raça.
Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz.
Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, antirracista na prática.

“NO BRASIL, TEMOS A IDEIA DE QUE OS NEGROS SÃO INERENTEMENTE INFERIORES”

Adilson José Moreira, professor de Direito na Fundação Getúlio Vargas apresentou, no ano passado, sua tese no doutorado de Direito de Harvard Law School sobre a questão racial no Brasil. Sua conclusão acadêmica vai direto ao ponto. “O racismo é um sistema de dominação social e o seu objetivo sempre foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante”, disse. “No Brasil, nós desenvolvemos essa ideia de um racismo recreativo”, diz ele, ao falar sobre os casos de preconceito racial no futebol, por exemplo.
A entrevista é de Marina Rossi, publicada pelo jornal El País, 21-06-2014.
Sua tese expõe um país dominado pela hegemonia branca, cheio de preconceitos e muito longe de uma real igualdade racial, embora haja esforços para mudar o quadro. “A percepção é de que o país tem progredido, em função de várias políticas que promoveram a distribuição de renda, como o Bolsa Família, mas essas políticas ainda não conseguiram promover a inclusão social da mulher negra”, explica. Para Moreira, a justiça racial está diretamente ligada à justiça de gênero. “Sem isso nós nunca vamos conseguir chegar à justiça racial”.
Eis a entrevista.
Você é a favor da implementação de cotas raciais no Brasil, que privilegiam o acesso de negros a universidades ou empregospúblicos. Por quê?
Eu sou favorável às ações afirmativas e, especificamente, às cotas raciais, por vários motivos. Nós vivemos em uma sociedade racialmente estratificada. A população dos afrodescendentes sofre todo tipo de discriminação e de exclusão social. As ações afirmativas nas universidades públicas não são a única forma de se promover a integração e a justiça racial, mas elas são um meio, reconhecido por tribunais brasileiros. Antes de 2002, menos de 2% dos alunos das universidades públicas eram pessoas negras. Após as cotas esse percentual aumentou significativamente, embora ainda seja menor do que 15%.
As cotas não são uma medida paliativa?
O racismo não é apenas um comportamento individual. É um sistema de dominação social e seu objetivo sempre foi o mesmo: garantir a hegemonia do grupo racial dominante. Por isso precisamos de políticas públicas. Precisamos de um processo de formação de professores que os torne capazes de tratar da questão racial dentro da sala de aula. Precisamos promover a educação cultural do povo brasileiro, no que diz respeito à história do Brasil, da África e da população negra no Brasil.
Essa mudança já começou a acontecer ou ainda estamos muito longe disso?
O que as pessoas que são contrárias às ações afirmativas e às cotas dizem? Que o que precisamos é criar escola pública de qualidade. Isso não é o suficiente, porque a estratificação racial não é produto apenas de uma questão de classe. As políticas sociais precisam tratar especificamente do problema da mulher negra, por exemplo, que é o grupo mais discriminado, vilipendiado que existe na nossa sociedade. A percepção é de que o país tem progredido, em função de várias políticas que promoveram a distribuição de renda, como o Bolsa Família, mas essas políticas não conseguiram promover a inclusão social da mulher negra. A luta contra o racismo é também contra o sexismo porque a mulher negra ganha até 75% a menos do que o homem branco.
Qual é o papel do ministro Joaquim Barbosa nesse contexto de democracia racial?
Quando você vê um número cada vez maior de pessoas negras ocupando papeis de destaque, desperta nos jovens negros a ideia de que eles também terão a capacidade de chegar a algum lugar. Um outro elemento importante é o papel do Supremo na discussão sobre a questão racial no Brasil. Nós tivemos durante cerca de 50, 60 anos, um discurso oficial baseado na ideia de que o Brasil é um país que conseguiu transcender a questão racial. A decisão do STF [de apoio] sobre as ações afirmativas teve uma importância muito grande porque é a primeira vez que a corte máxima rejeita essa imagem falsificada sobre a realidade do país.
E o que falta acontecer no Brasil?
Faltam muitas coisas (risos). Precisamos ter debate público sobre a desigualdade geral no Brasil. E isso já começou desde a década de 90, quando os movimentos sociais começaram a pressionar o Governo e a ir aos tribunais, solicitando proteção jurídica. A implementação de leis de inclusão e os programas de ações afirmativas são produto dessa articulação dos movimentos sociais. Hoje, após dez anos dessas políticas, já temos um número significativo de homens e mulheres negras inseridos no mercado de trabalho. Da mesma forma que é importante que nós tenhamos mulheres participando da tomada de decisões que afetam as mulheres, precisamos de negros tomando decisões que afetam a população negra.
E por que há tantos casos de racismo no futebol?
No Brasil nós temos a ideia de que as pessoas negras são inerentemente inferiores, então elas podem ter o acesso ao mesmo espaço que as pessoas brancas mas sempre em uma condição subordinada.
Desenvolvemos essa ideia de um racismo recreativo, então as pessoas não veem o racismo ou o sexismo ou a homofobia como uma ofensa, como um atentado à dignidade das pessoas, elas acham que é realmente algo engraçado, que eu posso chegar para qualquer pessoa e chamá-la de macaco, de bicha ou de veado e que isso não representa nenhum animus de violência. A ideia é de que você pode ir ao campo de futebol, jogar uma banana ou chamar alguém de preto, macaco, veado e que está tudo bem.

sexta-feira, junho 27, 2014

Forbes: Por que os críticos à Copa no Brasil estão errados

Forbes

A revista Forbes(link is external) é uma das mais reconhecidas publicações de economia e negócios dos Estados Unidos. E como sabemos que tem muito vira latabrasileiro que prefere o que é escrito em inglês do que em português, vamos usar uma matéria da Forbes para explicar o que o Muda Mais já falouaqui e aqui: quem está contra aCopa no Brasil por motivos econômicos está errado.
A matéria World Cup Economics: Why Brazil's Bashers Have Got It Wrong(link is external) começa explicando que antes da Copa do Mundo no Brasil alguns manifestantes saíram às ruas com cartazes escritos em inglês We don’t need the world cup e we need money for hospitals and education, que seriam Nós não precisamos de Copa do Mundo e Nós precisamos de dinheiro para hospitais e educação. O que não apareceu nos cartazes, continua a Forbes, é que desde 2010, o governo federal investiu quase US$ 200 em programas de saúde e educação para cada dólar investido nos estádios.
Citando um artigo de outro veículo estadunidense, o jornal The Washington Post, a Forbes lembra que os protestos são paradoxais, uma vez que o Brasil has enjoyed very significant social and economic improvements since the country bid for the event in 2003, ou seja, tem desfrutado significativas melhoras sociais e econômicas desde que o país se candidatou para o evento, em 2003. O texto da revista americana ainda lembra que o Brasil cortou a taxa de pobreza pela metade desde 2005 e que muitos economistas defendem que o país deveria ser celebrado como um exemplo na aplicação progressiva de políticas sociais.
A Forbes observa também o número de camisas do Brasil presentes nos estádios, indicando a forte presença de uma country’s rising middle class, ou seja, crescente classe média no país. E o jornalista Nathaniel Parish Flannery cutuca: insistir no tema dos investimentos no futebol, isso sim is a waste - é um desperdício. Ele cita algumas imagens que foram largamente compartilhadas nas redes sociais, apresentando a pobreza do país e lembra que ela hoje atinge um quinto da população. O jornalista ressalta ainda que essas imagens falham ao não mencionar que, entre 2010, ano que começaram as construções dos estádios, e 2014, o governo federal gastou mais de US$ 360 bilhões em saúde e educação.
Mas – while it is easy to point to expensive World Cup stadiums – enquanto é fácil apontar os caros estádios da Copa e fazer contrastes com os cidadãos que ainda vivem na extrema pobreza, tais comparações falham no reconhecimento do tremendous success that Brazilian policymakers have had in eradicating poverty over the last decade, ou seja, do tremendo sucesso que os formuladores das políticas públicas brasileiros têm tido na erradicação da pobreza na última década. A revista apresenta dados do relatório do Centro das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (CEPAL) para mostrar a queda da pobreza no Brasil em mais da metade, de 2005 a 2012, e comparar o Brasil com o México, que tem políticas mais focadas em exportações e competitividade e viu aumento da pobreza no mesmo período, como o Muda Mais também já mostrou aqui, quando falamos sobre o barco furado da Nafta, no qual quase fomos levados.
*MudaMais

Petroleiros festejam decisão de Dilma de fortalecer Petrobrás

Petroleiros celebram prioridade de Dilma à Petrobras

Dilma fortalece o Brasil no pré-sal
Contratação direta da Petrobrás para explorar reservas de 15 bilhões de petróleo atende à soberania e aos interesses nacionais
Por João Antônio de Moraes, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), e Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Nesta terça-feira, 24, o governo da presidenta Dilma Rousseff deu um importante passo para a retomada da soberania nacional sobre uma das maiores reservas de petróleo do planeta, que é o pré-sal brasileiro. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autorizou a Petrobrás a explorar as reservas de óleo que excederem os cinco bilhões de barris que foram contratados em 2010 através de Cessão Onerosa feita pela União durante a capitalização da empresa.
Trata-se de uma região, cujo potencial de produção pode ser superior ao do Campo de Libra: entre 9,8 bilhões e 15,2 bilhões de barris de óleo.
O mercado e as petrolíferas privadas queriam que as áreas excedentes fossem devolvidas à Agência Nacional de Petróleo (ANP) para serem licitadas. Mas a presidenta Dilma preservou o interesse nacional e contratou diretamente a Petrobrás para explorar essas reservas estratégicas, como prevê o Artigo 12 da Lei de Partilha.
Em outubro do ano passado, a FUP e a Plataforma Operária e Camponesa para a Energia realizaram uma grande mobilização nacional para impedir o leilão de Libra, cobrando do governo que já utilizasse naquele momento esse dispositivo da Lei 12.351/2010.
Liderados pela FUP, os petroleiros realizaram uma greve sete dias, que virou símbolo de resistência e indignação contra a decisão equivocada do governo de dividir com as multinacionais o controle do maior campo de petróleo da atualidade.
A luta não foi em vão. A pressão surtiu efeito e pela primeira vez nas últimas duas décadas, a Petrobrás voltará a ter o controle integral sobre áreas estratégicas de petróleo, que nos próximos anos deverão dobrar suas atuais reservas.
Isso não acontecia desde que o PSDB e o DEM acabaram com o monopólio da estatal, criando no governo Fernando Henrique Cardoso a Lei 9.478/1997, que concedeu às empresas privadas o controle sobre o petróleo brasileiro.
Esse cenário só mudou em 2010, por pressão da FUP, da CUT, dos movimentos sociais e de outras centrais sindicais que historicamente lutam pela retomada do monopólio da Petrobrás.
O governo Lula criou uma nova legislação para exploração e produção de petróleo e gás no pré-sal e em áreas estratégicas, instituindo o Fundo Social e a Petrobrás como operadora única.
Ao longo destes quase 20 anos de desregulamentação que os tucanos impuseram ao setor petróleo, mais de 50 operadoras privadas se instalaram no país, sem qualquer comprometimento com o desenvolvimento nacional.
Além de precarizarem condições de trabalho e de agredirem o meio ambiente, as multinacionais não fizeram sequer uma encomenda à indústria local.
Foram os navios e plataformas contratados pela Petrobrás que recuperaram a indústria naval brasileira. Em função das encomendas realizadas pela estatal, nossos estaleiros voltaram a gerar empregos e investimentos, que antes do governo Lula eram canalizados para fora do país.
O setor naval, que dispunha de apenas 2.500 trabalhadores em 2002, hoje emprega mais de 80 mil e deve contratar mais 20 mil operários nos próximos três anos.
Portanto, a reação negativa do mercado financeiro e da mídia à decisão do CNPE só confirma o que a FUP e a CUT já vêm denunciando há tempos: por trás dos ataques sistemáticos à Petrobrás estão os interesses eleitoreiros e comerciais dos setores do país que tudo fazem para impedir que a empresa continue cumprindo o papel estratégico no desenvolvimento nacional, principalmente após tornar-se a operadora única do pré-sal.
A sabotagem do mercado, derrubando as ações da única petrolífera do mundo que consegue dobrar suas reservas, evidencia ainda mais a campanha ostensiva contra a Petrobrás. O que está sendo questionado, portanto, é quem deve ser beneficiado pela riqueza gerada pelo pré-sal: o povo brasileiro ou as empresas privadas.
Essa é a disputa que coloca em lados opostos os que enaltecem o modelo de concessão, herdado dos tucanos, e aqueles que lutam por avanços no sistema de partilha, que devolveu à Petrobrás o monopólio na operação de campos estratégicos de petróleo e gás. Para a FUP e a CUT, petróleo é soberania e, portanto, deve ser controlado integralmente pelo Estado.
Somente assim, os recursos gerados por essa riqueza poderão ser aplicados em políticas públicas que melhorem as condições de vida da população. Por isso defendemos uma Petrobras 100% pública.
entreguistas-do-psdb-dem-contra-a-campanha-o-petroleo-e-nosso
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Lula sôbre copa e eleição com Kennedy Alencar entrevista


Arrocho ou Distribuição de Renda,você decide



Democracia, organização popular e produtividade compõem a alternativa à agenda de arrocho e desemprego preconizada pelo conservadorismo
por Saul Leblon
O entusiasmo do ex-presidente Lula com um  programa de fomento tecnológico a ser anunciado pelo governo –Plataformas do Conhecimento, cuja existência ele antecipou em palestra a empresários, nesta 3ª feira–  reflete  a ansiedade do campo progressista  diante de uma corrida contra o tempo  que pode decidir  o futuro brasileiro.
'Há dois modelos em jogo, um prega a volta ao passado, com arrocho salarial e a alienação do patrimônio. Nós propomos maior distribuição de renda' , resumiu a Presidenta Dilma em discurso quase simultâneo ao  de Lula,  na mesma 3ª feira.
Ele em São Paulo, ela em Brasília, ambos falavam sobre o mesmo tema: a disjuntiva por trás dos dois projetos de país  em disputa nas urnas de outubro.
A encruzilhada do desenvolvimento brasileiro é real.
A dimensão dos conflitos acirrados pela crise internacional – marcada pela anemia da demanda, a canibalização de mercados e a voragem por mais-valia–  induz  o conservadorismo brasileiro a abraçar uma versão ainda mais radical do seu projeto para o país.
Não importa o que diz a oratória dissimulada de seus candidatos de sorriso fácil: eles cavalgam uma lógica imiscível com os avanços econômicos e sociais registrados desde 2002 .
Nos salões do dinheiro grosso, seus formuladores  despem a dissimulação e  adiantam que  será preciso baixar a ordem unida do desemprego para ajustar a economia à taxa de exploração compatível  com a voragem conservadora global.
Competitividade para eles é isso.

A continuidade do projeto progressista, no entanto, requer  igualmente uma  inflexão de densidade que não pode ser subestimada.
Ela  só vingará com um enorme esforço político desdobrado em uma alavanca de três pontos de apoio:  organização popular, democracia participativa e salto tecnológico sistêmico, que irradie a produtividade necessária para atender à demanda por direitos  e qualidade de vida.
Não é uma operação de natureza contábil.
Trata-se de deslocar  a correlação de forças para uma nova hegemonia capaz de definir  o rosto de um Brasil onde palavras como igualdade, cidadania e democracia participativa  não sejam mero adorno do futuro.
Mais democracia, mais organização popular e mais produtividade.
As três pontas do tripé se equivalem em importância.
Mas o salto de produtividade é o lubrificante  estratégico para contrapor  o ganho tecnológico ao lacto purga conservador  feito  de arrocho salarial & desemprego.
'São dois modelos em jogo e nós propomos maior distribuição de renda', disse-o bem a Presidenta da República.
Essa é a nervura política por trás do programa Plataformas do Conhecimento, que  entusiasma Lula.
E o entusiasma por  vislumbrar aí o espaço para  a construção de uma democracia social negociada,  condizente com  uma mudança  progressiva na correlação de forças não apenas no país, mas na geopolítica mundial.
Para dizê-lo de modo muito grosseiro: o Brasil precisa de mais uma década para o pré-sal maturar e  os Brics  se consolidarem como um polo alternativo à truculenta hegemonia do capital financeiro mundial.
A confrontação direta, nas condições atuais, teria poucas chances de êxito.
Nas palavras de Maria da Conceição Tavares : 'é preciso resistir para avançar'  (leia sua entrevista nesta página).
Não uma resistência passiva. Mas feita de prioridades pactuadas, o que inclui  setores onde fincar as estacas fundadoras do passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
Maria da Conceição  Tavares, na entrevista citada, admitia que  o Brasil talvez não possa mais  recuperar integralmente o espaço perdido pela sua indústria para  a concorrência internacional.
Mas preconizava uma revitalização em novas bases, injetando fôlego tecnológico adicional em setores  em que o país já detém  certa vantagem  competitiva.
É o que visa o programa antecipado por Lula, que tem entre os seu salvos  a agropecuária, o petróleo (a cadeia do pré-sal)  e a aeronáutica.
Os dois primeiros  são de pertinência reconhecida.
Mas é justamente  no menos óbvio  –a aeronáutica—que se evidencia, de forma exemplar,  o papel de uma política pública de fomento tecnológico, capaz de  catalisar  potencialidades  que de outra forma seriam desperdiçadas  pelo  país.
Em março último, Carta Maior  relatou  um caso exemplar nessa fronteira entre o desperdício e o salto para o futuro.
Reportagens publicadas então na  Exame  e na revista on line, 'Defesa Aérea e Naval',   chamaram a atenção de Carta Maior.
As matérias davam conta de que a Polaris, empresa de  ex-engenheiros  do CTA/ITA , de São José dos Campos (SP), havia desenvolvido  uma micro turbina , com densidade tecnológica suficiente para  credenciar o Brasil no seleto clube dos fabricantes mundiais de grandes turbinas aeronáuticas, dominado por um número muito reduzido  de corporações.
A oportunidade, porém, estava ameaçada de se perder –ou 'migrar' para centros de desenvolvimento em países ricos–  por falta de apoio de políticas públicas.
O caso da Polaris remetia, ademais, à contraposição de  projetos antagônicos,  destinados a resgatar a eficiência e a competitividade da industrialização  brasileira no século XXI.
Falta uma peça na engrenagem de uma nação que  tem 8,8 milhões de pequenos empresários, mas  não  possui uma  estrutura favorável à emergência de startups mundiais , como as credenciadas na famosa lista do Wall Street Journal, avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares cada uma.
A Polaris poderia ser uma delas, se há vinte anos o Brasil tivesse criado uma plataforma de fomento semelhante a essa que tanto entusiasma Lula.
Avançar de uma economia de renda média, como a brasileira,  para um padrão de renda alta, capaz de associar eficiência produtiva, bons empregos e qualidade de vida  implica não mais desperdiçar essas oportunidades.
A questão é: quem comandará o desbaste dos gargalos? Que forças podem e devem impulsioná-lo? Que diferença faz a escolha de um ou de outro protagonista?
A pedra de toque do tabuleiro conservador , a redução do 'Custo Brasil',  mal disfarça o propósito de quebrar a espinha dorsal dos assalariados, com uma purga de arrocho nos holerites  e cortes de direitos sociais expandidos  desde 2003.
O arrocho , ademais da funcionalidade econômica, tem sentido político.
O objetivo é lubrificar a adesão das empresas  à derrubada drástica das tarifas de importação, compensando-as duplamente, com o corte nas folhas de pagamento, e o ajuste no câmbio que deprime o poder de compra real dos trabalhadores.
Substituir a carta branca  delegada aos mercados pela negociação política de  um novo pacto para o desenvolvimento é a alternativa progressista.
Nele, a alavanca da produtividade  ocupa o espaço reservado à marretada do arrocho.
Que destino  amargaria uma empresa brasileira como a Polaris, em um governo  embarcado na lógica da marreta?
E quantas outras  milhares de startups  de potencial equivalente  não teriam o mesmo destino sombrio?
O engenheiro Alberto Carlos Pereira Filho, presidente da Polaris,  explica, por exemplo, que o processo de desenvolvimento e certificação internacional de uma turbina para aviões comerciais custa dezenas de milhões de dólares.
O percurso do laboratório ao mercado leva anos:  é impensável sem um apoio efetivo do setor estatal.
Foi por isso que a Polaris  optou, inicialmente, por  uma versão de menor complexidade, com investimentos de R$ 4,5 milhões, via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
Vencida a barreira do conhecimento e, com dois anos de testes,  a TJ200 é a  primeira turbina aeronáutica de pequeno porte a entrar em produção num mundo cada vez mais receptivo  ao seu uso civil.
'A disseminação de  drones para serviços de correio', exemplifica Luis Klein, diretor comercial da empresa, 'vai acelerar a adequação desses equipamentos  — a exemplo do que deve ocorrer também na agricultura, nas operações de pulverização e controle'.
Daí  para disputar o mercado de aviões comerciais configura um salto que está nas mãos do governo, diz ele.
As oportunidades não são tão remotas quanto se imagina.
'Recentemente', exemplifica,  'o Brasil assinou um contrato para o primeiro avião a ser fabricado 100% dentro da Unasul; a turbina prevista é de origem  russa'.
'Poderíamos ter acoplado ao projeto o desenvolvimento de uma tecnologia própria', lamenta: 'São apenas dois exemplos de oportunidades à espera de uma política estratégica de Estado'.
O Programa de Plataformas  do Conhecimento  a ser anunciado por Dilma pode ser um sinal de que esses equívocos começam a ser retificados pela  necessidade de se oferecer uma resposta crível à estratégia conservadora do arrocho.
Se for assim, será uma auspiciosa ruptura com a lógica embutida nos planos  da candidatura  conservadora.
Mas não com a receita de adensamento tecnológico  adotada pelas maiores economias industriais do planeta.
Caso dos EUA, por exemplo, cuja  bilionária política de encomendas do setor militar  constitui a principal alavanca de impulsão tecnológica do país.
Ainda hoje,  o orçamento militar norte-americano figura como o maior sistema de encomendas públicas e de incentivo à   inovação  do mundo.
A tal ponto que  Estado autoriza margens de preferência de até 50% nas compras do Exército –ou seja, as compras bilionárias das Forças Armadas dos EUA  privilegiam empresas locais,  mesmo que o seu preço  seja  até 50% superior ao similar importado.
Pelo menos até a crise de 2008, mais de 30% dos gastos dos EUA  com  pesquisas correspondiam a  recursos canalizados  a  empresas inovadoras .
É assim que a maior economia capitalista do planeta fomenta novas tecnologias, garantindo-lhes  uma escala de compras compatível com a sua sustentação comercial.
Uma dessas linhas de fomento, a Small Business Innovation Research Program, foi a estufa onde floresceu a Microsoft.
A centralidade  de uma política industrial soberana, portanto,  não é um mero fetiche da esquerda. Tampouco  um anacronismo ideológico da Unicamp , como quer a soberba  tucana.
Trata-se de um trunfo indispensável à irradiação da produtividade sistêmica, sem a qual não haverá  excedente econômico capaz de  ampliar direitos sociais, empregos de qualidade e salários dignos.
A indução estatal desse processo não esgota o duplo desafio de conciliar a construção de uma democracia social no Brasil com a inserção de sua economia nas grandes cadeias globais.
Mas figura, por assim dizer, como a chave-mestra das  escolhas  fundadoras de um novo ciclo.
Elas  vão decidir se o país logrará se reposicionar no século XXI como uma economia dotada de turbinas  próprias, ou como figurante caudatário, a  turbinar interesses antagônicos aos do seu povo.
*briguilino