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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 27, 2014

Forbes: Por que os críticos à Copa no Brasil estão errados

Forbes

A revista Forbes(link is external) é uma das mais reconhecidas publicações de economia e negócios dos Estados Unidos. E como sabemos que tem muito vira latabrasileiro que prefere o que é escrito em inglês do que em português, vamos usar uma matéria da Forbes para explicar o que o Muda Mais já falouaqui e aqui: quem está contra aCopa no Brasil por motivos econômicos está errado.
A matéria World Cup Economics: Why Brazil's Bashers Have Got It Wrong(link is external) começa explicando que antes da Copa do Mundo no Brasil alguns manifestantes saíram às ruas com cartazes escritos em inglês We don’t need the world cup e we need money for hospitals and education, que seriam Nós não precisamos de Copa do Mundo e Nós precisamos de dinheiro para hospitais e educação. O que não apareceu nos cartazes, continua a Forbes, é que desde 2010, o governo federal investiu quase US$ 200 em programas de saúde e educação para cada dólar investido nos estádios.
Citando um artigo de outro veículo estadunidense, o jornal The Washington Post, a Forbes lembra que os protestos são paradoxais, uma vez que o Brasil has enjoyed very significant social and economic improvements since the country bid for the event in 2003, ou seja, tem desfrutado significativas melhoras sociais e econômicas desde que o país se candidatou para o evento, em 2003. O texto da revista americana ainda lembra que o Brasil cortou a taxa de pobreza pela metade desde 2005 e que muitos economistas defendem que o país deveria ser celebrado como um exemplo na aplicação progressiva de políticas sociais.
A Forbes observa também o número de camisas do Brasil presentes nos estádios, indicando a forte presença de uma country’s rising middle class, ou seja, crescente classe média no país. E o jornalista Nathaniel Parish Flannery cutuca: insistir no tema dos investimentos no futebol, isso sim is a waste - é um desperdício. Ele cita algumas imagens que foram largamente compartilhadas nas redes sociais, apresentando a pobreza do país e lembra que ela hoje atinge um quinto da população. O jornalista ressalta ainda que essas imagens falham ao não mencionar que, entre 2010, ano que começaram as construções dos estádios, e 2014, o governo federal gastou mais de US$ 360 bilhões em saúde e educação.
Mas – while it is easy to point to expensive World Cup stadiums – enquanto é fácil apontar os caros estádios da Copa e fazer contrastes com os cidadãos que ainda vivem na extrema pobreza, tais comparações falham no reconhecimento do tremendous success that Brazilian policymakers have had in eradicating poverty over the last decade, ou seja, do tremendo sucesso que os formuladores das políticas públicas brasileiros têm tido na erradicação da pobreza na última década. A revista apresenta dados do relatório do Centro das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (CEPAL) para mostrar a queda da pobreza no Brasil em mais da metade, de 2005 a 2012, e comparar o Brasil com o México, que tem políticas mais focadas em exportações e competitividade e viu aumento da pobreza no mesmo período, como o Muda Mais também já mostrou aqui, quando falamos sobre o barco furado da Nafta, no qual quase fomos levados.
*MudaMais

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