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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 22, 2014

PRÍNCIPE HARRY FARÁ VISITA À CRACOLÂNDIA

O príncipe britânico pediu para conhecer o projeto de reabilitação De Braços Abertos e será acompanhado pelo prefeito Fernando Haddad
Acostumada apenas a histórias ruins, a Cracolândia vai virar notícia por uma razão bem mais nobre: na próxima quarta-feira, o príncipe britânico Harry fará uma visita ao programa De Braços Abertos, criado pela prefeitura de São Paulo para reabilitar viciados em crack. Em sua segunda viagem ao Brasil – a primeira foi em 2012 – Harry pediu para conhecer o projeto e será acompanhado pelo prefeito Fernando Haddad.
De acordo com a embaixada britânica, Harry demonstrou interesse em saber como uma cidade grande como São Paulo, maior ainda do que Londres, está lidando com um problema tão grave como o vício em drogas. Foi o próprio príncipe que mostrou interesse em conhecer o local. Na visita, cujo horário está sendo mantido em segredo por questões de segurança, Harry deve visitar a sede do programa, onde viciados em crack recebem orientações, e conversar com os frequentadores.
A intenção da segunda vinda ao Brasil do príncipe britânico, segundo a embaixada, é ajudar a estreitar os laços entre os dois países. No entanto, apesar da visita começar hoje (23) por Brasília, não está previsto nenhum encontro de Harry com autoridades brasileiras, à exceção do prefeito de São Paulo. O Itamaraty considera a viagem do príncipe uma visita privada.
Hoje pela manhã, Harry visita o Centro Internacional de Neurorreabilitação Sarah, onde vai conhecer a tecnologia de reabilitação de crianças desenvolvida pelo centro, outros tecnologias de tratamento através do esporte e também fazer um treino de canoagem com uma das pacientes no Lago Paranoá. A área de reabilitação, especialmente de feridos de guerra, costuma interessar Harry, que já visitou outros centros semelhantes, especialmente nos Estados Unidos.
Em Brasília, o príncipe, que adora futebol e torce para o Arsenal, vai assistir o jogo entre Brasil e Camarões, mas seus assessores evitaram dizer qual a preferência de Harry, já que Camarões faz parte da Commomwealth britânica. No dia seguinte, segue para Belo Horizonte, onde vai visitar o centro de treinamento do Minas Tênis Clube, onde a delegação britânica para a Olimpíada de 2016 irá treinar. Depois, assiste o jogo entre a eliminada Inglaterra e a Costa Rica no Mineirão, apesar do sério risco de ver sua seleção perder, mais uma vez.
Harry passará a quarta-feira em São Paulo. Além da visita a Cracolândia, irá conhecer um projeto de proteção da Mata Atlântica, um programa com crianças carentes e participa do baile de aniversário de sua avó, a rainha Elizabeth, uma festa para 400 convidados no Consulado Britânico.
Do Brasil, o príncipe seguirá para Santiago do Chile, segunda e última parte dessa viagem pela América do Sul. Viajará da mesma forma que chegou ao Brasil, em um voo comercial da TAM. Dentro do Brasil, Harry usará um jatinho fretado.
Lisandra Paraguassu
O Estado de S. Paulo

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