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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 16, 2014

 Brasil e Argentina fecham novo acordo automotivo




Brasil e Argentina renovaram nesta quarta-feira o acordo automotivo entre os dois países. A renovação se dá em um momento de forte queda no comércio bilateral.

A renovação passa a vigorar em primeiro de julho e vai até o dia trinta de junho do ano que vem. Pelos termos do acordo, para cada dólar importado o Brasil poderá exportar US$ 1,5 para a Argentina. A medida visa equilibrar o comércio, hoje deficitário para a Argentina – pelo acordo, a balança só pode ser favorável ao Brasil em 50%.
De acordo com dados da consultoria econômica Abeceb, de Buenos Aires, baseada em dados oficiais, as exportações e as importações caíram 20% nos primeiros quatro meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume deste comércio bilateral em 2013 foi de aproximadamente US$ 19 bilhões, ainda segundo dados compilados pela consultoria.
As autoridades dos dois países já estudam as regras para um acordo mais longo a partir de 2015, segundo disseram os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) do Brasil, Mauro Borges, e os ministros argentinos da Economia, Axel Kicillof, e da Indústria, Debora Giorgi.
Para o economista argentino Dante Sica, da Abeceb, o novo teto de exportações, chamado "flex", de US$ 1,5 para US$ 1, é positivo.
“Antes, este item foi de US$ 1,9 e chegou a superar a marca de US$ 2, mas jamais foi superada. Então, a definição do flex de US$ 1,5 é positiva, neste momento, para os dois lados. Na realidade, eles estão dando previsibilidade ao setor e reconhecendo seu novo limite”, disse à BBC Brasil.
Dilma e Cristina Kirchner. Reuters

Exportações e as importações caíram 20% nos primeiros quatro meses de 2014 entre os países

Setor automotivo

O setor automotivo representa cerca de 55% do total do comércio bilateral e gera 140 mil empregos, segundo fontes do governo brasileiro. “Quando as vendas caem é normal que exista preocupação”, reconheceram pouco antes da assinatura do acordo nesta quarta.
A produção e venda de automóveis e de autopeças representava cerca de US$ 4 bilhões em 2000. Hoje chega a US$ 19 bilhões. O comércio de autos tem papel fundamental na balança comercial dos dois países que, no total supera os US$ 30 bilhões anuais.
“Com este novo acordo, o nosso objetivo não é só manter a cadeia produtiva, que neste setor é interligada para o Brasil e para a Argentina, mas manter o fluxo bilateral de comércio”, disse Kicillof, sentado ao lado dos outros ministros, incluindo Borges.
Ele disse ainda que o novo acordo “atende as orientações das presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff”. Na semana passada, foi realizada reunião em Brasília entre os ministros Borges e Giorgi que definiram os detalhes técnicos do entendimento.
A palavra final, porém, segundo disseram fontes dos dois governos, seria das presidentes, como confirmou Kicillof na entrevista coletiva. “O principal é que este acordo atual dará previsibilidade ao setor e nestes meses teremos varias reuniões para definir o próximo acordo, de longo prazo”, disse Giorgi.

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