Foto: Bernardo Londoy (CC by-nc-sa/2.0).
No Brasil, os movimentos sociais exigiram o rompimento das relações diplomáticas e comerciais do governo brasileiro com Israel, organizando protestos e buscando sensibilizar o governo Dilma. Tudo em vão: tão logo os ataques israelenses foram interrompidos, a diplomacia brasileira voltou a manter relações amistosas com o governo genocida de Israel.
No auge daqueles ataques, o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL/SP) solicitou formalmente um pedido de informações ao Ministério da Defesa para que este divulgasse todos os contratos militares mantidos com Israel. Para os movimentos sociais que exigiam o rompimento de relações comerciais e diplomáticas com Israel, conhecer os contratos militares que o Brasil mantém com aquele país seria fundamental. A partir disso, seria possível, ao menos, exigir o fim da cooperação militar entre o governo brasileiro e o Estado genocida de Israel.
No auge daqueles ataques, o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL/SP) solicitou formalmente um pedido de informações ao Ministério da Defesa para que este divulgasse todos os contratos militares mantidos com Israel. Para os movimentos sociais que exigiam o rompimento de relações comerciais e diplomáticas com Israel, conhecer os contratos militares que o Brasil mantém com aquele país seria fundamental. A partir disso, seria possível, ao menos, exigir o fim da cooperação militar entre o governo brasileiro e o Estado genocida de Israel.
Usando de todos os prazos possíveis, o Ministério da Defesa só apresentou as informações requisitadas na última semana, após as eleições. Os dados são reveladores e demonstram um intenso fluxo comercial na área militar, o que explica a conivência brasileira diante do massacre na Faixa de Gaza.
Embora o suposto convênio de cooperação militar Brasil-Israel (noticiado pela imprensa israelense em 2010) ainda não esteja em vigor, como informa a resposta do Ministério da Defesa ao requerimento do Deputado Ivan Valente, há vários contratos com empresas israelenses. O Gabinete do Comandante da Marinha, por exemplo, informa que há contratos com as empresas Israel Military Industries (IMI), Hagor Industries Ltd, Achidatex Nazareth Elite Ltda. e Israel Aerospace Industries (IAI) que alcançam a cifra de quase R$ 19 milhões.
Porém, são os contratos do Exército Brasileiro os que mais chamam a atenção. São mais de R$ 60 milhões em contratos que envolvem desde a compra de equipamentos, como lunetas e giroscópios, até um produto chamado "Sistema de Apoio e Decisão" que custou 4,8 milhões de dólares (cerca de 12 milhões de reais) e que, rigorosamente, não podemos saber do que se trata. Pelo menos um desses contratos, no valor de U$ 13,5 milhões, foi estabelecido com a Elbit Systems, empresa que mantém unidades nas áreas ocupadas ilegalmente por Israel na Palestina.
No final do ofício, porém, vem a informação mais reveladora das relações com Israel: o Exército Brasileiro é responsável pela gestão de um termo de contrato (nº 27/2012) no valor de R$ 839 milhões de reais, para a implantação do sistema de "Sensoriamento e de Apoio à Decisão do Projeto Piloto SIFRON - assinado com o consórcio Tepro". Esse consórcio é formado por duas empresas brasileiras (Savis e Bradar), pertencentes à Embraer Defesa e Segurança, e pela Elbit Systems!
A Elbit é acusada de colaborar com diversas violações aos direitos humanos e ao direito internacional. Muitos países, em represália à política genocida do Estado de Israel, tem rompido qualquer forma de relação militar, antes mesmo de recorrer a outras formas de afastamento diplomático. No caso da Elbit, especificamente, países europeus tem desestimulado mesmo relações comerciais de acionistas com esta empresa, tal a notoriedade de seus crimes. No Brasil, por conta dos mega-eventos esportivos, outros contratos estão sendo preparados, especialmente aqueles envolvendo veículo aéreos não-tripulados (VANTs).
Os dados que vem à tona a partir do requerimento de informações protocolado pelo Deputado Ivan Valente, demonstram a profundidade das relações militares do Brasil com Israel e a dificuldade do governo brasileiro em ir além da retórica diplomática: quase um bilhão em contratos militares, que impediram o governo, até aqui, de tomar qualquer medida prática contra os recorrentes massacres contra civis na Palestina.
Juliano Medeiros é Secretário Nacional de Comunicação do PSOL.
*http://www.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/408-direitos-nacionais-e-imperialismo/52283-psol-abre-caixa-preta-dos-contratos-militares-do-brasil-com-israel.html*FlaviaLeitao
"Os dados que vem à tona a partir do requerimento de informações protocolado pelo Deputado Ivan Valente, demonstram a profundidade das relações militares do Brasil com Israel e a dificuldade do governo brasileiro em ir além da retórica diplomática: quase um bilhão em contratos militares, que impediram o governo, até aqui, de tomar qualquer medida prática contra os recorrentes massacres contra civis na Palestina."