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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 29, 2010

Vergonha






Suprema Corte rejeita imunidade a Vaticano

O governo Obama pediu, em vão, para que a Justiça concedesse imunidade ao papa e outros dirigentes
REUTERS


A Justiça americana determinou que sacerdotes acusados de abusos contra crianças podem ser julgados

Washington. A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou, ontem, uma apelação pela imunidade do Vaticano, em um processo contra o Estado soberano católico pelas diversas transferências de um padre acusado de abuso sexual de crianças.

O Vaticano queria que as cortes federais americanas rejeitassem o processo que visa responsabilizar a Igreja Católica pela transferência do reverendo Andrew Ronan da Irlanda para Chicago e, depois, para Portland, apesar das várias acusações de pedofilia.

A decisão permite que os sacerdotes acusados de pedofilia nos Estados Unidos sejam julgados e anula os efeitos das leis de imunidade soberana que determinam que um Estado soberano, incluindo o Vaticano, fique imune a processos judiciais. As cortes federais de menor instância determinaram, neste caso, que haveria uma exceção ao Ato de Imunidade Soberana Internacional que afetaria o Vaticano.

O juiz determinou que havia provas para uma conexão entre o Vaticano e Ronan, considerado um funcionário do Estado católico sob a lei Oregon. A decisão foi mantida pela Nona Corte de Apelação, na Califórnia.

Segundo os documentos da corte, Ronan começou a abusar de garotos em meados da década de 50, quando era padre da Arquidiocese de Armagh, na Irlanda. Ele foi transferido para Chicago, onde admitiu ter abusado sexualmente de três garotos na Escola St. Philip. Ronan foi transferido ainda para a Igreja St. Albert, em Portland, no Oregon, onde foi acusado de abusar sexualmente de uma pessoa, que apresentou o processo agora na Corte de Apelação. A vítima acusa o Vaticano de não ter expulso ou adotado qualquer outra sanção contra o padre, apesar de ter conhecimento das denúncias de pedofilia. Ronan morreu em 1992.

O governo de Barack Obama pedira, em vão, à Suprema Corte que concedesse imunidade ao papa Bento XVI e a outros dirigentes da Igreja nos julgamentos de padres acusados de pedofilia. Os nove juízes do Supremo pediram a opinião do governo Obama, como fazem regularmente nos casos que afetam as relações diplomáticas.

Nos EUA, as maiores autoridades do Vaticano, incluindo o papa, então cardeal Joseph Ratzinger, teriam encoberto o reverendo americano Lawrence Murphy, acusado de abusar de 200 crianças surdas.



camisinha-do-papado Briguilino

Demoniocratas o dem Dem







O velório na convenção dos demos

Enviado pelo amigo navegante Rossetto:

Mais uma pérola para a coleção. Olhe as informações da Folha sobre a Convenção Nacional do DEM que homologará (ou não) a aliança com o Serra:

"No total, 265 democratas, entre congressistas, membros do Diretório Nacional e delegados estaduais, têm direito a 350 votos".

"A convenção, que irá custar aproximadamente R$ 15 mil, perdeu o clima de festa com a decisão do PSDB de indicar o senador do partido para vice na chapa de Serra, tirando a vaga do DEM."

1. Um partido político que reúne apenas 265 delegados já mostra o seu tamanho.

2. Tem mais votos (350) que eleitores (265) - já diz também o conceito de democracia desse partido, chamado de Democrata.

3. A convenção custará 15 mil reais, para reunir 265 delegados. É uma média de 57 reais por delegado. Me engana que eu gosto. Devem trazer marmita de casa!

do Altamiro Borges

Serra uniu os demos contra ele

Reproduzo artigo de Maria Inês Nassif e Raquel Ulhôa, publicado no jornal Valor Econômico:

Não é confortável a situação do candidato do PSDB a presidente, José Serra, depois que ele optou por uma chapa "puro sangue" e lançou o senador Álvaro Dias (PR) como seu candidato a vice. Se o PSDB não recuar e ceder a vice-presidência ao DEM, dificilmente conseguirá desarmar o mal-estar criado por essa decisão sem graves danos à candidatura tucana.

Uma alternativa estudada pelo DEM é a de não apoiar qualquer candidato a presidente, na convenção nacional de quarta-feira. Nesse caso, o tempo de propaganda eleitoral gratuita que a lei reserva ao partido seria dividido proporcionalmente entre os demais candidatos: a coligação da petista Dilma Rousseff ficaria com 65,11% do tempo do DEM na televisão e Serra, com 29,48%. A outra alternativa é lançar candidato próprio e, nos quase três minutos a que tem direito - tempo igual ao do PSDB -, fazer proselitismo partidário. "Assim nos fixamos como o partido da direita moderna", disse o ex-deputado Saulo Queiroz.

Nas duas hipóteses, o tempo de propaganda gratuita de Serra cairia muito: com o apoio do DEM, disporia de 6m46s, enquanto Dilma teria 8 minutos. Com uma candidatura do DEM, cairia para 4m38s. Se não apoiar nenhum candidato, Dilma ganha mais, Serra perde muito. "O PSDB fica quase como uma candidatura nanica", disse um deputado que não quis se identificar.

Presidente do DEM, Rodrigo Maia, segundo uma fonte, chegou a consultar um advogado para se certificar das vantagens que o DEM teria com o lançamento de um candidato a vice, independente da concordância do PSDB. Seria inócuo para o DEM e uma bênção para os tucanos: o DEM ficaria sem a vice e o PSDB, com o horário eleitoral do DEM. A alternativa de não apoiar nenhum candidato sofre restrições ideológicas de parcela do partido. "Nessa hipótese, o DEM estará, pela lei, concedendo 29% do tempo a que teria na televisão para o PT, seu adversário histórico", afirmou o ex-deputado Saulo Queiroz. Um grupo do DEM insiste que lançar um candidato que se apresente como uma opção de "direita moderna", mesmo sem expectativa de vitória.

Independente das posições que defendem os demais grupos, é majoritária a disposição de não compor com o PSDB nas condições que Serra quer. "O Serra uniu o DEM, contra ele", brincou um parlamentar. É grande o número de demistas que defende não recompor com o tucano mesmo que ele recue. Avaliam que foram humilhados. Não consideram que Dias supere os quadros apresentados pelo DEM para a chapa e ficaram sabendo da decisão por um "twitter" desaforado de Roberto Jefferson, réu confesso no caso do Mensalão do PT. "Se o escolhido ainda fosse um dom Paulo Evaristo Arns, um Guga, um artista famoso ou um cientista genial, tudo bem, mas é o Álvaro Dias. Como ele, temos uns 30 ou 40 para oferecer ao PSDB", disse o senador Demóstenes Torres (GO). "Me agradaria estar do lado do Serra, mas não em qualquer condição", disse.

O PSDB pretende manter a escolha de Dias. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), tenta hoje "restabelecer a conversa" com o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Eles devem se encontrar hoje, provavelmente em São Paulo. Existe a hipótese de que Serra entre no circuito das negociações. O objetivo é buscar uma saída, pela via do entendimento. Lideranças do PSDB avaliam que o pior fato ocorrido nos últimos dias foi Maia ter tomado conhecimento da escolha pelo microblog de Jefferson. Apesar desse problema de condução, a escolha de Dias é tratada pelos tucanos como "irreversível".

FHC afirmou: "tem tanto tempo daqui até amanhã".


Respondendo se havia tempo para fechar acordo até quarta-feira, dia em que ocorre a convenção nacional do DEM, FHC afirmou: "tem tanto tempo daqui até amanhã"




Pesquisa Vox Populi confirma morte de candidatura Serra

Pesquisa Vox Populi sobre a eleição presidencial indica que Dilma tem 40% das intenções de voto. José Serra tem 35%. Marina (quem?) Silva, 8%. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual.

Os resultados são da pesquisa estimulada. Na modalidade espontânea Dilma tem 26% e Serra tem 20%.

A pesquisa foi feita de 24 a 26.jun.2010 com 3 mil eleitores. Seu registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é o 16944/2010.

do esquerdopata

Hugo Chavez






Venezuela doa 12 tneadas de mantimentos a vítimas das chuvas

A primeira ajuda internacional aos atingidos pelas chuvas em Pernambuco e Alagoas chegou neste domingo (27), da Venezuela. Em decorrência das fortes chuvas que atingiram o Nordeste, morreram 51 pessoas - 34 em Alagoas e 17 em Pernambuco. Os dois Estados têm juntos cerca de 160 mil desabrigados e desalojados.

Um C-130 das Forças Armadas Venezuelana aterrissou na Base Aérea do Recife com quase 12 toneladas de donativos - 100 colchonetes, 100 mantas, 1,5 tonelada de roupas, 250 quilos de fraldas descartáveis, 200 quilos de papel higiênico, quatro mil litros de água mineral, uma tonelada de arroz, meia tonelada de macarrão, 900 quilos de atum, duas toneladas de sardinha, meia tonelada de leite em pó e 700 quilos de geleia infantil.
Metade foi desembarcada, à tarde, no Recife. Vistoriada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, foi levada para a central de distribuição da "Operação Reconstrução", na Ceasa. Nesta segunda-feira, as doações serão entregues em Água Preta, na zona da mata. A outra metade da carga enviada pela Venezuela foi desembarcada em Maceió.
Em nota, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximillien Arvelaiz Sanchés, afirmou que “o país costuma ajudar outras nações em casos de tragédias como a que se abateu sobre Pernambuco há cerca de dez dias”. “Temos uma forte ligação histórica com o estado de Pernambuco e esta é uma forma de reforçar ainda mais a unidade entre os povos latino-americanos”, disse.
No total, Pernambuco recebeu até agora 128 toneladas de roupas, 10,9 mil colchões, 8,2 mil toalhas, 10,1 mil cobertores, 8,3 mil lençóis, 7,99 mil travesseiros, 3,3 mil fronhas, 3,8 mil mosquiteiros, 19,4 mil cestas básicas, 171,5 toneladas de água e 178,5 mil toneladas de alimentos diversos.
Equipes de profissionais começaram a ser enviadas no sábado, pelo governo de Pernambuco, aos municípios atingidos pelas chuvas no Estado, com a missão de manter a limpeza dos abrigos para evitar proliferação de doenças, organizar a distribuição de alimentos e donativos e cadastrar as famílias desabrigadas.
"É importante a ordem e a higiene nos abrigos e também a esperança de futuro dos desabrigados", afirmou o secretário executivo de Desenvolvimento Social, Acácio Carvalho. A maioria dos abrigos é improvisada, tanto em Pernambuco como em Alagoas, e alojam grande número de pessoas em pequeno espaço, sem higiene e muitos ainda sem água.
As equipes também vão ajudar na catalogação dos equipamentos públicos e dos que perderam ou tiveram suas moradias danificadas para receberem benefícios.

do Gilson Sampaio

Dos terroristas de governo

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Vizinho Descompassado
(Jornal “O Povo”, Fortaleza)
Manuel Domingos
É difícil crer que o presidente eleito da Colômbia reúna legitimidade para garantir perspectiva alvissareira a uma sociedade dilacerada por crises múltiplas e profundas. Juan Manuel Santos, sem enfrentar adversário de peso, mal obteve 22% dos votos dos eleitores habilitados. Ao contrário do que informaram os grandes jornais, como manifestação de massas, a eleição foi um fiasco: 66% do eleitorado se absteve. A alardeada popularidade de Alvaro Uribe, padrinho político de Juan Santos, ficou sem comprovação.
Além disso, este ex-ministro da Defesa rescende a coisa antiga, fora do clima e do compasso da dinâmica política latino-americana. Trata-se de um quadro político de velha cepa, membro de famílias oligárquicas agarradas ao poder desde o século XIX, curtidas em banhos de sangue de seus compatriotas. Sua biografia, sua figura e seu discurso, por mais que se queira, não sugerem promessas de renovação.
O jeito antigo do presidente eleito é reforçado por seu alinhamento incondicional a Washington. Juan Santos comandou oficiais adestrados nas academias de guerra dos Estados Unidos, como, aliás, são todos os integrantes da hierarquia militar colombiana. Enquanto ministro de Uribe, foi personalidade central na implementação do Plano Colômbia, uma inquietante intervenção norte-americana na América Latina travestida de combate ao narcotráfico e ao terrorismo.
No momento em que bases militares norte-americanas são rechaçadas nos mais diversos continentes por pressões populares e governantes cansados da tutela de Washington e em que a integração subcontinental, conjugada ao avanço da democracia e às reformas sociais, dá passos concretos, abrangendo inclusive o sistema de Defesa, é na Colômbia que o Pentágono encontra espaço para seus dispositivos bélicos.
E que espaço! Mais de um milhão de km2 aos quais os barcos de guerra norte-americanos podem acessar pelos dois oceanos. Das bases colombianas, bombardeiros supersônicos podem chegar num piscar de olhos a qualquer canto do mar das Caraíbas ou da Amazônia brasileira.
A Colômbia é especial, foge do tom em política externa e interna. Nenhum outro país sul-americano tem resistido de forma tão contundente à mudança das estruturas herdadas do período colonial. Na direção de seus negócios públicos persistem - aglomeradas nos partidos Liberal e Conservador, cujos chefes reprimiram duramente demandas sociais e novos arranjos representativos - dinastias tenebrosas, inamovíveis, beneficiadas pelos expedientes dos esquadrões da morte e pelo negócio de drogas.
Hernando Ospina, em livro recentemente publicado (“Colombia, Laboratorio de Embrujos: Democracia y Terrorismo del Estado” ), revela com riqueza de detalhes como foi negada participação política às massas desfavorecidas e mesmo aos setores médios urbanos. Tendências de centro-esquerda foram violentamente reprimidas e criminalizadas. Ao contrário do que ocorreu entre seus vizinhos (Brasil, Venezuela, Peru e Equador), que vivenciaram experiências reformistas importantes ao longo do século XX, nenhum partido renovador, mesmo trabalhista ou social-democrata, foi tolerado.
Não há país sul-americano relativamente mais armado que o de Juan Santos. Com um PIB cinco vezes menor que o do Brasil, a Colômbia mantém tropas regulares equivalentes, em número, ao efetivo total das Forças Armadas brasileiras. Só o contingente paramilitar colombiano formalmente declarado supera, em quantidade, as tropas regulares da Argentina, que detém o segundo PIB sul-americano.
O pensamento conservador se preocupa com as compras de armas do governo venezuelano, mas, enquanto o gasto militar da Colômbia em 2008 foi equivalente a 3,7% de seu PIB, o da Venezuela chegou a 1,4% - menor, aliás, que o do Brasil (1,5%). Na última década o dispêndio militar colombiano cresceu 111%, mais que o dobro do brasileiro (39%). No mesmo período, o gasto venezuelano cresceu apenas 27%.
Apesar de comprometer os recursos públicos em aparato militar e de contar com o amparo maciço dos Estados Unidos, quem mais, além dos governantes colombianos apostaria no fim dos sangrentos confrontos internos?
A antiga prática de assassinatos contra lideranças populares chega à atualidade em números assustadores. Sob o governo Uribe, esquadrões da morte a serviço do poder executaram cerca de 500 ativistas e líderes sindicais; milhões de colombianos foram expulsos violentamente de suas moradias sob a acusação de apoio às FARC e a outros movimentos.
Juan Santos, mal legitimado pelas urnas, assumirá o governo prometendo segurança, não reformas sociais. A tarefa de manter a Colômbia na contracorrente das tendências sul-americanas não será fácil.
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Manuel Domingos
(Professor da Universidade Federal Fluminense;
editor de “Tensões Mundiais”)
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Álvaro Uribe e Santos, min. defensa

Presidenta Argentina Revolucionando






terça-feira, 29 de junho de 2010

Na Argentina, TV Pública inteligente e polêmica questiona o monopólio da mídia

Por Flamarion Maués


Programa “6,7,8”, da TV Pública argentina, desnuda os interesses por trás do noticiários dos grandes meios de comunicação do país

Voltei de Buenos Aires recentemente. Estive na cidade por alguns dias e uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a forte polarização política que existe lá e em todo o país. De um lado, setores do governo, peronistas de diversos matizes, setores da esquerda e a maior parte da população mais pobre, que apoiam o governo da presidenta Cristina Fernandez de Kirchner. De outro, a oposição, composta por diversos partidos, inclusive setores do peronismo, pelos dirigentes do “campo” (agropecuária) e por quase toda a grande imprensa, capitaneada pelos jornais Clarín e La Nación, os dois maiores do país e donos de canais de TV e rádios. O nível de conflito político é alto, talvez maior do que o nosso nesse período já quase eleitoral, sendo que lá a eleição é só no ano que vem.
Uma das frentes mais radicalizadas nesta disputa é justamente a dos meios de comunicação. A presidenta Kirchner comprou a briga com os grandes grupos que monopolizam a mídia no país, e está batendo de frente com eles. Aprovou no Congresso a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, mais conhecida como “Ley de medios”, que só não entrou ainda em vigor porque os grandes grupos monopolistas e os setores políticos que os apoiam estão usando todos os recursos jurídicos possíveis para evitar que isso ocorra. Mas tudo indica que a lei, que fere de morte os privilégios que estes grupos têm hoje, controlando TVs (aberta e a cabo), rádios, jornais, internet etc., vai mesmo começar a vigorar ainda este ano. Com a nova lei, simplesmente não poderá mais haver grupos de sejam proprietários de todos estes meios ao mesmo tempo, nem em nível local e muito menos em nível nacional. No Brasil, por exemplo, seria uma lei que atingiria fortemente o poder da Globo.

Logomarca do programa “6,7,8” da TV Pública argentina.

Um dos elementos mais interessantes nesta batalha que vem sendo travada contra os grandes grupos que controlam a mídia é o programa televisivo “6,7,8”, exibido diariamente pela TV Pública (do governo federal). Trata-se de um programa dedicado, segundo seu apresentador, Luciano Galende, a fazer “uma resenha crítica dos meios de informação na Argentina”. O programa é muito bem feito, e bate pesado nos grandes jornais, rádios e TVs, desmascarando seus interesses, suas manipulações grosseiras e seu falso distanciamento ao noticiar e comentar os principais fatos políticos, sociais e econômicos. E bate de frente com os jornalistas que fazem o papel de porta-vozes desses interesses, principalmente aqueles articulistas que, do alto de uma pretensa “autoridade” jornalística ou profissional, se dedicam a defender os interesses do patrão, do grande capital, dos reacionários etc. Se compararmos ao Brasil, seriam as mírians leitão, os alis kamel, sardembergs, diogos mainardis e outros desse naipe.
O programa estreou a cerca de dois anos e vem aumentando sua audiência e repercussão, o que com certeza incomoda muita gente.
É um programa que a gente não está acostumado a ver no Brasil – e acho mesmo que em poucas partes do mundo haverá algo que se assemelhe a “6,7,8”. Não há meias palavras nem luva de pelica, a crítica é direta e aberta. Mas é uma crítica em geral bem feita, fundamentada, e quase sempre ilustrada com imagens ou textos que deixam aquele que é objeto da crítica em situação delicada, pois fica difícil negar certas coisas diante de evidências irrefutáveis.
Por exemplo, há poucos dias uma famosa apresentadora de TV, algo como uma Hebe Camargo argentina, confessou em seu programa que em 1977, durante a ditadura militar que matou pelo menos 15 mil argentinos, um sobrinha sua (e o marido da sobrinha) foi sequestrada pela repressão. Graças à sua intervenção junto a um general que conhecia, sua sobrinha foi solta, mas o marido continua desaparecido até hoje. No programa foram mostradas as imagens dessa mesma apresentadora, em 1978, durante o mundial de futebol na Argentina, afirmando que havia uma campanha orquestrada para “denegrir” o país no exterior, que na Argentina todos viviam bem e em liberdade. Ela foi uma das que apoiou a campanha da ditadura “nosotros argentinos somos derechos y humanos”, que visava desacreditar as denúncias de violações de direitos humanos que ali ocorriam naquele exato momento. Isso um ano após ela ter acionado o general amigo para livrar a sua sobrinha da tortura. Quer dizer, fica desmascarada a conivência, mais do que isso, o apoio dessa senhora à brutal repressão que houve no país. Ela sabia o que acontecia e apoiva o que era feito. Não há como ela negar isso. E o programa desnuda essa situação, com imagens que não podem ser desmentidas.
E desse mesmo modo vários outros temas são abordados. É impressionante a capacidade da produção do programa de achar imagens e textos em seus arquivos que desmontam as opiniões atuais de muitos dos comentaristas dos grandes meios de comunicação. Diante desses “desmentidos” feitos por sua própria voz e imagem, como reagir e negar a exatidão da crítica?
E, é claro, o programa elege seus amigos. Neste momento, Maradona é o maior desses amigos, por ter enfrentado a mídia e ter assumido posições políticas mais à esquerda e mais governistas.
O programa é montado de forma inteligente. Um apresentador, cinco debatedores fixos e dois convidados diferentes a cada dia. Esta bancada debate as matérias feitas pela produção, matérias sempre em tom forte, de denúncia e desmascaramento do que está sendo dito pelos grandes meios. Os debatedores são muito perspicazes, e os convidados quase sempre são muito simpáticos aos pontos de vista defendidos no programa.
Essa é uma das críticas que “6,7,8” recebe, a de não abrir espaço ao contraditório. É apenas em parte correta, pois para fazer a crítica da grande mídia o programa exibe o que a grande mídia diz. A diferença é que desmonta o que é dito, ao contrário do que estamos acostumados a ver, ou seja, tal comentarista fala um absurdo e fica por isso mesmo, não há debate ou contraditório. E quase todos os comentaristas da grande mídia dizem – por que será? – a mesma coisa, pensam do mesmo jeito. Com “6,7,8” o quadro muda. Estes comentaristas têm resposta, muitas vezes com base em coisas que ele mesmo disse em outros momentos. É claro que estes comentaristas não gostam nada disso, e acusam o programa de “constranger” sua liberdade de opinião, um argumento totalmente falacioso.
Outra crítica a “6,7,8”, esta mais consistente, é que se trata de um programa “oficialista”, ou seja, governista, pró-Kirchner. De fato é, e eles assumem isso, o que não deixa de ser uma postura pouco usual na TV, em qualquer parte. O programa não se assume exatamente como pró-governo, mas sim como a favor das principais linhas políticas que norteiam o governo, o que não significa concordar e aprovar tudo o que o oficialismo faz. Há críticas ao governo e aos seus membros, claro que não com a mesma intensidade que as feitas aos que estão do outro lado, mas o programa não é acrítico. E nem busca aquela postura, em geral falsa, do tipo “somos independentes e criticamos a todos da mesma maneira, estamos acima das diferenças entre os lados em disputa”.
Outra de suas características interessantes é que, vira e mexe, os debatedores do programa criticam as matérias feitas pela produção de “6,7,8”. Deve-se dizer que a produção – comandada por Diego Gvirtz – é mais oficialista que a bancada de debatedores, e por vezes tem a mão muito pesada em relação às críticas a certos jornalistas e comentaristas da oposição. E os debatedores do programa não deixam barato, criticam o seu próprio programa no ar, sem problemas.
Enfim, trata-se de uma experiência inovadora na TV, a começar pelo fato de se propor a fazer uma críticas dos meios de comunicação no veículo mais popular dentre todos eles, a TV, e não apenas aquela crítica mais teórica, mas sim a crítica direta, dando nome aos bois e usando as imagens dos outros canais de TV para fazer isso.
É certo que algumas das críticas feitas ao programa são corretas, mas sem dúvida é um espaço que oxigena a TV argentina, e sem dúvida está tendo repercussões importantes. Hoje, os jornalistas e comentaristas de todos os meios sabem que estão sob a lupa crítica de “6,7,8”, e que não podem sair falando coisas impunemente, haverá cobrança pelo que foi dito. Não se trata de censura, de nenhuma maneira, mas de debate público.
Para quem quiser dar uma olhada, “6,7,8” pode ser assistido pelo site da TV Pública argentina: www.tvpublica.com.ar. O programa vai ao ar às 21 horas todos os dias, menos sábado. Vale a pena.

do blog do Turquinho

Brasil aula de Administração



Esse gráfico é muito impressionante. Ele mostra o déficit nominal em relação ao PIB das principais economias, e o Brasil está no topo da pirâmide, ou seja, é um dos países menos endividados do mundo. Nem sempre foi assim.
Constituiu o tema central da reunião do G20, que é a meta de reduzir os déficits fiscais até 2014.

Marcos Coimbra já acredita em vitória de Dilma no primeiro turno

O sociólogo Marcos Coimbra, dono do instituto de pesquisas Vox Populi, tem dito a alguns políticos e clientes que já vê como uma possibilidade real a vitória da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, no primeiro turno.
Para ele, a candidata do PT tem crescido não somente sobre os votos dos eleitores antes indecisos, mas sobre os do seu principal adversário, o tucano José Serra
Autor: Tales Faria

http://colunistas.ig.com.br/poderonline/2010/06/29/marcos-coimbra-ja-acredita-em-vitoria-
de-dilma-no-primeiro-turno/

Lula admite interesse em assumir posto no exterior

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu publicamente ontem, pela primeira vez, seu desejo de ocupar algum cargo na área internacional após o término de seu segundo mandato, no dia 1.º de janeiro. Em artigo divulgado pelo site do jornal britânico Financial Times, o mais prestigioso do mundo na área econômica, ele disse: "Após deixar a Presidência, quero continuar contribuindo para a melhoria da qualidade da vida da população. A nível internacional pretendo concentrar minha atenção em iniciativas que beneficiem países da América Latina e do Caribe e o continente africano."
No parágrafo seguinte ele deixou seu projeto ainda mais explícito: "Quero levar adiante os esforços feitos pelo meu governo no sentido de criar um mundo multilateral e multipolar, livre da fome e da pobreza. Um mundo no qual a paz não seja uma utopia distante, mas uma possibilidade concreta."
O projeto de Lula já foi abordado mais de uma vez pela imprensa, com informações de que estaria pretendendo um cargo na Organização das Nações Unidades (ONU) ou no Banco Mundial. Até agora, no entanto, ele não havia falado diretamente sobre o assunto.

do amoral nato



do Miguel Grazziotin

Mercadante Governador

Mercadante lança livro de balanço do Governo Lula, hoje, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional

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O senador Aloizio Mercadante lança nesta terça-feira, dia 29, pela Editora Terceiro Nome, seu novo livro, Brasil: A Construção Retomada – Análise do Governo Lula. O lançamento, que terá a presença do presidente Lula, será às 17 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

A obra, de 400 páginas, é uma análise dos dois mandatos presidenciais, um documento completo das propostas políticas colocadas em prática nos últimos oito anos – uma “revolução econômica e social” promovida pela gestão federal do PT. Capítulo a capítulo, registra medidas que permitiram ao país aumentar a renda média do cidadão, conciliar crescimento econômico com maior justiça social e tornar-se nação respeitada internacionalmente. O prefácio foi feito pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Escrito pelo senador Aloizio Mercadante, um dos quadros mais preparados e experientes do meu partido, o PT, este trabalho une paixão e rigor. Paixão do militante, cuja ação coloca os interesses do povo e do país em primeiro lugar. E rigor do economista, que encara a realidade tal qual ela é para poder construir as políticas capazes de transformá-la”, diz o presidente.

“Mas este livro não trata apenas da economia. Avalia os desafios e progressos do país nas mais diversas áreas: social, política, ambiental, energética, da defesa, das relações exteriores e do marco regulatório do pré-sal, entre outras”, prossegue o presidente Lula. “Ou seja, dá uma visão panorâmica do país: reúne enorme quantidade de informações e apresenta análises consistentes que ajudam a explicar e a entender as extraordinárias mudanças vividas pelo Brasil nos últimos anos, nos mais diferentes campos. Não tenho dúvida em dizer que o livro do companheiro Mercadante é uma notável contribuição para o aprofundamento do debate político, tão necessário para que o Brasil não só consolide e amplie suas vitórias recentes como possa afirmar-se, nas próximas décadas, como uma nação próspera, justa, democrática e moderna”, acrescenta.

Os primeiro exemplares do livro foram destinados justamente ao presidente Lula e à ex-ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante a convenção nacional do PT, no domingo, 13 de junho, em Brasília. “Entreguei um exemplar do meu novo livro ao presidente Lula e outro à Dilma. Nele, analiso toda a evolução do governo Lula e as profundas mudanças ocorridas no Brasil. Na outra semana, a obra deverá estar nas livrarias”, comentou Mercadante, que fez a dedicatória do livro ao economista Celso Furtado, conhecido por sua preocupação social e pela defesa de políticas econômicas intervencionistas. “Brasil: A Construção Retomada – Análise do Governo Lula” é permeado também por referências aos principais líderes e ao ideário do movimento operário brasileiro nas décadas de 70 e 80, que resultou na criação do PT. Rende, assim, méritos às origens do modelo que, segundo o autor, tem nos históricos 80% de aprovação popular a maior prova de seu sucesso.


Mercadante lança livro com prefácio do Presidente Lula


O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), candidato ao governo de São Paulo, lançou seu livro "Brasil: a Construção Retomada", nesta noite, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na capital paulista.

Quem escreveu o prefácio do livro foi o presidente Lula, que compareceu ao lançamento, muito aplaudido e por um coro de "Olê Olê Olê Olá, Lula", e gritos de "Agora é Dilma". Além dos autógrafos do autor, Lula também foi solicitado a autograr algumas dezenas livros.

O livro traz um balanço dos oito anos do Governo Lula, é um documento completo das propostas políticas colocadas em prática nesses dois mandatos presidenciais. Capítulo a capítulo, registra medidas que permitiram ao país nos últimos oito anos aumentar a renda média do cidadão brasileiro, conciliar crescimento econômico com maior justiça social e tornar-se nação respeitada internacionalmente. Sem se restringir à economia, Mercadante avalia também os desafios e progressos nacionais nas áreas social, política, ambiental, energética, da defesa, das relações exteriores e do marco regulatório do pré-sal, entre outros.

Charge do Dia



https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaDYfv-IplIp7nUk6A7QZ2XgAS7qQJ796h7WQibNImdOWoFjblELVqZmNVN96JWYNY2BHCYpO_IPz7V8_m-B7YkwfjWE3J4ppzAS2tAYnICrObgdY-Xkccy506gzPmL_KjixYqWrP-q0W-/s1600/VEJA+DO+DEM.jpg

SERRA KISS MAS AÉCIO NÃO QUIS

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Como era a vida de Dilma Rousseff na masmorra que abrigava presas políticas durante o regime militar no presídio Tiradentes

Luiza Villaméa e Claudio Dantas Sequeira

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MARCO
Portal tombado pelo patrimônio histórico é o que restou do presídio

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Durante quase três anos, Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, morou na Torre das Donzelas. A construção colonial não pertencia a nenhum palácio. Encravada no presídio Tiradentes, em São Paulo, ganhou o singelo nome por abrigar presas políticas do regime militar. Para chegar à Torre, Dilma e suas companheiras atravessavam um corredor com celas em uma das laterais. Os cubículos eram ocupados pelas corrós, as presas correcionais, tiradas de circulação por um mês, em geral por vadiagem ou prostituição. Essas mulheres costumavam ficar seminuas ou com a roupa virada pelo avesso, para se apresentarem em trajes limpos quando liberadas.

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COMPANHEIRAS DE CADEIA
Dilma, Eleonora, Guiomar, Rose e Cida na época em que foram presas

“Terrorista! Linda! O que você está fazendo aqui?”, gritavam as corrós ao verem passar uma nova presa política. Depois do corredor, havia um pequeno pátio. Em seguida, vinha a Torre. Dilma atravessou o corredor das corrós em fevereiro de 1970, aos 23 anos, após mais de 20 dias nos porões da repressão política. “Ela chegou fragilizada pela tortura, mas logo se recuperou”, lembra a jornalista Rose Nogueira, 64 anos, que passara pelo mesmo processo três meses antes.

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O presídio Tiradentes, onde Dilma esteve presa, já havia sido usado para encarcerar
os estudantes detidos no Congresso da UNE em Ibiúna (SP), em 1968.
Na era Vargas também abrigara presos políticos, entre eles o escritor Monteiro Lobato

Ao entrar pela primeira vez na Torre, Dilma viu as celas pequenas do térreo e duas escadarias laterais que saíam de uma espécie de hall e se encontravam no piso superior. Nesse andar, havia a cela 4, chamada de celão, pois se espalhava por 80 metros quadrados. Tinha também a cela 5, mais tarde adaptada como cozinha, e a 6, que Dilma dividiu com outras mulheres. “No começo, ficávamos na tranca o tempo todo”, conta a advogada Maria Aparecida Costa, a Cida Costa, 65 anos, uma das ocupantes da cela 6. Depois de algumas semanas e muitas reivindicações, as celas passaram a ficar abertas durante o dia.

Não demorou para que as donzelas da Torre se agrupassem, primeiro com base nas organizações clandestinas às quais pertenciam no “mundão”. Porque a Torre, no vocabulário das presas, era o “mundinho”. Mas as afinidades pessoais também contavam muito, como relata a médica e pesquisadora Guiomar Silva Lopes, 66 anos. “No mundão, o vínculo era de vida e morte”, diz Guiomar. “Na cadeia, estabelecemos uma relação de confiança inabalável.” Dilma é até hoje lembrada pelo espírito solidário. Durante um período, cuidou de uma estudante de arquitetura. “Quando a menina chegou da tortura, estava muito desestruturada emocionalmente”, afirma a advogada Rita Sipahi, 72 anos. “A Dilma ficou de olho nela o tempo todo para evitar que cometesse algum desatino.”

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Com a possibilidade de circular entre as celas, as presas políticas tentavam curar as feridas umas das outras e também se organizavam. Havia escala para as tarefas da limpeza e da cozinha. Com os víveres levados pelas famílias, elas preparavam as próprias refeições. Algumas conseguiam bons resultados, embora só contassem com dois fogareiros elétricos. Outras, nem tanto. A dupla mais desastrada na cozinha era formada por Dilma e Cida. “Não dominávamos a arte do tempero”, reconhece Cida. Numa ocasião, as duas resolveram caprichar no preparo de um prato de legumes. Acabaram servindo uma sopa de quiabo intragável. “Ficamos um pouco frustradas com o resultado, pois havíamos nos esforçado.”

Dilma se sobressaía nos grupos de estudo. “Ela é muito engenhosa na macroeconomia”, elogia outra companheira da Torre, a economista Diva Burnier, 63 anos. Na cadeia, Dilma, que abandonara a faculdade por causa da clandestinidade, dava aulas de economia para as colegas e participava dos debates. Num deles, defendeu a ampliação dos limites marítimos do Brasil. “Embora fosse uma iniciativa dos militares, Dilma apoiava, pois acreditava ser uma questão de soberania”, recorda Rose. “Hoje é fácil perceber a importância daquela decisão, tanto por causa da biodiversidade como pelo pré-sal.”

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Diante do Tiradentes, mães de estudantes fazem protesto contra a prisão de seus filhos. As mães das “donzelas da Torre” chegavam para as visitas nas tardes de sábado. Era o contato delas com o “mundão”

Aos 82 anos, a advogada Therezinha Zerbini, mulher do general Euryale de Jesus Zerbini, cassado em 1964, também recorda de Dilma com admiração. Presa na Torre durante o ano de 1970, Therezinha se destacava tanto pela origem quanto por ser uma senhora entre a população carcerária extremamente jovem. “As amigas dela me chamavam de ‘burguesona’ e ela me defendeu. Ela tinha uma liderança nata”, diz Therezinha. Quando precisava, Dilma endurecia. No final do ano, Therezinha estava bordando o vestido que a filha usaria no Réveillon quando um grupo de militares a procurou. “Acho que queriam me convencer a entrar num programa de arrependidos”, diz, referindo-se aos presos que foram à tevê renegar a opção pela resistência ao regime. “Não quis atendê-los. Eles voltaram mais tarde e, quando eu estava mandando-os ir embora, a Dilma gritou: ‘Dá duro neles, Therezinha. Se precisar, nós colocamos todos para fora’ .”

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Naqueles tempos, a atitude desafiadora só seria possível mesmo no presídio Tiradentes. Como muitos torturadores costumavam repetir durante as sessões que promoviam, o Tiradentes “era o paraíso”. Isso porque, ao entrar no presídio, a pessoa estava com a prisão reconhecida pelo Estado. Às vezes, era levada para interrogatórios em outras instituições, mas praticamente não corria risco de morrer ou “desaparecer”. Na escala macabra estabelecida nos porões do regime, a Operação Bandeirante (Oban) era o inferno, ficando o purgatório por conta da Delegacia Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Como várias companheiras de cadeia, Dilma passou pelo inferno e pelo purgatório antes de chegar à Torre.

Por conta das sevícias, sofreu uma disfunção hormonal que levou anos para ser curada. Não perdeu, porém, o gosto pela vida. Com Cida, passava horas lendo os livros de ficção científica. Quando o rodízio do único aparelho de tevê da Torre caía em sua cela, entrava na madrugada vendo os filmes da sessão “Varig, a dona da noite”. Aprendeu até a bordar. “Ela fez uma tapeçaria com flores coloridas, que colocamos na parede”, lembra Rose. Na Copa do Mundo de 1970, acompanhou os jogos de perto. “A Dilma torceu muito pela Seleção Brasileira”, diz a socióloga Rosalba de Almeida Moledo, 66 anos.

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Criado em 1852, o presídio Tiradentes recebeu no começo escravos recapturados.
A Torre das Donzelas, onde ficaram Dilma e suas companheiras, é a construção redonda ao centro. Todo o complexo foi demolido a partir de 1973, durante a construção do metrô

No período em que o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, seu companheiro, permaneceu encarcerado no Tiradentes, Dilma se comunicava com ele com a ajuda dos presos comuns. A rota usada por ela e outras presas políticas consistia em baixar mensagens por meio de uma corda artesanal, chamada “teresa”, para a carceragem dos “comuns”, que ficava embaixo da Torre. “De cela em cela, as mensagens chegavam ao destinatário, na ala dos presos políticos”, comenta Guiomar. “O recurso também era fundamental para sabermos o que estava acontecendo lá fora.”

Outro canal com o “mundão” eram as visitas, nas tardes de sábado, a maioria proveniente da capital paulista. “Nossas famílias, de Belo Horizonte, não conseguiam viajar com tanta frequência”, diz a pró-reitora da Universidade Federal de São Paulo, Eleonora Menicucci de Oliveira, 66 anos. “De qualquer forma, a mãe da Dilma e o irmão dela conseguiam vir bastante. Era uma alegria.” Para a mãe e as irmãs de Eleonora, viajar era mais complicado. Elas cuidavam de Maria, a filha de Eleonora, que tinha apenas um ano e dez meses quando a mãe foi presa.

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Conhecidas desde os tempos em que estudavam em Belo Horizonte, Dilma e Eleonora comemoravam com as meninas da Torre o Natal, o Réveillon e o Carnaval. As fantasias eram improvisadas, é claro, mas havia até desfile no “celão”. No caso de Dilma, as estratégias para manter o moral elevado atrás das grades também passava pelo humor. “Ela pôs apelido em todas nós”, conta Rita. “Uma era a Ervilha, outra a Moló, porque tinha jogado um coquetel-molotov em uma ação.” Essa faceta pouco conhecida de Dilma é ressaltada por outras entrevistadas. “Ela tem um humor impagável”, garante Eleonora. Quando a hoje presidenciável deixou a Torre, as companheiras de cadeia repetiram o ritual criado para o momento da libertação: cantaram “Suíte do Pescador”, de Dorival Caymmi, que começa com o verso “Minha jangada vai sair pro mar”. Quase 40 anos depois, tudo o que sobrou do presídio foi o portal de pedra, tombado como patrimônio histórico. No final de 1972, a construção de 1852 começou a ser demolida, para a construção do metrô paulistano.


do Gilson Sampaio


Dilma "nocateou" intelectualmente o "Agripino" da Folha




No programa Roda Viva, o jornalista Sérgio Dávila, da Folha de São Paulo, teve seu dia de José Agripino Maia (DEMo/RN).

Fez uma pergunta provocativa e insolente (porque repetida), se Dilma teria encomendado "dossiê", e recebeu uma resposta à altura.

Dilma Rousseff desafiou a Folha a provar o que escreve, e trazer a público os papéis que a Folha não mostra e diz que é "dossiê". O suposto dossiê nunca apareceu, ela nunca viu, e nem sabe se existe. Dilma disse ter ouvido falar, pela própria imprensa, da existência de reportagem de Amaury Ribeiro Junior.

Dilma disse que estas acusações levianas estão sendo respondidas com processos contra quem acusa (sem citar o nome de Serra, que está sendo processado). Só não processou a Folha porque enquadra-se na liberdade de imprensa, com o álibi da proteção da fonte.

O jornalista tentou insistir para que Dilma relesse a reportagem, e Dilma reafirmou que já leu várias vezes, e confirmou que as acusações são infundadas, insistindo para que o jornal apresente provas.

do Com texto livre


Clique aqui para assistir a entrevista da futura PRESIDENTE do Brasil ao Roda Viva.

Dilma cobra provas e eleva tom ao rebater suposto dossiê anti-Serra