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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 31, 2012

Despenca popularidade de Kassab

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) mantém o menor índice de popularidade de seu segundo mandato, aponta a pesquisa Datafolha publicada nesta segunda (30). De acordo com pesquisa realizada nos dias 26 e 27 de janeiro, 22% dos eleitores aprovam a atual gestão.

Kassab_pe_na-bundaConforme publicou o portal “Vermelho”, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab tem apenas 22% de bom e ótimo, o que na minha opinião e diante do que vem promovendo em São Paulo ainda está muito alto.
Na verdade o que Kassab vem fazendo mesmo é uma onda de terror aos menos favorecidos, numa clara política higienista e  preconceituosa principalmente com os moradores de rua. Administrar a cidade mesmo, nada. São buracos nas ruas, falta de médicos, alagamentos até quando não chove, como aconteceu ontem durante a madrugada na Rua São Caetano, perto da Avenida do Estado, onde três faixas de rolamento foram bloqueadas no sentido Santana e uma série de desmandos com o dinheiro público.
O resultado da pesquisa mostra uma oscilação dentro da margem de erro (três pontos percentuais, para mais ou para menos) em relação à última pesquisa, feita em dezembro, quando 20% dos entrevistados avaliaram seu governo como ótimo ou bom.
A aprovação ao prefeito vinha em curva descendente desde julho de 2010, quando 42% dos entrevistados avaliavam seu governo positivamente. Como a variação entre os resultados de dezembro e de janeiro está dentro da margem de erro, não é possível afirmar se essa tendência se inverteu.
A reprovação à gestão Kassab também permaneceu estável: 37% dos eleitores consideram seu governo ruim ou péssimo, contra 40% na pesquisa anterior. Os que veem sua administração como regular são 39% em janeiro, ante 38% no mês passado.
A melhor avaliação da gestão Kassab aconteceu durante a campanha eleitoral que o reconduziu ao cargo, em 2008. Na semana seguinte ao primeiro turno, 61% dos eleitores avaliavam seu governo como ótimo ou bom.
No momento em que Kassab negocia o apoio de seu partido na disputa pela sucessão municipal, a pesquisa também mostra que 46% dos eleitores não votariam no candidato indicado pelo prefeito e que seu apoio seria indiferente para 37%.
A pesquisa foi feita com 1.090 eleitores da cidade de São Paulo e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número 00001/2012.
É esperar que o povo crie juízo e em vez de ser expulso de suas moradias, que expulsem esses pilantras do poder.
Por: Eliseu
*Ocarcará

Charge do Dia

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Emigrantes brasileiros manifestam por Pinheirinho em Berlim

Reprodução
Correio do Brasil

Emigrantes manifestaram diante da Embaixada do Brasil, em Berlim, contra violências cometidas no bairro de Pinheirinho pelo governo e polícia paulistas.




















Amanhã, emigrantes brasileiros residentes em Berlim, Alemanha, irão manifestar, mais uma vez, em frente do imponente prédio da Embaixada Brasileira (herança da época FHC, cujo estranho aluguel saiu mais caro que uma compra) contra a ação policial paulista, no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos.

Os emigrantes ja fizeram uma manifestação, na semana passada, logo depois da invasão de Pinheirinho, com cartazes denunciando a violência e a truculência policial, destinada aplicar uma decisão judicial que colocou na rua mais quase sete mil pessoas e favorecer, em nome da lei, especuladores imobiliários.

Na falta de uma posição oficial do órgão representativo dos emigrantes brasileiros, o chamado CRBE, Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior, foi o secretário da entidade, José Paulo Ribeiro, que, em seu nome pessoal, José Paulo Ribeiro, divulgou um comunicado de solidariedade aos expulsos de Pinheirinho, lembrando que emigrantes brasileiros e excluídos da sociedade brasileira vivem as mesmas dificuldades e sofrem as mesmas violências.


Segue o comunicado -


Solidariedade aos excluídos de Pinheirinho

Acho que os excluídos da sociedade brasileira e os emigrantes têm coisas em comum. Uns lutam para ter emprego, moradia e alimentação, um lugar, mas não encontram. Os outros preferiram partir para sobreviver .

A imprensa internacional publicou e se tornou uma mancha para nosso país o ocorrido no terreno ocupado de Pinheirinho, em São José dos Campos, cujos habitantes foram desalojados à força – inclusive crianças, idosos e doentes –sem sequer terem tempo de salvar seus poucos móveis, roupas e utensílios domésticos.

Atirados na rua de maneira violenta, lembram cenas do ataque de Soweto, na antiga África do Sul do apartheid.

Quase 7 mil pessoas tratadas como gado e lixo, para desocuparem um terreno destinado, provavelmente, a beneficiar especuladores imobiliários. Nada se fez previamente para lhes garantir uma transferência para outras habitações, dentro da dignidade e do respeito aos direitos humanos.

Como secretário do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no Exterior não posso ficar calado e me junto aos emigrantes que, como ocorreu em Berlim, foram protestar contra essa indignidade diante da embaixada brasileira. Não podemos aceitar uma sociedade de apartheid social, como essa aplicada pelo governo de São Paulo.

Peço, como estipula nosso regimento e decreto de criação, que este protesto seja encaminhado ao ministro Antonio Patriota, a fim de que o governo seja informado da indignação dos brasileiros do exterior. E que esses milhares de desalojados sejam acolhidos e protegidos pelo governo federal, em respeito aos princípios de direitos humanos assumidos pelo Brasil diante de órgãos internacionais como a ONU, OEA e diante da própria população brasileira.

E que cada emigrante envie uma carta,cartão à embaixada ou consulado de sua região, assinalando seu protesto, ou organize uma manifestação com as associações locais de emigrantes, nos consulados e embaixadas de suas cidades. José Paulo Ribeiro, secretário do CRBE.


Rui Martins, correspondente em Genebra.
*cappacette

Safatle: SP é com “F” de Fascismo


Safatle: SP é com “F” de Fascismo

Saiu na Folha (*) excelente artigo de Vladimir Safatle sobre a “Escala F”, de Fascismo e a pesquisa do Datafalha que mostrou como tucanos e petistas de São Paulo aprovaram – com incontido entusiasmo ! – o Massacre da Cracolândia.

(A aprovação ao Massacre de Pinheiro deve ser ainda maior.)

Trata-se de leitura indispensável, especialmente num Estado que se considera vencedor da Guerra da Secessão de 1932 e há 17 anos se deixa governar por políticos que se especializam em vender o patrimônio público (Ciro Gomes explicou o papel do  Padim Pade Cerra na venda de São Paulo) e assegurar “reintegração de posse”.

Essa é uma especialidade dos tucanos de São Paulo.

É assim com a Cutrale, Naji Nahas, o ramo imobiliário de Pinheirinho e da Cracolândia: duco, non ducor.

Diz Safatle (que não deve durar muito na Folha (*). Já, já o Cerra pede a cabeça dele):

Escala F


Na década de 50, o filósofo alemão Theodor Adorno (1903-1969) uniu-se a um grupo de psicólogos sociais norte-americanos para desenvolver um estudo pioneiro sobre o potencial autoritário inerente a sociedades de democracia liberal, como os Estados Unidos.


O resultado foi, entre outras coisas, um conjunto de testes que permitiam produzir uma escala (conhecida como Escala F, de “fascismo”) que visava medir as tendências autoritárias da personalidade individual.


Por mais que certas questões de método possam atualmente ser revistas, o projeto do qual Adorno fazia parte tinha o mérito de mostrar como vários traços do indivíduo liberal tinham profundo potencial autoritário.


O que explicava porque tais sociedades entravam periodicamente em ondas de histeria coletiva xenófoba, securitária e em perseguições contra minorias.


O que Adorno percebeu na sociedade norte-americana vale também para o Brasil. Na semana passada, esta Folha divulgou pesquisa mostrando como a grande maioria dos entrevistados apoia ações truculentas como a internação forçada para dependentes de drogas e intervenções policiais espetaculares como as que vimos na cracolândia.


Se houvesse pesquisa sobre o acolhimento de imigrantes haitianos e sobre a posição da população em relação à ditadura militar, certamente veríamos alguns resultados vergonhosos.

Tais pesquisas demonstram como a idealização da força é uma fantasia fundamental que parece guiar populações marcadas por uma cultura contínua do medo.


É preferível acreditar que há uma força capaz de “colocar tudo em ordem”, mesmo que por meio da violência cega, do que admitir que a vida social não comporta paraísos de condomínio fechado.


Sobre qual atitude tomar diante de tais dados, talvez valha a pena lembrar de uma posição do antigo presidente francês François Mitterrand (1916-1996).


Quando foi eleito pela primeira vez, em 1981, Mitterrand prometera abolir a pena de morte na França. Todas as pesquisas de opinião demonstravam, no entanto, que a grande maioria dos franceses era contrária à abolição.


Mitterrand ignorou as pesquisas. Como se dissesse que, muitas vezes, o governo deve levar a sociedade a ir lá aonde ela não quer ir, lá aonde ela ainda não é capaz de ir. Hoje, a pena de morte é rejeitada pela maioria absoluta da população francesa.


Tal exemplo demonstra como o bom governo é aquele capaz de reconhecer a existência de um potencial autoritário nas sociedades de democracia liberal e a necessidade de não se deixar aprisionar por tal potencial.


VLADIMIR SAFATLE

Navalha
Ainda na pág. 3 da Folha (*), observa-se metamorfose que está a desafiar Físicos e Biólogos mundo afora.
Certo colonista (**) da Folha (*) e do Globo (dos dois ! Trata-se de um Mega-Colonista Piguento !), portador de inúmeros chapéus, descreveu certo líder político de Pinheirinho como uma cruza de “Maníaco do Parque” com Jovem Stalin.
Um monstro !
Não fora ele, o “Monstro”, tudo teria sido resolvido por notável empresa particular do ramo imobiliário.
Essa foi exatamente a explicação que, dias depois, o ansioso blogueiro ouviu de lideranças empresariais e do prefeito (do PSDB) de São José dos Campos.
Não fossem os líderes comunitários, os moradores de Pinheirinho sairiam dali com a alegria de quem passeia em Disney.
O problema era o Marrom.
Marrom, Valdir Martins, e Guilherme Boulos – outro “Monstro” – escrevem na Folha (*) artigo sensato:
Que diz:
O Pinheirinho está em uma região de expansão imobiliária, sob um forte assédio das construtoras e incorporadoras de São José dos Campos
Em setembro, as manchetes dos jornais de São José dos Campos estampavam a notícia de um acordo para regularizar o bairro do Pinheirinho. Após sete anos, as 1.600 famílias dessa comunidade teriam a sua situação de moradia resolvida.
Quatro meses depois, a Polícia Militar de São Paulo iniciou uma operação de guerra que terminou com o despejo da comunidade, dezenas de presos e feridos e cinco desaparecidos até o momento.
A ordem partiu da juíza de São José, Marcia Loureiro, que se revelou uma combatente incansável pelos interesses do proprietário. Se houvesse um prêmio Naji Nahas, certamente seria ela a ganhadora deste ano. Contou com a aprovação irrestrita do presidente do TJ, o desembargador Ivo Sartori.
Ambos pertencem a um tribunal assolado por denúncias de super-salários e sonegação fiscal por parte de vários de seus desembargadores. Que moral têm eles para definir o destino de famílias trabalhadoras?
Encontraram, porém, aliados de primeira hora no governador e no prefeito de São José, ambos do PSDB e com uma lista de financiadores de campanha recheada de empreiteiras e especuladores imobiliários.
O que uniu todos eles foi a prestação de um valioso serviço ao capital imobiliário. A ocupação representava uma verdadeira pedra no sapato dos “empreendedores” imobiliários de São José dos Campos.
Ela está localizada em uma região de expansão imobiliária, onde ainda restam muitas áreas vazias, sob um forte assédio de construtoras e incorporadoras. Por isso, o despejo do Pinheirinho era uma reivindicação antiga do capital imobiliário da região. Além de liberar a área da ocupação, ela também valorizaria os bairros vizinhos.
Alckmin, o prefeito Cury e os honoráveis magistrados do TJ não poderiam negar um pedido tão importante de amigos tão valiosos. A presidenta Dilma, que também teve a sua campanha eleitoral fartamente financiada por construtoras, poderia ter desapropriado o terreno, mas não fez isso. As cartas estavam marcadas.
Os editoriais de grandes jornais se apressaram em condenar os “invasores” e em atribuir o conflito a interesses de partidos radicais, que teriam contaminado os pobres moradores. É preciso recordar que a imensa maioria das periferias urbanas brasileiras, pela ausência de políticas públicas, resultou de processos de ocupação. Pretendem despejar dezenas de milhões de famílias que vivem em áreas ocupadas?
Além disso, não é demais lembrar que a ideia de “maus elementos radicais manipulando uma massa ingênua” foi o argumento preferido da ditadura militar para desqualificar os movimentos de resistência. Parte da tese conservadora de que o povo brasileiro é naturalmente pacato e resignado, só se movendo por influência externa.
A síntese dos disparates proferidos sobre a operação foi dada pela secretária de Justiça de Alckmin, Eloísa Arruda, para quem a legalidade está acima dos direitos humanos.
É triste constatar que o que ocorreu no Pinheirinho não foi um fato isolado. Trata-se de expressão de uma política conduzida pela especulação imobiliária e por seus amigos no Estado, que coloca a valorização das terras e os lucros com os empreendimentos acima da vida humana. Este processo, aliás, tem se tornado cada vez mais cruel, com as obras da Copa 2014. Infelizmente, outros Pinheirinhos virão.
GUILHERME BOULOS, 29, é membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto), militante da Frente de Resistência Urbana e da CSP Conlutas
VALDIR MARTINS, o Marrom, 54, líder da comunidade do Pinheirinho (Movimento Urbano Sem-Teto), é militante da Frente de Resistência Urbana e da CSP Conlutas

O padrão tucano de Cury, prefeito de São José dos Campos

Eduardo Cury maltrata moradora em rádio de São José dos Campos
 
*Advivo

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Dilma e Wagner mostram em Camaçari o que Alckmin deveria fazer em Pinheirinho

Dilma cumprimenta populares em Camaçari.
A presidenta Dilma e o governador Jacques Wagner (PT/BA) assinaram nesta segunda-feira ordem de serviço para início das obras de construção de moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, em Camaçari (Bahia).

2.357 famílias que vivem nas áreas de risco ao longo do Rio Camaçari irão se mudar, assim que as casas estiverem prontas.
Além das casas, serão feitas obras de revitalização urbanística e ambiental, com saneamento, abastecimento de água, saneamento, drenagem, dragagem do rio, despoluição dos afluentes, recuperação do Horto Florestal, com a criação do Parque Botânico.
Os recursos provem do PAC 2, totalizando R$ 274 milhões.
São coisas assim que deveriam ter sido feitas no Pinheirinho, e só não foram porque os governos tucanos estadual e municipal não fazem projetos para pobres saírem da pobreza. Preferem fazer política ao agrado de Naji Nahas.
O discurso da Presidenta está aqui.

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto


Ontem, também em Salvador, a Presidenta participou da cerimônia em memória às vítimas do Holocausto, junto ao governador Jacques Wagner e as ministras Luiza Bairros (Promoção da Igualdade Racial) e Maria do Rosário (Direitos Humanos).
Em seu discurso a Presidenta além de solidarizar com as vítimas, defender mecanismos para que jamais aconteça novamente, lembrou que o Brasil apoiou a criação do estado de Israel desde a primeira hora e o governo brasileiro considera imprescindível para a paz a criação também de um Estado Palestino.
*osamigosdopresidentelula

O velho e bom 'Manifesto Comunista


*Tecedora

Caso Rita Lee: a resposta do governador Marcelo Deda

 


Governador: "Ninguém está acima da lei"

Com exclusividade, o governador Marcelo Déda dá a sua versão sobre o episódio ocorrido com a cantora Rita Lee no seu último show, em Aracaju, no sábado passado
Aracaju(SE), 29 de janeiro de 2012.
Meu caro Moreno,
Não posso responder ao Drummond - faltam-me engenho e arte. Mas posso, ao menos, contar o que aconteceu no sábado passado. É o testemunho de quem esteve lá e servirá para mostrar a abissal distância entre o episódio da Nara, que o Poeta Maior cantou e denunciou, e aquilo que aconteceu sábado no show da Rita Lee:
No último sábado, 28, fiz um programa igual ao de outros 20 mil sergipanos e turistas que curtiam o Verão Sergipe na praia de Atalaia Nova, no município de Barra dos Coqueiros, uma ilha paradisíaca entre o Atlântico e o Rio Sergipe - fui ver o show da Rita Lee.
Era a segunda vez que ela se apresentava no evento, um Festival gratuito, realizado nas praias próximas a Aracaju e organizado pelo governo do Estado, com o apoio de patrocinadores privados. Dessa vez seria especial, a rainha do rock pretendia encerrar neste espetáculo a sua presença nos palcos. Tenho 51 anos de idade e o som da Rita Lee sempre eseteve na minha "playlist". No local do evento me encontrei com minhas duas filhas, Marcella e Yasmin que também foram prá festa.
p>A minha expectativa era a melhor possível, o ambiente ajudava. A arena aberta, sem cercas ou qualquer restrição de entrada, na Praça de Eventos Jugurta Barreto, inaugurada na sexta, acolhia uma multidão bonita e alegre. Na noite anterior a banda de rock The Baggios abrira a noite e fora seguida pelos Paralamas do Sucesso e por Margareth Menezes. Um lindo espetáculo, pacífico, e sem qualquer incidente digno de nota, como é a característica do evento. Mal sabia que iria testemunhar uma imensa confusão. Ainda no início do show, Rita Lee implicou com a presença da Polícia no evento. Reclamou da presença dos "capacetes". Disse que tinha "paranóia"de políca e que se sentia incomodada com a sua presença. Exigiu que os policiais saísem da praça, aconselhando-os a fumar um baseado e prender políticos corruptos. Era só o começo...
Alguns minutos depois, aparentemente sem nenhuma razão, sem que se pudesse perceber qualquer conflito ou briga no público, a artista começou a agredir verbalmente os policiais que faziam a segurança do evento com palavrões, ao mesmo tempo que pedia ao público um "baseado" e desafiava a polícia a prendê-la. "Cachorros", "cavalos", "cafajestes", "f.d.p.", foram algumas das expressões dirigidas aos policiais. O público, excitado e incentivado pela artista, respondia aos seus apelos de vaia e repetiam em coro as ofensas.
Foram momentos de grande tensão. Imagens produzidas por várias fontes foram postadas no You Tube e estão acessíveis a todos que queiram examiná-las.
Sou pai e pensei nos pais que esperavam em casa a volta daqueles meninos que ali estavam. Se um policial prendesse um dos fãs da cantora, como reagiria a multidão? Se um dos expectadores agredisse um policial, como reagiria a polícia? Se os policiais aceitassem a provocação e tentassem subir ao palco, o que poderia acontecer naquele evento? Confesso que temi uma tragédia. Um conflito entre policiais e um público de 20 mil pessoas jamais acabaria bem. A integridade física dos cidadão e dos policiais estavam em risco. Talvez o show terminasse com um ou mais corpos estendidos no chão... Orientei o comando a retirar os policiais do meio da multidão. A polícia atendeu a ordem e se comportou exemplarmente: ferida nos seus brios, agredida e vaiada, não revidou, não perdeu o controle, não agiu por impulso. Retirou-se de forma pacífica e organizada.
O show foi apresentado integralmente, com o tradicional "bis", sem que qualquer intervenção externa fosse produzida. Finda a apresentação as autoridades policiais presentes adotaram as medidas previstas na lei, registraram a ocorrência e ouviram a cantora, sem qualquer agressão ou ameaça à sua integridade, nem a da sua equipe.
Hoje as redes sociais amanheceram em reboliço. Opiniões de todo o tipo. Manifestações críticas e de apoio com a passionalidade tradicional nessas mídias. Quem lá estava apresentava suas versões, quem sequer chegara perto também fazia questão de baixar decreto e assinar sentença condenando a parte que julgasse culpada
O episódio foi encerrado, eu e a minha equipe lamentamos profundamente o acontecimento. Uma noite que tinha tudo para ser uma homenagem do público a uma das mais importantes artistas brasileiras transformou-se numa ocorrência policial. No entanto, como governador e cidadão não posso aceitar que o carinho natural que dedicamos aos artistas que admiramos, encubra a realidade e nos afaste de algumas reflexões necessárias:
1) Não é correto pedir para retirar a polícia de um evento em praça pública, aberto, gratuito, com um público estimado em quase 20 mil pessoas. É dever inafastável do poder público policiar a área e proteger o público e os próprios artistas.
2) A ação da polícia sergipana não foi abusiva. Não há um registro de excesso até agora. Se os policiais agissem de forma ilegal e violenta eu seria o primeiro a adotar as medidas para a punição de quem assim agisse. Eu estava no evento e não vi nenhum ato da polícia que justificasse a reação da cantora.
3) O artista tem o direito de expressar livremente a sua arte e as suas convicções sobre qualquer tema político, social, comportamental , etc., sem sofrer qualquer restrição ou ameaça. O artista tem o dever, inerente ao seu papel social, de denunciar a violência e o abuso quando os testemunha. Mas não pode se valer do seu prestígio e do carinho dos seus fãs para, sem qualquer justificativa, criar um clima de tensão e incitar o público contra a polícia, ofendendo e desacatando quem está ali com o dever legal de garantir a segurança pública, justificando-se com a afirmação de que aquilo "é rock'n roll".
4) Cumprir a lei pode ser chato e careta para alguns, mas ninguém está acima dela: nem o governador, nem o policial, nem o artista. Todos temos o dever de observá-la e o direito de buscar mudar aquelas que julgamos injustas.
5) Ninguém foi preso. O show foi concluído sem qualquer interferência. Prestar depoimento, com opção de poder fazê-lo 7 horas depois da ocorrência, não é prisão nem constrangimento ilegal. A artista foi conduzida à delegacia ao sair do evento porque preferiu assim e registrou no seu perfil no twitter. Foi ouvida com tranquilidade, sem mais incidentes e os seus argumentos registrados na forma legal.
6)Criticar a polícia pode ser mais fácil . Condenar aprioristicamente qualquer ação policial pode até dar ibope para alguns, mas eu não farei isso. Ninguém me contou, eu estava lá . Portanto, é meu dever solidarizar-me com os homens e as mulheres da Polícia Militar de Sergipe ofendidos de forma injusta e grosseira e elogiá-los pela forma como reagiram às provocações, evitando o conflito e preservando a integridade de todos.
Não sei se foi Chico Buarque quem disse certa vez que nem toda loucura é sinônimo de genialidade e nem toda lucidez é sinal de velhice. Ouso dizer que viver o equilíbrio entre ambas - loucura e lucidez - produz grandes obras e eterniza grandes artistas. Continuarei a aplaudir e respeitar todos os que na vida e na arte constroem essa maravilhosa síntese.
Receba o forte abraço do seu amigo,
Marcelo Déda.
*Nassif

Porto Alegre sediará 1º Fórum Social Palestina Livre

 
by Marco Aurélio Weissheimer.

A cidade de Porto Alegre sediará em 29 de novembro de 2012 o 1º Fórum Social Palestina Livre. Presente no Fórum Social Temático 2012, o coordenador domovimento Stop the Wall, o palestino Jamal Juma lembrou que, em 2012, completa-se 45 anos da ocupação do território palestino por Israel e 10 anos da construção do muro nestes territórios por Israel. O encontro em Porto Alegre deverá reunir organizações de vários países para expressar solidariedade à luta do povo palestino. O I Encontro Nacional de Solidariedade ao Povo Palestino, realizado em novembro de 2011, na Escola Florestan Fernandes, criou o comitê preparatório para a realização do Fórum e o Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Palestino.
*Turquinho