Emigrantes brasileiros manifestam por Pinheirinho em Berlim
Amanhã, emigrantes brasileiros residentes em Berlim, Alemanha, irão manifestar, mais uma vez, em frente do imponente prédio da Embaixada Brasileira (herança da época FHC, cujo estranho aluguel saiu mais caro que uma compra) contra a ação policial paulista, no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos.
Na
falta de uma posição oficial do órgão representativo dos emigrantes
brasileiros, o chamado CRBE, Conselho de Representantes dos Brasileiros
no Exterior, foi o secretário da entidade, José Paulo Ribeiro, que, em
seu nome pessoal, José Paulo Ribeiro, divulgou um comunicado de
solidariedade aos expulsos de Pinheirinho, lembrando que emigrantes
brasileiros e excluídos da sociedade brasileira vivem as mesmas
dificuldades e sofrem as mesmas violências.
Segue o comunicado -
Solidariedade aos excluídos de Pinheirinho
Acho
que os excluídos da sociedade brasileira e os emigrantes têm coisas em
comum. Uns lutam para ter emprego, moradia e alimentação, um lugar, mas
não encontram. Os outros preferiram partir para sobreviver .
A
imprensa internacional publicou e se tornou uma mancha para nosso país o
ocorrido no terreno ocupado de Pinheirinho, em São José dos Campos,
cujos habitantes foram desalojados à força – inclusive crianças, idosos e
doentes –sem sequer terem tempo de salvar seus poucos móveis, roupas e
utensílios domésticos.
Atirados na rua de maneira violenta, lembram cenas do ataque de Soweto, na antiga África do Sul do apartheid.
Quase
7 mil pessoas tratadas como gado e lixo, para desocuparem um terreno
destinado, provavelmente, a beneficiar especuladores imobiliários. Nada
se fez previamente para lhes garantir uma transferência para outras
habitações, dentro da dignidade e do respeito aos direitos humanos.
Como
secretário do Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no
Exterior não posso ficar calado e me junto aos emigrantes que, como
ocorreu em Berlim, foram protestar contra essa indignidade diante da
embaixada brasileira. Não podemos aceitar uma sociedade de apartheid
social, como essa aplicada pelo governo de São Paulo.
Peço,
como estipula nosso regimento e decreto de criação, que este protesto
seja encaminhado ao ministro Antonio Patriota, a fim de que o governo
seja informado da indignação dos brasileiros do exterior. E que esses
milhares de desalojados sejam acolhidos e protegidos pelo governo
federal, em respeito aos princípios de direitos humanos assumidos pelo
Brasil diante de órgãos internacionais como a ONU, OEA e diante da
própria população brasileira.
E
que cada emigrante envie uma carta,cartão à embaixada ou consulado de
sua região, assinalando seu protesto, ou organize uma manifestação com
as associações locais de emigrantes, nos consulados e embaixadas de suas
cidades. José Paulo Ribeiro, secretário do CRBE.
Rui Martins, correspondente em Genebra.
*cappacette
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