Não adianta o PSDB tergiversar... Fizeram terrorismo no pinheirinho - diz Carvalho
O ministro deu a declaração em conversa com a imprensa após participar do painel Os sentidos da democratização, dentro das atividades da edição temática do Fórum Social Mundial.
Gilberto Carvalho disse que o cuidado na organização do aparato militar na ação de Pinheirinho não foi seguido da adequada cautela em reacomodar os moradores do bairro pobre de São José dos Campos – expulsos de suas casas por decisão da Justiça paulista, que ignorou duas liminares da Justiça federal e resolveu desapropriar as mais de 5 mil famílias da área que pertence à massa falida de uma empresa do megainvestidor Naji Nahas.
O ministro lembrou que houve – e há – desejo de dialogar por parte do governo federal, mas que as tentativas de conversação não foram atendidas. “O diálogo não foi levado até o final, preferiu-se executar uma ação militar que deu no que deu”, criticou, acrescentando que “no centro de tudo isso, fica a pergunta: o ser humano é apenas um objeto que pode ser carregado de um lado para o outro?”.
Gilberto Carvalho considera que, agora, o principal problema a ser resolvido é garantir um lugar para as famílias expulsas do Pinheirinho morarem. “É isso que importa agora, que as famílias encontrem um espaço digno para viverem”.
O ministro Gilberto Carvalho acusou o PSDB – partido do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – de tentar “tergiversar” a respeito da discussão sobre a desocupação de Pinheirinho. Em entrevista em Porto Alegre, o petista rebateu a nota divulgada pela direção nacional dos tucanos, que afirma que o governo federal estaria tentando “politizar” a questão.
“Lamento muito que se tente tergiversar a realidade. O Brasil inteiro viu”, observou Gilberto Carvalho. Ele recordou que o secretário nacional de Articulação Social – vinculado à sua pasta – tentou negociar no momento da ação policial, mas acabou levando um tiro com bala de borracha na perna.
“O Paulo Maldos, que foi alvejado, estava lá porque acreditou que haveria diálogo. Não há politização ou questão eleitoral, o que há é a necessidade da denúncia de um método equivocado. Afinal, há a realidade que o pais inteiro viu”, explicou.
O ministro reiterou que o governo federal “respeita” o governo do estado de São Paulo. “Temos uma boa relação. Procuramos pontuar a diferença de métodos e nos oferecemos para ajudar a resolver o problema daquelas famílias”, resumiu. (Do Sul21)
Os erros de Alckmin
Governador de São Paulo tenta se
antecipar ao governo federal, promove ação truculenta contra 1,7 mil
famílias em desocupação de terreno e precipita o fim da lua de mel com o
Planalto
Na tentativa de se mostrar mais
ágil do que a administração federal, em menos de um mês o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), protagonizou duas ações precipitadas,
que indicam o fim de sua lua de mel com o governo da presidenta Dilma
Rousseff. Suas iniciativas foram alvo de milhares de protestos nas redes
sociais e estão sob o olhar de organizações internacionais de direitos
humanos.
A mais truculenta ocorreu na
última semana. Às 6 horas da manhã do domingo 22, as cerca de 1,7 mil
famílias que ocupavam, desde 2004, a área conhecida como Pinheirinho, em
São José dos Campos, interior de São Paulo, foram surpreendidas com a
presença de dois mil homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Com forte aparato repressivo, os soldados estavam ali para cumprir uma
decisão judicial de reintegração de posse do terreno, de 1,3 milhão de
metros quadrados, pertencente à massa falida da empresa Selecta, do
empresário Naji Nahas. Rapidamente, os tratores entraram em ação. Uma a
uma, as casas eram postas abaixo, numa ação que o coronel da Polícia
Militar Manoel Messias considerava um sucesso, enquanto gabava-se do
fator surpresa.
Aos que tentavam resistir ou voltar ao local, a dispersão era garantida com tiros de borracha e bombas de efeito moral. Até o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, escalado para negociar com os moradores, foi alvejado. "Tenho militância, antes da ditadura militar, e pela primeira vez sou agredido dessa maneira, exatamente durante a democracia", declarou. Jornalistas tinham seu acesso à área restringido "para garantir a segurança", nas palavras da PM, e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenavam a operação. Sem rumo, os desalojados perambulavam atrás de auxílio. A truculência evidencia que o governo paulista parece ignorar os princípios do próprio PSDB, partido de Alckmin. Segundo o ideário da legenda, invasão de terra é questão social e não de polícia.
Aos que tentavam resistir ou voltar ao local, a dispersão era garantida com tiros de borracha e bombas de efeito moral. Até o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, escalado para negociar com os moradores, foi alvejado. "Tenho militância, antes da ditadura militar, e pela primeira vez sou agredido dessa maneira, exatamente durante a democracia", declarou. Jornalistas tinham seu acesso à área restringido "para garantir a segurança", nas palavras da PM, e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenavam a operação. Sem rumo, os desalojados perambulavam atrás de auxílio. A truculência evidencia que o governo paulista parece ignorar os princípios do próprio PSDB, partido de Alckmin. Segundo o ideário da legenda, invasão de terra é questão social e não de polícia.
TRUCULÊNCIA Batalhão da PM surpreende moradores do Pinheirinho com a violência empregada durante reintegração de posse do terreno |
A ação policialesca de
Alckmin foi recebida com revolta e sentimento de traição em Brasília.
Em nome do Ministério das Cidades, o secretário-executivo da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Rogério Sottili, vinha
mantendo tratativas com o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury
(PSDB), sobre a questão de Pinheirinho. De acordo com ele, o governo
federal recebeu há duas semanas a informação de que poderia haver
confronto na área, caso se confirmasse a ação de reintegração de posse
pela Polícia Militar.
Preocupado, Sottili entrou
então em contato com o prefeito Cury e também procurou o ex-ministro
José Gregori propondo uma saída negociada ao governador Geraldo Alckmin.
"Eu me coloquei à disposição e o prefeito me recebeu superbem.
Acertou de vir a Brasília na quinta-feira 19, mas depois pediu que sua
secretária cancelasse a audiência", explica. Para o
secretário-executivo, Cury, ao cancelar o compromisso, deu a entender
que a desocupação do terreno seria adiada por 15 dias. "Estávamos em
contato e fiquei surpreso com a ação da PM. Na verdade, eles estavam
preparando a reintegração de posse, enquanto negociavam conosco",
afirma. Entre as soluções negociadas, o Palácio do Planalto chegou a
propor o fatiamento da área e a construção de conjuntos habitacionais
dentro do programa Minha Casa Minha Vida. A desapropriação das terras
interessa à União, que tem R$ 12 milhões a receber da massa falida do
Grupo Selecta, do empresário Naji Nahas. Alckmin, no entanto, optou pelo
confronto, em vez da negociação.
DESPROPORCIONAL Sob o comando de Alckmin, polícia paulista tem cometido excessos injustificáveis |
Com o aval de Dilma
Rousseff, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da
República, classificou publicamente a reintegração de posse como uma
praça de guerra. Uma declaração que, além de forte, destoa da forma como
as medidas tomadas pelo governador paulista, Geraldo Alckmin, eram
tratadas em público por autoridades do alto escalão federal. Até
críticas às recentes enchentes eram evitadas por ministros, embora a má
condução dessa questão também tenha entrado no rol de equívocos
administrativos cometidos por Alckmim.
Em janeiro do ano passado, o
governador anunciou um pacote de investimentos estimado em mais de R$
800 milhões para resolver o grave problema que assola os paulistas todo
começo de ano. O cronograma, porém, está atrasado, a limpeza de
piscinões em diversas cidades prometida por Alckmin não foi feita como
planejado e o Estado sofre novamente no período de chuvas Internamente, o
governo federal já demonstrava descontentamento com outra ação da
gestão Alckmin iniciada no dia 3 de janeiro.
Contingentes da Polícia
Militar iniciaram uma operação para remover dependentes químicos e
traficantes da região conhecida como Cracolândia, ponto de comércio e
uso de drogas no centro de São Paulo. A violência empregada durante a
operação, com o uso de balas de borracha, bombas de efeito moral e
agressões físicas, levou ONGs ligadas aos direitos humanos a denunciar o
caso à ONU. Para o Palácio do Planalto, além de desastrosa, a ação de
Alckmin foi vista como oportunista. Tratava-se de uma tentativa clara de
se antecipar ao lançamento do Plano Nacional de Combate ao Crack, uma
das principais bandeiras da campanha petista ao Palácio do Planalto, sem
sequer possuir a infraestrutura necessária para atender os dependentes
químicos.
Revista IstoÉ
*osamigosdopresidentelula
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