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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, janeiro 28, 2012

Deu no Uol:Secretaria de Segurança Pública de SP exalta "Revolução" de 64 em página oficial

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo exaltou o golpe militar de 1964 em uma seção na sua página oficial na internet. O golpe é tratado como uma “Revolução”, “desencadeada para combater a política sindicalista de João Goulart”. Em seguida, a SSP diz que, durante o golpe, “Força Pública e Guarda Civil puseram-se solidárias às autoridades e ao povo.”

 
O golpe de 1964 foi articulado pelas Forças Armadas para depor o governo legal de Jango, que chegou a Presidência após Jânio Quadros renunciar ao cargo em 1961.
A ditadura militar durou mais de 20 anos, matou civis e estabeleceu a censura, proibindo partidos políticos e prendendo e torturando os que se opunham ao governo.

 
A exaltação ao golpe militar apareceu em uma linha do tempo da seção institucional da página de SSP. A descrição do golpe aparece acompanhada de uma figura onde está representada uma marcha a favor da ditadura e o símbolo do comunismo sobreposto por um "x". Por volta de 18h50 desta sexta-feira (27), o ano de 1964 foi removido da página (veja imagem abaixo).

 
Procurada pela reportagem do UOL, a SSP afirmou que "o texto relacionado ao ano de 1964 não reflete o pensamento da Secretaria da Segurança Pública e foi retirado do site."
*oterrordonordeste

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