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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, janeiro 30, 2012

Brasil, Alemanha e Japão pedem (deveriam exigir)Conselho de Segurança maior


Brasil, Alemanha, Índia e Japão voltaram a defender nesta quinta-feira a ampliação do número de membros permanentes e rotativos do Conselho de Segurança da ONU, e pediram ainda que a África esteja sempre representada.
"Compartilhamos a visão comum de um Conselho de Segurança ampliado que reflita melhor as realidades geopolíticas do século 21", indicaram os representantes desses países em comunicado conjunto apresentado à Assembleia Geral, onde nesta quinta-feira se debatia novamente a reforma do principal órgão de decisão da ONU.

Esses países, que formam o chamado Grupo dos Quatro (G4), buscam a condição de membros permanentes do Conselho de Segurança.
"Uma ampla coalizão de Estados-membros apoia a ampliação do Conselho de Segurança tanto em sua categoria temporária como na permanente, e também respalda a melhora de seus procedimentos de trabalho", acrescentou o G4 em sua mensagem, apresentada pela embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti.

O grupo defendeu que essa ampliação seja realizada "levando em consideração as contribuições dos países na manutenção de paz e da segurança internacionais, assim como a necessidade de uma maior representação dos países em vias de desenvolvimento em ambas as categorias".

ÁFRICA

"Em muitas ocasiões, defendemos nossa visão de que a África deveria estar representada na categoria de membros permanentes em um Conselho de Segurança ampliado", acrescentou Viotti em nome do G4, ao tempo que assinalou que 80 países já mostraram por escrito seu respaldo à reforma proposta pelo grupo.

A sessão desta quinta-feira foi a primeira das cinco que a Assembleia Geral tem previstas sobre a reforma do Conselho de Segurança daqui até abril, e nela também se apresentou novamente a coalizão "Unidos Para o Consenso", integrada por Itália, Paquistão, Espanha e México, entre outros países.

Essa coalizão se opõe à proposta do G4 e não deseja a ampliação do número de membros permanentes, mas só dos não-permanentes.

O embaixador italiano na ONU, Cesare Maria Ragaglini, afirmou à Assembleia Geral que o plano do G4 recebe o apoio apenas de 35% dos Estados-membros, "longe da maioria requerida pela Carta das Nações Unidas", em referência aos dois terços da Assembleia e o voto afirmativo dos cinco membros permanentes que contempla a normativa.

VIRAR A PÁGINA

"Após quase 20 anos de debates, chegou o momento de virar a página e pedir ao presidente da Assembleia Geral que reconstrua uma atmosfera de confiança entre os Estados-membros na busca de um compromisso verdadeiro", disse Ragaglini, que pediu "maior flexibilidade" ao G4 em seus pedidos.

A ONU tentou várias vezes desde 1979 empreender negociações para modificar os métodos de trabalho e a composição do principal órgão internacional de segurança, que ainda é um reflexo da situação geopolítica do final da Segunda Guerra Mundial.

O Conselho é composto atualmente por 15 membros, dos quais cinco são permanentes e têm poder de vetar resoluções - França, China, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia.

Os outros dez são escolhidos pela Assembleia Geral por um período de dois anos, representando grupos regionais. Atualmente, os membros não-permanentes são Alemanha, Azerbaijão, Colômbia, Guatemala, Índia, Marrocos, Paquistão, Portugal, África do Sul e Togo. 
  *MilitâncaViva

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