"VÂNDALOS?" A SÍRIA É AQUI - NO PINHEIRINHO
Via Jornal O Rebate
LAERTE BRAGA
A
invasão do bairro do Pinheirinho em São José dos Campos, São Paulo, foi
um ato claro de terrorismo de Estado. O governador Geraldo Alckmin -
integrante da organização criminosa OPUS DEI - fiel ao seu estilo
traiçoeiro e covarde negociava pela frente enquanto armava a ocupação
pelas costas.
A área onde viviam oito mil
pessoas de mais ou menos duas mil famílias tinha ruas asfaltadas e rede
de água e esgoto construídas pela municipalidade o que, por si só,
caracteriza a condição de bairro.
O governo
federal já havia manifestado interesse em encontrar uma solução para a
permanência das famílias e o governador de São Paulo, laranja das várias
máfias que gravitam em torno do tucanato, inclusive juízes,
desembargadores e ministros de cortes superiores, devidamente propinado,
coordenou a operação montada pelo mafioso Naji Nahas (envolvido em
vários inquéritos e processos por fraudes, lavagem de dinheiro, etc, dos
quais tem se safado comprando autoridades do Judiciário), um dos donos
da massa falida da qual faz parte o terreno/bairro de Pinheirinho.
O
interesse? Um grande projeto imobiliário com ganho para todos os que
participaram do ataque terrorista de domingo, 22 de janeiro, contra os
moradores do bairro.
O sócio/parceiro de Naji
Nahas é o banqueiro Daniel Dantas, um dos responsáveis pelo Plano
Nacional de Privatizações do governo FHC.
A
decisão de atacar Pinheirinho já estava tomada e fora alvo de
advertência de jornalistas e moradores uma semana antes do dia em que
aconteceu. A chamada "reintegração de posse" foi determinada em seguida
suspensa por um desembargador de um tribunal regional federal e no
domingo, 22, autorizada por uma juíza venal e com cobertura do corrupto
Ivan Sartori que preside o Tribunal de Justiça (?) do Estado de São
Paulo. Tudo isso com a certeza que na noite daquele mesmo dia o inútil e
dispendioso STJ - Superior Tribunal de Justiça - garantiria a
competência da justiça estadual.
Ou seja, todo o
esquema montado sem qualquer respeito pela vida, pelo ser humano. Os
"negócios" valem mais que a vida no capitalismo. E não existe banqueiro,
grande empresário ou latifundiário que seja humano.
Os
acessórios desse esquema são governadores, prefeitos, senadores,
deputados, juízes, desembargadores, ministros de cortes superiores, que
têm seus mandatos comprados ou suas indicações bancadas por essas
máfias. O PSDB é o principal agente de execuções do esquema.
Ivan
Sartori no seu despacho que autorizou, no domingo, a ação policial, ou
seja, dentro do combinado e pago, chegou a afirmar, escrever, que
"repelindo-se qualquer óbice que venha a surgir no curso da execução,
inclusive a oposição de corporação policial federal".
Como
disse o presidente nacional da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil - a
ação do governo de São Paulo "rompeu o pacto federativo". Vale dizer que
o governo federal e nada são a mesma coisa na visão das elites
políticas e econômicas que comandam de fato esse arremedo de democracia
que temos.
Homens, mulheres, crianças, idosos
arrancados de suas casas por "policiais militares" - polícia militar é
uma aberração. As PMs são braços das elites e agem em função de seus
interesses - marcados e levados para acampamentos improvisados,
espancados, tendo seus pertences violados, vítimas da violência e da
barbárie que é a marca registrada dessas "corporações" corruptas e com
práticas que trazem de volta os tempos da ditadura.
A
mídia de mercado mal tratou do assunto. Optou pelo início da temporada
futebolística nos estados brasileiros e uma das redes nacionais, por
fustigar a concorrente mais próxima, por conta de um estupro estimulado
pelo diretor de um dos programas da rival.
A
maior rede de tevê do País, a GLOBO, parte principal dessa mídia de
mercado, podre e venal, chamou de "vândalos" os moradores do bairro de
Pinheirinho. É uma das máfias que integra a grande máfia que controla o
País.
As manifestações em Damasco, Síria, ou
outras cidades daquele país, todas contra o governo central, são
mostradas pela mesma GLOBO e ao contrário do aconteceu com os moradores
de Pinheirinho, os agentes policiais do governo são chamados de braço de
um ditador. Os manifestantes que reagem à violência policial/militar de
"defensores da democracia".
É claro que a
questão Síria é a questão Síria e a questão Pinheirinho é a questão
Pinheirinho, mas em ambas está presente a barbárie capitalista. A forma
como a mídia de mercado encara o assunto e mostra, exibe, é dentro do
leque de interesses das grandes máfias capitalistas.
Neste caso, Pinheirinho, a Síria é aqui também.
A
omissão do governo Dilma Roussef, como que paralisado no domingo,
apresenta, por outro lado, uma presidente sem autoridade para intervir
em situações assim, na prática houve uma insurreição em São Paulo, um
desafio claro do governo estadual. Ficou por isso mesmo. Declarações
"cautelosas" de ministros como a de Gilberto Carvalho, sumiu o ministro
da Justiça (existe isso?), nem se teve notícia da presidente, o tal
"poste" que Lula elegeu. Isso pode ser entendido sem receio de erro como
covardia.
A realidade brutal é que milhares de
seres humanos tiveram seus direitos fundamentais violados por quadrilhas
que controlam o Estado instituição e pelo jeito, vai ficar por isso
mesmo.
Pinheirinho reforça uma convicção e deixa
um exemplo pronto e acabado da realidade brasileira, ou do "capitalismo
a brasileira" inventando por Lula.
Somos um
País onde o governo não tem poder. O poder é exercido por máfias de
banqueiros, grandes empresários e latifundiários que infiltrados na
máquina estatal imobilizam o Executivo, têm no bolso a maioria dos
deputados e senadores e agora partidariza o Poder Judiciário.
Pagar
setecentos mil reais a César Peluso - presidente da suposta suprema
corte - e a Ricardo Lewandovsky de forma indevida, ilegal, pode, Marco
Aurélio Melo garante que o assunto não será investigado castrando os
poderes do CNJ - Conselho Nacional de Justiça -, atropelando a
Constituição.
Colocam-se à margem da lei.
Prender e arrebentar Pinheirinho também pode. É o desejo consumado dos grandes investidores, os que trazem "progresso" ao País.
Que
progresso? Somos o paraíso das máfias internacionais, sequer um
automóvel nacional de fato temos. O livro A PRIVATARIA TUCANA mostrou
toda a podridão em que estamos imersos por conta do governo de FHC
(presidente honorário e vitalício da grande máfia). Israel controla a
indústria bélica do Brasil. O sistema financeiro está todo ele - a
exceção dos dois bancos estatais - sob controle de grupos
internacionais, majoritários ou não. Empresas francesas diante da
dissolução em água fervente da Comunidade Européia correm para o Brasil
naquele negócio que aqui o crime compensa, é garantido o retorno.
E
para mídia trabalhadores brasileiros são "vândalos". Naji Nahas, um
criminoso sem qualquer escrúpulo, um pústula no sentido absoluto da
palavra, escorado em seus laranjas, dentre eles os tucanos e lógico,
Geraldo Alckmin, ganha o epíteto de empresário e no caso de Pinheirinho,
ao lado de toda a violência, vai nascer mais um grande empreendimento
imobiliário.
A ação da "polícia" mostrou que a Síria é aqui também.
E a ação e omissão dos governos exibem ao mundo que no Brasil o crime compensa.
*GilsonSampaio
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