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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, janeiro 29, 2012

Índia sobre o embargo europeu ao Irã: vão catar coquinho

Via Hora do Povo
Índia anuncia que comprará ao Irã todo petróleo disponível
O ministro do petróleo indiano, Jaipal Reddy, deixou claro que seu país “não se guia por sanções impostas por certas nações”. A Índia é o 4º maior consumidor e o Irã, seu 2º maior fornecedor de óleo
  A Índia quer comprar tanto petróleo quanto possa por que os termos são “amplamente favoráveis”, afirmou o ministro do petróleo do país, Jaipal Reddy. Ele acrescentou que a Índia respeita sanções da ONU, “mas que não nos guiamos por sanções impostas por blocos regionais, por certas nações”, em clara referência ao embargo imposto unilateralmente pelos EUA e seguido pela União Europeia.
Uma missão indiana esteve em Teerã de 16 a 21 de janeiro para novos acertos para a continuação da compra de petróleo iraniano pela Índia, país que é o quarto maior consumidor mundial. 12% das importações de petróleo da Índia provém do Irã. “Agimos de acordo com nossos interesses”, acrescentou o ministro Reddy. “O Irã é o segundo maior fornecedor [da Índia], de forma que precisamos utilizar essa fonte”. O governo de Nova Delhi já havia dito que “temos tido negócios com o Irã e vamos mantê-los”.
No momento, o pagamento do petróleo está sendo feito através de um banco turco, após a entrada em vigor das sanções dos EUA que levaram ao fechamento do canal anterior usado. Está em discussão o uso da moeda indiana – rúpia – no pagamento de parte das importações de petróleo. Teerã também oferece um crédito de 90 dias para os pagamentos.
Rússia e China também já se manifestaram dizendo que não vão aderir ao bloqueio decretado pelos EUA, sendo que a China, que é um grande comprador do petróleo iraniano, confirmou que as aquisições vão continuar. O próprio Japão anunciou que manterá suas compras de petróleo do Irã e pediu a Washington um tempo para se readequar. Até a Turquia declarou que suas compras de petróleo do vizinho Irã vão prosseguir.
Na Europa, Itália, Espanha e Grécia são os países mais afetados pela imposição do bloqueio dos EUA ao petróleo iraniano, já que importavam respectivamente 13%, 13% e 14% dessa procedência. São, exatamente, os países em situação econômica mais débil, e agora, adicionalmente, com sua soberania energética alienada. Também por imposição dos EUA o novo provedor será a colônia norte-americana no Oriente Médio, a Arábia Saudita. Os países mais poderosos da Europa, Alemanha e França, sofrerão desgaste menor com o bloqueio, na medida em que, respectivamente, importavam 1% e 4%.                                                         A.P.

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