OAB promove ato público em defesa do CNJ
Sanguessugado do Abra a boca, cidadão
Às
vésperas do início do ano judiciário, quando o plenário do Supremo
Tribunal Federal decidirá os destinos do Conselho Nacional de Justiça,
protegendo mesquinhos interesses corporativistas ou cumprindo sua missão
constitucional e se posicionando inequivocamente em defesa do interesse
público, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil promove
ato público, hoje à tarde, em Brasília.Já confirmaram presença
parlamentares, juristas, membros do CNJ e entidades importantes em
vários períodos decisivos do País, como a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil e a Associação Brasileira de Imprensa.Doutor
Ophir Cavalcante, Presidente Nacional da OAB: este blog cidadão e esta
cidadã blogueira, vítima de um judiciário corrompido, se regozijam com o
apoio que a Ordem vem oferecendo à combativa ministra-corregedora
Eliana Calmon e ao CNJ, mas aproveitam a oportunidade para lembrar que
além de Bandidos e Bandidas de Toga é preciso combater também a
corrupção na advocacia.Já disse o grande jurista Miguel Reale Júnior que
o advogado é parte essencial nos esquemas de corrupção do Judiciário:
são representantes da advocacia de esgoto que fazem o "meio de campo", o
leva-e-traz, entre a parte corruptora e o magistrado corrupto.Cabe à
Ordem dos Advogados do Brasil também atuar intramuros, extirpando de
seus quadros estes criminosos e criminosas, bandidos e bandidas de beca,
disfarçados de advogados e advogadas.Em defesa do CNJ
O artigo "Em defesa do CNJ" é de autoria do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante.
O
ato público que a Ordem dos Advogados do Brasil fará no próximo dia 31
de janeiro [hoje] integra o esforço da entidade de congregar a sociedade
civil organizada em defesa dos pressupostos que transformaram o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em símbolo mais eloquente do esforço
para enfrentar a crise no Judiciário: a coordenação, o planejamento, a
supervisão administrativa, enfim, a fiscalização, que não pode ser
genericamente tratada como controle, mas sim como legítimo e democrático
direito de proteger um dos pilares do Estado democrático de Direito.
Mas
objetiva, também, sensibilizar os senhores ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) para que seja assegurada, no julgamento de Ação
Direta de Inconstitucionalidade, que tem como ponto central definir a
amplitude de atuação do CNJ, a competência concorrente, e não
subsidiária, daquele órgão com relação às Corregedorias de Justiça.
Estamos convencidos de que isso pode ser feito sem a necessidade de
incitar atitudes revanchistas ou irresponsáveis, nem generalizar as
denúncias de condutas criminosas que, acreditamos, são pontuais e
localizadas. Queremos tão-somente que continue sendo o CNJ farol da
Justiça, conquista republicana em perfeita sintonia com os interesses do
povo, a quem em última análise a democracia presta contas.
É
preciso compreender que o CNJ não nasceu para promover uma caça às
bruxas, nem perseguir ninguém. Ele nasceu para planejar e extirpar
alguns tumores que ameaçavam se alastrar por todo o corpo do Judiciário.
Tentativas de diminuir o seu poder, sobretudo no que se refere à
competência de realizar inspeções em tribunais, fiscalizar e punir
condutas impróprias de magistrados, refletem o incômodo que essa nova
realidade impôs a alguns setores pouco habituados a agir com
transparência. Mais fácil seria se o CNJ fosse um órgão doente,
burocrático, e que seus membros aguardassem, com servil paciência, os
relatórios e prestação de contas produzidos na velocidade e nos termos
que cada Corte julgar conveniente.
Nunca se
pretendeu retirar a competência dos controles internos existentes, porém
devemos lembrar que foi justamente em decorrência de sua duvidosa
eficácia que já se promoveu, no passado, uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) no âmbito do Legislativo, submetendo o Judiciário a um
penoso processo de investigação. Não queremos que isto se repita.
O
CNJ tem sido, ao longo dos anos, muito mais do que um mero órgão
disciplinar. Sua ação se estende a outros campos, com sucesso. Na área
do sistema carcerário, fez o que nunca ninguém fez no Brasil: levantou a
vida de milhares de presos e promoveu a correção de sistemas medievais,
como prisões sem o mínimo respeito aos Direitos Humanos ou penas
vencidas há meses ou anos.
Desde a sua
instalação, em 2005, a Justiça passou a trabalhar com estratégias de
planejamento, metas de produtividade e projetos de informatização e
incorporação da instituição à Internet. O CNJ passou a ter um papel
visionário, antevendo as demandas futuras de uma sociedade cujo acesso à
Justiça começa a se alargar.
Em um País que
registrava, até recentemente, 40 milhões de processos em fase de
execução, algo precisava ser feito para dar celeridade à Justiça. Partiu
do CNJ a iniciativa das metas, prevendo a redução de pelo menos 10% do
acervo de processos na fase de cumprimento e execução. Partiu também do
CNJ, com amplo apoio da OAB, a norma acabando com o nepotismo no
Judiciário.
O CNJ também pôs à mostra o muito de
errado que existe em alguns Tribunais país afora - nem todos, claro,
pois há honrosas exceções. Mas em alguns as coisas andavam tão mal que
medidas drásticas eram necessárias.
Por tudo
isso, a Ordem dos Advogados do Brasil sente-se no dever de defender a
independência do CNJ como forma de aprimorar a Justiça, consolidar o
regime democrático e fortalecer os direitos individuais e coletivos.
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