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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 14, 2011

Berlusconi toma um ferro monumental nos referendos.


É que lá, o povo é chamado a se manifestar sobre privatização e aumento de tarifa pública.
Aqui apanhamos por protestar contra as privatizações e quem determina aumento de tarifas são as agências reguladoras, prepostas do mercado.
Alguém ainda se lembra que as agências reguladoras autorizou aumento das tarifas elétricas acima do que foi pedido pelas elétricas?
Via Esquerda.net
Italianos votam pela água pública, rejeitam energia nuclear e imunidade de Berlusconi
Nos quatro referendos realizados em Itália participaram 57% dos eleitores, tendo o “Sim” ganho por largas maiorias, próximas ou superiores a 95%. Assim, os italianos votaram pela água pública e contra o aumento do preço das tarifas, rejeitaram a energia nuclear e a imunidade de Berlusconi.

Nos quatro referendos realizados em Itália participaram 57% dos eleitores, tendo o “sim” ganho por largas maiorias, próximas ou superiores a 95%.
Nos quatro referendos realizados em Itália participaram 57% dos eleitores, tendo o “sim” ganho por largas maiorias, próximas ou superiores a 95%.
O Governo de Berlusconi sofreu uma nova e profunda derrota nos quatro referendos realizados nestes domingo e segunda feira. Nos referendos participaram mais de 57% dos eleitores, o que os torna vinculativos.
No primeiro referendo, contra a aceleração da privatização da água, o “sim” ganhou por 95,7% contra 4,3%.
No segundo referendo, sobre a revogação da lei que prevê que as tarifas dos serviços de água sejam determinadas em função do capital investido, provocando o aumento da factura da água, o “sim” obteve 96,1%, enquanto o “não” se ficou pelos 3,9%.
No terceiro referendo contra a energia nuclear (revogação das novas normas que permitem a produção de energia nuclear em território nacional) o “sim” atingiu 94,6% e o “não” apenas 5,4%.
No quarto referendo, de revogação da lei que garantia a imunidade a Berlusconi e aos seus ministros, o “sim” atingiu 95%, enquanto o “não” ficou pelos 5%.
Berlusconi, já consciente da derrota, tinha defendido na passada quinta feira a abstenção, em vez de defender as suas próprias leis, para tentar assim que os referendos não fossem vinculativos. Porém, a resposta foi esmagadora, com a maior participação desde há muito anos e com a rejeição das lei do governo por percentagens de 95% e superiores, que não deixam quaisquer margens a dúvidas.

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