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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 11, 2011

O papel nefasto de uma certa mídia...




Enfrentar a mídia com as suas armas

*Por José Dirceu

Não adianta. Mal Gleisi Hoffman, senadora do PT pelo Paraná, foi empossada como ministra-chefe da Casa Civil, os jornais já começaram a bombardeá-la.

Temos de aprender e enfrentar a mídia com as suas armas, isto é, com a informação. E isso é possível de se fazer por meio das redes sociais e pela blogosfera. Ou o fazemos, ou o país será dirigido pelo poder político dos donos dos jornais e TVs.

Estamos falando das oligarquias impressa e eletrônica, que têm medo da concorrência e da regulação. O velho setor de comunicações busca manter intocados seus privilégios preservados há décadas.

Têm medo, ainda, da blogosfera. Na prática, querem exercer um poder para o qual não foram investidas pela soberania popular democrática.

Com o pretexto de fiscalizar e moralizar a vida pública, o que se vê é a tentativa desses grupos submeterem o poder do político eleito pelo povo ao poder da mídia. Vamos à luta.


O controle da opinião pública

A mídia, na verdade, quer desqualificar a justa e necessária participação dos partidos nas decisões de governo. Os partidos elegeram o governo, apóiam-no e o sustentam, assim como sustentam as suas políticas. Portanto, têm legitimidade e direito de opinar e reivindicar, sejam ministérios, ou mesmo, a indicação de nomes.

Cabe à presidenta Dilma Rousseff a decisão. É sua e livre a soberana decisão constitucional. Mas, do ponto de vista político, os partidos são parceiros e devem ser ouvidos. Ou será que somente a mídia e seus donos devem ser ouvidos? O mesmo vale para a indicação de nomes, um ou mais nomes. Eles são sinal de avaliações diferentes sobre o perfil do ministro a ser escolhido e, não como que a mídia, apenas disputa interna nos partidos ou entre os partidos.

A avaliação nas indicações é política. Diz respeito à natureza do cargo, do momento e do perfil de cada indicado. Ou seja, é a coisa mais natural no mundo democrático e no debate político. Mas a mídia desqualifica o processo e procura apresentar tudo como coisa pequena e disputa de poder, sempre com um elemento pejorativo. É uma ação para agravar o preconceito contra a política e os políticos.

É disso que se trata: deixar sempre o parlamento e o poder político fraco e de joelhos, para seus representantes controlarem a opinião pública e exercerem esse poder.
*Ex-ministro Chefe da Casa Civil do Governo Lula, Editor do Blog do Zé Dirceu http://www.zedirceu.com.br/

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