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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 11, 2011



Só não há dinheiro para a paz

A edição eletrônica da revista The Economist publicou o gráfico que reproduzo aí ao lado sobre os gastos militares no mundo.
Embora o resultado não seja novidade, continua sendo espantoso assim mesmo. Entre os 18 maiores orçamentos militares do mundo, os EUA, sozinhos, gastam mais que todos os 17 outros.
São US$ 700 bilhões, que correspondem a 4,8% do PIB do país. É quase seis vezes o que gasta a China (e mais que o dobro em percentagem do PIB).
Perto dos níveis americanos, em matéria de fatia do PIB destinada a gastos militares, só está a Rússia, que tem problemas de conflitos internos e, sobretudo, a pesada herança de equipamentos e efetivos do exército soviético, que outrora rivalizava com o americano.
O Brasil, como você pode observar, fica – ainda bem! - lá no final da proporção entre PIB e gastos militares. Ficamos acima apenas do Canadá – que não é referência nessa matéria – e da Alemanha e japão, dois países que, como herança da 2ª Guerra, foram praticamente desmilitarizados.
Agora você imagine esta montanha de recursos, num mundo de paz, sendo usada em favor do desenvolvimento humano, do fim da miséria e da sustentabilidade ambiental.
Imagine, imaginar não custa nada…
*tijolaço

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