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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 20, 2010
quarta-feira, maio 19, 2010
Deu no New York Times
Deu no New York Times
quarta-feira, 19 maio, 2010 às 17:02
Nem todo leitor americano é Homer Simpson, e eles estão cuspindo fogo contra a política dos EUA em relação ao Irã
Muitas vezes, quando criticamos os Estados Unidos, as pessoas pensam que o povo americano compactua com tudo o que seu governo faz. Não é verdade. Nem nos EUA, nem em Israel. Existe uma boa parcela da população com capacidade crítica para entender os interesses e as atitudes do governo americano, que não são os de seu povo.
Nossa comentarista Miack nos mandou o link dos comentários que os leitores do The New York Times fizeram à matéria do jornal, amplamente reproduzida no mundo todo, sobre o acordo anunciado por Hillary Clinton de que EUA, China e Rússia teriam chegado a um acordo para impor novas sanções ao Irã, mesmo após o entendimento firmado entre Irã, Brasil e Turquia.
São seis páginas de comentários, a grande maioria contrária à atitude do governo americano. A maioria procede dos diferentes estados norte-americanos, mas há considerações de leitores de outros países, inclusive do Brasil.
Para dar uma idéia de como os americanos viram a questão, traduzo livremente alguns comentários, alguns até com sugestões de como a imprensa deveria agir para desmascarar certos blefes, como pareceu ser o da secretária de Estado de Obama.
“Por que somos tão obcecados em estabelecer sanções? Anunciar sanções logo depois do acordo Turquia-Brasil-Irã mostra ao mundo que nós não estamos interessados em nenhuma possibilidade de solução pacífica.” (Califórnia)
“Irã, Brasil e Turquia não podem ameaçar a paz mundial prevenindo a próxima “boa guerra”! De qualquer maneira, o que dizer da atual proliferação nuclear no Oriente Médio, em Israel?” (Nova Iorque)
Coisas estranhas estão acontecendo. Mas obrigado por nos esclarecer. Nós eramos ignorantes, eu acho, acreditando que eram os EUA jogando com o resto do mundo nas últimas décadas, EUA e a União Soviética que nos levaram às raias de um holocausto nuclear, os EUA que depuseram um chefe de Estado democraticamente eleito no Irã (Mossadegh) e o substituíram por outra marionete, e Israel tendo tanto as (não divulgadas) armas nucleares quanto a retórica contra armas nucleares em outro país soberano (Irã). Obrigado por nos colocar no caminho certo. Vocês deveriam ir para a Fox, com certeza eles lhes ofereceriam um emprego.” (Bélgica)
“Todo mundo está tentando livrar a cara agora que o acordo alcançado via Brasil e Turquia revelou a constante toada dos EUA e de Israel nessa questão. Sanções nunca funcionaram porque as pessoas erradas são sempre as prejudicadas. Se você quer falar sobre o Irã você deve estar disposto a permitir que a palavra Israel passe por sua boca.” (Wisconsin)
“A senhora Clinton é bonita, elegante e sincera, mas as sanções não funcionariam porque são tingidas por fervor religioso e cultural. Posso perguntar a ela por que sanções não foram impostas a Israel, Índia e Paquistão?” (Nova Iorque)
“Por que isso quando países como Turquia e Brasil sugerem algo que eu começo a acreditar mais do que quando China, Rússia e EUA sugerem alguma coisa?” (Portland)
O poder da elite dos traficantes da guerra fará seu caminho. Eles sempre conseguem. Guerra perpétua é rentável”. (Texas)
“Os senhores da Guerra, como sempre – os EUA parecem não ter aprendido nenhuma lição da sua aventura no Iraque e a subseqüente perda de prestígio e poder. (Flórida)
“Por quê os EUA estão confrontando tanto o Irã? Deve ter mais coisa nisso do que somente armas nucleares… Eu concordo que não devem existir armas nucleares no Irã, nem nos EUA, Reino Unido, China, França, Rússia, Índia, Israel, Paquistão…É uma perdição para a humanidade. Todos vocês devem desmontá-las agora. Por que vocês as mantêm se não vão usá-las?” (Nova York)
“Os EUA realmente querem evitar outra Guerra? Essa nova leva de sanções contra o Irã dizem que não.” Aparentemente, a busca da paz não inclui os esforços de outras nações em consegui-la”. (Carolina do Norte)
“Voces sabem que os EUA acabaram de aprovar US$ 180 bilhões para aprimorar armas nucleares? Por que o Irã não pode? As pessoas não podem ser tão egoístas em sacrificar a segurança de outras pessoas para se sentirem seguras! Eu não posso entender…” (Xangai)
“E Clinton é como Pinóquio: China apóia acordo entre Brasil, Turquia e Irã…” (Brasil)
“Eu acho interessante que, num artigo que diz que os EUA obtiveram o apoio de China e Russia para seu esforço de sanções, não há absolutamente nenhuma menção à confirmação de China e Rússia a tal acordo. Muito suspeito, para dizer o mínimo, desde que os EUA muitas vezes disseram ter o apoio de Rússia e China para seus planos e a realidade subseqüente provar o contrário. Por que, como parte dessa história, os jornalistas não pediram comentários dos dois governos em questão? Quando os chineses disserem que estão propensos a apoiar as sanções, então eu acredito.” (Virgínia)
“A máscara caiu! Estão mais que claros agora os objetivos dos EUA e de seus parceiros: Impor ao Irã sanções que matam crianças, vamos dizer por 10 anos, instalar uma festa de petróleo por comida, drenar a capacidade do Irã de se defender, conclamar uma invasão military, destruir, torturar, estuprar e finalmente colocar uma marionette no poder para que os membros da coalizão possam mover suas companhias de petróleo para Teerã.
A única coisa incrível sobre isso é que o mundo já assistiu essa novela mas, de alguma maneira, é forçado a concordar com o nuclearmente armado (e única nação com experiência em usá-las contra civis) Estados Unidos da América.
Os EUA podem conseguir impor isso, mas o sentimento antiamericano irá aos céus! Os terroristas que irão atacar nossas crianças amanhã estão sendo alimentados pela América hoje.” (Escandinávia)
E por último, o de Phil Greene, lá de Houston, Texas, tido como um estado dos mais conservadores:
“Leia os jornais, Hillary. O caso foi resolvido por Brasil, Turquia e Irã ontem. Rasteje de volta para seu buraco; o Mundo te deixou para trás.” (Texas)
A mídia brasileira, sempre a serviço dos interesses de Washington
19 de maio de 2010 às 10:44
A mídia brasileira, sempre a serviço dos interesses de Washington
O mal estar da grande mídia por conta do acordo Brasil-Irã-Turquia
Por Dennis de Oliveira
Este final de semana foi cômico para a mídia conservadora que não conseguiu disfarçar o seu mal estar e incômodo com o acordo obtido pelo governo brasileiro com o Irã a respeito da contenda do programa nuclear da nação persa. Na sexta e no sábado, a tônica unânime da mídia hegemônica brasileira foi que o presidente Lula estaria “perdendo tempo”, que estava “arriscando a credibilidade internacional do país” ao tentar negociar com um governo já qualificado como “pária”, “autoritário”, “desequilibrado”, entre outros
No domingo, a Folha de S. Paulo estampou na matéria sobre o tema o título “Irã dá ao Brasil um polêmico protagonismo” com duas linhas finas: “Gestões de Lula conseguem reduzir isolamento de Teerã e adiar sanções na ONU, mas dificilmente resultarão em recuo iraniano” e “Esforços por acordo com país persa têm gerado críticas à política externa brasileira; presidente se reúne hoje com Ahmadinejad e Khamenei”.
A matéria do jornalista enviado especial a Teerã, Sammy Adghirni começa com o seguinte lide: “A despeito do discurso otimista, a mediação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas sobre o programa nuclear iraniano provavelmente não surtirá efeito”. As críticas citadas na linha fina vieram de um analista do jornal Washington Post e de um ex-assessor do governo dos EUA, Bill Clinton. Fontes dos EUA, país diretamente interessado em isolar o Irã por conta da sua estratégia geopolítica internacional que privilegia o enfraquecimento dos países adversários de Israel e o fortalecimento deste (que, diga-se de passagem, possui armas atômicas).
O jornal O Estado de S. Paulo vai na mesma linha e busca apoio para esta posição na aparentemente insuspeita candidata do Partido Verde, a senadora ex-petista Marina Silva, que critica a tentativa de um diálogo com um “governo que desrespeita os direitos humanos”.
Bem, chega o domingo à noite e o acordo é acertado entre Brasil, Irã e Turquia. A aposta no fracasso dá lugar ao ceticismo com misto de inveja e dor de cotovelo. O portal da revista Veja lembra que o Irã já “descumpriu” acordos anteriores e por isto, nada garante que este vai ser cumprido. Lembra ainda que o acordo está restrito a uma das usinas, mas a secretária Hillary Clinton acredita existir outras instalações nucleares no Irã. O portal da Veja só esqueceu de lembrar que o governo Bush também disse que o Iraque tinha armas de destruição em massa e por isto invadiu-o. As investigações posteriores mostraram que esta informação era falsa e tudo não passou de um pretexto para aquela guerra absurda.
Na mesma toada de ser cético – agora não quanto a fazer o acordo, mas sim quanto à eficácia do acordo – vieram Folha e Estadão. O jornalão dos Mesquita novamente usou Marina Silva para reforçar o ceticismo. Para a senadora, a estratégia do Irã ao fechar acordos como o do ano passado e o atual é ganhar tempo. “É bom não perder a perspectiva histórica, de que aquele país tem perseguido a construção de artefatos nucleares e da bomba atômica. Há indícios que preocupam”, avaliou (trecho da matéria publicada no portal Estadão hoje).
Na Folha online, a forma de tentar reduzir a importância do acordo foi destacar o anúncio de que o Irã afirmou que irá continuar enriquecendo urânio a 20% (em uma linha final de um dos vários textos do portal UOL, é dada a informação – sonegada em quase todas notícias – de que para fazer uma bomba atômica é necessário enriquecer urânio a 90%!). Também repercutiu as opiniões céticas de “analistas internacionais” – sempre dos EUA e das potências nucleares europeias, interessadas diretas em bloquear o acesso dos países em desenvolvimento à tecnologia nuclear, porém deu espaço a um articulista iraniano que deu uma visão diferenciada, enfatizando o papel importante de mediação do Brasil e da Turquia, vistos como países “amigos” do Irã, ao contrário dos demais membros do Conselho de Segurança da ONU.
O que chama a atenção nesta cobertura? Primeiro, o alinhamento ideológico da mídia conservadora a uma política internacional de submissão aos Estados Unidos e demais potências mundiais, criticando qualquer iniciativa internacional independente da chancelaria brasileira, em especial a geopolítica Sul-Sul. Segundo, a transformação do espaço de noticiário em lugar de manifestação explícita de opinião e uma “quase torcida” para que estas iniciativas da chancelaria brasileira fracassem e, quando dão certo, a recusa em reconhecer o erro de avaliação. E, terceiro, a postura desavergonhada de ocultação de informações (por exemplo, que este enriquecimento do urânio no Irã não é suficiente, nem de longe, para a fabricação de armas nucleares), de escolha ideológica de fontes (todas elas das grandes potências, em especial dos EUA) e a tentativa de construção de um consenso de que a ação política das “potências ocidentais” é o lado do bem e o Irã, o lado “mau”.
E, travestidos de vestais do bem, os jornais pouco deram espaço – como dão, por exemplo, quando a China ou Cuba expulsam um dissidente político – ao fato de que Israel impediu o pensador judeu norte americano Noam Chomsky de fazer uma palestra em Ramallah porque ele é um crítico áspero da política israelense para os palestinos. Será que isto não é ataque à “liberdade de expressão” ou isto acontece só quando vem do Chavez, do Castro ou do Lula?
Dennis de Oliveira é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, coordenador geral do CELACC (Centro de Estudos Latino Americanos de Cultura e Comunicação) e membro do Alterjor (Grupo de Pesquisa de Jornalismo Popular e Alternativo).
Le Monde: O Sul emergente abre alas e pede passagem
19 de maio de 2010 às 18:42
Le Monde: O Sul emergente abre alas e pede passagem
Irã nuclear: o Sul emergente abre alas e pede passagem, na negociação
19/5/2010, “Opinion”, Le Monde, Paris
http://www.lemonde.fr/opinions/article/2010/05/19/nucleaire-iranien-le-sud-emergent-veut-sa-place-dans-la-negociation_1353888_3232.html
Tradução de Caia Fittipaldi
O Sul emergente já aparecera antes, em cena que provocou frisson e alarido no palco internacional, em domínios do meio ambiente e do comércio. Essa semana, inaugura nova etapa, importante sinal de o quanto aumenta o poder desses países.
Ei-los ativos em terreno que, até agora, permanecia como quase-monopólio das tradicionais “grandes potências”: a proliferação nuclear no Oriente Médio – ou, em resumo, a relação de forças numa região-chave para Europa e Estados Unidos.
Os livros de História guardarão a data – 2ª-feira, 17 de maio –, em que Brasil e Turquia apresentaram à ONU acordo negociado com Teerã, sobre uma das facetas da questão nuclear iraniana.
Pense-se o que se pensar sobre o texto que resultou dessa mediação turco-brasileira, a própria mediação, em estratégia de mostrar fato consumado – não foi mediação solicitada –, muda consideravelmente o quadro mundial. Ela quebra de facto o domínio até agora reservado aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: China, EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia.
Endereçada exatamente a esses, a mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan é clara: nem pensem, em 2010, em porem-se a reinar só vocês, sobre uma ordem internacional na qual o peso das nações evolui a favor de países como os nossos (o Sul emergente estende-se do Egito à África do Sul, da Nigéria à Indonésia).
AMBIÇÕES POLÍTICAS LEGÍTIMAS
Para os que ainda não entenderam: Brasil e Turquia, segunda-feira passada, puseram os pontos nos “is”. São membros, sim, do grupo dito “5 +1”, ou “os Cinco” que, na ONU, discute a questão nuclear iraniana.
O grupo é constituído dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança acima citados, mais a Alemanha. Os cinco países acusam o Irã de descumprir compromissos internacionais e de ignorar várias Resoluções da ONU. Suspeitam que Teerã mantenha um programa de enriquecimento de urânio que parece ter uma única finalidade: militar.
As ambições políticas dos países do Sul são legítimas. Têm de ser acolhidas positivamente. Mas, no caso do dossiê iraniano, a desconfiança dos Cinco tem fundamento. Evidentemente, todos saudaram a iniciativa turco-brasileira como “um passo na direção certa”.
Simultaneamente, para marcar a desconfiança quanto à substância do acordo anunciado em Teerã, os Cinco já avisaram, na 3ª-feira, que manterão a pressão sobre o Irã. Trabalham agora num projeto de Resolução que prevê novas sanções contra a República Islâmica.
Têm razão. O documento turco-brasileiro propõe que uma parte – apenas uma parte – do urânio iraniano seja armazenada no exterior, em troca de combustível enriquecido só aproveitável para uso civil. Assim, não se impede o Irã de produzir o urânio mais potente de que carece para produzir arma nuclear.
Os iranianos já disseram, ontem: não pensam em suspender seu próprio programa de enriquecimento de urânio… Têm razão, pois, os Cinco, que exigem mais.
Liberdade de expressão para quem?
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Liberdade de expressão para quem?
Reproduzo artigo do professor Venício A. de Lima, publicado no Observatório da Imprensa:
O recente episódio da demissão do jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, publicada pela Editora Abril, por ter criticado, via Twitter, a revista Veja, é revelador da hipocrisia geral que envolve as posições públicas dos donos da mídia sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa.
As relações de trabalho nas redações brasileiras, é sabido, são hierárquicas e autoritárias. Jornalistas editores são considerados, pelos patrões, como ocupando "cargos de confiança" e devedores de lealdade incondicional. Mas não se trata aqui da expressão de opinião contrária à posição editorial em matéria jornalística publicada no mesmo veículo. Isso, não existe. Trata-se, na verdade, da liberdade de expressão individual "sob qualquer forma, processo ou veículo".
Segundo matéria publicada no Portal Imprensa, o redator-chefe da National Geographic Brasil, Matthew Shirts, confirmou que Felipe Milanez "foi demitido por comentário do Twitter com críticas pesadas à revista. A Editora Abril paga o salário dele e tomou a decisão".
Pode um jornalista profissional expressar sua posição pessoal sobre o jornalismo praticado por outro veículo cujo proprietário é o mesmo daquele em que trabalha, sem correr o risco de perder o emprego? A liberdade de expressão se aplica quando estão envolvidas relações empregatícias? Ela é ou não é um direito individual universal?
Nota oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, em defesa do jornalista Felipe Milanez, afirma: "Nos últimos anos, junto com outras grandes empresas do ramo, a Editora Abril tem se notabilizado pelo combate a todo tipo de regulamentação social da área de comunicações. Em suas ações sistemáticas contra a constituição de um Conselho Nacional de Jornalistas, pela derrubada total da Lei de Imprensa e pelo fim da obrigatoriedade de diploma de nível superior para o exercício do jornalismo, o argumento mais utilizado é o da `defesa da liberdade de expressão´. Nesses embates, o Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo – comprometido com a defesa da democracia e da liberdade de expressão – tem alertado a sociedade para o fato de que as grandes empresas posicionam-se de maneira cínica, pois, na prática, não permitem a liberdade de expressão de seus jornalistas, sobretudo quando contrariam interesses empresariais."
De onde vem a ameaça autoritária?
Temos assistido, nos últimos meses, a uma escalada crescente, na qual a grande mídia, diretamente ou através de suas entidades representativas – ANJ, ANER e Abert – tenta convencer a população brasileira de que existe uma ameaça autoritária, partindo do governo, no sentido de cercear a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa no país.
A violenta e bem sucedida campanha contra a diretriz relativa ao direito à comunicação contida na terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos é apenas o exemplo mais recente.
Os representantes da Editora Abril são parte ativa desta tentativa, onde a grande mídia se apresenta como defensora intransigente da liberdade.
Como, no entanto, conciliar a posição libertária dos grupos de mídia com a relação trabalhista autoritária que mantêm com seus empregados jornalistas? Quais as implicações éticas dessa relação autoritária para com a verdade e o interesse público?
Episódios como a demissão de Felipe Milanez nos obrigam a perguntar, uma vez mais, para quem é a liberdade de expressão que a grande mídia defende?
OS EUA
OS EUA
O GRANDE MAL DO IMPÉRIO É QUE ELE QUER , SEMPRE , FAZER SUA PROPAGANDA SE APRESENTANDO COMO UMA DEMOCRACIA E QUE É SOLIDÁRIO AOS OUTROS PAÍSES E ESTÁ PREOCUPADO COM A PAZ MUNDIAL.
MELHOR SERIA SE ELE RETIRASSE SUA PELE DE CORDEIRO E MOSTRASSE A REALIDADE DE SER UM LOBO FAMINTO DISPOSTO , ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS , A MANTER SEU MODO DE VIDA CONSUMINDO TUDO NO PLANETA E DEIXANDO AS MIGALHAS PARA AS OUTRAS NAÇÕES.
OUTRO DIA VI UM INGLÊS , CAPACHO DOS ESTADUNIDENSES , DIZENDO QUE NÃO É POSSÍVEL AO MUNDO VIVER COMO OS OCIDENTAIS E QUE AS OUTRAS NAÇÕES TINHAM QUE SE CONFORMAR COM ISSO.
É EXATAMENTE COMO PENSA A "ELITE" BRASILEIRA.
Frases
Ativismo com atavismo sem saudosismo - mas com um toque de pragmatismo
O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.
Darcy Ribeiro
Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.
Darcy Ribeiro
Mestrado é só para mostrar que o sujeito é alfabetisado, pois a metade dos que estão na universidade não sabem ler.
Darcy Ribeiro
“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Darcy Ribeiro
Ultimamente a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações
Darcy Ribeiro
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma."
(Joseph Pulitzer - 1847/1911)
"acreditava que o jornalismo era um serviço público, destinado às pessoas “pequenas” e não servindo os interesses do grande poder; um defensor do lado das pessoas e um porta-voz da democracia”.
Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jugo e o sacode, faz ainda melhor;
porque, recobrando a liberdade graças ao mesmo direito com o qual lha arrebataram, ou este lhe serve de base para retomá-la ou não se prestava em absoluto para subtraí-la.
Jean-Jacques Rousseau
- Do Contrato Social
"Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos, e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso planeta."
"Se tiver que amar, ame hoje.
Se tiver que sorrir, sorria hoje.
Se tiver que chorar, chore hoje.
O ontem já se foi e o amanha talvez nao venha".
André Luiz
“Se você tem uma maçã e eu tenho uma maçã e nós trocamos as maçãs, então você e eu ainda teremos uma maçã. Mas se você tem uma idéia e eu tenho uma idéia e nós trocamos essas idéias, então cada um de nós terá duas idéias”.
Bernard Shaw
Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana.
Fidel Castro
"Como é meu intento escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar."
Maquiavel, O Príncipe
Uma questão diplomática
Uma questão diplomática
O iconoclasta Nelson Rodrigues, cujo verbo ácido a ninguém poupava, amava o povo brasileiro a ponto de espicaçá-lo com falso desdém: era a sua forma de despertar os nossos brios esmaecidos. Dele é a cáustica observação de que “o brasileiro tem complexo de vira-lata”. Não há dúvida de que muitos brasileiros, principalmente nas elites, guardam o deslumbramento dos nativos diante do estrangeiro que chegava do mar. Não fomos os únicos: os bravos guerreiros astecas viram nos invasores espanhóis, montados em portentosos cavalos – que eles não conheciam – centauros invencíveis.
Se Nelson estivesse vivo, provavelmente repetiria o constrangido epíteto: a reação de alguns brasileiros ao acordo obtido por Lula e pelo primeiro-ministro turco Erdogan, com Ahmadinejad, do Irã, é a de que não temos credenciais para nos metermos “em assuntos que não nos concernem”. O raciocínio parte de uma dúvida intimidadora: se o entendimento não der certo, perderemos credibilidade internacional. É um raciocínio que cambaleia, do ponto de vista moral. Ninguém pode desgastar-se por procurar a paz. Não caminha tampouco o argumento de que a situação no Oriente Médio não nos interesse. Com o surgimento da América, as divergências, direta ou indiretamente, começaram a atravessar o oceano. Disso fomos vítimas quando a Holanda, em conflito com a Espanha – a que Portugal estava então unido – invadiu a Bahia e Pernambuco. A partir de 1914, todas as guerras passaram a ser planetárias, mesmo quando o teatro de operações se limite na geografia.
O problema do Oriente Médio nos toca profundamente. Fomos corresponsáveis, com a decidida posição de Oswaldo Aranha – que presidia a Assembléia Geral da ONU em São Francisco – pela criação do Estado de Israel, e de um Estado palestino no mesmo território. Se as nações fossem movidas de mauvaise conscience, estaríamos hoje avaliando se fizemos o melhor em 1948. Concluiríamos que não agimos mal, porque obedecíamos às circunstâncias históricas. E porque não agimos mal naquele momento, agimos bem, agora, quando tentamos esvaziar as tensões entre o Irã e Israel. O confronto não nos interessa, embora possa interessar ao lobby sionista dos Estados Unidos e da Europa. E atuamos com o mesmo sentimento de justiça quando cobramos o cumprimento de todas as resoluções da ONU que exigem a independência e soberania do povo palestino em fronteiras seguras.
É irrelevante saber se a senhora Clinton está atendendo mais aos eleitores sionistas e ao lobby da indústria de armamentos do que aos interesses profundos de seu país, que o presidente Obama parece identificar. Há, desde a campanha eleitoral, diferença de approach com relação ao Oriente Médio entre a bem sucedida advogada de Chicago e o mestiço nascido no Havaí com o inquietante sobrenome Hussein. Cada pessoa é também a sua circunstância, de acordo com o achado do jovem Ortega y Gasset, e a ela sempre pagará algum tributo. A circunstância de Lula fez dele, desde a infância, um negociador. Homens que não nascem com o futuro assegurado pelos bens de família devem negociar o seu destino com os percalços da vida, e Lula soube fazê-lo, e bem, pelo menos até agora.
Desde outubro passado, o governo americano manifestou publicamente seu interesse em uma solução de compromisso pela qual o Irã enviasse seu urânio, parcialmente trabalhado, para enriquecimento completo em outro país. Na época se falou na Rússia, mas os falcões americanos provavelmente a isso se opuseram, em memória da Guerra Fria. Lula se entendeu com a Turquia, membro temporário, como o Brasil, do Conselho de Segurança, a fim de negociar a saída diplomática e honrosa para o impasse.
O Brasil não necessita da licença de terceiros para conduzir sua política externa. Cabe-lhe exercê-la com o respeito que o governo deve ao Estado e, o Estado, à soberania do povo. Entre os que contestam a importância do acordo há os nostálgicos de um tempo em que Otávio Mangabeira beijava a mão de Eisenhower e Vernon Walters dava ordens aos golpistas de 64.
Queiram, ou não, os xenófilos deslumbrados, o compromisso de Teerã é uma vitória diplomática do Brasil e do metalúrgico Luiz Inácio, que chefia o Estado.
Mauro Santayana
Onde anda o Prêmio Nobel da Paz?
Onde anda o Prêmio Nobel da Paz?
Hillary Clinton, agora fardada de falcão neocon, é quem está dando as cartas na Casa Branca?
Vocês notaram que o presidente Obama sumiu? Quem está dando as cartas e jogando de mão é a secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton, que não é presidente e nem Nobel da Paz. Cumpre, muito plasticamente, o papel de cão de guarda de Obama, que por sua vez, dá satisfações aos interesses econômicos do combinado industrial-militar, bem como uma ação de sabotagem à multipolaridade diplomática de um possível entendimento Sul-Sul, incluindo Brasil, Turquia, Irã, Japão, China, Índia, etc.
O boicote ao acordo com o Irã visa dois claros objetivos:
1) Bater na mesa para ratificar o mandarinato mundial dos Estados Unidos, junto aos seus aliados;
2) Desestimular o deslocamento do eixo hegemônico da diplomacia internacional para players outros que não aqueles controlados pela Casa Branca e o Departamento de Estado estadunidense.
Editorial de hoje do Guardian londrino - um diário de centro-esquerda, é verdade - confirma que o Irã não tem ainda condições de cumprir com as piores expectativas que o Ocidente lhe atribui. Portanto, o jogo dos EUA é tão sincero quanto o foi o de Bush ao mentir sobre as armas de destruição de Sadam.
Em outubro passado, a mesma proposta acertada domingo em Teerã, foi sugerida pelos EUA e aliados. Se em outubro valia, porque em maio deixa de valer? Só porque foi protagonizada pelo Brasil e Turquia? E não teve o dedo da Casa Branca?
De qualquer forma, intriga é a concordância da China com a sanha sabotadora da Casa Branca. O Wall Street Journal de hoje lembra que "a China tem sido o membro mais resistente do Conselho de Segurança da ONU com relação a sanções ao Irã". Claro, em parte isso se deve à sua dependência do petróleo iraniano, mas continua estranho que os chineses fiquem caudatários passivos do perigoso capricho de madame Clinton - que está se pintando para a guerra.
Mas, a pergunta permanece no ar, todos querem saber: onde anda o Prêmio Nobel da Paz?
Revista Forum
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