Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, maio 27, 2010
Rússia apóia acordo com Irã. E agora, dona Hillary?
Rússia apóia acordo com Irã. E agora, dona Hillary?
quinta-feira, 27 maio, 2010 às 15:49
Parece que estão passando a perna na dona Hillary. Segundo a agência de notícias russa Novosti, o chanceler russo Sergei Lavrov afirmou hoje que seu país apoiará “ativamente” o acordo obtido por Brasil e Turquia junto ao Irã como um caminho pacífico para a resolução da questão nuclear iraniana.
A secretária de Estado disse ter o apoio da Rússia e da China para ampliar as sanções contra o Irã, mesmo após o acordo com Brasil e a Turquia ter estabelecido o envio de 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento do Irã para a Turquia, que o devolveria como combustível enriquecido a 20% para uso em fins pacíficos.
Lavrov disse que o acordo atende as exigências de uma resolução pacífica para a questão, “e por isso nós faremos todo o possível para implementá-lo”.
A imprensa brasileira, claro, tratou o assunto de outra forma, destacando uma incerteza russa quanto a a adesão iraniana ao acordo. Lavrov afirmou que se o Irã seguir estritamente suas obrigações no acordo, a Rússia apoiará o esquema proposto por Brasil e Turquia. Uai, e podia ser de outro jeito? Em qualquer acordo, você só o apóia se todas as parte cumprirem o estabelecido.
Tudo indica que o ex-vice-presidente do Conselho de Inteligência da CIA, Graham Fuller, em artigo no Estadão que comentamos aqui na terça-feira, estava certo em seu diagnóstico. “Será que realmente acreditamos que Hillary tenha conquistado o apoio de Rússia e China? Assim como a Teerã não faltaram incentivos para aceitar uma proposta feita por “iguais”, Rússia e China também encontram motivos de sobra para aprovar esta iniciativa de Brasil e Turquia. É verdade que os termos do acordo não são sem importância, mas, para esses países, é muito mais relevante a lenta e inexorável decadência da capacidade americana de ditar os termos da política internacional e de satisfazer seus próprios objetivos. É exatamente essa a meta principal da estratégia russa e chinesa na política externa.”
do Tijolaço
Obras paradas pioram caos em presídios / Os delegados paulistas recebem o pior salário do Brasil
Obras paradas pioram caos em presídios
Mesmo com verba disponível, ao menos desde 2008, Estados não conseguem abrir vagas no sistema carcerário
Deficit de lugares em prisões do país avança de 90,3 mil para 138,4 mil desde 2005; plano do governo para em SP
Atrasos na construção e reforma de presídios agravaram nos últimos anos a superlotação carcerária no país. O deficit de vagas é hoje estimado em 138,4 mil -há cinco anos, era de 90.360.
No plano federal, 60 obras para construção e reforma de penitenciárias ainda não saíram do papel, embora já tenham dinheiro disponível, algumas delas desde 2004.
Apesar de a verba vir da União, cabe aos Estados a execução das obras. Os motivos do atraso, segundo o governo, incluem falhas em projetos, dificuldades para obter licenças ambientais e questionamentos judiciais.
A conclusão dessas obras abriria 15 mil vagas no inchado sistema prisional do país, pouco para o deficit atual -problema que põe o país cada vez mais sob a pressão de organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), e nacionais, como o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Das 60 obras em atraso, 32 tiveram recursos liberados em 2008, mas até agora nem sequer concluíram a licitação. As outras 28 estão em situação ainda mais preocupante: embora a verba tenha sido repassada há pelo menos três anos, a execução do projeto nem foi iniciada.
SÃO PAULO
Estado que tem um deficit de 62 mil vagas no sistema carcerário, São Paulo viu a superlotação crescer nos últimos anos enquanto o governo paulista via praticamente congelado o seu programa de construção de presídios.
No PPA (Plano Plurianual) para o período 2008-2011, o governo, então chefiado por José Serra (PSDB), incluiu a previsão de abrir 37.370 vagas nos presídios paulistas.
Para cumprir o prometido, terá de se desdobrar em 2011, o último ano do PPA, e abrir 31 mil vagas, já que deve fechar este ano com apenas 6.604 criadas desde 2008.
Dados do Departamento Penitenciário Nacional mostram o tamanho do problema: de 2006 a 2009, SP “produziu” três presos para cada vaga que conseguiu criar.
Para o governo, o objetivo inscrito no PPA esbarrou, mais do que na burocracia (como a dificuldade com licenças ambientais), na resistência política de prefeitos contrários aos presídios.
Postado por Luis Favre
27/05/2010 - 11:35h Presídios: SP abre apenas 3.104 vagas em 2 anos
Número está longe do prometido pelo governo no plano 2008-2011, que era criar 37.370 vagas em quatro anos
Para cumprir o previsto, Estado teria de produzir 30 mil novos lugares em 2011; sistema tem deficit de 62 mil vagas
O governo de São Paulo lançou em 2008 um pacote para o sistema prisional que previa abrir 37.370 vagas em quatro anos. Até agora, porém, só 3.104 foram criadas.
Mesmo que o governo consiga construir as 3.300 vagas que anuncia até o final do ano, restarão cerca de 30 mil para 2011. Uma das justificativas é a resistência de prefeitos do interior em receber as prisões. Para o sociólogo Álvaro Gullo, professor da USP e que acompanha o sistema prisional, falta também vontade política para a questão.
“O investimento no sistema penitenciário não dá votos. Pelo contrário. Então, não é um investimento prioritário. O metrô é um investimento mais prioritário porque dá votos”, afirmou.
O pacote anunciado pelo ex-governador José Serra (PSDB) representava à época cerca de 40% das vagas existentes no Estado (99.605). Era um projeto ousado, mas ainda insuficiente para acabar com a superlotação, então de 55 mil presos. No final do ano passado, esse “excedente” chegou a 62 mil.
NOVOS PRESOS
De 2006 a 2009, segundo o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), o sistema carcerário de São Paulo ganhou 33.101 presos, mas criou apenas 11.078 vagas.
No PPA (Plano Plurianual) 2008-2011, o governo anunciava acabar até “meados de 2010 e 2011″ com as unidades prisionais sob a responsabilidade da polícia. Hoje, as cadeias e carceragens em distritos policiais, no entanto, ainda abrigam 9.000 presos.
Os principais criminosos de SP estão no sistema penitenciário, de onde conseguem articular ações criminosas dentro e fora das unidades, como em 2001 (megarrebelião) e 2006 (ataques do PCC às forças policiais).
Para pesquisadora Alessandra Teixeira, coordenadora da Comissão de Sistema Prisional do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), essa superlotação só agrava o problema de segurança no Estado.
(ROGÉRIO PAGNAN, ANDRÉ CARAMANTE e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
Postado por Luis Favre
Os delegados paulistas recebem o pior salário do Brasil
ALOÍSIO DE TOLEDO CÉSAR –
Qualquer pessoa que vá a uma delegacia de polícia no Estado de São Paulo não deverá ter pressa, porque nelas o ambiente se mostra contaminado por situação preocupante: os delegados paulistas recebem o pior salário do Brasil, relativamente aos colegas dos demais Estados.
A expressão “o pior salário do Brasil” pode parecer exagerada, porém reflete a verdade real e angustiante vivida por esses delegados, os únicos profissionais que exercem carreira jurídica acompanhada de permanente risco de vida, representado pelo necessário enfrentamento com os criminosos.
Em vista de vencimentos que são de fato os mais baixos do Brasil, quase todas as delegacias de polícia estão numa espécie de greve branca, chamada de “operação-padrão”, com a realização apenas dos serviços essenciais. Fácil imaginar como isso afeta a vida de cada um de nós, nestes dias angustiantes de insegurança cada vez maior.
Para que se tenha uma ideia do ambiente vivido nas delegacias basta registrar que desde a última posse de novos delegados, por concurso público, seis meses atrás, 10% deles já pediram exoneração, seja porque optaram por outra carreira jurídica, seja porque migraram para trabalhar no mesmo cargo em outros Estados.
Em Brasília, por exemplo, um delegado recebe no início da carreira R$ 13.368,68, o mesmo que os delegados federais, enquanto os colegas de São Paulo, em último lugar na escala de vencimentos, chegam a apenas R$ 5.203.
Acima de São Paulo, nessa relação de vencimentos, estão todos os outros Estados, mesmo os mais carentes, como Piauí (R$ 7.141), Maranhão (R$ 6.653) e Ceará (R$ 7.210). Os delegados paulistas evitam divulgar essa lista por entenderem que serve para diminuí-los e humilhá-los perante os colegas dos outros Estados.
Desde 2008, quando fizeram uma greve de 59 dias (a maior da história da Polícia Civil), houve promessas do governo estadual de melhorias para a classe, não só no que se refere a vencimentos, como também, e principalmente, quanto à estrutura administrativa. Nenhuma delas foi cumprida e o clima interno nas delegacias acabou carregado pelo desânimo.
Em verdade, esse clima se reflete na segurança pública, tendo em vista, sobretudo, a circunstância de que 31% das cidades paulistas não têm sequer um delegado. Realmente, cidades-sede de comarca, com mais de 20 mil habitantes, continuam à espera de um delegado que não chega nunca. Enfim, são apenas 3.200 delegados para cobrir uma área com 42 milhões de habitantes.
Sem a presença do delegado, os inquéritos e processos criminais em curso ficam travados, circunstância que leva muitos deles a se tornarem inúteis pela ocorrência da prescrição, favorecendo os criminosos. Ainda que esteja provada a conduta criminosa, o Estado, pela figura do juiz, fica impedido de aplicar a penalidade cabível por estar prescrita a punibilidade.
Recentemente, notícias publicadas pelo Estado e pelo Jornal da Tarde apontaram a falta de acesso à internet por parte de unidades estratégicas da Polícia Civil, como o Deic e a maioria das unidades do interior. Muitos policiais envolvidos na luta para identificar a autoria dos delitos estão chegando ao ponto de ter de pagar o acesso do próprio bolso para fazer as investigações necessárias. Pode parecer paradoxal, mas, concomitantemente ao marasmo noticiado, fruto do desânimo, também se verifica o empenho motivado pelo orgulho profissional.
Em algumas delegacias, por força da “operação-padrão”, formam-se filas gigantescas e esse é um problema que se agrava, sem ter pela frente a menor esperança de melhora. Se os delegados recebem esses vencimentos inferiores aos dos colegas dos demais Estado, o mesmo ocorre com os escrivães e investigadores, criando condições para que segurança no Estado mais rico do País esteja cada vez mais debilitada.
O Supremo Tribunal Federal já chegou a reconhecer que o trabalho dos delegados de polícia guarda isonomia em relação às outras carreiras jurídicas. Não se tratou de reconhecer a equiparação de vencimentos com as outras carreiras, mas de dispor que a atividade é mesmo jurídica.
Pois bem, se em relação aos delegados dos demais Estados os paulistas se encontram em incômoda situação de inferioridade, quando comparamos os vencimentos com os das demais carreiras jurídicas – juízes, promotores, procuradores, defensores públicos -, vê-se que a disparidade é ainda maior. Até mesmo os cargos administrativos da Justiça Federal e do Trabalho – escreventes, técnicos, secretárias – são remunerados acima do que recebem os delegados paulistas.
Esse é um problema grave, que precisa ser enfrentado e resolvido, porque influi no dia a dia de cada um de nós. A tarefa de conferir segurança aos cidadãos exige técnicas e equipamentos que se aprimoram com o avanço da tecnologia, porém concomitantemente é necessário o trabalho de inteligência, sem o que o combate aos criminosos se torna pouco eficaz.
Nestes dias em que o mundo das drogas está na raiz de praticamente 80% dos crimes praticados, o trabalho de inteligência ganha importância. De nada tem adiantado combater os efeitos danosos das drogas na sociedade se as causas continuam intocadas, tanto pela ausência de política de governo como de exercício de inteligência nas delegacias.
Verificou-se no País expressiva melhora da Polícia Federal no combate à criminalidade a partir do momento em que os vencimentos dos delegados federais foram equiparados aos dos juízes. Ainda que essa polícia se venha convertendo, muitas vezes, numa espécie de polícia do espetáculo, pela busca incessante de notoriedade e dos holofotes, é forçoso reconhecer que cresceu em competência. Um crescimento claramente vinculado aos melhores vencimentos.
ADVOGADO, É DESEMBARGADOR
APOSENTADO DO TJ-SP. E-MAIL: ALOISIO.PARANA@GMAIL.COM
Postado por Luis Favre
É o espírito de solidariedade do Brasil que vem ajudando o país a se tornar um dos novos e ativos atores do cenário internacional
Brasil e ONU, juntos para desenvolvimento
É o espírito de solidariedade do Brasil que vem ajudando o país a se tornar um dos novos e ativos atores do cenário internacional
BAN KI-MOON, secretário-geral da ONU
Estou muito feliz por voltar ao Brasil, nesta segunda viagem que faço ao país como secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Quando estive aqui em 2007, pude aprender sobre biocombustíveis, conhecer Brasília, visitar a Amazônia e conversar com vários brasileiros sobre o futuro.
Hoje, volto para participar do 3º Fórum da Aliança para as Civilizações, que discutirá o tema “Unindo as Culturas, Construindo a Paz”. A enorme riqueza cultural, rica diversidade étnica, tolerância religiosa e mistura de raças fazem do Brasil o lugar ideal para esse encontro.
Tenho certeza de que o Rio de Janeiro fornecerá o cenário perfeito para a realização do trabalho proposto, abordando um dos mais complexos desafios atuais: melhorar as relações entre as culturas, combater preconceitos e construir uma paz duradoura para todos.
O Brasil tem sido um ativo parceiro da ONU desde sua fundação, em 1945, e vem estreitando, a cada ano, os laços com a organização.
Prova disso é a ativa participação do país na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que comanda desde 2004. Os cerca de 2.000 homens que zelam pela segurança dos cidadãos haitianos merecem nosso agradecimento.
É esse espírito de solidariedade do Brasil, presente em seu povo, que vem ajudando o país a se tornar um dos novos e ativos atores do cenário mundial. Hoje, o Brasil se destaca não somente pelo seu compromisso em atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) mas também pelo empenho em ajudar outras nações a fazê-lo.
O país tem envolvimento ativo em projetos de cooperação com nações africanas.
O sucesso do “Diálogo Brasil-África”, que reuniu em Brasília 47 ministros da Agricultura africanos, com participação da ONU, é resultado dessa cooperação Sul-Sul.
Em algumas áreas, o Brasil definiu para si compromissos mais ambiciosos do que os previstos pela ONU. Comprometeu-se, por exemplo, a reduzir em três quartos a extrema pobreza, enquanto a meta definida mundialmente é de reduzi-la pela metade.
Essas metas mais avançadas são tão ambiciosas quanto realistas para um país onde governo, setor privado e sociedade civil trabalham juntos, em um contexto de diálogo cívico e democrático.
Foi com grande satisfação que recebi os dados do último Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM, que mostram que o Brasil será dos poucos países a atingir plenamente os oito objetivos definidos pela comunidade internacional.
O reconhecimento da diversidade e das disparidades regionais, de gênero e etnorraciais reflete o compromisso de alcançar todos os habitantes do país. Parte da redução das desigualdades é consequência direta dos programas sociais e de políticas públicas universais lançadas pelo governo.
O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do mundo, responsável por esse sucesso, tem sido reconhecido internacionalmente. Acredito que o maior desafio do país nos próximos anos será transformar os ODM em realidade efetiva para todos os brasileiros.
Enfrentar esse desafio exige um esforço concertado entre o governo e a sociedade civil e a consolidação, como objetivos de Estado, da agenda civilizatória e de direitos humanos contida nos ODM. O Brasil dispõe de capacidades, recursos e poder de inovação para fazê-lo. Estamos trabalhando para apoiar todos os atores que se dedicam a essa difícil tarefa. Do êxito desse esforço dependem os mais vulneráveis e as gerações futuras.
Assim como a ONU conta com o Brasil como importante parceiro internacional, o Brasil e os brasileiros podem contar com a ONU.
BAN KI-MOON, mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA), é o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Foi ministro das Relações Exteriores e do Comércio da República da Coreia.
Ele é um jênio.
Há lógica na sua loucura” (Shakespeare, Hamlet, Ato 2o, cena 2).
Serra diz uma besteira por dia.
Ele é um jênio.
A desta quarta-feira foi acusar – implicitamente – o presidente Evo Morales de fazer parte da quadrilha que exporta cocaína para o Brasil.
Clique aqui para ler: “Depois da Argentina, o Serra quer agora invadir a Bolívia”
Ele já tinha dito que o Mercosul é uma fraude e, ao corrigir, fez-se pior que o soneto: disse que ia “flexibilizar” a fraude. Clique aqui para ler!
Serra já tinha dito outras barbaridades do mesmo corte preconceituoso: os “migrantes” são os responsáveis pelos baixos índices de aproveitamento das escolas públicas paulistas.
Na Móoca, ele conseguia se relacionar “normalmente” com os nordestinos.
A lógica da “loucura” de Hamlet é o preconceito.
É atribuir à Bolívia o consumo de cocaína em São Paulo.
O inferno são os outros.
Como os americanos.
Que não coíbem o consumo de cocaína em Nova York e põem a culpa na Colômbia.
O problema está em São Paulo – o consumidor - e, não, na Bolívia.
Ou São Paulo não consome cocaína ?
Só o Rio consome…
E quem disse que 90% da cocaína vendida no Brasil vem da Bolívia ?
Onde ele arrumou esse número ?
Isso é chute.
E como atribuir a culpa “às autoridades” bolivianas, ou seja, a Evo Morales.
Ou ele não distingue os produtores de coca do Altiplano da Bolívia – que Morales representa – dos traficantes de São Paulo ?
É tudo a mesma coisa ?
(Não se esquecer do que disse o especialista na matéria, o colombiano Abadia: a melhor maneira de combater o narcotráfico em São Paulo é fechar a delegacia do Serra que combate o narcotráfico, o Denarc.)
Não, isso tudo não é uma besteira qualquer.
Nem uma loucura.
Isso tudo tem lógica.
É o preconceito.
Contra os bolivianos.
(Que contribuem, como trabalhadores, para a riqueza de São Paulo.)
Contra os argentinos.
Contra os nordestinos, os “migrantes”.
Isso não é uma besteira.
Isso é um preconceito em busca de votos – colher na horta da extrema direita.
É a carta que Sarkozy jogou na França e que o movimento Tea Party joga nos Estados Unidos.
Não tem nada de loucura.
É outro departamento e outra enfermaria.
(Ou artigo do Código Penal.)
Em tempo: acabo de ouvir na CBN, a rádio que troca a notícia, uma entrevista com uma senhora que usava a língua espanhola. Deu a entender que, de fato, o presidente Morales é “cúmplice”. Ela, porém, deu uma informação fundamental: Morales expulsou da Bolívia, há dois anos, a DEA (Drug Enforcement Agency) americana. Êpa, êpa, aí tem coisa. O Serra não prega prego sem estopa. A declaração “louca” tem outra face, lógica: o reles entreguismo. Levar a DEA de volta à Bolívia.
Paulo Henrique Amorim
Serra diz uma besteira por dia.
Ele é um jênio.
A desta quarta-feira foi acusar – implicitamente – o presidente Evo Morales de fazer parte da quadrilha que exporta cocaína para o Brasil.
Clique aqui para ler: “Depois da Argentina, o Serra quer agora invadir a Bolívia”
Ele já tinha dito que o Mercosul é uma fraude e, ao corrigir, fez-se pior que o soneto: disse que ia “flexibilizar” a fraude. Clique aqui para ler!
Serra já tinha dito outras barbaridades do mesmo corte preconceituoso: os “migrantes” são os responsáveis pelos baixos índices de aproveitamento das escolas públicas paulistas.
Na Móoca, ele conseguia se relacionar “normalmente” com os nordestinos.
A lógica da “loucura” de Hamlet é o preconceito.
É atribuir à Bolívia o consumo de cocaína em São Paulo.
O inferno são os outros.
Como os americanos.
Que não coíbem o consumo de cocaína em Nova York e põem a culpa na Colômbia.
O problema está em São Paulo – o consumidor - e, não, na Bolívia.
Ou São Paulo não consome cocaína ?
Só o Rio consome…
E quem disse que 90% da cocaína vendida no Brasil vem da Bolívia ?
Onde ele arrumou esse número ?
Isso é chute.
E como atribuir a culpa “às autoridades” bolivianas, ou seja, a Evo Morales.
Ou ele não distingue os produtores de coca do Altiplano da Bolívia – que Morales representa – dos traficantes de São Paulo ?
É tudo a mesma coisa ?
(Não se esquecer do que disse o especialista na matéria, o colombiano Abadia: a melhor maneira de combater o narcotráfico em São Paulo é fechar a delegacia do Serra que combate o narcotráfico, o Denarc.)
Não, isso tudo não é uma besteira qualquer.
Nem uma loucura.
Isso tudo tem lógica.
É o preconceito.
Contra os bolivianos.
(Que contribuem, como trabalhadores, para a riqueza de São Paulo.)
Contra os argentinos.
Contra os nordestinos, os “migrantes”.
Isso não é uma besteira.
Isso é um preconceito em busca de votos – colher na horta da extrema direita.
É a carta que Sarkozy jogou na França e que o movimento Tea Party joga nos Estados Unidos.
Não tem nada de loucura.
É outro departamento e outra enfermaria.
(Ou artigo do Código Penal.)
Em tempo: acabo de ouvir na CBN, a rádio que troca a notícia, uma entrevista com uma senhora que usava a língua espanhola. Deu a entender que, de fato, o presidente Morales é “cúmplice”. Ela, porém, deu uma informação fundamental: Morales expulsou da Bolívia, há dois anos, a DEA (Drug Enforcement Agency) americana. Êpa, êpa, aí tem coisa. O Serra não prega prego sem estopa. A declaração “louca” tem outra face, lógica: o reles entreguismo. Levar a DEA de volta à Bolívia.
Paulo Henrique Amorim
Assinar:
Postagens (Atom)