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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 31, 2010

Respeite o Brasil, Sam!





Respeite o Brasil, Sam!

À medida que Washington endurece o discurso contra a diplomacia brasileira, intelectuais tucanos voltam a se alinhar, trêmulos e submissos, às ordens do Tio Sam. Reparem que nem me refiro à imprensa, ainda acuada diante de uma opinião pública cada vez mais orgulhosa das posições corajosas tomadas pelo Brasil. A declaração de Hillary Clinton, de que o mundo estaria "menos seguro" após o acordo de Teerã, revelam que a diplomacia tupi realmente conseguiu pôr uma pedra na engrenagem de guerra. Todas as guerras sempre foram feitas em nome da paz, assim como as democracias são solapadas em nome de princípios democráticos. Si vis pacem, parabellum, diziam os romanos. Se queres a paz, faça a guerra.

Amorim deu uma excelente entrevista à Miriam Leitão, explicando que o Brasil tinha obrigação moral e política de se envolver nas questões do oriente médio, justamente porque é membro (não-permanente) do Conselho de Segurança da ONU. O chanceler argumentou que outras nações votaram no Brasil para ocupar o lugar que ocupa para que ele batalhe em favor da paz. Lembrou que Oswaldo Aranha, chanceler brasileiro, participou ativamente das negociações para criação do Estado de Israel. Perguntado se a postura do Brasil não dificultaria a entrada do Brasil como membro permanente no CS, Amorim respondeu que o Brasil quer fazer parte do CS para adotar posições independentes e não para ser subserviente às grandes potências.

De qualquer forma, os EUA não estão bem na fita. A guerra do Iraque foi um fiasco. Destruiu-se um dos países mais prósperos e liberais do oriente médio, transformando-o num dos lugares mais sinistros, infernais e perigosos do planeta, onde o valor da vida humana chegou a zero. Um celeiro de terroristas. Um campo de treinamentos para homens-bomba e psicóticos antiocidentais. E não se esqueçam de que tudo começou a degringolar quando os EUA forçaram a ONU a impor sanções contra o país.

Parte da minha formação política vem dos livros de Noam Chomsky, que colecionava jornais e mostrava a contradição nas notícias. Chomsky conta que os EUA decidiram aplicar e depois ampliar sanções contra o Iraque por mais que o país de Saddam procurasse o diálogo.

A mídia brasileira, além disso, omite notícias importantes para se entender a atual conjuntura geopolítica. Sobretudo duas informações estão sendo escamoteadas:

  1. A revelação, pelo The Guardian, o segundo site de notícias mais lido no mundo (depois do NY Times), de que Israel tentou vender armas nucleares para o regime racista da África do Sul.
  2. A descoberta de que os EUA iniciaram, ao final de setembro do ano passado, uma ofensiva clandestina no oriente médio, visando principalmente o Irã, para organizar grupos de dissidentes políticos em regimes "hostis", os quais ajudariam os EUA na eventualidade de um ataque militar.
Essas notícias nos permitem tirar muitas conclusões interessantes:
  • Os EUA estão de olho no Irã há tempos. As reações internacionais, inclusive via internet, às eleições no país, podem ter sido infladas por estratégias de propaganda patrocinadas pelos serviços secretos norte-americanos, da CIA ou ainda mais clandestinos. Não sou paranóico, pelo amor de Deus. A história contemporânea registra inúmeros casos similares. Mesmo no Brasil, está provado que os EUA tentaram influenciar nos processos políticos das décadas de 50 e 60, inclusive fazendo doações ilegais de campanha. A participação em conjunto de todas as mídias ocidentais na tentativa de derrubar o governo de Ahmadinejad é um indício. O mundo vivencia crises políticas muito piores que as experimentadas pelos iranianos, onde pelo menos há eleições, e não assistimos a essa cobertura nervosa, simultânea, militante.
  • A posse, por Israel, de artefatos nucleares, é motivo de grande instabilidade no oriente médio. Torna-se cada vez mais ridículo o discurso apocalíptico americano por causa do Irã, cujos conhecimentos na área nuclear ainda engatinham, enquanto aceitam tranquilamente o fato de Israel possuir a bomba; sem esquecer que Israel tem hoje um governo ultra-agressivo de ultradireita e no passado tentou vender a bomba a um regime racista, que estava sob embargo econômico do próprio EUA (!!!), e pretendia usá-la em outros países.
*

Na Folha, Clovis Rossi diz que os americanos agora estão tentando reduzir as tensões com o Brasil. Ele também participou da entrevista que autoridades americanas não-identificadas deram a expoentes da mídia nacional. Por influência de Rossi e Janio de Freitas, a Folha adotou uma linha editorial mais simpática à diplomacia brasileira do que outros jornais. A mesma entrevista é interpretada de forma negativa pelo Globo.

De qualquer forma, as explicações dessas autoridades não convencem nenhum pouco. Há contradições e equívocos em toda parte. A Agência Internacional de Energia Atômica permite que os signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear enriqueçam urânio para fins pacíficos. O fato do Irã manter o enriquecimento de parte de seu urânio é perfeitamente normal. Não fazê-lo, implicaria em abandono de um conhecimento científico fundamental para as economias modernas, inclusive para fins médicos. A troco de que o Irã faria uma coisa dessas? E o Irã pretende enriquecer urânio até somente 20%, nível que não é válido para o uso militar, que precisa do minério enriquecido até 90%.

Os EUA estão cada vez se enrolando mais. As autoridades afirmam que o Irã assinou o acordo para evitar as sanções. Ora... É claro! Os persas não me parecem masoquistas ou suicidas. Eles não querem, naturalmente, isolar-se do resto do mundo.

Há muita confusão. O que os americanos querem? Que o Irã interrompa totalmente seu programa nuclear? Pessoas que conhecem a fundo a sociedade persa relatam que, por mais que Ahmadinejad seja execrado pelas classes instruídas do país, a defesa de seu programa nuclear é um consenso nacional. Se os EUA continuarem batendo nessa tecla, apenas darão mais força aos políticos linha-dura do partido de Ahmadinejad.

do óleo do diabo





Ministério Público quer reeditar o AI-5 sobre Lula?

Hoje a Dra. Sandra Cureau entrou com mais três representações contra Lula e duas contra Dilma Roussef. Estamos chegando às raias do absurdo. Agora, quer multar o presidente por ter dito, no dia 1° de maio, ter dito segundo a Folha, “Vocês sabem quem eu quero” no ato da Força Sindical, e “Para que continue, todos vocês sabem o que têm que fazer.”, no ato da CUT. De quebra, a Dra. Sandra viu propaganda eleitoral na fala presidencial na televisão sobre o Dia do Trabalhador.

O que a atitude do MPE significa é que a procuradora resolveu cassar os direitos políticos do Presdente da República. O presidente não pode falar – nem indiretamente – quem apóia?Nem num feriado nacional, quando não está no seu horário de expediente? Nem mesmo num ato promovido por sindicatos, de onde ele partiu para a longa jornada até a Presidência?

Amanhã estarei em São paulo, no ato dos trabalhadores no Pacaembu. Vou levar a minha solidariedade ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que também foi multado.

Paulinho me disse que não vai se intimidar. E declarou à Folha que ” tô falando, e vou falar o nome. Nós não podemos deixar esse José Serra ganhar as eleições. Nós estamos falando e não tem jeito. Eles podem processar, mas nós vamos falar”,

“Eu acho que quando nós não temos rede Globo, TV Record, meios de comunicação, somos nós que temos de falar. Por que se a gente não falar, fica aí esse sujeito [Serra] tentando ganhar a eleição.”

“Se esse Serra ganhar, ele vai tirar os direitos dos trabalhadores. Vai mexer no fundo de garantia, nas férias, na licença-maternidade. Por isso temos de enfrentá-lo na rua pra ganhar dele aqui em São Paulo, pra ele aprender como tratar os trabalhadores.”

Faz muito bem. Não se lutou pela liberdade de expressão durante décadas para que alguém, seja qual for sua função, proibir alguém de dizer em quem vai votar, enquanto outro candidato viola afrontosamente a lei sem que o Ministério Público tenha dado, até agora, um pio sequer.

Brizola Neto





Brasil condena ataque israelense a ativistas pró-Gaza e defende convocação do Conselho de Segurança da ONU

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota nesta segunda-feira (31/5) condenando o ataque israelense a um dos barcos da flotilha que levava ajuda humanitária internacional à Gaza, que acabou resultando na morte de mais de uma dezena de pessoas – muitos outros ficaram feridos. Informa ainda que a representante brasileira na ONU foi instruída a apoiar a convocação de reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU para discutir a operação militar israelense. O Brasil, segundo a nota, defende que a ação seja “objeto de investigação independente, que esclareça plenamente os fatos à luz do Direito Humanitário e do Direito Internacional como um todo”.

O embaixador de Israel no Brasil foi chamado ao Itamaraty para “que seja manifestada a indignação do governo brasileiro com o incidente e a preocupação do País com a situação da cidadã brasileira Iara Lee, que está numa das embarcações da flotilha.

Os trágicos resultados da operação militar israelense denotam, uma vez mais, a necessidade de que seja levantado, imediatamente, o bloqueio imposto à Faixa de Gaza, com vistas a garantir a liberdade de locomoção de seus habitantes e o livre acesso de alimentos, remédios e bens de consumo àquela região.


esta outra materia abaixo publicada em Março, mostra que em Israel nem tudo é tão ruim. Há esperança lá de que dialoguem.


Para jornal israelense, presidente brasileiro é o “profeta do diálogo”

O jornal israelense Haaretz publicou nesta sexta-feira (12/3) ampla reportagem sobre a entrevista que fez com o presidente Lula em Brasília no início da semana, tratando de dois temas centrais: as negociações de paz no Oriente Médio e o programa nuclear do Irã.

Sob o título “Profeta do diálogo”, o texto que ocupa o alto da primeira página do caderno de fim de semana – e está na capa da edição online do jornal - afirma que o presidente brasileiro está convicto de que é possível obter sucesso na solução de conflitos por meio do diálogo.

O jornalista Adar Primor, que conduziu a entrevista, afirma que o presidente Lula está consciente de que sua posição pode ser considerada ‘inocente’ pelos israelenses, mas sua confiança na arte do diálogo para ser mais forte. Ao responder uma pergunta sua sobre o que o leva a crer que terá sucesso onde tantos outros fracassaram, Lula afirmou:

Eu nasci na política do diálogo, me tornei presidente deste País pelo diálogo e conduzi minha presidência inteira pelo diálogo. Eu acredito que pelo diálogo nós teremos sucesso em resolver todos os conflitos que hoje parecem sem solução.

do blog do Planalto

Para Lembrar

Para Lembrar

Para Lembrar

Vale a pena ver de novo

Itamaraty condena ataque de Israel






Itamaraty condena ataque de Israel

O Itamaraty condenou o ataque israelense à frota humanitária que levava ajuda à Faixa de Gaza e chamou o embaixador de Israel em Brasília para manifestar a indignação com o episódio e a preocupação com a brasileira Iara Lee, que estava em uma das embarcações.

A posição brasileira se une a diversas outras de condenação ao violento ataque israelense, que, sabe-se agora, ocorreu fora de suas águas territoriais. À exceção da posição dúbia dos Estados Unidos, que evitaram palavras mais duras contra seu aliado preferencial no Oriente Médio, a maioria dos países condenou veementemente o ataque e pediu esclarecimentos.

A Rússia disse que “é evidente que a utilização de armas contra civis e a prisão em mar aberto sem motivos legais constituem uma violação grosseira das normas do direito internacional”. A Alemanha afirmou que seus governos “sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional, (o que) à primeira vista, não parece ser o que aconteceu.”

Protestos estão acontecendo em várias capitais européias, nos países árabes e até em Tel Aviv. Enquanto o mundo condena o ataque, o governo israelense – é sempre importante frisar que o governo não é o povo de Israel – mantém sua posição de isolamento, com seu extremista ministro das Relações Exteriores, Avigdor Liberman, aquele que não quis receber o Lula, afirmando que os integrantes da flotilha humanitária eram terroristas que atacaram as Forças de Defesa de Israel.

O Conselho de Segurança da ONU está reunido, em sessão de emergência, neste momento. Tomara que os EUA não vetem uma resposta mais dura a este absurdo.

Brizola Neto