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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 31, 2010






Ministério Público quer reeditar o AI-5 sobre Lula?

Hoje a Dra. Sandra Cureau entrou com mais três representações contra Lula e duas contra Dilma Roussef. Estamos chegando às raias do absurdo. Agora, quer multar o presidente por ter dito, no dia 1° de maio, ter dito segundo a Folha, “Vocês sabem quem eu quero” no ato da Força Sindical, e “Para que continue, todos vocês sabem o que têm que fazer.”, no ato da CUT. De quebra, a Dra. Sandra viu propaganda eleitoral na fala presidencial na televisão sobre o Dia do Trabalhador.

O que a atitude do MPE significa é que a procuradora resolveu cassar os direitos políticos do Presdente da República. O presidente não pode falar – nem indiretamente – quem apóia?Nem num feriado nacional, quando não está no seu horário de expediente? Nem mesmo num ato promovido por sindicatos, de onde ele partiu para a longa jornada até a Presidência?

Amanhã estarei em São paulo, no ato dos trabalhadores no Pacaembu. Vou levar a minha solidariedade ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que também foi multado.

Paulinho me disse que não vai se intimidar. E declarou à Folha que ” tô falando, e vou falar o nome. Nós não podemos deixar esse José Serra ganhar as eleições. Nós estamos falando e não tem jeito. Eles podem processar, mas nós vamos falar”,

“Eu acho que quando nós não temos rede Globo, TV Record, meios de comunicação, somos nós que temos de falar. Por que se a gente não falar, fica aí esse sujeito [Serra] tentando ganhar a eleição.”

“Se esse Serra ganhar, ele vai tirar os direitos dos trabalhadores. Vai mexer no fundo de garantia, nas férias, na licença-maternidade. Por isso temos de enfrentá-lo na rua pra ganhar dele aqui em São Paulo, pra ele aprender como tratar os trabalhadores.”

Faz muito bem. Não se lutou pela liberdade de expressão durante décadas para que alguém, seja qual for sua função, proibir alguém de dizer em quem vai votar, enquanto outro candidato viola afrontosamente a lei sem que o Ministério Público tenha dado, até agora, um pio sequer.

Brizola Neto

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